Por: Ntiyiso Fumo
“Tu podes construir um império apenas com as mãos de outra pessoa” (Autor Anónimo)
Não há dúvidas que, para um cidadão minimamente atento e informado, Venâncio Mondlane, cabeça-de lista pela Renamo para as eleições autárquicas de 10 de Outubro próximo, no Município de Maputo, está a ser vítima de uma cabala política sem precedentes na história política contemporânea do nosso país. Desde que se assumiu como provável candidato, há poucos meses, é fenomenal a sucessão de intrigas propagandísticas na comunicação social, as perseguições judiciais incoerentes e, mais recentemente, a displicente censura política da sua candidatura pela Comissão Nacional de Eleições.
Claramente que é uma estratégia de desgaste, com requintes assumidamente maquiavélicos. Importunar, desestabilizar e botar abaixo Venâncio Mondlane é uma questão de sobrevivência política, para o regime do dia. O Município de Maputo joga um papel central nos desenvolvimentos eleitorais futuros, tomando de vista as eleições gerais do próximo ano. Se Maputo ficar para a oposição, e em especial para a gestão da Renamo, muita coisa cairá por terra quanto à legitimidade e à representatividade do partido Frelimo como “um partido de massas” ou “guia do povo moçambicano”. A farsa ficará descoberta e o custo político disso é extremamente alto para o status quo, justificando todo o emaranhado de sem vergonhices em andamento para descredibilizar e impedir a vitória certa de Venâncio Mondlane em Maputo.
Situações de crise originam soluções desesperadas, muitas vezes com repercussões turbulentas. Pode não se estar a ver a grande tela com a devida atenção e seriedade, por estes tempos. O sinal para o “partido armado” não entregar o seu último reduto de barganha, com a disfunção organizada de instituições de direito e a politização deliberada dos órgãos de administração da justiça, pode ainda brilhar mais do que nunca. Se, por um lado, os velhos hábitos ressuscitam as velhas intransigências, por outro, Venâncio Mondlane assusta e desorienta. A sua candidatura deixou de ser de fórum exclusivamente executivo, influenciando agora perniciosamente o legislativo e colocando em cheque o poder judicial.
Pode-se cogitar o seu fim político? Não, enquanto a Renamo também fizer a sua parte. Foi por alguma razão pragmática que Venâncio Mondlane a ela se aliou. Ademais, a estratégia de desgaste desenvolvida pelo sistema está a ter efeitos contraproducentes em larga opinião pública urbana e potencialmente eleitoral. Hoje não se fala de mais nada, no nosso pulsar político e social. Venâncio Mondlane é, actualmente, o político mais popular do país. Já está em campanha, sem gastar um tostão por isso. Efectivamente, nunca se teve, tal como hoje, tanta certeza sobre a sua vitória nas eleições autárquicas de 10 de Outubro próximo. Ele construiu, magistralmente, um império com ajuda dos que lhe tem tentado combater.
O Conselho Constitucional tem, por estes dias, uma das suas soberanas e derradeiras oportunidades para não fazer cair em descrédito total a ideia opaca de Estado de Direito Democrático que Moçambique se diz ser. E Venâncio Mondlane, mais uma vez, pode estar a ajudar a reescrever a história política e a cultura jurídica deste país, simultaneamente. É obra, para um homem só. É enorme, para a sua idade e tarimba. É inspirador, para todos nós. Ele diz, no seu grito de guerra política, que através dele “vamos limpar Maputo”. Eu sinto que, através dele, também “vamos limpar Moçambique”.
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