Eureka por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (108)
Bom dia, Presidente. E saiba que não vou ser manipulado, como fizeram a Jesus Cristo à derradeira hora da sua morte. Pediu água e o que lhe deram foi vinagre. E, por fim, pronunciou a célebre frase: “Está consumado”.
E cá entre nós, nada está consumado. Seguirei pronunciando esta frase quando o memorando de entendimento assinado entre o Governo e a Renamo sobre a desmilitarização for divulgado.
Aliás, em bom rigor, eu não devia tecer nenhum comentário sobre o memorando assinado esta segunda-feira. Não o conheço. Fá-lo-ei apenas para não ser complacente. O calar da boca e o cruzar dos braços não compensam.
O que estou a tentar fazer, meu Presidente, é encorajar as partes- a Frelimo e a Renamo- para tornarem este documento público porque os moçambicanos devem se apropriar deste processo. E enquanto isso não acontecer, poderemos, nós, o povo, afirmarmos, sem sombra de dúvidas, que esta negociação assenta em pés de barro.
Naquela segunda-feira, na sua declaração à nação, o Presidente só disse que dentro de dias serão anunciados os passos seguintes no processo, mas não avançou detalhes sobre o conteúdo do documento.
Essa reconciliação, essa paz que tanto se procura, é só entre a Frelimo e a Renamo ou diz respeito aos moçambicanos? É que o Presidente, na segunda-feira, fez a declaração à nação, como se se tratasse de um ganho pessoal ou do partido Frelimo. Num processo claro e transparente de reconciliação, se deve haver vencedor, será a família moçambicana.
O País é que sairá a ganhar por não ter mais os seus ouvidos intoxicados pelo assobiar das armas; motivo que afugenta qualquer investidor sério, qualquer agricultor, e mesmo os caçadores de ratazanas.
Saiba, Presidente, que a disponibilização do documento assinado entre si e o coordenador interino da Renamo, o senhor Ossufo Momade, pode devolver a confiança aos empresários que tinham medo de investir devido à crise política e militar no País.
Cartas ao Presidente da República (108)
Bom dia, Presidente. E saiba que não vou ser manipulado, como fizeram a Jesus Cristo à derradeira hora da sua morte. Pediu água e o que lhe deram foi vinagre. E, por fim, pronunciou a célebre frase: “Está consumado”.
E cá entre nós, nada está consumado. Seguirei pronunciando esta frase quando o memorando de entendimento assinado entre o Governo e a Renamo sobre a desmilitarização for divulgado.
Aliás, em bom rigor, eu não devia tecer nenhum comentário sobre o memorando assinado esta segunda-feira. Não o conheço. Fá-lo-ei apenas para não ser complacente. O calar da boca e o cruzar dos braços não compensam.
O que estou a tentar fazer, meu Presidente, é encorajar as partes- a Frelimo e a Renamo- para tornarem este documento público porque os moçambicanos devem se apropriar deste processo. E enquanto isso não acontecer, poderemos, nós, o povo, afirmarmos, sem sombra de dúvidas, que esta negociação assenta em pés de barro.
Naquela segunda-feira, na sua declaração à nação, o Presidente só disse que dentro de dias serão anunciados os passos seguintes no processo, mas não avançou detalhes sobre o conteúdo do documento.
Essa reconciliação, essa paz que tanto se procura, é só entre a Frelimo e a Renamo ou diz respeito aos moçambicanos? É que o Presidente, na segunda-feira, fez a declaração à nação, como se se tratasse de um ganho pessoal ou do partido Frelimo. Num processo claro e transparente de reconciliação, se deve haver vencedor, será a família moçambicana.
O País é que sairá a ganhar por não ter mais os seus ouvidos intoxicados pelo assobiar das armas; motivo que afugenta qualquer investidor sério, qualquer agricultor, e mesmo os caçadores de ratazanas.
Saiba, Presidente, que a disponibilização do documento assinado entre si e o coordenador interino da Renamo, o senhor Ossufo Momade, pode devolver a confiança aos empresários que tinham medo de investir devido à crise política e militar no País.
Enquanto isso não acontecer, a desconfiança continuará. Quer dizer, estão a esconder um documento ao povo, documento esse que lhe diz respeito?! Para que haja mudança deve haver confiança e para que haja confiança é necessário que este documento seja divulgado. Precisamos dele, Presidente!
Como disse antes, Presidente: nada está consumado. E eu não vou engrossar as falanges dos aduladores, dos beija-mãos, enfim, dos puxa-saco. Saúdo, sim, a assinatura do memorando, mas não estou descansado enquanto o processo não seguir em conformidade com os anseios do povo.
O povo só quer paz. Paz para poder trabalhar a sua machamba. E mesmo que seja para andar às ruas mendigar, é preciso que o troiar das armas silencie para que pessoas que têm mãos para trabalhar o façam a contento e, enfim, poderão dar esmola a quem precisa.
Sabe, Presidente: jamais a Frelimo pressionará a Renamo a entregar as armas. O que encorajará é o processo se for transparente. E para que essa transparência seja efectiva, todos nós somos chamados a participar. Então, por que não nos colocam a par do conteúdo do memorando?
A Renamo diz que só vai entregar as armas a um organismo previamente instituído para o efeito e quer que a sua força residual seja reintegrada na sociedade de forma digna e humanizada. E nós queremos ajudar neste processo. Somos parte deste processo.
Nós somos os primeiros a sofrer quando os dois “beligerantes” se zangam.
Por isso, Presidente, que se disponibilize o documento. O povo precisa saber o que estão a decidir sobre a sua vida. Se o excluíram durante o processo negocial, que culminou com a assinatura desse memorando, não o façam agora.
O povo não é mero objecto. Eu não outorguei a ninguém o direito de decidir sobre a minha vida. Sou o capitão e mestre do meu destino!
Se os governantes hoje engordam, têm as barrigas avantajadas, é porque existe povo.
Sugam-no de variadas formas. É o povo trabalhador que paga os impostos para que alguns governantes, sem escrúpulos, permaneçam anichados à mamadeira estatal.
DN – 10.08.2018
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