sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Os raptos e os raptores: Três boatos


Os raptos e os raptores: Três boatos

Há três meses, uma amiga que vive fora do país, insistentemente me pede para fazer algum post falando dos raptos. Há um movimento unanime dos moçambicanos na repulsa dos raptos feitos, primeiro contra uma certa comunidade: os moça-asiáticos e depois, contra outras comunidades. De tudo, retenho-me nos três boatos que acompanharam o que ouvi dizer. O primeiro bo...ato diz que os raptores são comandados por alguma gang que está a cumprir uma pena maior por roubo de elevadas somas de dinheiro que resultou na falência de um banco nacional. Segundo esta versão, os ladrões ora presos deram o dinheiro a determinadas famílias ricas com ramificações na Arabia Saudita, Dubai, Qatar, Paquistão, India, só para citar alguns dos países mais sonantes, na promessa de que estas haviam de pagar com juro de 20%. Segundo dizem, uma vez presos, as famílias devedoras, não honraram compromisso. Assim, os raptos são uma forma que os donos do dinheiro obtido com tanto sacrifício encontraram para obrigar os devedores a serem cumpridores da palavra. O valor do resgate é consequência directa do somatório entre o que devem com as taxas de juro combinadas e, claro, com uma dose de vingança.

O segundo boato diz que, em face da situação de instabilidade crescente, resultante das divergências entre a Renamo e o Govern,o o executivo movimentou grande parte do efectivo policial e militar do Sul para a zona Centro do país. Existe uma franja de policiais descontentes por se terem deslocado para o Centro do país onde a vida se torna mais dura em relação ao que era no Sul e sobretudo nas duas cidades, Maputo e Matola. É este grupo de descontentes ligado à segurança do Estado que orquestra esquemas que culminam com o envolvimento de gangs que eles conhecem no sequestro de cidadãos que igualmente conhecem, pela vantagem que gozam de vasculhar a vida alheia em nome dos interesses do Estado. Assim, os raptos servem de pressão ao Governo de modo a devolver os policiais ora em Sofala aos seus lares e deixar livre a Renamo. Aqui, entram também motivações políticas e o G20 e os engomadores também se inseriam neste boato.

O terceiro boato – vou parar por aqui – diz que é uma organização que envolve os raptores e alguns funcionários bancários e de telefonia móvel. Os funcionários bancários ficam a sondar os dinheiros das contas alheias e identificam entre os depositantes, quais podem cair na fita. Normalmente, os depositantes de grandes somas de dinheiro possuem algum elemento de confiança junto do banco para evitar as bichas longas, estas reservadas para os pobres. À medida que a confiança cresce, os convites acompanham a amizade e assim, a rotina do depositante fica conhecida: familiares, endereços, local de emprego, cargos, etc. Seguidamente, os agentes bancários procuram contactar o gang de raptores, que eles próprios ajudaram a formar, para estudar em pormenor toda a vida da próxima vítima. Os funcionários das telefonias fixa e móvel escutam as conversas frequentes da futura vítima e estabelecem as interligações acabando por fornecer os contactos ao gang. Mas a sua missão não termina por ali, são eles que devem, logo que a missão estiver em acção, apagar todos os registos de contactos que possam levar à identificação do gang. Entra-se na perseguição que culmina com o rapto de uma das pessoas ligadas à família do depositante milionário. O agente bancário avisa qual deve ser o valor do resgate e como será a distribuição do fruto final, uma vez ter espreitado a conta da vitima e, provavelmente, das pessoas a ela associadas. E assim se executa o crime mais comovente de que há na memória dos crimes recentes da nossa pátria. Amiga, ainda bem que apenas são boatos!
See more
4Like · ·
  • Jose Cumaio · 5 mutual friends
    Reproduzindo algumas vezes este post, torna-se verdade...
    E se citarmos alguns nomes de tubarões da praça, este assunto ganha uma nova dimensão, mas é boato, não estaremos a colocar uma lupa no nosso pensamento e pensarmos que...
  • Dércio Ernesto Eusébio, quem acha isso um boato? Tú ou a tua amiga? A serem os dois algo não está bem aqui.

    Sobre o terceiro "boato", não achas estranho não se identificarem os raptares através de uma escuta telfónica ou através da transação de valores monetários.
    Responda-me, que operadoras usam os raptores? Para que serve o registo de números telefónicos.
  • Vasco Ernesto Muando Ernesto, Eusébio refere que existe facilicitação dos agentes das telefonias e que são apagadas todas as conversas. Eu acho do Eusébio, um indivíduo forjado numa das melhor escolas lusas, uma pessoa bem inteligente, mas agora reteiro que está com um texto inacabado ou distanciou do foco da motivação dos raptos. Admira me com maior frustração quando no seu post não aponta em nome do boato que mta gente do governo e principalmente da alegada gente da lei ordem estar aí metida em grande escala. Eu agradeço pelo post e como que você disse tratar-se de boato e eu sei que mano Eusébio conhece a meia verdade e quiça um dia venha aqui postar para mta gente saber.
  • Mateus Kelvin Cossa vou m alinhar ao mesmo fio d pensamento d Ernesto, olha MA.Eúsebio, acredito que só explanou 50%da verdade aquí, esteja a vontade.
  • Dereck De Zeca Mulatinho O cenário 1 e 2 ou boato 1 e 2 se assim nos apetecer, são para mim os prováveis, se calhar incluir outros actores.
  • Eusébio A. P. Gwembe Dercio, o registo de cartões parece não surtir efeitos. o crime é organizado de tal sorte que enquanto ocorre as provas São apagadas. Ou seja, a gang tem elementos de confiança nos sectores chave, tanto nos bancos, nas telecomunicações assim como nos próprios agentes de segurança cuja missão seria desmontar estas redes.
  • Quiteria Anicia Fernandes Guirengane · 78 mutual friends
    Quem conhece os boatos, deve sem duvida conhecer a "verdade". Prestarias melhor servico indo revelar a "teoria verdadeira" aos famosos servicos de seguranca, ao sr. Comandante ou ao sr. Ministro que passam os dias a nos explicar quais sao os boatos ao inves de nos solucionar o problema.
  • Pretiinho Baltazar Coimbra Estamos diante de um Estado feito refém por Gang's
    11 hours ago · Like

Sem comentários: