Os 180 dias que vão abalar o Brasil, por Saul Leblon


Enviado por Webster Franklin
Da Carta Maior
 
O governo legítimo da Presidenta Dilma deve organizar uma agenda de prioridades para a resistência, traduzindo-a em um calendário de 180 dias de atividades.
 
por Saul Leblon
 
O angu golpista borbulha mas não dá ponto.

O alarido policial-midiático (uma extensão um do outro) difunde ilusões de consenso que embriagam o ambiente conservador.

A realidade do golpe, porém, é diferente da propaganda, como ficou nítido nesta 2ª feira, quando o novo presidente da Câmara anulou a sessão que votou o impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. O apavoramento que o episódio gerou no golpismo evidencia o medo do que se seguiu: qualquer faísca de esperança levanta o país.

Rapidamente os vigilantes do golpe, tendo à frente as milícias do jornalismo embarcado, cuidaram de sufocar a transgressão ao enredo delicado.

Salvam-se as aparências, mas a inconsistência do angu piora com o aumento da temperatura. 
Caminha-se no chão mole de uma ruptura sem solidez, nem horizonte de futuro: um golpe que não se assume, mas que aos poucos é forçado a expor as garras de violência intrínsecas ao risco de se dissolver na contestação.

A impressionante convergência do que há de pior na sociedade –não estamos qualificando pessoas, mas interesses, diagnósticos, métodos, alinhamentos geopolíticos, padrões de civilidade, de jornalismo e, sobretudo, escolhas de desenvolvimento— leva alguns a confundir a borbulha do golpismo, a euforia, com hegemonia.

A aliança do baixo clero parlamentar com a plutocracia, da classe média fascistizada com o antipetismo histérico da mídia, bem como a do judiciário cúmplice com a toga acoelhada compõe, de fato, uma gordurosa coalizão da escória que avança para assaltar o poder no Brasil.

Daí a se confundir essa usurpação com o magnetismo que o uso da palavra hegemonia requer, vai uma grande diferença.

Hegemonia não significa apenas força, ainda que necessariamente a inclua.

Hegemonia implica, sobretudo, consentimento  --algo incompatível  com a natureza própria de um golpe.

Num caso, predomina a conspiração violenta; no outro, a capacidade de pactuar, de liderar, de arrebatar, de convencer, de arregimentar, enfim, de mobilizar corações e mentes para empreender o passo seguinte na vida de uma nação.

Quem o faria ? Temer?

Serra? Jucá...

...Janaína Paschoal?

O que esses timoneiros lograram de mais visível, com escoltas de nível equivalente na mídia e no judiciário, foi arquitetar o sequestro de um mandato portador de 54,5 milhões de votos.

O feito apoia-se em um massacre propagandístico só equivalente, ou superior, ao que antecedeu o golpe de 1964.

O que se conseguiu até agora foi gerar turbulência institucional, paralisia econômica, incerteza nos segmentos majoritários da sociedade, repulsa nas fileiras democráticas e apoio efetivo restrito a camadas conservadoras e na renda alta adestrada na crispação midiática.

Em uma sociedade trincada na vertical pelo esgotamento de um ciclo de expansão, essa dissolução apenas magnifica o desafio de se erguer linhas de passagem para um novo espaço de futuro.

O repertório que o golpe teima em enfiar goela abaixo da sociedade configura tudo menos a ‘ponte para o futuro’ que o publieditorial do jornalismo econômico acena para os mercados.

O que se preconiza, de fato, é  um  lacto purga em dose concentrada do arrocho neoliberal sistematicamente rejeitado pelas urnas em 2002, 2006, 2010 e 2014.

Esse é o embasamento histórico do golpe.

Se lograr êxito abrir-se-á uma temporada de 180 dias que abalarão o Brasil.

Um regime de exceção, dirigido por um agrupamento de interesses excludentes, tentará então  a temerária imposição ao país de protocolos e diretrizes não pactuados nas urnas, tampouco negociados em grandes mesas nacionais para as quais, inclusive, não dispõe de mandato e tampouco de mediadores reconhecidos.

Escavar um fosso entre a representação política da sociedade e o poder de decisão sobre o destino do seu desenvolvimento é tudo o que a ganância cega das plutocracias pode almejar como êxito.

