segunda-feira, 24 de setembro de 2018

ANGOLA TEM UMA NOVA LÍDER DA OPOSIÇÃO: ISABEL DOS SANTOS


ANGOLA TEM UMA NOVA LÍDER DA OPOSIÇÃO: ISABEL DOS SANTOS


Sabemos que está em curso uma transformação tectónica na vida angolana, embora não saibamos como essa transformação vai acabar. Para já os papéis, começam a parecer trocados. João Lourenço faz discursos e pratica acções que, por vezes, lembram as páginas do Maka Angola. Por sua vez, um dos esteios do regime, Isabel dos Santos, é agora a voz pública mais crítica de João Lourenço.
Face às notícias constantes de discursos, arguidos e detenções, tudo ligado ao anunciado combate à corrupção encetado por João Lourenço, a oposição parlamentar está atordoada. Não sabe como reagir. Aplaudir Lourenço? É difícil, uma vez que a acção do novo presidente da República ainda é muito recente e que a história passada do MPLA não oferece confiança. Criticar Lourenço? Isso dará a entender que a oposição é a favor da corrupção. Por isso, o silêncio tem sido a estratégia preferida da UNITA, enquanto a CASA-CE se debate com os seus problemas internos.
Mas enquanto estas forças políticas se enredam nos seus labirintos, e os “antigos” do MPLA, como Dino Matross, se lamentam, afirmando que julgavam que em João Lourenço estavam a criar um cão dócil e afinal lhes saiu um lobo, houve alguém que não perdeu tempo. Isabel dos Santos, vendo o que está em jogo – a sua sobrevivência –, partiu para o ataque.
Não há dúvida de que as medidas de João Lourenço afectaram e afectarão fortemente a estabilidade do “império” financeiro de Isabel dos Santos, levando à sua destruição. E um pouco por todo o lado, há sintomas dessa destruição que perturbam até os mais antigos aliados de Isabel.
Ainda na semana passada, a imprensa israelita noticiava que Lev Leviev, o velho sócio de Isabel na Ascorp dos diamantes de sangue, fugira de Inglaterra para a Rússia, após uma investigação secreta lançada pela polícia britânica.
Por sua vez, Isabel aparenta estar exilada entre Lisboa e Londres. A justiça aguarda por ela em Angola.
Significa isto que, antes de perder tudo, Isabel dos Santos decidiu atacar, representando actualmente a voz mais crítica, dentro do regime, da gestão de João Lourenço. Seria estulto Isabel dos Santos criticar as medidas anticorrupção de Lourenço, quer pela popularidade que trazem ao presidente, quer pela posição desconfortável em que ela mesma se encontra nessa área.
É um facto que a economia angolana não descola, mesmo com a subida dos preços do petróleo e a aparente visão favorável da comunidade internacional face a João Lourenço. Há várias explicações para que tal aconteça, sendo a mais óbvia a falta de capacidade da equipa económica de Lourenço para lançar um programa “Deng-Xiao-Ping”. Isto é, um programa de liberalização e competitividade da economia angolana.
Isabel dos Santos percebeu a incapacidade da equipa económica de João Lourenço, e entendeu que os números da economia não são animadores. Então, optou pela estratégia do antigo presidente Bill Clinton, quando enfrentou e venceu George Bush (pai) nas eleições: “A economia, idiota!”
Os ataques de Isabel dos Santos a João Lourenço centram-se na mediocridade da política económica do novo presidente. E sucedem-se.
São os tweets em que ela exige que a economia angolana cresça dois dígitos e em que exalta a liderança do pai. Afirma a filha do antigo presidente:
“De 2002 a 2017, o país saiu de um PIB de 12,5 mil milhões de dólares para 126 mil milhões de dólares. Angola cresceu 908% em 15 anos!!! A questão é como fazer com que a economia cresça novamente, à taxa de dois dígitos. O PIB per capita, mesmo com a duplicação da população, cresceu 609%.”
Isabel dos Santos não explica que o seu pai não deixou dinheiro nos cofres do Estado e que, na realidade, tornou a maioria dos angolanos mais pobres. Logo, deve perguntar-se, antes de mais, o que foi feito deste crescimento e quem beneficiou dele. Os angolanos sabem a resposta.
Isabel dos Santos também usa as redes sociais para criticar a incapacidade de Angola para atrair investimento. “Qual o investidor que vai entrar se não dão autorização aos actuais investidores estrangeiros para levarem os lucros em dólares?”
A bilionária também faz referências à falta de boas consequências em resultado da subida do preço do petróleo e à ausência de uma estratégia económica. “Preço do barril está a atingir barra de 80$/barril. Faz quase 1 ano de ‘petróleo está em alta’, continuamos mergulhados numa profunda crise económica, Angola está em recessão. Empresas angolanas c/ perdas financeiras enormes. Qual a estratégia?”
Em resumo, Isabel dos Santos critica de forma sistemática a inexistência de resultados na economia durante o primeiro ano do mandato de João Lourenço. E sabe que será aqui, depois de esgotados os momentos de popularidade conquistados com exonerações e detenções, que se jogará o futuro de Lourenço como presidente da República de Angola.
