sábado, 11 de agosto de 2018

A demolição de Luísa Diogo

A demolição de Luísa Diogo
(A questão da empresa de moçambicano versus empresa registada em Moçambique)
Esta manhã foi desfeito, em Pemba, um dos equívocos mais recorrentes sobre afinal quem vai beneficiar, em Moçambique, do procurement local da Anadarko. No início do evento, o tema parecia ainda um tabu. Um dos representantes da Anadarko disse que a multinacional americana já tinha previsto gastar na fase da construção dos seus dois trains de LNG 2.5 bilhões de USD. "Para beneficiar as empresas registadas em Moçambique e as empresas propriedade de moçambicanos". Esta colocaçāo carregava o peso da reserva, o receio do politicamente incorreto, um recurso de linguagem para não ferir susceptibilidades.
Nos últimos meses, o debate sobre quem devia colher os benefícios em Moçambique das oportunidades locais da industria extractiva tem sido inquinado por uma perspectiva nacionalista de compartimentação do sector privada em gavetas que dariam privilégio às empresas de proprietários exclusivamente moçambicanos. Aliás, uma linha dos defensores desta perspectiva tem contornos mais arrojados: a ideia de um shareholding através do qual empresários moçambicanos teriam a possibilidade de acesso à participação accionista nalgumas multinacionais. Há meses que, em círculos restritos e nos corredores governamentais do sector, essa perspectiva foi descartada pelos investidores. Que já fizeram questão de comunicar isso ao executivo de Nyusi.
Mas, mesmo assim, a Anadarko surgiu esta manhã em linguagem comedida. A distinção que operara foi, no entanto, perdendo peso. Quando o debate estava a descambar para a defesa do proteccionismo, desse nacionalismo empresarial, houve quem iluminasse os mais cépticos. Quem? Luisa Diogo, a PCA do Barclays, que classificou o evento como "histórico" pelo seu potencial de partilha de informação e desafiou a CTA a arregaçar as mangas para que os moçambicanos agarrem nas oportunidades.
Pois Luísa foi demolidora. Afinal, o que era uma empresa moçambicana?, questionou-se. E clarificou. Independentemente da nacionalidade dos seus accionistas, uma empresa registada em Moçambique é uma empresa moçambicana; é uma empresa de direito moçambicano. Prontos! E deverá ter as mesmas oportunidades que todos os outros. Para Luísa Diogo uma nuance podia ser considerada. A de se fazer com que as empresas de estrangeiros que operam em Moçambique sejam obrigadas a fornecer produtos de origem local. Mas, como frisaria o Ministro Max Tonela, na sua alocução final, isso não significava que, no quadro duma restrição daquela natureza, as empresas de moçambicanos teriam a prerrogativa de fornecer produtos 100% importados. Tonela foi explícito: para empresário moçambicano vingar vai ter de demonstrar capacidade certificada, continuidade na provisão dos seus bens ou serviços e fornecimento de escala.
O Presidente Filipe Nyusi daria a machadada final na abordagem proteccionista, mas optou por certo desanuviamento da aparente tensão. Ele frisou a ideia de que, para agarrarem nas oportunidades das extractivas, as empresas locais deviam se esforçar para buscar parceiras estrangeiras e garantir sua competência. "Para não andarem atrelados a subsídios", rematou ele. O evento de Pemba foi satisfatório, um bom exercício de transparência. O principal desafio para o sector privado será o da sua certificação. A Anadarko descerrou uma panóplia de oportunidades para os moçambicanos. Emprego e formação de competências. Capacitacao empresarial e ligações económicas. A multinacional americana vai fazer a sua parte. Os moçambicanos não devem cruzar os
braços.
Chiara Costa Correia, Lénio Ussivane, Nazir Mugas e 133 outras pessoas gostam disto.
Comentários
Mario Joao Gomes Sr.
A bola estara agora do nosso lado como mocambicanos. O trabalho arduo, o compromisso, serao obrigatorios. Abraco MM. Well done.
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Paizinho Mhula
Mas a conhecer a nossa visão lobista e 10porcentista empresarial não sobriviveremos se a mesma gravata atarmos. Temos mesmo que reinventar a roda e mudar o modos operadens do nosso grupo empresarial
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Mario Joao Gomes Sr.