Isso dificilmente conseguirá prosperar em ambiente de vigência das liberdades democráticas.

Tampouco o sucesso nos seus próprios termos é plausível –ainda que a economia esteja no fundo do poço por conta, inclusive, de uma greve do capital golpista e alguma reação deva ocorrer.

Há inconsistências maiores, porém, que limitam o fôlego dessa empreitada.

Desdenhar dos partidos e entregar o destino da sociedade a uma lógica cega que se avoca autossuficiente e autorregulável, foi justamente o que se fez nas últimas décadas no mundo capitalista.

O corolário desse voo cego foi a crise sistêmica de 2008, da qual a economia internacional está longe de haver superado.

O golpe aposta sus fichas em ‘crescer para fora’  e ‘arrochar para dentro’  na crença em uma recuperação global da qual o próprio Fed duvida,  tendo renunciado a novas altas nas taxas de juros por isso, e a Europa, a cada dia, tem menos razões para acreditar.

Não há demanda no mundo depois de 40 anos de dilapidação neoliberal de direitos sociais e trabalhistas e do esgoelamento fiscal dos Estados nacionais, que abdicaram de arrecadar para se endividar. Hoje não dispõem de fôlego  nem de ferramentas (banco públicos de desenvolvimento, por exemplo) para investir e arrastar o capital privado, viciado na cocaína rentista.

A ilusão de que  replicar a receita fracassada da ortodoxia será suficiente para fazer decolar a economia brasileira explica o desdém com a crise de  hegemonia que move o golpe e, paradoxalmente, irá paralisa-lo logo em seguida.

A solução rasa e repetitiva do arrocho fiscal (corta, corta, corta) e monetário (juro alto) reflete um campo de visão de classe, endogenamente estreito.

O Brasil plano, feito de desafios monocausais, infantilmente atribuídos ao ‘lulopetismo’ pelo doutrina colegial do jornalismo conservador, simplesmente não existe.

O relevo econômico do país inclui-se entre as encostas mais acidentadas do capitalismo mundial, graças à tradição secular de predadores, ora abrigada sob as asas do timoneiro Temer.

O que se desenha para os próximos 180 dias, assim, é um condensado acerto de contas de velhas e novas pendências trazidas de uma espiral histórica de confronto e crispação que se acomodou brevemente no ciclo de expansão recente (2004/2012), mas cuja recidiva explodiu com octanagem redobrada pela perspectiva de se quebrar o ciclo de treze anos de governos progressistas no país.

Com um agravante.

A paralisia econômica fundiu-se ao  enrijecimento de um sistema político incapaz de prover as condições, canais e  instrumentos requeridos à repactuação do  passo seguinte do desenvolvimento brasileiro.

Herdado do ciclo da redemocratização, o sistema político do país reflete uma transição tutelada que inoculou no DNA da sociedade a incapacidade para renovar-se.

O insulamento de uma representação política tragada pelo círculo vicioso dos interesses autorreferentes, culminou, assim, com a captura da nação por uma escória parlamentar liderada por um maestro da vigarice.

Desse ovo nasceu a serpente que agora almeja usurpar o mandato de uma mulher honesta em benefício de projetos e agentes que nunca dispuseram de voto para derrota-la.

O único antídoto a essa mistura de esgotamento e desespero conservador é a rua.

Sem votos, o chão firme dos interesses conservadores apoia-se  em duas hipertrofias –a do judiciário e a da mídia.

Ambas são   insustentáveis se a sociedade se erguer e se mobilizar, não aquecida por um incêndio passageiro.

Mas organizada de forma propositiva e assertiva na definição do que se aspira para a cidadania e a economia, com base em uma tríade:  redemocratização, desenvolvimento e  repactuação nacional.

O governo legítimo –o da Presidenta Dilma—deve organizar uma agenda de resistência que contemple essas prioridades, traduzindo-a em um calendário de 180 dias de atividades.

Incluem-se aí debates, fóruns, mesas de negociação e conferências regionais por todo o Brasil , até desembocar no final do processo em uma gigantesca Conferência Nacional da Democracia e do Desenvolvimento, para sacramentar uma frente política e um Plano de Ação –para voltar ao governo ou para concorrer em 2018.

Portanto, não se trata apenas de derrotar um golpe manco.

