Um dos grandes problemas dos que estão a governar o País é a sua obsessão pela disposição feudal. Nutrem um invulgar amor pelo feudalismo. Contrariamente às outras organizações democráticas, o partido Frelimo assaltou o Estado e transformou-o num sistema de exploradores e explorados.
Colocadas as coisas desta forma, é naturalmente estatutário que os exploradores achem-se donos de tudo e todos e com credenciais até para destruir o País. É igualmente normal que os exploradores assumam todo um povo como uma legião de pacóvios pouco dados ao raciocínio, porque também se assumem como fontes da divina sabedoria.
E no caso em concreto, convencionou-se que o cidadão Amando Guebuza é detentor de uma sabedoria equiparável a do Rei Salomão citado nas sagradas escrituras. Só que contrariamente ao Rei Salomão, e para a nossa desgraça, o Rei Guebuza é portador de uma invulgar sabedoria típica das castas com vocação para o paternalismo destrutivo.
A situação de guerra civil na qual o País está mergulhado é o resultado das doses dessa porção de sabedoria destrutiva. 21 anos depois somos obrigados a ficar indispostos com informações de mortos e de milhares de deslocados e desesperados por causa da guerra. Voltam agora os cidadãos a ficar apreensivos quando chega a hora dos telejornais e dos jornais para ficarem a saber por onde a tragédia se abateu. Da Gorongosa, agora é Homoíne onde as pessoas que já se tinham
esquecido dos horrores da guerra e estavam a organizar as suas vidas, são agora obrigadas a serem refugiados de guerra num País em que o “Sábio Rei” diz estar a caminhar imparavelmente rumo ao progresso.
É preciso lembrar que esta guerra começou com a perseguição e intolerância política, e veio agudizar-se com um desentendimento político por causa de uma proposta de composição igualitária dos órgãos eleitorais, no caso em concreto a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE).
Aliás, a transparência nos processos eleitorais, não é reclamação exclusiva da Renamo. Todo o cidadão moçambicano de mediano sentido patriótico, gostaria de votar e que a sua vontade expressa nas urnas não fosse manipulada depois a favor de certas conveniências que partilham da mesma sopa com os órgãos eleitorais.
Quando a direcção do partido Frelimo prefere a guerra e a destruição no lugar da paridade é mesmo uma questão de falta de sentido de Estado e de recomendação psiquiátrica urgente. É uma doença que se finge que não ter. Quando alguém diz-se disposto a destruir o País só para garantir que lhe sejam manipulados votos a seu favor, este alguém só pode ter problemas de fórum psiquiátrico e é uma ameaça em potência para estabilidade do País e para a normalidade da sociedade, baseada na justiça.
No dia 19 de Dezembro de 2012 o chefe de Estado foi ao parlamento dizer que a paridade ora exigida pela Renamo é uma ilusão, justificando-se nos seguintes termos: “A sugestão de que todos os partidos devem ir em igualdade de circunstância às eleições significa que, no cumprimento deste conceito de "paridade", se tivermos cinco dezenas de partidos políticos em Moçambique, todos eles devem estar representados nos órgãos eleitorais. Não se vislumbra aqui a viabilidade de uma Comissão Nacional de Eleições com meia centena de partidos a decidir sobre matéria que precisa de tanta concentração e serenidade, como as eleições!”.
Ou seja, Guebuza não quer paridade porque no futuro haverá 50 partidos políticos e será inviável uma CNE com cinquenta membros. Ora esta justificação é por si muito ridícula e cai a qualquer teste de consistência. Por exemplo, quando tivermos 50 bancadas no parlamento como é que será composta a Comissão Permanente da Assembleia da República? Vamos extinguir o parlamento ou vamos rever o regimento da Assembleia da República? Como serão compostos, por exemplo, os conselhos superiores? Vamos extingui-los ou vamos rever os respectivos estatutos orgânicos, no que respeita a sua composição para ajusta-la a nova realidade?
Esquece-se o Chefe de Estado que as Leis foram e são feitas para regular a convivência entre homens e por isso mesmo são dinâmicas em função das novas disposições da sociedade. As leis não são matemáticas. É estranho que o chefe de Estado olhe para os números e não esteja interessado em debater o que está em questão: a transparência. É estranho que um chefe de Estado se posicione da fraude; Que um chefe de Estado vá a um parlamento defender mecanismos de fraude. Logo fica claro que o chefe de Estado está comprometido com a má fé.
É esta mesma má fé que está a empurrar o País a um banho de sangue que só a mais refinada infantilidade pode explicar.
Aliás, dose de infantilidade é que não falta nestas coisas. Abordando a questão do conflito armado em si, Armando Guebuza disse o seguinte no parlamento: “A guerra deve ser assunto de ficção científica, de vídeo games e de produções literárias e cinematográficas”.