Vamos ao trabalho arduo. Abraco
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Jorge Silva
Com o devido respeito Mario Joao Gomes Sr. uma posição muito politicamente correcta. Aliás ficou bem demonstrada com a posição do Vuma: ou seja o paradigma do Estado "salvador" quando referiu o Innoq, o ipeme, e uma outra instituição. Enquanto a microeconomia depender do Estado para avançar só teremos problemas. Deixem o mercado funcionar. O Estado tem de aprender a ser menos Estado para dar lugar a mais economia. O resto é bula bula para político encher balões.
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Mario Joao Gomes Sr.
Nao vejo aonde esta o politicamente correcto da minha parte ( de outros nao sei). O que estou simplesmente a dizer que eh que se nos como empresas mocambicanas nao arregacarmos as mangas e dedicarmo nos ao trabalhar a serio nao iremos conseguir contratos nenhuns... mesmo se conseguirmos se nao mantivermos um alto nivel de servico ao cliente tambem nao iremos continuar a prestar servicos a esses clientes. Aqui nao ha brincadeiras...ou pega ou larga - como tu dizes ...o mercado a funcionar sozinho. Abraco
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Joao Mazivila Antonio
Força família, vamos todos edificar nosso Moçambique juntos e Unidos do Rovuma ao Maputo
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Luís George Generoso
MM, o que se reserva para o depauperado "cavalo de troia", juventude, que mesmo com ideia formada e devidamente capacitado nao tem merecido confianca pela banca comercial ou outros entes financeiros para o primeiro passo "assistido" como empreendedores?
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Miro Guarda
A banca é Moçambicana pois não?
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Luís George Generoso
Registada em Moçambique, portanto regida pelo direito mocambicano. Miro Guarda, suspeita da banca nacional (maioritariamente de capital estrangeiro)? Reticente em investir nas emissoes do tesouro, poderia muito bem investir massivamento numa nova geracao e jovem para o empresariado. Pode parecer de risco, mas necessario numa economia em que a oportunidade de emprego vem viciada (corrupta, nepotistica e despotica).
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Miro Guarda
Luís George Generoso, infelizmente não confiou nessa tal banca, aliás ela não confia em mim porquê eu confiaria nela?
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Luís George Generoso
Ela anseia pela terra ja desbravada sem sequer preocupar-se do esforco empreendido para o "start" do negocio. Ja contraido o credito para investimento corre a accionar mecanismos proprios para o suicidio do contraente caso nao respeite o minimo da clausula contratual. Mesmo para deduzir que o sangue mocambicano é apetecivel, doce e inesgotavel, veja-se o modelo simplificado bem explorado pela restauracao de pacotilha que dedica-se ao lucro e exportacao do capital passados seis mesitos de inicio de actividades.
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Manjate Custodio
Bem vistas as coisas pela Luisa Diogo.
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Niz Tambira
O empresário moçambicano quer espaço fácil neste negócio, só que aquilo do gás e petróleo não é negócio do partido, desta vez não há como eles agirem como extraterrestre. Os investidores não vão aceitar peixe podre no buffet
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Anselmo Titos Cachuada
Falou por mim...por todos! Parabéns!
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Félix Esperança
Excelente!
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Paizinho Mhula
Mas lembrem-se que o nosso grupo empresarial poderá falecer com esta abordagem pois não está habituada a concorrer para ganha mas sim a subornar e mostrar cor partidaria para ganha adjudicações.
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Júlio Mutisse
Marcelo Mosse Não há nada de extraordinário ou de novidade no que todos disseram. Luísa Diogo, Max Tonela e o próprio PR leram as leis de petróleo e de minas.
Qualquer dessas leis, em termos de procurement, ao dar preferência a produtos locais, condiciona a que haja qualidade equiparavel ao bem importado, capacidade de fornecimentoe garantia continuidade desse fornecimwnto. Não há novidade nem no que Max disse, nem no que o PR disse.
Sobre o conceito de Nacional nas empresas há que recorrer a diversas leis. A legislação de terras tem seu conceito, a lei de imprensa outro, a lei de... Outro. Não basta dizer o que soa bem aos nossos ouvidos e ser demolidor, há que influenciar políticas que façam valer as ideias demolidora que expressamos.