Mas de faze-lo desbravando um novo caminho, com uma nova frente de forças, capaz de empolgar o país com as possibilidades renovadas para o seu desenvolvimento, graças ao poder revigorado da democracia de dizer sim e não ao mercado.

Isso é o que pode fazer dos próximos 180 dias a sepultura do golpe. E mais que isso:  o renascimento da esperança no país que poderíamos ser,  mas que ainda não somos.

A ver.
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24 comentários

Comentários

ESPAÇO COLABORATIVO DE COMENTÁRIOS

 
 

Sim, o julgamento de Dilma

Sim, o julgamento de Dilma pode ser uma oportunidade única para abrirmos uma série de caixas-pretas brasileiras.
Mas isso só vai acontecer se, paralelamente à defesa técnica, eminentemente jurídica, a ser feita pelo Advogado-Geral da União José Eduardo Cardozo, a presidente se dispuser a fazer uma defesa política, que não tem como ser delegada a ninguém.
Ninguém vai para a rua defender os argumentos jurídicos de Cardozo, por mais importantes e necessários que eles sejam. Só a presidente pode fazer a disputa política capaz de colocar a fascistada na defensiva, e nos dar o entusiasmo necessário para as (longas) jornadas que virão.
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Orlando Soares Varêda

  Nem sou tão garotão, e,


Nem sou tão garotão, e, grosso modo, esta é a minha quarta vez, e, a terceira tentativa.  Explicando melhor : em 1954 dei a primeira, digo, testemunhei meu primeiro golpe. Logo depois ocorreram  duas tentativas: sendo as de Jacareacanga e Aragarças lideradas por golpistas trapalhões da Aeronáutica  ambas ocorridas nos anos de 1956 e 1959 respectivamente.   Pretendiam depor Juscelino, que, assim como Getúlio Vargas em 1954 e Dilma Rousseff em 2016 tinham sido eleitos pelo voto. E, eram tidos pelos golpistas, como corruptos. Gozado que na época nem imaginava que iria ouvir tantas vezes a palavrinha “corrupção” vomitada da boca de golpistas honestos de fancaria.  
Logo no início dos anos 60, ainda sob os efeitos da campanha midiática anti-corrupção[...]ver mais
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Edna Baker

Crise? Que crise? Econômica ?

Crise? Que crise? Econômica ? Eu pessoalmente só vejo o povo comendo bem, bem vestidos, alegres, estudando, andando de avião, etc,etc. Você vai para a Europa e aí sim verás o que é crise econômica.
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Lauri Guerra

Desde que começou o

Desde que começou o assanhamento golpista em 2013 sempre tive claro de que quem perder perde muito. A plutocracia joga uma cartada decisiva para manter seus privilégios e controle do poder, mas já não tem sustentação política, apenas o recurso ao fascismo pode mantê-los no poder. E não foi por acaso que neste tempo todo assularam o fascismo nas ruas, buscando constituir sua armada para garantir a usurpação do poder.
De outro lado, as mudanças neste milênio (tanto por ações do governo, como por mudanças culturais da nova geração) criaram um caldo de cultura que favorecem as forças democráticas, nacionalistas e que defendem o desenvolvimento autônomo do país. E este caldo de cultura engrossa entre grandes setores populares, especialmente a juventude.
O Brasil só se ajeita ser houver uma[...]ver mais

Infelizmente, só haverá luta

Infelizmente, só haverá luta mesmo depois que começar o governo do usurpador e traidor. Do lado de Dilma, provavelmente só ficarão forças insuficientes para debelar o golpe. O governo Temer vai privatizar o que dá lucro e cortar verba do que não dá (educação e saúde públicas: essas coisas fundamentais para os mais pobres); vai favorecer apenas as oligarquias, acabar com os programas sociais e "flexibilizar" os direitos trabalhistas. Por fim, "investigados" e punidos os que se ligaram aos governos Lula e Dilma, no governo Temeroso terminarão as investigações sobre a corrupção, que, como se sabe, é apenas apanágio do PT (aos desavisados: este é o momento irônico do texto).
Haverá luta, porque esse governo será lastimável, pra dizer o mínimo. Mas haverá repressão, em conluio com a PF e com[...]ver mais
imagem de altamiro souza
altamiro souza

mais uma excelente análise do

mais uma excelente análise do mestre leblon,,,

com cautelosas sugestões de resisrtencia a serem seguidas de forma unitária...
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Edna Baker

