segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Uma nódoa tingindo de negro o Xerife do Banco de Moçambique

Uma nódoa tingindo de negro o Xerife do Banco de Moçambique
[Os resultados líquidos do banco central apontam para um prejuízo de 19.3 bilhões de Mts]
Quando Rogério Zandamela tomou conta do Banco de Moçambique vindo do FMI em 2016 atiraram-lhe logo com a alcunha de Xerife, alguém que empunhava uma estrela reluzente de autoridade no peito e duas “smith and wesson” nos coldres. A imagem era como que para matar uma sede por autoridade...o sector financeiro, apanhado na armadilha dos bonds das Ematuns, precisava de um valente safanão. O Metical derrapava a olhos vistos. A banca comercial apenas cumpria a espaços os índices prudenciais do banco central. Impondo uma política monetária restritiva, o Xerife amainou a erosão inflacionária e estabilizou a taxa de câmbio na ordem dos 60 Mts por cada USD. O maior teste, no entanto, estaria por vir. O Moza mergulhara numa crise profunda principalmente motivada por seu envolvimento na contratação da nociva dívida oculta, e outras coisas de gestão patentes numa auditoria da Ernst and Young.
A solução era encontrar um comprador disposto a injectar capital. Zandamela preferiu recorrer ao fundo de pensões do próprio Banco de Moçambique, a Kuhanha, que passou a controlar 80% do Moza. Um guru da gestão bancária, João Figueiredo, que foi ao longo de muitos anos instrumental para manter o BIM no topo dos “big 5” e esteve na origem do Banco Único, foi contratado para liderar o Moza. O envolvimento da Kuhanha no “salvamento” do banco fundado por Prakash Ratilal gerou polémica dado a situação de conflito de interesses entre regulador e regulado. Mas o imperativo de salvar o Moza venceu....com uma forte golpada à probidade pública. Entretanto, os antigos gestores do Moza foram sancionados. Zandamela tentou mostrar-se um zeloso cumpridor da lei e dos regulamentos, mas há quem diga que ele nunca foi tão exímio sobre o Moza. Essa condescendência acaba agora de ser evidenciada num relatório de auditoria às contas do Banco de Moçambique para 2017.
O relatório elaborado pela KPMG, na nossa posse, é um atestado de improbidade à gestão do banco central, uma nódoa negra tingindo em cheio no melhor pano. A KPMG emitiu uma opinião adversa sobre as contas do BM, justamente por uma ausência de consolidação das Demonstrações Financeiras da Kuhanha e da sua participada, o Moza. A opinião da KPMG constitui uma “qualificação”, ou seja, confirma que as Demonstracões Financeiras apresentadas pelo BM não reflectem a sua real situação contabilístico-financeira à luz dos normativos internacionais de relato financeiro (NIRF). Esses normativos são de cumprimento obrigatório pelo banco central mas também pelos bancos regulados, e estes tem estado a cumprir sob pena de sanções severas.
A consolidação de contas permitiria analisar o desempenho económico e financeiro do BM, relevando o impacto e riscos que as suas participadas impõem sobre esse desempenho, solvabilidade, liquidez, etc. A falta de consolidação das contas por parte do BM não permite avaliar em que medida a Kuhanha e a sua subsidiária, o Moza, representam um risco actual ou contingencial sobre o capital, solidez e rentabilidade do BM. As NIRF incluem regras sobre como os as contas sobre os investimentos financeiros (participações) em subsidiárias devem ser preparadas e apresentadas. Mas a KPMG diz mais. Diz que, de acordo com a NIC 21 (Normas Internacionais de Contabilidade), os activos do BM estão sobreavaliados e os custos estão subavaliados em 24.9 bilhões de Meticais. Ora, o BM apresentou resultados líquidos consolidados de 5.6 bilhões de Meticais. Feita a correção na rubrica dos custos, os resultados líquidos seriam um prejuízo de 19.3 bilhões.
Outra omissão nas contas do BM para 2017 prende-se com a consolidação das contas da SIMO, cujo investimento efectuado pelo BM (que detém 51% da estrutura do capital daquela Sociedade Interbancária de Serviços - os restantes 49% são detidos pelos Bancos Comerciais) foi reconhecido com base no custo histórico. Por uma questão de transparência, era importante que a SIMO publicasse também as suas demonstrações financeiras para se aferir se os recursos do BM (que são públicos) tem sido usados de forma eficiente ou não.
As contas do BM tem muito mais pano para mangas. Eis algumas curiosidades:
•Os custos operacionais cresceram 26% de 2016 a 2017. Este ritmo de crescimento é muito superior à taxa de inflação e carece de cuidadosa análise. Das demonstrações depreende-se que aquele crescimento deve-se sobretudo à rubrica de custos com pessoal que cresceu 31%.
•A margem financeira directa é negativa em 6.4 bilhões (contas separadas) e 5.98 bilhões (contas consolidadas).
•Consta da rubrica Outros Devedores um crédito concedido a Kuhanha no valor de 11 bilhões a título de adiantamento. Este empréstimo é estranhamente livre de juros. A Kuhanha, como se sabe, é o accionista principal do Moza. Qual é natureza do empréstimo, prazo de reembolso e garantias oferecidas?