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Vasquinho King
Mas sempre foi assim e isto foi visivel com as leis das ONGs a maioria das ONGs internacionais já se registaram como moçambicanas. Mas voltando as empresas de direito mocambicano sao as que formam no minímo um consórcio com contra parte nacional ou se registam nas entidades de direito como nacionais. Assim nos próximos dias podemos ter a Anadarko-Moçambique e ENi Moçambique só para citar alguns exemplos. As produtoras agricolas sulafricanas e da regiao austral tambem vao entrar em Mocambique e passaram a ser de direito moçambicano. A maioria dos bancos sao de capitais estrangeiros mas sao empresas de direito moçambicano. Nao sei quel era a dúvida aqui.
Agora uma coisa é certa o CTA tem que se reinventar criar laços com os mais fortes e abrir portas para os accionistas estrangeiros abraçarem o vociado empresariado nacional para a sua certificacao e capacitacao e robustez de competencia para abraçar o negócio de petrogás
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Júlio Mutisse
Vasquinho a Anadarko está em Moçambique como Anadarko Moçambique Área 1 limitada.
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Vasquinho King
Sei disso. Algum impedimento para que se transforme em Anadarko Moçambique com impostos pagos na rebedoria de fazenda de Palma, visto no tribunal, certidao de quitacao do INSS e alvara passado e registado como de direito moçambocano?
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Júlio Mutisse
Não paga? De que impostos te referes?
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Anselmo Titos Cachuada
Nós não conhecemos o nosso Estado/Nação: basta não conhecer a Ordem Jurídica para ser novidades o q LD e MT falaram hoje no SOL...
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Júlio Mutisse
Anselmo Titos Cachuada definitivamente não.
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Vasquinho King
Anselmo Titos Cachuada eu estou admirado em saber em que sentido a LD partiu a louça.
Júlio Mutisse nao tenho a certrza se AMA1 é uma empresa de direito moçambicano. O meio desejo é que ela seja. Impostos todos pagam mas devem haver mais 3 a 4 etapas de requisitos para ser uma Empresa Nacional
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Júlio Mutisse
Vasquinho eu fiz o processo de registo da AMA1 Lda. É empresa de direito moçambicano sim.
Já agora, só para não falarmos no escuro, que impostos estás a espera que ela pague neste momento?
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Miro Guarda
Júlio Mutisse, eu também gostava de saber de que tipo de imposto está ele a falar?
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Vasquinho King
Perefeito ja percebi
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Anselmo Titos Cachuada
Vasquinho King , a LD não partiu a louça. Embora o título e a forma da narrativa tenha a fazer perceber como tal - é justificável nos meandros de jornalismo para chamar à atenção e ao debate - o que está-se a defender é: o desconhecimento das leis - no caso sujúdice: as Leis da Terra e das Minas, gerou um sentimento senão mesmo uma percepção de que a tia LD trouxe algo novo, quando, na verdade, ela apenas trouxe ao SOL o sentido material da legislação existente. Não houve ali uma espécie de EUREKA dos nossos dias!

Estamos juntos!
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Vasquinho King
Anselmo Titos Cachuada obrigado defacto estamos com auditorio mistificado sempre havia necessidade se clarificar isto e muitos nacionais estavam equivocados sobre previlegios especiais devido ao ser de gema. Isto nao haverá se a marca sao 800m livres apenas a Lurdes Mutola ganha cá, na australia em Londres
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Sofar Muzima
Gostei da última frase. "Os Moçambicanos não devem cruzar os braços"... em minha opinião temos que criar capacidade de produzir e fornecer produto nacional a indústria. Temos visto grande parte de fornecedores locais a importarem até tomate e morango da RSA para fornecimento á indústria extrativa. Boa viagem de regresso a Maputo. Asta la vista.
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Luís Loforte
Mosse, um ponto de partida para um não cruzar de braços é acabar com a mentalidade de empresas de cartão de visita e fora do sistema fiscal, vivendo de lobies políticos!
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Guilherme Mussane
Luís Loforte penso que a este nível de negócios o que vai mandar, o critério principal será a capacidade de resposta das empresas interessadas. Não há lobby que vai forçar as Multinacionais a comprar gatos por lebres. Negociar a este nível exige competência técnica, qualidade de serviços e uma certa musculatura financeira do empresário, para responder as demandas com a qualidade e o tempo que os negócios poderão exigir.