Não precisamos de qualquer instrumento para medir o grau de hipocrisia que repousa nestes ditos. Faz-nos confusão o facto de alguém que passou o ano a comprar armamentos e a fazer investimentos avultados em meios de repressão, venha agora dizer que a guerra é assunto de “ficção”. Para a nossa desgraça, estamos a ser assumidos como componentes de um vídeo game idealizado em África por um moçambicano “de gema”. Um vídeo game de alvos humanos que mata e destrói. Isso porque a guerra em Moçambique não só está nos vídeo games, como está em Sofala, com sérios riscos de se alastrar para todos os cantos e mergulhar o País num banho de sangue. No campo literário, a guerra em Moçambique está em cada discurso de intransigência e intolerância política proferido pelo chefe de Estado que prefere ir ao parlamento falar enormidades no lugar de trazer propostas de soluções que nos façam sair deste caos propositado. No campo do cinema, está neste filme que o povo moçambicano é dado a viver por quem se está nas tintas para a consequência dos seus actos. Este é o vídeo game idealizado por Armando Guebuza com um final que se advinha desastroso e por isso mesmo com poucas possibilidades de ser registado como propriedade intelectual válida, porque não entretêm: mata e destrói.
Está claramente a fracassar a estratégia da diabolização da Renamo, porque a sociedade moçambicana cresceu o suficiente para perceber o nível de intransigência e intolerância política da Frelimo. A sociedade percebe que o feudalismo acabou e que neste País, temos todos o constitucional direito de fazer parte da sua construção, independentemente das nossas opções políticas. Somos todos moçambicanos apesar uns insistirem em querer nos separar em “moçambicanos de gema” e os “não de gema”.
Mas isso não inocenta a própria Renamo que na luta pela sua sobrevivência política, encontrou nas armas a solução para responder a quem o ataca com armas. A Renamo até pode ter razão, mas perde legitimidade quando a sua luta custa a vida a inocentes.
É que neste infantil “dente por dente e olho por olho”, o mais sacrificado é quem não tem talento para armas nem a posse das próprias armas, no caso concreto o povo moçambicano. E o diálogo sério e honesto continua a ser a única saída. Um diálogo onde não haja donos de Moçambique nem enteados do País. Um diálogo onde não haja patrícios e plebeus. Um diálogo que não seja para mostrar a comunidade internacional uma alegada “abertura”. É preciso acima de tudo uma postura patriótica que olhe o País como terra de todos os moçambicanos e que olhe para cada moçambicano com o direito de participar e de usufruir do melhor que o País oferece.
(Matias Guente, Canalmoz)
Um dos grandes problemas dos que estão a governar o País é a sua obsessão pela disposição feudal. Nutrem um invulgar amor pelo feudalismo. Contrariamente às outras organizações democráticas, o partido Frelimo assaltou o Estado e transformou-o num sistema de exploradores e explorados.
Colocadas as coisas desta forma, é naturalmente estatutário que os exploradores achem-se donos de tudo e todos e com credenciais até para destruir o País. É igualmente normal que os exploradores assumam todo um povo como uma legião de pacóvios pouco dados ao raciocínio, porque também se assumem como fontes da divina sabedoria.
E no caso em concreto, convencionou-se que o cidadão Amando Guebuza é detentor de uma sabedoria equiparável a do Rei Salomão citado nas sagradas escrituras. Só que contrariamente ao Rei Salomão, e para a nossa desgraça, o Rei Guebuza é portador de uma invulgar sabedoria típica das castas com vocação para o paternalismo destrutivo.
A situação de guerra civil na qual o País está mergulhado é o resultado das doses dessa porção de sabedoria destrutiva. 21 anos depois somos obrigados a ficar indispostos com informações de mortos e de milhares de deslocados e desesperados por causa da guerra. Voltam agora os cidadãos a ficar apreensivos quando chega a hora dos telejornais e dos jornais para ficarem a saber por onde a tragédia se abateu. Da Gorongosa, agora é Homoíne onde as pessoas que já se tinham
esquecido dos horrores da guerra e estavam a organizar as suas vidas, são agora obrigadas a serem refugiados de guerra num País em que o “Sábio Rei” diz estar a caminhar imparavelmente rumo ao progresso.
É preciso lembrar que esta guerra começou com a perseguição e intolerância política, e veio agudizar-se com um desentendimento político por causa de uma proposta de composição igualitária dos órgãos eleitorais, no caso em concreto a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE).
Aliás, a transparência nos processos eleitorais, não é reclamação exclusiva da Renamo. Todo o cidadão moçambicano de mediano sentido patriótico, gostaria de votar e que a sua vontade expressa nas urnas não fosse manipulada depois a favor de certas conveniências que partilham da mesma sopa com os órgãos eleitorais.
Quando a direcção do partido Frelimo prefere a guerra e a destruição no lugar da paridade é mesmo uma questão de falta de sentido de Estado e de recomendação psiquiátrica urgente. É uma doença que se finge que não ter. Quando alguém diz-se disposto a destruir o País só para garantir que lhe sejam manipulados votos a seu favor, este alguém só pode ter problemas de fórum psiquiátrico e é uma ameaça em potência para estabilidade do País e para a normalidade da sociedade, baseada na justiça.