O Xerife estaria disposto ao um “duelo ao sol” com editores relevantes onde se debateria as contas do BM para 2017? Para cumprir zelosamente seus preceitos de transparência...
Comentários
Marcelo Mosse Egidio Vaz Julião João Cumbane Lenon ArnaldoAqui está mais uma encomenda...podem então usar todo o vosso tempo a esmiuça-la.
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Egidio Vaz Obrigado. Leio-o com atenção e interesse. Nem sempre atendendo à solicitações de aflitos, o senhor é dos escribas mais bem informados deste país e um dos profissionais bem formados desta pátria amada.
Acreditando que só erra quem trabalha e no velho ad
ágio, boca que come sal sempre vai falhar, as minhas criticas tentam preservar o bem maior; a sobrevivência do orgulho moçambicano. Vai dai ver que há vezes que não concordo consigo e outras abertamente aplaudo. Esta é apenas a resposta à tua provovaçãpo. Deixa-me ler e depois fazer o meu comentário informado.
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Danilo Tiago Marcelo Mosse no seu melhor! Acordar e ler um texto destes com uma analise profunda, da para iniciar da melhor forma o dia.
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Danilo Tiago Marcelo Mosse no seu melhor! Acordar e ler um texto destes com uma analise profunda, da para iniciar da melhor forma o dia.
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Jasmin Rodrigues A nova versao do G40+ 3..... 
quem diria os anti G... agora sendo eles parte integrante!!!
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Geraldo Manjate Prefiro " versão Gustavo Mavie", é pura.
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Sic Spirou nós que não entendemos de números só vamos dizer: que o Xerife deve trocar as suas "seis tiros" Smith e Wesson, por umas colts do mesmo calibre. as outras logo logo enferrujaram! 
e já agora quem pode ou vai sancionar o BM!? ainda se acha mesmo compatível que o banco controlador público, tenha entrado no negócio comercial da banca? vamos esperar os "sabe tudo"!
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Ariel Sonto Também quero perceber quem pode sancionar o banco emissor...
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Sic Spirou kkkk mas está quase patente que só pode ser lá fora, segundo as tais normas de gestão atropeladas. este ano ou nos próximos parece me que Moçambique não vai ter algum prêmio bancário. ehheehe
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Blessed Paulo Simbe Juro que para as contas de 2018, o BM irá eleger outro auditor.
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Geraldo Manjate Se for o caso, tudo vai depender do contrato assinado, KPMG, faz parte dos "traditional big four' firms" é do interesse do próprio Banco e dos stakeholder, ter informações de qualidade, a KPMG, oferece isso, tem crédito firmado, se for a mudar não deverá fugir deste lote dos " traditional big" , uma instituição como Banco de Moçambique, não se pode dar ao luxo de entregar suas contas a uma empresa "qualquer".
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Blessed Paulo Simbe Geraldo geralmente o contracto é de 5 anos renovaveis anualmente. Depois de 5 anos a empresa auditada deve mudar de firma de auditória.
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Natingue Musico Árbitro que de quando em vez ,veste camisola de uma equipe e joga aumesmo tempo que apita o jogo.kkkk Moz pá,parece filme outras coisas juro.
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Avelino Namarrocolo Está tudo de pernas pra o ar.
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Luis Nhachote Por pura e ingénua curiosidade gerada num parágrafo gostaria de saber do Marcelo Mosse quem são os "editores relevantes" que poderiam ir a esse "duelo'. a pergunta vem alicerçada do principio de que perguntar não ofende
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Julião João Cumbane Outra "encomenda postal" de Marcelo Mosse! Quem verificou a autenticidade dos resultados da auditoria realizada pela KPMG às contas do BM?... Procuraste ouvir o BM sobre esses resultados da auditoria, oh Marcelo?...
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Donaldo Tovela Deixe-me ver se percebi, insinua que se verifique a autenticidade da auditoria da KPMG? Afinal ela nao eh uma firma credenciada e reputada?
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Sic Spirou Donaldo Tovela acho que o Prof quer que o auditor seja auditado.... assim o auditor do auditado também... só não sei aonde quer se chegar com tudo isso. mas imagino! tsc
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Julião João Cumbane A auditoria foi solicitada à KPMG por alguma entidade. Essa entidade creio que pode ser uma entidade do Governo que fiscaliza a actividade do BM. Ora, a ser assim, o relatório da auditoria deve ser entregue a quem a solicitou para os devidos efeitos. Antes de fazer uso do relatório, há que fazer uma avaliação. Não é por ser a KPMG uma firma especializada ou "credenciada" que os relatórios que ela produz devem ser tomados como definitivos, sem avaliação. O correcto seria o Marcelo Mossetrazer a público as conclusões de tal auditoria depois da aprovação do relatório respectivo. Não me parece ser o caso aqui... Minto?...
