O director do Centro de Prevenção do Genocídio nos Estados Unidos pediu ontem à comunidade internacional que actue rapidamente em conflitos locais, como é o caso de Moçambique, para evitar uma escalada de violência que crie problemas maiores.
“Estamos preocupados porque o que hoje se passa em Moçambique” pode transformar o país “numa Síria amanhã”, se não se tomarem “acções no início para evitar uma escalada no conflito”. Quando a “violência deflagrar, a resposta da comunidade internacional será sempre mais lenta”, considera Cameron Hudson, chefe do Centro Simon-Skjodt que investiga prevenção de conflitos.
O director do Centro de Prevenção ao Genocídio foi um dos curadores do Fórum Global para o Fim do Genocídio realizado, nesta última quinta-feira, no Museu do Memorial do Holocausto em Washington.
Entre 2005 e 2009, Hudson dirigiu o sector de assuntos africanos no Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
Em declarações à Lusa, Hudson analisou factores locais de níveis de insegurança para que casos como o de Moçambique não se transformem em conflitos de maior escala.
“A partir de investigações académicas, sabemos que uma das variáveis é o facto de sociedades já terem vivido altos níveis de violência no passado, tendo como alvo a população civil. Este é o indicador número um para que haja um retorno mais forte de violência no futuro”, disse à Lusa.
Nos últimos meses, Moçambique tem conhecido um agravamento da violência, com relatos de confrontos entre a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e as forças de defesa e segurança, além de acusações mútuas de raptos e assassínios de militantes dos dois lados e ainda ataques atribuídos pelas autoridades ao braço militar da oposição a alvos civis no centro do país.
Outros factores que especialistas valorizam para avaliar o grau de risco de possíveis conflitos incluem o tipo de governo de um país, o seu grau de diversidade étnica, religiosa ou tribal.
“Também avaliamos o quanto do orçamento de um Estado é destinado para fins militares, além dos níveis de corrupção. Num país que exibe todos estes indicadores, com altos níveis de desigualdade social entre ricos e pobres, em que a riqueza está concentrada numa elite minoritária, tudo isso pode convergir para um alto nível de risco”, analisou.
A Renamo ameaça tomar o poder em seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.
O seu líder, Afonso Dhlakama, exige a investigação de abusos de direitos humanos em Moçambique e alegadas mortes e desaparecimentos de membros e simpatizantes do seu partido.
No centro do país, foram encontrados corpos abandonados na mata, um caso que suscitou a condenação da comunidade internacional.
No início de Março, estavam mais de 11 mil refugiados moçambicanos no vizinho Malawi. O International Crisis Group colocou Moçambique em “alerta de risco de conflito”.
Segundo o director do Centro de Prevenção ao Genocídio, há uma “enorme variedade” de estratégias de prevenção de atrocidades que são de baixo custo e eficazes.
“Quanto mais cedo formos capazes de identificar os sinais prematuros de um conflito, mais poderemos tomar acções, através da ajuda ao desenvolvimento, fomento do diálogo político e diplomático e formação de populações como a construção de sociedades mais resilientes”.
No entanto, todas estas acções de prevenção demoram. “Não se muda sociedades de um dia para o outro”, avisou.
Para evitar que o pior ocorra em Moçambique, Hudson defende a criação de sistemas e redes locais de alerta rápido para evitar e mediar conflitos.
“É muito específico para cada contexto e é um processo que deve ser desenvolvido localmente”, disse.
Duas décadas após os acordos de paz em Moçambique, a sociedade ainda está a “cicatrizar suas feridas”, acrescentou.
O director do Centro de Prevenção ao Genocídio foi um dos curadores do Fórum Global para o Fim do Genocídio realizado, nesta última quinta-feira, no Museu do Memorial do Holocausto em Washington.
Entre 2005 e 2009, Hudson dirigiu o sector de assuntos africanos no Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
Em declarações à Lusa, Hudson analisou factores locais de níveis de insegurança para que casos como o de Moçambique não se transformem em conflitos de maior escala.
“A partir de investigações académicas, sabemos que uma das variáveis é o facto de sociedades já terem vivido altos níveis de violência no passado, tendo como alvo a população civil. Este é o indicador número um para que haja um retorno mais forte de violência no futuro”, disse à Lusa.
Nos últimos meses, Moçambique tem conhecido um agravamento da violência, com relatos de confrontos entre a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e as forças de defesa e segurança, além de acusações mútuas de raptos e assassínios de militantes dos dois lados e ainda ataques atribuídos pelas autoridades ao braço militar da oposição a alvos civis no centro do país.
Outros factores que especialistas valorizam para avaliar o grau de risco de possíveis conflitos incluem o tipo de governo de um país, o seu grau de diversidade étnica, religiosa ou tribal.
“Também avaliamos o quanto do orçamento de um Estado é destinado para fins militares, além dos níveis de corrupção. Num país que exibe todos estes indicadores, com altos níveis de desigualdade social entre ricos e pobres, em que a riqueza está concentrada numa elite minoritária, tudo isso pode convergir para um alto nível de risco”, analisou.
A Renamo ameaça tomar o poder em seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.
O seu líder, Afonso Dhlakama, exige a investigação de abusos de direitos humanos em Moçambique e alegadas mortes e desaparecimentos de membros e simpatizantes do seu partido.
No centro do país, foram encontrados corpos abandonados na mata, um caso que suscitou a condenação da comunidade internacional.
No início de Março, estavam mais de 11 mil refugiados moçambicanos no vizinho Malawi. O International Crisis Group colocou Moçambique em “alerta de risco de conflito”.
Segundo o director do Centro de Prevenção ao Genocídio, há uma “enorme variedade” de estratégias de prevenção de atrocidades que são de baixo custo e eficazes.
“Quanto mais cedo formos capazes de identificar os sinais prematuros de um conflito, mais poderemos tomar acções, através da ajuda ao desenvolvimento, fomento do diálogo político e diplomático e formação de populações como a construção de sociedades mais resilientes”.
No entanto, todas estas acções de prevenção demoram. “Não se muda sociedades de um dia para o outro”, avisou.
Para evitar que o pior ocorra em Moçambique, Hudson defende a criação de sistemas e redes locais de alerta rápido para evitar e mediar conflitos.
“É muito específico para cada contexto e é um processo que deve ser desenvolvido localmente”, disse.
Duas décadas após os acordos de paz em Moçambique, a sociedade ainda está a “cicatrizar suas feridas”, acrescentou.
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