O mundo assinalou no passado sábado 1 de Junho o “Dia Internacional da Criança”, um momento em que a sociedade, pais e encarregados de educação oferecem o seu melhor para proporcionar um dia diferente e melhor aos petizes em reconhecimento dos seus direitos.
Na cidade de Nampula, enquanto umas festejavam outras, nem por isso, foram dispensadas da exploração de que são vítimas no comércio informal.
O Ikweli conversou com mais de duas dezenas de crianças que, com olhar triste, não podiam brincar e muito menos contemplar a alegria do momento porque estavam a trabalhar.
A exploração da mão-de-obra infantil tem vindo a crescer, significativamente, nos últimos anos na cidade de Nampula, maior concelho autárquico do norte de Moçambique.
“Eu até gostava de estar a brincar ali com os outros meninos, mas devo vender todas essas laranjas para poder ter jantar quando chegar em casa”, disse ao Ikweli José Adamo, menor de 12 anos que se dedica ao comércio informal e ambulante na cidade de Nampula.
José Adamo é natural do distrito de Lalaua. Veio a cidade de Nampula sob aliciamento de que teria melhores condições de vida e de escolarização, mas tudo mentira. “Quando cheguei fiquei uma semana em casa e depois começaram a me mandar vender coisas na rua”, conta o menor, para quem “primeiramente davam-se uma bacia pequena, mas agora a minha bacia é grande e tenho a obrigação de vender tudo sob risco de não ter comida quando chego em casa”.
José Adamo conversou com a reportagem do Ikweli no muro do Sunlight, um dos locais que em dias festivos, como é o caso do dia da criança, acolhe eventos.
Encostando a mesma vedação de arame, encontramos a Palmira Taratibo, natural do distrito de Moma, e que vive no bairro dos Belenenses com a sua tia.
“Eu, também, queria estar ali, mas não posso porque eu não tenho condições”, disse a menor de 15 anos em conversa com o Ikweli. “Tio, eu saio de manha e só volto a noite em casa porque é difícil vender todos esses bolinhos porque as pessoas agora dizem que não tem dinheiro. Muitas para poder fechar o dinheiro que falta durmo [manter relações sexuais] com alguns tios guardas que depois me dão 100 a 200 meticais”.
Em frente ao Museu Nacional de Etnologia um grupo de meninos conversava, tristemente, sobre a impossibilidade deles se divertirem em dia dedicado, exclusivamente, as crianças. “Nós estamos a descansar aqui, depois vamos continuar a vender”, respondeu um menor, quando perguntados pelo Ikweli sobre o que estavam a fazer naquele local.
Do lado externo da Piscina do clube Ferroviário de Nampula, outras crianças procuravam ganhar algum para poderem comprar algo para comer, ou então para compensar a quebra que tiveram no negócio que “dirigem”.
“Eu e meus amigos estamos aqui a controlar e limpar esses carros porque estamos cansados de andar. Já não estamos a conseguir vender mais. Assim, quando esses donos dos carros nos pagam algum dinheiro chega para fechar aquilo que não vendemos e entornamos o produto que fica”, contou-nos Jamal Mário, natural da Ilha de Moçambique e que vive no bairro de Namicopo, o mais populoso do país.
“Estou a vender laranjas e bananas. Eu gostava de estar a festejar, mas não tenho como. Devo trabalhar”, lamentou Josina Moisés, menor de 11 anos, com a qual conversamos numa das artérias da cidade de Nampula.
O Dia da Criança é comemorado a 1 de Junho de cada ano. Este dia é, geralmente, marcado por palestras sobre os direitos das crianças e o seu bem-estar, os programas infantis de televisão, festas, saídas em família, e outras diversas acções, que envolvam ou que são dedicadas às crianças.
A Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC) foi criada em 1959 e adoptada, por unanimidade, por todos os países das Nações Unidas (ONU), a 20 de Novembro de 1989.
O documento enuncia um amplo conjunto de direitos fundamentais de todas as crianças, bem como as respectivas disposições para que sejam aplicadas.
No entanto, é a data da Conferência Mundial para o Bem-Estar da Criança, realizada e proclamada em Genebra, na Suíça, a 1 de Junho de 1925, que veio ficar mais popular como o Dia Internacional da Criança, na grande maioria dos países do mundo.
O dia da criança foi comemorado, pela primeira vez, no mundo inteiro a 1 de Junho de 1950.
No entanto há quem comemore outras datas. Visto que o Dia Universal da Criança é comemorado anualmente a 20 de Novembro, existem muitos países que optam por esta data, por ser a data em que foi proclamada a Convenção sobre os Direitos da Criança.
No entanto há quem comemore outras datas. Visto que o Dia Universal da Criança é comemorado anualmente a 20 de Novembro, existem muitos países que optam por esta data, por ser a data em que foi proclamada a Convenção sobre os Direitos da Criança.
Existem ainda outras datas, comemoradas localmente, escolhidas pelos próprios países para comemorar este dia, tão importante, pela luta dos direitos das crianças.
Independentemente do dia, a ONU encorajou todos os países a instituir um dia para promover o intercâmbio e a compreensão mútuos entre as crianças e, para tomar medidas para beneficiar e promover o bem-estar das crianças do mundo. (Aunício da Silva)
Independentemente do dia, a ONU encorajou todos os países a instituir um dia para promover o intercâmbio e a compreensão mútuos entre as crianças e, para tomar medidas para beneficiar e promover o bem-estar das crianças do mundo. (Aunício da Silva)
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