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Blessed Paulo Simbe Prof. fique mesmo pela Física. Deixa essa coisa de autória para os entendidos. Não pretender estar em todo lado. Autencidade de relatória da KMPG? Toda informação auditada é fornecida pela firma auditada. Todos os findings são discutidos num management letter com a direcção da empresa auditada, as DFs auditadas são publicadas pela firma auditada. Que autencidade o prof. pretende?
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Blessed Paulo Simbe Prof. Julião querido, quem solicita auditória da BM é a própria BM. Assim manda as normas contabilisticas que as firmas devem publicar periodicamente as DFs auditadas. No entanto, as empresas contratam esses serviços anualmente.
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Julião João Cumbane Senhores, um relatório da auditoria carece de verificação do cumprimento dos Termos de Referência antes que possa ser considerado produto pronto para o consumo... Na Física também se fazem "auditorias", para quem não saiba! Tsc.
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Blessed Paulo Simbe As auditorias financeiras diferem-se das auditórias forenses. A auditória externa como a da KPMG busca garantir asaúde financeira e a veracidade dos registros contabilisticos, para identificar possíveis problemas que possam colocar em risco esta saúde financeira.
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Blessed Paulo Simbe Mas essa verificação dos ToRs é feita antes da publicação do relatório prof. Em norma o relatória nunca é publicado antes da discussão final entre a firma de auditória e a empresa auditada. Ademais, quem manda publicar o relatória é a firma auditada.
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Julião João Cumbane Blessed Paulo Simbe, mas esse trabalho é precedido de um acordo/contrato entre o cliente e a firma. Na avaliação do relatório há necessidade de verificar o cumprimento desse acordo/contrato. Então não é assim?!... É só pegar no relatório e o tomar como tal?!... Onde é que já se viu isso?!... Afinal KPMG dele é "Tribunal Superior de Contabilidade Públicas"?!...
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Vasquinho King As auditorias das contas são públicas. Depois do cliente concordar ou descordar com o auditor publicam-se as contas para facilitar a vidas dos accionistas e o público em geral. Como se pode ver o auditor KPMG deu a sua opinião adversa ( negativa) a desfavor do BM sobre as práticas contabilísticas do BM, contudo o BM é obrigado a publicitar.
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Julião João Cumbane E se a opinião da KPMG estiver errada, como ficam as decisões que os accionistas e público tomarem com base em informação errada, oh Vasquinho King?...
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Vasquinho King Dificil questao mas sei que uma reputada empresa de auditoria teve problemas na RSA e noutras partes do mundo porque sobrevalorizava o capital dos seus cliente enquanto estavam na bancarrota e desde entao as auditorias têm tido o cuidado de fotografar a verdade. Só a verdade se a auditoria estiver errada será o fim do auditor um suicídio premiditado
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Gonzalo Chirindja Zamdamela sempre apresentou numerous reias, controlou o dolar na derapagem, o probolema são aqueles numeros que não se ve a olho nu.
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Geraldo Manjate Oh!? Marcelo Mosse, deves ser um " tipo" muito "rico", nos ultimos dias, li sobre EDM, Educação vs escolas privadas " internacionais', CC, Banco de Moçambique, CNE...e avaliando o preço das "encomendas"??... Hewena!? Hu ngamula mufana.
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MaNuel Bila O enviado quer nos deixar numa posição muito podre quando nos abandonar... Sera que o FMI quer nos ajudar?
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Rui Costa Estas " avaliações " ao trabalho e desempenho,do MM, lembram a história do " O Velho o rapaz e o burro"... keep going "faxavor".obgdo.
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Makethe Junior Um arbitro vestido a vermelho, numa partida que envolve os vermelhos e os verde, valida um golo de penalty, apos a bola que era suposta desviar-se da paliza, foi por intermedio do arbitro, tocada, a cabeca e colondo-a na baliza dos verdes e o arbitro considerou golo a favor dos vermelhos! Cade a FIFA?
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Vasquinho King SUBIDA DE CUSTOS OPERACIONAIS
Confesso que fui pela diagonal na mina revisita ao relatorio do BM
Se estivermos a ler mesmo relatório percebo que a subida de custos operacionais são de todo sistema financeiro nacional e não do BM apenas. É uma verdade q
ue subiu os seus custos operacionais em 25% em 2017 face ao 2016.
Na generalidade os custos operacionais representam um fardo de 48,8% em 2017 contra 47,2% em 2016 nos gastos com o pessoal.
Se por um lado a banca oferece melhores condições de trabalho aos seus colaboradores, isto pode impactar com os lucros gerados e a tendencia também é crescente, dai que se torna preocupante O capítulo não é tào explícito quanto a prejuizo que esta variável pode criar nas contas da banca, somente destaca o crescimento exponencial deste indicador.
Com este dado termino a minha leitura marginal do relatorio do BM
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Vasquinho King Devo dizer antes obrigado pela sua leitura municiosa deste documento tem mais dados interessantes sobre a expansão geografica da banca nacional que revela também dados interessantes.
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Sergio Baloi Sergio Não são efeitos da kuhanha esses ? Zandemala disse que vai salvar a nossa banca parece que o primeiro afundar será o próprio Banco de Moçambique.
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