Eu, já comecei a minha

Eu, já comecei a minha resistência solitária. Sou uma senhora que pela aparência pode ser confundida com uma senhora da classe dos "coxinhas", só que com qualquer tipo de vestuário coloco ao redor do pescoço uma comprida fita com dois dedos de largo, enrolada no pescoço e caindo na frente com um laço na frente ou não, cada um inventa o seu jeito. Não sou petista mas voto nesse partido com o maior orgulho. De um modo geral todos olham a fita vermelha que carrego e sabem de que lado estou. Estou adorando minha manifestação.

A parte da resistência ao

A parte da resistência ao golpe que é a mais vísivel, na forma do MST, sem-teto, CUT, PT, partidos de esquerda e etc, já está na conta dos golpsitas. Isso é certo. Já traçam estratégias para enfrentá-la, contando é claro com a ajuda do pig.
Rodrigo Vianna acha que essa resistência pode ficar isolada, principalmente se ficar queimando pneu e fechando estrada. Não tenho certeza disso. Mas o que tenho certeza é que a resistência já transcendeu ao PT, e mesmo ao MST e UNE, faz muito tempo.
Está ficando cada vez mais claro que o golpe é um pacote reacionário. Completo, barba, cabelo e bigode. Contra todos os direitos. Do trabalhador, da mulher, do LGBT, do negro, das religiões afro-brasileiras. Tudo. Ameaça até o carater laico do estado.
A resistência não tem mais o protagonismo do PT. No ato[...]ver mais
Juliano Santos

O governo Dilma, o PT e

O governo Dilma, o PT e progressistas em geral, distanciados dos movimentos sociais, então acomodados, foram pegos de surpresa pelas manifestações de 2013, que não conseguiram capitanear, e daí foi só caindo. Mais: a moçada que enfrentou a polícia nas ruas em 2013, por mais que nela estivessem policiais infiltrados, não era só das classes médias, mas também dos morros e periferias. Muitos estudantes de escolas públicas, estes que estão em luta até hoje.
Dilma acordou tarde demais para a realidade. Quem capitalizou 2013 foi a direita. Mas a coisa provavelmente vai se voltar contra o governo usurpador. Haverá luta e resistência quando esse governo se estabelecer, e haverá repressão.
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Celso - sp

Vamos a luta e particiapar de

Vamos a luta e particiapar de tudo que for de oposição aos golpista.

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Vigilante

Este processo findará em bem

Este processo findará em bem menos do que 180 dias. Aos golpistas não interessa um lapso grande de tempo que permita aos legalistas reagruparem-se após o baque, nem construírem consenso e sinergia.
Se o Governo Legítimo se ausentar e o povo também - e acredito nisso - tudo se consumará rapidamente.
Que os homens e mulheres sérios e democratas além do discurso cuidem para que as iniquidades suportadas nos últimos 03 anos não tenham sido em vão. Muito menos nossas lutas atuais e pretéritas.
A ver.

Engana-se

quem pensa que Temer e seus comparsas de golpe vão esperar os 180 ou menos dias no Senado, o golpe de estado já é de conhecimento do mundo todo e suas contradições e ataques ao povo serão logo sentidas nos primeiros dias, o traidor-rei e seus cúmplices na patifaria ficarão nus de argumentos e fôlegos pra prosseguir com um mínimo de paz; vão virar a mesa antes disso e implantar a tirania total.
O afastamento da Dilma e a prisão de Lula são favas contadas, a menos que uma reação violenta de seus apoiadores (inclusive os até agora ingenuamente sonham com uma via "legal e não traumática" de estancamento da conspiração) mostre aos golpistas que não estamos mais em 54 ou 64, é isso ou um hiato ou fim mesmo do nosso Estado Democrático de Direito tão arduamente quase conquistado. Quem sobreviver verá.
Tenho medo disso? Claro que tenho, já estamos vendo, antes dos golpistas se apossarem do Planalto, a PF agindo descaradamente como polícia política pra proteger os canalhas que fazem parte da conspiração e intimidando os dissidentes.
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Do deputado Paulo Pimenta (PT-RS)

