Apesar da trégua entre o Governo e a RENAMO, há um atrito que persiste nas estradas de Moçambique: os condutores queixam-se de extorsão por parte das forças de segurança, que continuam a patrulhar as vias públicas.
Em conversa com a DW África, vários condutores de camiões de carga e semi-coletivos de passageiros denunciaram a corrupção nas estradas do centro de Moçambique. Os automobilistas no terminal rodoviário da Beira e os transportadores de mercadorias no mercado grossista no Maquinino, na cidade da Beira, pediram o anonimato com medo de repercussões. Mas acusaram sem rodeios os militares que patrulham as principais estradas do país de cobrarem dinheiro pela passagem dos veículos.
Particularmente atingidos estão os automobilistas que circulam nas rotas Beira-Quelimane, Beira-Tete e Beira-Maputo. Segundo as testemunhas ouvidas pela DW África, nos últimos dias, e que pediram o anonimato por receio de retaliação, os soldados moçambicanos que mandam parar os veículos recorrem a ameaças físicas para lhes extorquir dinheiro.
Falta de disciplina
Todos descrevem a forma geralmente uniforme como decorrem estes incidentes: após a paragem do veículo, os militares alegadamente perguntam qual é o destino, o número de passageiros a bordo e o tipo de mercadoria transportada, exigindo então uma determinada quantia ao condutor. Um dos automobilistas ouvidos pela DW África comentou a falta de reação por parte dos altos dirigentes do Estado: "Circulamos bem, mas há problemas devido aos homens armados nas estradas. Mandam-nos parar para pedir alguma coisa. É estranho.”
Os condutores no centro de Moçambique não percebem porque é que as autoridades não intervêm para pôr cobro ao problema
Outro condutor disse à DW África que a responsabilidade pelo que está a acontecer cabe a quem tem autoridade para travar os soldados: "As posições militares nas estradas continuam a existir. Os homens continuam a mandar-nos parar. Pedem água, pedem cigarros, pedem dinheiro. Devia haver uma disciplina militar, talvez uma visita regular dos superiores, para apreciarem de perto o que está a acontecer connosco na rua”.
Exército nega
A porta-voz do comando provincial de Sofala, Sididi Paulo, negou a prática de corrupção pelos militares, baseando a sua afirmação na falta de denúncias: "Se existir algum cidadão que por ventura tenha sido interpelado, é só contactar a unidade policial mais próxima para denunciar este tipo de atitude. Se ninguém denuncia, isso significa que tudo está bem e que nada ocorreu”.
Não é a opinião dos condutores que falaram à DW África, que contaram mesmo que muitos soldados armados também estão fortemente alcoolizados, colocando assim em sério risco a vida dos condutores: "Isso e um sinal de perigo para nós. Se um homem armado e embriagado te parar à tarde ou à noite para te exigir dinheiro, é óbvio que te sentes ameaçado”.
Condutores em Moçambique acusam militares de extorsão
Outro condutor contou à DW África uma ocorrência recente envolvendo um militar embriagado: "Na semana passada um soldado alcoolizado morreu atropelado numa noite ao mandar parar um camião de carga. O que mostra que não há segurança, porque nós não temos confiança numa pessoa que está armada”.
Soldados alcoolizados
A polícia confirmou à DW África a morte por atropelamento dum membro das forças de defesa e segurança. "O atropelamento aconteceu no distrito de Machanga por volta das zero horas. O motorista do camião que o atropelou socorreu o soldado, levando-o à unidade hospitalar mais próxima, mas o cidadão chegou sem vida no hospital. O soldado estava embriagado. Quando o cidadão está embriagado, dificilmente podemos prever as suas acções”.
Os automobilistas exigem uma maior disciplina por parte dos militares, e recomendam mesmo que sejam retirados das estradas, visto que a trégua em vigor entre o Governo e o braço armado do maior partido da oposição, a RENAMO, torna a presença das patrulhas supérflua.
Moçambique: centenas de pessoas marcham contra a situação política e económica
Pela Avenida Eduardo Mondlane rumo à Praça da Independência
"Pelo direito à esperança" foi o mote da manifestação que reuniu centenas de pessoas no centro de Maputo, no sábado dia 18 de junho de 2016. Os manifestantes exigem o fim do conflito político-militar entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o esclarecimento da dívida pública e mais liberdade de expressão.
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Moçambique perdeu mais de seis milhões de euros em 2016 devido à corrupção
Para o Centro de Integridade Pública não constitui motivo de espanto o anúncio do Gabinete de Combate a Corrupção de que o Estado moçambicano foi lesado no ano passado em milhões euros devido à corrupção. (01.02.2017)
Empreitadas do Estado em Moçambique sob suspeita de corrupção
Falta de transparência e incumprimento de leis anti-corrupção caraterizam vários projetos de construção estatais em Moçambique. Apesar da falta de informação, os analistas detetam numerosas irregularidades. (03.02.2017)
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O edil de Nampula está revoltado com o seu partido, o MDM. Mahamudo Amurane acusa a formação de querer prejudicá-lo, por alegadamente ser intolerante com atos de corrupção. O MDM diz que as acusações são infundadas. (07.02.2017)
Moçambique: centenas de pessoas marcham contra a situação política e económica
Centenas de moçambicanos marcharam no dia 18 de junho de 2016 em Maputo contra a situação política e económica do país. A manifestação foi convocada pela sociedade civil para exigir esclarecimentos ao Governo. (20.06.2016)
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Falta de disciplina
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Exército nega
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Soldados alcoolizados
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Os automobilistas exigem uma maior disciplina por parte dos militares, e recomendam mesmo que sejam retirados das estradas, visto que a trégua em vigor entre o Governo e o braço armado do maior partido da oposição, a RENAMO, torna a presença das patrulhas supérflua.
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