No dia 19 de Dezembro de 2012 o chefe de Estado foi ao parlamento dizer que a paridade ora exigida pela Renamo é uma ilusão, justificando-se nos seguintes termos: “A sugestão de que todos os partidos devem ir em igualdade de circunstância às eleições significa que, no cumprimento deste conceito de "paridade", se tivermos cinco dezenas de partidos políticos em Moçambique, todos eles devem estar representados nos órgãos eleitorais. Não se vislumbra aqui a viabilidade de uma Comissão Nacional de Eleições com meia centena de partidos a decidir sobre matéria que precisa de tanta concentração e serenidade, como as eleições!”.
Ou seja, Guebuza não quer paridade porque no futuro haverá 50 partidos políticos e será inviável uma CNE com cinquenta membros. Ora esta justificação é por si muito ridícula e cai a qualquer teste de consistência. Por exemplo, quando tivermos 50 bancadas no parlamento como é que será composta a Comissão Permanente da Assembleia da República? Vamos extinguir o parlamento ou vamos rever o regimento da Assembleia da República? Como serão compostos, por exemplo, os conselhos superiores? Vamos extingui-los ou vamos rever os respectivos estatutos orgânicos, no que respeita a sua composição para ajusta-la a nova realidade?
Esquece-se o Chefe de Estado que as Leis foram e são feitas para regular a convivência entre homens e por isso mesmo são dinâmicas em função das novas disposições da sociedade. As leis não são matemáticas. É estranho que o chefe de Estado olhe para os números e não esteja interessado em debater o que está em questão: a transparência. É estranho que um chefe de Estado se posicione da fraude; Que um chefe de Estado vá a um parlamento defender mecanismos de fraude. Logo fica claro que o chefe de Estado está comprometido com a má fé.
É esta mesma má fé que está a empurrar o País a um banho de sangue que só a mais refinada infantilidade pode explicar.
Aliás, dose de infantilidade é que não falta nestas coisas. Abordando a questão do conflito armado em si, Armando Guebuza disse o seguinte no parlamento: “A guerra deve ser assunto de ficção científica, de vídeo games e de produções literárias e cinematográficas”.
Não precisamos de qualquer instrumento para medir o grau de hipocrisia que repousa nestes ditos. Faz-nos confusão o facto de alguém que passou o ano a comprar armamentos e a fazer investimentos avultados em meios de repressão, venha agora dizer que a guerra é assunto de “ficção”. Para a nossa desgraça, estamos a ser assumidos como componentes de um vídeo game idealizado em África por um moçambicano “de gema”. Um vídeo game de alvos humanos que mata e destrói. Isso porque a guerra em Moçambique não só está nos vídeo games, como está em Sofala, com sérios riscos de se alastrar para todos os cantos e mergulhar o País num banho de sangue. No campo literário, a guerra em Moçambique está em cada discurso de intransigência e intolerância política proferido pelo chefe de Estado que prefere ir ao parlamento falar enormidades no lugar de trazer propostas de soluções que nos façam sair deste caos propositado. No campo do cinema, está neste filme que o povo moçambicano é dado a viver por quem se está nas tintas para a consequência dos seus actos. Este é o vídeo game idealizado por Armando Guebuza com um final que se advinha desastroso e por isso mesmo com poucas possibilidades de ser registado como propriedade intelectual válida, porque não entretêm: mata e destrói.
Está claramente a fracassar a estratégia da diabolização da Renamo, porque a sociedade moçambicana cresceu o suficiente para perceber o nível de intransigência e intolerância política da Frelimo. A sociedade percebe que o feudalismo acabou e que neste País, temos todos o constitucional direito de fazer parte da sua construção, independentemente das nossas opções políticas. Somos todos moçambicanos apesar uns insistirem em querer nos separar em “moçambicanos de gema” e os “não de gema”.
Mas isso não inocenta a própria Renamo que na luta pela sua sobrevivência política, encontrou nas armas a solução para responder a quem o ataca com armas. A Renamo até pode ter razão, mas perde legitimidade quando a sua luta custa a vida a inocentes.
É que neste infantil “dente por dente e olho por olho”, o mais sacrificado é quem não tem talento para armas nem a posse das próprias armas, no caso concreto o povo moçambicano. E o diálogo sério e honesto continua a ser a única saída. Um diálogo onde não haja donos de Moçambique nem enteados do País. Um diálogo onde não haja patrícios e plebeus. Um diálogo que não seja para mostrar a comunidade internacional uma alegada “abertura”. É preciso acima de tudo uma postura patriótica que olhe o País como terra de todos os moçambicanos e que olhe para cada moçambicano com o direito de participar e de usufruir do melhor que o País oferece.
(Matias Guente, Canalmoz)
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