"Dona Eunice Paiva [mulher do deputado Rubens Paiva, assassinado pela Ditadura] dizia que jamais deu à Ditadura o gosto de ver ela chorar. Ela chorava em casa, com os filhos. Na rua, cabeça erguida, altiva. Nunca se deixou fotografar com os filhos de cabeça baixa. Mesmo com a dor da perda do Pai. Não vou chorar hoje. Vou estar na rua com esses milhares de homens e mulheres anônimos que acreditam nesse projeto que representamos. Ele precisam de nós. No dia que o Lula foi levado, ele que consolava as pessoas. É essa a postura que a História espera de nós. Depois... Bem, depois, vamos beber e chorar. Mas não, agora não!!!"
Do deputado Paulo Pimenta (PT-RS)
na foto, o ex-deputado santista Rubens Paiva e a esposa, Eunice (à esq.). Tiveram cinco filhos, entre eles Maria Eliana Facciola Paiva (em pé), que foi presa aos 15 anos, juntamente com a mãe. (via Jornalistas Livres) 

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180?

O afastamento é por até 180 dias.
Então, pode ser menos, também.
¨Liberdade é a liberdade dos que pensam diferente¨ -- Rosa Luxemburgo

Homilia de missa de réquiem, por Gabriel Priolli

Gabriel Priolli - 1 h · 
RÉQUIEM
Encerra-se nesta data o período de plenitude democrática inaugurado no país em 5 de outubro de 1988, com a promulgação da “Constituição Cidadã” ora revogada pelo impeachment da Presidenta Dilma Rousseff.
Inicia-se um regime plutocrático de completa incerteza política e jurídica, em que as garantias constitucionais e legais serão exercidas seletivamente, em exclusivo benefício dos donos do poder e em prejuízo de tudo que representar as forças populares.
Fica estabelecido que o novo regime exercerá o poder pela farsa e que as eleições serão mero exercício de manutenção das aparências, tendo o seu resultado respeitado apenas se ele coincidir com o interesse do poder dominante.
Determina-se, em decorrência, que toda vez que a esquerda política estiver em condições de conquistar o poder pelo voto, seus candidatos serão perseguidos até que sejam inabilitados.
Caso não se obtenha por meios persecutórios a sua retirada do páreo e eles venham a ganhar a disputa, o pleito não será reconhecido e um imediato processo de impedimento será iniciado.
Revoga-se desde já qualquer objeção da Justiça ao disposto neste édito, na hipótese remota de que seja apresentada.
Permanecerão os tribunais na completa omissão de suas responsabilidades, que será devidamente recompensada com régia remuneração e infinitas prebendas.
Que Deus tenha misericórdia desta Nação. Que possa ensiná-la a viver, doravante, assim dividida, conflagrada e nutrida de ódios.
Brasília, aos 11 dias do mês de maio do ano da graça de 2016, início de uma nova era de efetiva ordem e progresso no Brasil - ou apenas ordem, quando não for possível o progresso.

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Alívio enojado

Desastre? Tudo vai depender dos primeiros dois meses de governo. Nesse período, os movimentos sociais vão espernear, as redes sociais vão berrar, mas a maioria da população (tanto os que saíram às ruas para apoiar Dilma quanto os que pediam o impeachment) estará ansiosa pelo sucesso de Temer. Essas pessoas estarão ansiosas por uma saída do atoleiro econômico em que nos encontramos, é óbvio, mas acima de tudo sentirão um tremendo alívio se virem algum governo onde, hoje, não existe governo algum. Se Temer presidir o país, a gritaria de oposição será abafada por um gigantesco suspiro de alívio do restante do país. Alguns darão esse suspiro com um riso de escárnio no canto do lábio, sentindo que, no fundo, o moralismo que professavam acabou se justificando por seus resultados práticos virtuosos. Outros darão um suspiro enojado, entristecido mesmo, mas ainda assim aliviado por ver o país recuperando algum tipo de horizonte - hoje, não temos nenhum. Se Michel Temer conseguir se impor como autoridade - não mais que isso - essas profecias trágicas que muitos fazem parecerão retrospectivamente uma mistura de ressentimento com autoengano.
Se não conseguir, aí, sim, o país explode, e é possível imaginar que essa explosão irá torná-lo melhor. É possível imaginar tudo - antes da explosão. Quando ela vem, geralmente deixa atrás de si apenas um monte de ruínas e mergulha as consciências no mais completo niilismo. E o niilismo, é bom que não nos esqueçamos disso, não é tanto uma descrença generalizada quanto a disposição cega de acreditar em qualquer coisa. 
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Ivan