Isabel dos Santos aposta que João Lourenço não terá capacidade para dinamizar e fazer crescer a economia angolana, e que por isso acabará derrubado, posicionando-se, assim, como a crítica número um do principal falhanço de João Lourenço, e beneficiária futura de tal antecipação visionária.
8 comentários
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Nzinda Mazanga
O hospital psiquiátrico já não tem lugar o que fazer com a Isabel? Charles Bua Puaty e Papa Kitoko não internam. Ninguém? Está lhe doer. Com a força da maioria venceremos.
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TC-Truman Truman
Não importa qto tempo tenhamos q levar pra ns levantarms das cinzas, ms crescimento falso ja näo kerems ainda q tenhams q mergulhar na pior profundeza da miséria. Este pais tem q ser justo, transparent e moralizado.
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Valdir Simões
Às mudanças podem trazer bons e maus resultados, é claro que a corrupção e impunidade nada de bom trás, mais num ponto a digníssima têm razão, a economia angolana após a guerra teve um ascendente sem procedentes, mais esse crescimento econômico abarcou o enriquecimento ilicito de certas individualidades, o pouco do desenvolvimento que se registou eram migalhas de um erário público que acabariamos agora por perceber estar falido, então se a economia cresceu a gestão danosa dos pontas de lança do antigo presidente evidenciam-se agora. Entretanto a digníssima devia velar pela estabilidade e crescimento da economia do país num regime novo e provavelmente transparente, em que podia mostrar-nos as suas habilidades de grande empresária e comerciante ajudando o executivo titular a trazer para cá a carteira empresarial de investidores em vez de estar a contorcer-se com a restruturação que o novo presidente está a fazer.
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Edmil Torres
Carissomo eu apoio a tua explanação.. No meu humilde ponto de vista o novo PR. Não quer deixar mais nehuma responsabilidade nas mãos do pessoal que teve ligação com o Antigo PR..
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Jaime José Vita Vambo
Nem todo mundo encara as mudanças de forma positiva, a empresaria está apenas inconformada com algumas decisões do actual PR, é próprio de quem sempre esteve habituada a ter tudo o que desejava.
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Pedro Brito Mascarenhas
Isabel dos Santos, considerada dona da maior empresa de produção de cimento de Angola (Cimangola). Ate ao momento não sei como ele teve posse na entrega das ações. Nada foi publicada quanto ao pagamento da compra da mesma. Sabe-se que ela deu continuidade a facturacao, tendo o cargo como gestora e por fim ficou a dona da empresa.
Mas uma ação para encaminhar as barras do tribunal.
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Felisberto Correia
Infelizmente é dessa forma que será vista, quando na verdade tinha tudo para ser e fazer diferente.
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Ricardo Luis Domingos Domingos
Acredita quem quiser mas Isabel dos Santos visionária se abercebe que se aproxima ao fim da picada sem saída.
Aquilo que seu pai fez no passado recente é tão quanto pejorativo a economia angolana com consequências dramáticas que os angolanos terão de enfrentar daqui pelo menos 50 anos .
É preciso ser angolano de gema para calcular aquilo que os angolanos estão a viver e viverão por muito tempo como a pobreza,analfabetismo tem secuelas seculares ,basta lembrarmos às consequências do colonialismo português como ainda pesam na vida diária doangolanos.
Isabel dos Santos é irresponsável, sem noção do que é uma nação ou um estado no mundo de hoje.
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Carlos Oliveira Oliveira
No tempo do colonialismo, Angola era o 4º produtor mundial de café, o maior produtor de arroz em África e autosuficiente em tudo, nomeadamente em alimentos. Tinha cidades pequenas mas belas e bem tratadas e uma excelente universidade, a Universidade de Luanda. Claro que o colonialismo foi mau e é inaceitável nos dias de hoje. Porém, Angola tem sido miseravelmente administrada. Gente inculta tomou o poder, tem generais que mal sabem escrever e o povo está pior do que no tempo colonial. Aliás, o colonialismo não pode servir para desculpar a roubalheira infame a que se procede em Angola. Sou contra o colonialismo, mas pergunto: Como estaria hoje Angola se continuasse como colónia de Portugal? Claro que seria uma potência e, por certo, não haveria fome. Questionem-se, pois, sobre essa questão...
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