sexta-feira, 20 de maio de 2016

Analistas advertem para a "angolanização" do conflito moçambicano


maio 20, 2016

Ramos Miguel


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Em causa, visita de Filipe Nyusi a Angola e acordo militar com a China.


Analistas temem que o alto endividamento do Estado moçambicano resultante da elevada despesa com a defesa, as visitas do Presidente Filipe Nyusi à China e Angola e a ausência de diálogo sejam indícios de que o Governo pretende resolver, militarmente, a presente tensão político-militar no país, mas as autoridades dizem que isso nao faz parte da sua estratégia.

Analistas temem aumento da tensão militar em Moçambique - 2:54 (2:54)


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O sociólogo Francisco Matsinhe diz ser curioso que Moçambique seja o único país na região da África Austral a assinar um acordo militar com a China.

Na sua opinião, esse facto, associado à recente visita do Presidente Nyusi a Angola, pode ser visto como uma iniciativa tendente à angolanizaçao do fenómeno moçambicano.

"Este elevado investimento na área da defesa, certamente, tem um objectivo, que se enquadra na ida do Chefe de Estado a Angola", sustentou Matsinhe.

O académico refere que apesar da ausência de diálogo entre o Governo moçambicano e a Renamo, o conflito só vai ser resolvido através do diálogo, "porque no passado já se tentou eliminar o líder da Renamo e o seu partido, mas não foi possível".

O antigo número dois da Renamo e actual presidente do Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento (PDD), Raúl Domingos, diz-se também preocupado com os últimos desenvolvimentos políticos em Moçambique.

Na sua opinião, a investida das forças de defesa e segurança na residência de Afonso Dhlakama na cidade da Beira, centro de Moçambique, visava eliminar fisicamente o líder da Renamo.

"Mas isso não é resolver o problema porque a solução passa por um diálogo sério e aberto", destacou aquele dirigente partidário, acrescentando que a morte de Afonso Dhlakama pode perpetuar um conflito ainda muito mais violento.

Entretanto, as autoridades dizem que isso não faz sentido, tanto mais que até aqui, todas as iniciativas conducentes ao diálogo foram sempre do Governo.

Acrescentam que as forças de defesa e segurança só não atuam de forma mais arrojada por uma questão de prudência política.

Espera-se que uma comissão com representantes do Governo e da Renamo se reúna para preparar o reinício do diálogo, interrompido há bastante tempo.

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