Ainda me lembro que alguns ilustres analistas, académicos renomados e profissionais do jornalismo investigativo andavam por aqui, no Facebook, tentando convencer as pessoas a crer na ideia infundada de que Filipe Nyusi, Presidente da República de Moçambique, não tem ideias próprias.
Enquanto os tais analistas andavam ocupados destratando Filipe Nyusi, este matutava, serenamente, os caminhos a percorrer para a restauração da confiança entre Moçambique e os "parceiros de cooperação"—que ficou afectada aquando da publicitação dos créditos ocultos—, e para dar melhor direcção à implementação do projecto de governação que a Frelimo lhe confiou a liderança. É assim que Filipe Nyusi toma as seguintes decisões, algumas delas formidavelmente surpreendentes:
1. anuir à exigência para a realização da auditoria internacional independente às empresas constituídas pelos dinheiros dos créditos ocultos, nomeadamente EMATUM, Proindicus e MAM;
2. instruir a Bancada Parlamentar da Frelimo na Assembleia da República para solicitar a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para "investigar" os créditos ocultos;
3. nomear Rogério Zandamela para Governador do Banco de Moçambique;
4. permitir que Armando Guebuza (seu antecessor) fosse ouvido pela CPI;
5. nomear Letícia Klemens para Ministra dos recursos Minerais e Energia;
6. nomear Conceita Sortane para Ministra da Educação e Desenvolvimento Humano;
7. nomear Ragendra de Sousa para Vice-Ministro da Indústria e Comércio;
8. nomear Augusto Fernando para Vice-Ministro dos Recursos Minerais e Energia;
9. nomear Júlio Jane para Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM); e
10. nomear Lagos Lidimo para Director-Geral do Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE);
11. remodelar/refrescar as reitorias das universidades públicas, nomeadamente UEM, UP, UNILÚRIO e UNIZAMBEZE; e, entre outras decisões,
11. remodelar/refrescar as reitorias das universidades públicas, nomeadamente UEM, UP, UNILÚRIO e UNIZAMBEZE; e, entre outras decisões,
12. mudar o paradigma na abordagem do dossier da paz, passando a ser ele próprio (Filipe Nyusi, PR) a conversar pessoalmente com o líder da Renamo (Afonso Dhlakama), em resultado do que o Afonso Dhlakama ordenou os seus homens parar com as acções terroristas.
Quando Filipe Nyusi tomou estas decisões foi criticado, ouviu as críticas, mas não retorquiu nem recuou. Prudentemente, Filipe Nyusi também não reagiu à publicitação da informação de que um dos seus ministros tem uma dívida com instituições financeiras portuguesas. Ficou firme. De igual modo ele se comportou quando apresentou a sua proposta da composição do Conselho de Ministros à Comissão Política da Frelimo, no início do seu mandato. Ou seja, Filipe Nyusi não se deixa abalar nem irritar com a crítica, mesmo quando esta é mal feita. Filipe Nyusi faz o que a sua consciência e convicção lhe dizem estar certo, obviamente depois de consultar-se com quem ele julgar pertinente e apropriado ouvir.
Uma nota interessante, na sequência de uma das decisões mais recentes de Filipe Nyusi, designadamente a nomeação de Ligos Lidimo para Director-Geral o SISE, é que, coincidentemente, o veterano Sérgio Vieira (SV)—que inicialmente desacreditou, depois acreditou, e voltou a desacreditar, na capacidade de liderança de Filipe Nyusi, e usava espaços privilegiados concedidos pelo Grupo SOICO para emitir publicamente as suas opiniões—dizia, o veterano SV decidiu retirar-se da esfera pública. Joaquim Chissano também já deixou de "mandar receitas" para o alcance da paz, através dos órgãos de comunicação social e nos bastidores. Graça Machel também já parou de falar de "crise de liderança" e de recomendar que se faça "o impensável". Armando Guebuza—que sempre manteve calmo desde a transferência de poderes para Filipe Nyusi—foi discretamente ouvido pela CPI. Diga-se de passagem, que houve quem quisesse fazer drama com a audição de Armandp Guebuza pela CPI, alegando Filipe Nyusi estava a encetar uma perseguição ao seu antecessor. Mas tal tentativa de instigar briga entre Filie Nyusi e Armando Guebuza não pegou, e ainda bem que não pegou. O veterano Alberto Chipande também parou de fazer discursos bombásticos reclamando direitos exclusivos de acesso aos recursos naturais de Moçambique em recompensa pelo seu "primeiro tiro" na luta de libertação nacional. A mana Luísa Diogo também parece estar mais calma, após um período de agitação seguinte à revelação dos créditos ocultos. (E ela tinha razão para se enervar com isso, porque tomou "chá da madrugada" a negociar o perdão da dívida externa de Moçambique quando era Primeira-ministra.) Enfim, o regresso de Lagos Lidimo ao activo parece estar a ter um efeito—que eu chamo "efeito Lidimo"—que dissipa equívocos sobre a aptidão de Filipe Nyusi para presidir a República e a Frelimo.
Agora, em tempo de trégua, com as comissões técnicas a trabalhar na descentralização da administração pública e na desmilitarização da Renamo, Filipe Nyusi acaba de lançar oficialmente o projecto "SUSTENTA". E mais: Filipe Nyusi está a visitar os ministérios do seu Governo para verificar no terreno o que lhe contam nas reuniões do Conselho de Ministros e dar orientações para a correcção das anomalias que vai constatando. E tudo isto ele está a fazer no meio de muita suspeição dos sempre críticos "analistas". Alguém (Luís Loforte) disse—e eu concordo plenamente—que Filipe Nyusi precisa mais é de críticos e não de seguidistas (em oposição a seguidores). Mas eu acrescento que Filipe Nyusi precisa é de críticos de verdade, críticos honestos, críticos bem-intencionados; não precisa de detractores fazendo-se passar por críticos. Seguidistas nunca vêem nada de errado nos actos do chefe; detractores vêem tudo errado nos actos do chefe. Todos, seguidistas e detractores, são má companhia. Crítica e críticos sim, porque contribuem para a edificação de uma sociedade equilibrada, progressista e justa; detracção e detractores não, porque inviabilizam a construção de sociedade equilibrada, progressistas e justa.
Por tudo está exposto acima e mais alguma coisa, ocorre-me questionar os renomados "analistas", "adivinhos" e "bruxos" (entre eles, Marcelo Mosse, que tanto propalou a ideia de que Filipe Nyusi não os tinha no lugar) o seguinte:
1. Ainda acham que Filipe Nyusi não tem ideias próprias?
2. Ainda não acreditam que Filipe Nyusi é quem preside a República de Moçambique?
Não haja problema, se os sempre analistas não puderem responder estas duas perguntas (acima), pois o silencia é, também, uma resposta.
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