segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Os recados de Girma

Os recados de Girma
Na semana passada quando no Hotel Polana desceu dos seus aposentos para o lobby, Girma Wake, o antigo CEO da Ethiopian Airways, recostou-se numa poltrona e se embrenhou no seu tablet numa busca sobre Moçambique. Quando um alto quadro local do sector dos transportes, que ele aguardava, chegou para cumprimentá-lo, Girma contou que, em meia hora, tinha percebido que a LAM estava sentada por cima de uma mina de ouro. Ele nomeou 4 factores que podiam alavancar o crescimento exponencial do sector da aviação em Moçambique: gás, animais, praias e camarão.
Mas Girma se espantou com o estado precário da LAM.
No dia seguinte, 1 de Agosto, na sua intervencāo num evento sobre Necessidades de Transporte Aéreo dos Megaprojectos, o gestor etíope de 75 anos, actualmente a trabalhar como Chairman da RuandaAir, disse aquilo que nossos governantes há muito precisavam de ouvir de uma voz autorizada: Governo é para fazer política; linha área é negócio. Nada de interferências, asseverou ele. Se Moçambique quiser ver sua LAM crescer, então que o Governo deixasse seus gestores trabalharem; Governo serve para apoiar financeiramente mas nada de meter os dedos no cockpit da gestão operacional.
Quando Girma entrou para a Ethiopian em 2014 depois de anos passados na extinta Gulf Air, ele estabeleceu suas condições. A principal era a de que não aceitaria interferências de fora e queria toda a liberdade para indicar seus gestores. Girma Wake recordou uma coisa que muitos governantes não sabem e nem querem aprender: companhia área é um negócio de margem zero. Ou seja, no balanço, o saldo entre custo e receita é por regra nulo. Para haver lucro, é preciso fazer crescer receitas e ir baixando inversamente despesas. Isso envolve segurança na gestão e sua proteção contra interferências que afectem o factor de custos, aumentando-os, ou os factores de receitas, reduzindo-as. No caso da Ethiopian, ele se comprometeu em gerir a empresa de modo a que ela deixasse de se anichar recorrentemente na mamadeira do Estado.
Logo que Girma terminou seu testemunho em Maputo, meia sala se encheu de murmúrios. Nossos governantes acabavam de levar uma valente bofetada. Tudo o que ele disse, sua receita de sucesso, é o que não está a acontecer em Moçambique. Ou seja, a LAM e o ambiente politico que a rodeia corporizaram tudo o que encaixa no antípodas da gestão eficiente de linha aérea. Nos últimos anos, a companhia nacional tem seguido esse caminho nebuloso. Reduzindo a receita e aumentando os custos. Basta comparar o número de pessoas transportadas em 2017, que reduziu substancialmente, e a dimensão de seus recursos humanais, que tem aumentado drasticamente.
Os recados deixados por Wake surgem em momento exacto agora que no leme da LAM está o competente Engenheiro Pó Jorge, que herdou uma dívida acumulada de cerca de 200 milhões de USD e uma situação estrutural errática. Desde a saída do Eng. José Viegas, gestores da LAM duraram pouco tempo. Mas também houve sempre uma nítida interferência externa nas decisões puras de gestão. É esperado que o recado deixado por Girma não seja repelido. A LAM precisa de estabilidade também a esse nível. Seu futuro
é ainda incerto mas Moçambique tem este potencial do gás quase mais à māo agora. A LAM vai precisar de uma substancial injecção financeira para agarrá-lo. Para isso, tem de se apetrechar. As extractivas usarão a aviação como nunca se viu (por exemplo, um voo diário será necessário para transportar 5 mil frangos de Joanesburgo para Palma, para dar um pequeno exemplo).
O futuro não é ainda risonho. A abertura do espaço aéreo para a competição externa em voos domésticos, com a entrada da FastJet e da Ethiopian, vai dar dores de cabeça à LAM. Em condições normais, este tipo de abertura é perniciosa para companhias de bandeira e Moçambique é talvez o único pais no mundo que se deu a esse exagero. A LAM vai agora enfrentar a Ethiopian nas suas rotas domésticas, correndo o risco de também perder receitas na lucrativa rota de Joanesburgo. A Ethiopian voando na nossa espinha dorsal vai sugar boa parte das passagens para conexões em Joanesburgo. Quando soube que a Ethiopian vinha para cá, Girma Wake ficou boquiaberto: What!!!? What!!!? What!!!? Nos últimos anos, desde 2012, Girma tirou a RuandaAir do marasmo e agora passa uma semana de cada mês no Togo fazendo o mesmo. Sua idade ja não permite abraçar novos desafios mas é provável que Pó Jorge conte receber a luz inspiradora do seu sol tutelar. Uma mentoria de Girma sobre a LAM seria ouro sobre azul.
Comentários
Aunorius Andrews Simbyne Apenas uma correção, Marcelo Mosse... nao foi no Polana, mas sim no Gloria Hotel...
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Euler Gente De Mocuba Hospedou se no Polana e discursou no Glória Hotel.
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Marcelo Mosse Sei que ele dè hosoedou no Polana. Certo?
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Carlos Miguel Castanheira Cossa Isso é o de menos o essencial está no post
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Sura Rebelo de Oliveira Carlos Miguel Castanheira Cossaexatamente. Nem interessa se almoçou no calus.
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Carlos Miguel Castanheira Cossa Sura Rebelo de Oliveiraisso amiga ... o resto é paisagem como diz o Marcelo Mosse
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Julio Lacitela Nós temos que continuar mamar. Essa de Girma que se...
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Antonio Pereira Estou a imaginar quando terminou o seu testemunho e a sala se encheu de murmúrios por parte dos nossos governantes, o discurso deve ter sido mais do mesmo: "mão estrangeira", "interferência internacional", " ingerência política", "soberania nacional", "nossas tradições, hábitos e costumes"... o blá, blá, blá do costume.
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Responder52 minEditado
Oweni Esmael Já li vários artigos de género com conteúdo semelhante, aliás "abertura de espaço aéreo", mas sem data do seu início, pois as cintas de dívidas oculta começam a fazer sentir economia para vários destino ! Quando irá sobrevoar essa companhia?
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Vasquinho King O governo há um ano que fala da abertura do espaço aéreo e nada acontece. A entrada da Ethiopian, Solenta/FastJet, KQ, CFM, TTA e a LAM ou seja as 5 aerolineas apuradas pelo INACM está no negativo até hoje porque? LAM opera com combustível ofertado em fim o GOV ainda nao se libertou das politicas de controle total ou seja ainda nao liberailzou o mercado. O sector privado tambem ainda nao confia que o terreno está livre para operacoes aéreas
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Oweni Esmael Vasquinho king, provavelmente luvas brancas na mesa! Hoje não é fácil abrir empresa sobretudo grupo "A" sem luvas brancas 5-15%, para o preguiçoso ter como honorário mensalmente 😂!
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Oleg Kondakov Grande erro dos governantes. Tá aí a bofetada
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Linette Olofsson bofatada com luvas brancas! frelimo é uma maldição em Moçambique., está a destruir o País em todos sentdos, ! não têm capacidade para geirir o País.Andam abocanhar tudo que é recurso, vivemos num sufoco em todos os sentidos, País endividado, corruptos fora da prisão, justiça com amarras políticas...o que mais posso dizer?
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Jasmin Rodrigues 5.000 frangos diarios da Africa do sul?!?? Frango este que temos capacidade de fornecer e que poderia garantir emprego e o surgimento de pequenas empresas......Nao temos ninguém a nivel de top que lute e acredite no Moz!!!! TRISTE!!! 