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Luís Loforte
Também sei disso, mas há empresários que ainda não se aperceberam disso e agem como se a política lhes desse essas competências, pegam numa oportunidade e correm à procura de quem faça por eles no estrangeiro...
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Júlio Mutisse
Exige outra mentalidade que não seja a mentalidade de bolada. Maior parte dos nossos empresários tem esta mentalidade de bolada.
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Miro Guarda
Júlio Mutisse, na verdade nem são empresários, são mesmo boladeiros. Há um Xerife que até os chamou de lobistas
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Vasquinho King
Aqui esta o alinhamento
Jamais será seleccionado alguem por ser nacional até porque o internacional já será nacional devido ao seu registo. Mas sim pela qualidade de serviços que vier a prestar
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Júlio Mutisse
Vasquinho trabalho com dezenas de empresas moçambicanas sérias. São no não só por uma questão de registo como, também, dos seus sócios. São empresas sérias e dedicadas que pegaram as oportunidades que foram dadas e trabalharam arduamente.
Para além dessas dezenas existem centenas de baladeiros pouco sérios que digo, não tem chances com as multinacionais até pelo seu approach. Referências a Ministros ou a exibição de cartões partidários é forca certa nessas empresas e porta fechada.
Nada me obsta que estrangeiros abram empresas aqui, produzam e prestem serviços. É muito bom. Não é por aí que nós moçambicanos perdemos. Perdemos na falta de seriedade e dedicação ao trabalho. Veja e compare contentor de moçambicano com de estrangeiro.
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Egidio Vaz
Selective exposure
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Marcelo Mosse
Faz la o teu comprehensive exposure e deixa mw trabalhar por favor...
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Marcelo Mosse
Júlio Mutisse se juntou ao regimento? Que boa....
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Júlio Mutisse
Qual? O que não vê novidade nem demolição nenhuma no que Luísa Diogo disse? Se existe estou lá.
Ou queria que batesse palmas só?
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Egidio Vaz
Júlio Mutisse Marcelo Mosse anda impaciente com a troca de ideias. Quando escreve espera comentários so tipo Magister dixit.
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Júlio Mutisse
Já tinha notado. Veja onde ele comentou diferente neste post. Apenas onde não abalam sua convicção.
Terminando: Marcelo Mosse leia a lei de minas e de petróleo, vais notar que não trouxeste nada de novo também. Leia o conceito de empresa nacional na legislação que citei...
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Egidio Vaz
Júlio Mutisse é impossível a Luísa trazer algo novo. Vai buscar onde? O seu speechwriter pegou justamente na lei e fez o discurso. No fundo, olhando calmamente, o evento foi mais um talkshop muito chorudo.
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Tito Tezinde
Conceito de empresa nacional bem legislado no sector. Nada de novo.

O novo foi apresentar de forma transparente as oportunidades a todo mundo e em simultaneo, e colocar a questao de conteudo local ao mais Alto nivel de relevancia (PR e vice presidente Anadarko). Inedito e digno de aplauso forte.
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Jorge Silva
LD pôs o dedo na ferida. E sabe bem como desmontar alguns mitos socialistas ainda remanescentes. Haverá vontade política para tanto com um tão "apetitoso" bolo? Duvido, já que as clientelas terão qie ser "alimentadas"...
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Justin Costumes
Leopoldo Caetano Pereiraa
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Félix Esperança
Tudo bonito em blablablas como sempre cá pelo burgo e no final o que vale é o partido... Ciência e competência nunca. Aguardemos pela realidade no terreno daqui a meses!
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Wa Pessoa
Sou leigo na matéria mas no evento de Pemba onde fiz parte trabalhando, ficou uma coisa clara, alguma incapacidade de empresas Moçambicanas. MM, não me deixa mentir, a empresa que forneceu refeições demonstrou uma incapacidade total, tal que o numero considerável de participantes optaram por desistir de almoçar por falta de comida. Bem, penso que caímos no descrédito numa altura que tínhamos tudo para provar num lugar onde tinham muitos homens de negócios. Para apanhar palitos de dentes não era coisa fácil. Temos que trabalhar duro nesses aspecto de qualidade
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