O Presidente da Venezuela anunciou esta quinta-feira que vai aumentar pela sexta vez o salário mínimo do país, que se encontra mergulhado numa crise económica e social sem precedentes.
O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou esta quinta-feira um aumento do salário mínimo no país de 150%. É o sexto reajuste do ano de 2018, como parte do programa de recuperação económica que visa combater a inflação descontrolada e a crise social do país.
A partir de 1 de Dezembro, o salário mínimo dos venezuelanos passará de 1800 para 4500 bolívares soberanos (de 18,58 para 46,46 euros). Também o valor da criptomoeda venezuelana petro será ajustado em 2,5 vezes, passando de 3600 para nove mil bolívares soberanos (de 37,17 euros para 92,93 euros).
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O ajuste surge passado três meses do aumento salarial em 60 vezes, em Agosto, que entrou em vigor em Setembro.
“Encarem este ajuste como um presente de Natal. É para melhorar a vida da população”, disse o Presidente, que falava desde o palácio presidencial de Miraflores, em Caracas, durante uma reunião com o gabinete presidencial.
O anúncio foi transmitido pelas rádios e televisões do país, em simultâneo. Foi feito um balanço dos 100 dias da implementação do novo pacote de medidas económicas, que eliminaram cinco zeros ao bolívar forte para introduzir o bolívar soberano, passando pela subida do IVA de 12% para 16% e pela ligação dos salários à criptomoeda petro.
Na primeira quinzena de Dezembro será ainda pago o bónus “menino Jesus” a seis milhões de venezuelanos, através do Cartão da Pátria, no valor de 2.500 bolívares soberanos, cerca de 25,81 euros. Esta medida foi implementada como parte do plano “Natal Feliz 2017”, na qual o Partido Socialista Unido da Venezuela criou o bónus “natalino” e o bónus “menino Jesus”, com o objectivo de fortalecer a política de protecção à família através do pagamento de três salários.
Na mensagem transmitida a nível nacional, Maduro atribuiu uma das razões para o aumento salarial à “perseguição” ao país do Presidente norte-americano, Donald Trump, que “como Hitler perseguiu os judeus, persegue a Venezuela”: “Persegue tudo, as possibilidades de avanço económico do país, de melhoria.”
Acrescentou também que o principal factor na crise económica local é o “dólar criminoso”.
Em Setembro, Nicolás Maduro disse na Assembleia Geral da ONU que a crise humanitária e migratória na Venezuela era “uma invenção”, criada para que os Estados Unidos pudessem “pôr as suas mãos” no país. Mas em Novembro aceitou receber mais de oito milhões de euros para combater a fome e prevenir doenças no país, que se vê mergulhado numa crise económica e social sem precedentes.Para além de relativizar o impacto do colapso económico e político na população, o Presidente venezuelano tem culpado as sanções impostas por outros países, como parte de medidas para impulsionar o regresso da nação à democracia, especialmente “a guerra económica liderada pelos EUA”, pela inflação e pela falta de alimentos na Venezuela.
“Podem aumentar o salário à vontade. Sem mudar o modelo em vigor, sem aumentar a relação produção-produtividade, é impossível que a população ganhe poder de compra”, disse o director da consultora Económetrica, Henkel García, em declarações à agência AFP.
Ainda assim, o Presidente declarou que a Venezuela está num momento “importante”, no qual a inflação mostra sinais de estar a “desacelerar”, apesar de continuar a ser “preocupante”. Em Outubro, o Fundo Monetário Internacional estimou que a inflação no país vai chegar aos 1.370.000 % em 2018, pelo que o novo aumento apenas chega para comprar cerca de três quilos de carne.
De acordo com estudos independentes, como o relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), mais de 80% da população vive na pobreza, ainda que dados do Governo apontem para apenas 23%
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