Se esse caso fo
sse na SA... ou outro Pais qualquer e constassse esse Fornecimento de 5.000 frangos diarios vindos de Maputo seria um escândalo total!!! Pois nenhum Pais aceitaria isso!!

Estamos a alimentar os novos ricos dos outros Paises a nossa custa!!!
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Rui Costa Está fora do contexto do post do MM. Mas deixe-me informar que, nós não produzimos frangos, nós montamos frangos e a 3 vezes mais o preço por kg do Mercado internacional.
Os produtores de Soja e Milho è que produzem frangos.( Brasil, USA por exemplo)
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Jasmin Rodrigues Rui Costa estou fora do contexto?!!?? 
1. E e pena que pense assim! No meu ver estou dentro do contexto da GRANDE problematica que o Mosse levanta aqui!


2. Portanto a seu ver nao somos produtores...somos montadores e com custos 3x...ok!!! E qual o mal de se apoiar a economia local e de favto promover a montagem e ate PRODUCAO local?!? E nao acha k esses custos iriam reduzir?!?? Sinceramente nao o percebo!! Parece estar a defender que receitas de 5000 frangos diarios sejam exportados para a Africa do sul em deterimento de Mocambique?!? O Sr tirou me as energias para continuar o questionamento... acho k nao deve ser Mocambicano ou nao tem um sonho de ver um Mocambique melhor!!! Desisto de trocar ideias com o senhor em relacao a esses seus comentarios! Deixou me mesmo triste!
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Oleg Kondakov Girma veio falar para surdos.
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Chil Emerson David Nos deixe fora disso!
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Responder38 min
Maylene Paulo Bem ... sempre eu disse que nos temos capacidades de transformar os nossos recurso em fortunas. Mas o punho político na nossa economia é um mal de mil pés. Enquanto as posições Chaves da nossa economia forem geridas por amigo do amigo será difícil dar volta ao dilema de crescimento social. Não será por acaso que a Rússia 🇷🇺 busca o know how techno-industrial apostando em parcerias internacionais. O Rwanda fez o mesmo foi buscar capital humano além das suas fronteiras e apostou neles criando leis e separações de poderes. Isso é o que faz falta neste país.
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Maylene Paulo Para um país desenvolver o poder político deve ser multifacetico , saber aceitar desafios e acreditar na competição do capital humano.
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Edgar Gonoury Os negócios são assim mesmo. São negócios, e não politica e, aínda por cima, uma política carregada de incompetência, opurtunismo e corrupção. Politica + Banco = Bancarrota .
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Antonio A. S. Kawaria E os nossos governantes assumiram?
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Responder30 min
Inacio F. Menete Adam Yussof para ver isto

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