 Ainda bem que existe este espaço democrático " GGN " onde podemos expressar nossas ideais, ou ideologias.  Se posicionar de maneira inteligente, ou apenas coerente.
Não estou sentindo " Alívio enojado". Estou me sentindo traido, usurpado de meu Ideal por um Brasil justo, solidário, patriótico; Compartiilho com o autor do post em utilizar o tempo para mobilização.
"O governo legítimo –o da Presidenta Dilma—deve organizar uma agenda de resistência que contemple essas prioridades, traduzindo-a em um calendário de 180 dias de atividades.
Incluem-se aí debates, fóruns, mesas de negociação e conferências regionais por todo o Brasil , até desembocar no final do processo em uma gigantesca Conferência Nacional da Democracia e do Desenvolvimento, para sacramentar uma frente política e um Plano de Ação –para voltar ao governo ou para concorrer em 2018."
Tenho certeza  que as liçôes tiradas nos governos Lula/Dilma fará renascer o Partido dos Trabalhadores.
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imagem de Roxane
Roxane

Traidores não conseguem se

Traidores não conseguem se impor como autoridade. Como autoritários sim porém, a que preço? O das ditaduras , desta vez com apoio do judiciário
imagem de Klinger Monteiro
Klinger Monteiro

Absolutamnete correto,

Absolutamnete correto, ademais a midia a partir de hoje vai pintar o quadro de rosa e os movimentos socias serão cada vez mais execrados. 
Podem fazer o que quiser com um governo paralelo, a maioria nem saberá que existe.
imagem de CarloB
CarloB

Se a grande mídia e os grandes empresários vagabundos

conseguiram o mais difícil e demorado que foi empurrar o golpe guela abaixo do povo , vai ser fácil para eles montar e mostrar um país cor de rosa mesmo estando um porcaria.
A grande maioria do nosso povo aceita qualquer coisa que venha da grande mídia , principalmente da Globo.


Fator "54"

As expectativas de Dilma e dos coxinhas, nestes próximos dias, dependerá muito do número de senadores que votarão pelo afastamento
Se são mais de 54, ficaria a sensação de que, daqui a 180 dias, Dilma sairia em definitivo
Mas, se fossem menos de 54 votos, ficaria muito claro que o golpe terá pernas curtas....

Sintonia

Muitos empresários coxinhas estão aguardando até a posse do Temer para soltar investimentos represados...
Ajudando a criar um "milagre" de otimismo junto com a mudança de governo.
imagem de Guimarães Roberto
Guimarães Roberto

Acredito que não será investimento

Alexis, os empresários estão aguardando a saída de Dilma para aumentarem os preços dos produtos por eles comercializados. Quem puder fazer compra antes dos aumentos que façam. Muitas pessoas já sacaram parte do dinheiro da poupança por não saber o que vai acontecer. É bastante provável que aconteça um feriado bancário para colocarem em prática algumas medidas financeiras que já devem estar prontas. Tão logo Temer assuma, os EUA deverão emitir US$ e repassá-lo às grandes corporações para que possam adquirir as empresas e riquezas que serão privatizadas, principalmente o pré-sal. A turma do golpe que irá assumir não possuem a noção de Nação, possuem somente a noção de comissão. É isso que assistiremos doravante. Vamos perder, novamente, a soberania, a independência e o bonde da história. 
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Rumo, norte e estrela

O óbvio, que golpe sem rumo, sem norte e sem estrela aceito pelo povo e a naçāo nāo terá apoio ou sustentaçāo e será obrigado a se manter por meio de subterfugios e tramoias.
O pior dos governos .
O Brasil nāo merece isto.
Follow the money, follow the power.
imagem de Cesario
Cesario

Rejeição

Se 62% dos brasileiros apoiam novas eleições, é porque não reconhece a legitimidade da instituição presidência da republica.