Wednesday, May 22, 2013

A propósito dos protestos dos médicos:

 



  •  50 anos depois já dá para perceber!

    A União Africana vai comemorar os 50 anos da fundação da Organização da Unidade Africana no próximo sábado. Em todo o lado, vão-se multiplicar os esforços de mostrar tudo quanto falhou. Tem sido, infelizmente, sempre assim. Sem querer me junta...r a esse coro de vozes, há, contudo, um reparo que gostaria de fazer. O mais difícil de perceber nos muitos desaires sofridos pelos africanos rumo à sua emancipação total foi sempre a razão dos vários problemas enfrentados pelo continente. Porquê tanta instabilidade política? Porquê tamanha incapacidade de valorizar os recursos doados pela natureza? Porquê? Bom, graças ao nosso País, à Pérola do Índico, somos capazes de começar a ter respostas para estas questões. Aliás, uma resposta: a greve dos médicos. Sim, a greve dos médicos moçambicanos explica, ainda que tentativamente, os desaires sofridos pelo continente. Para esse efeito, temos que olhar para três coisas: responsabilidade política, expectativas irrealísticas, falso sentido de lealdade.
    O protesto, num sistema político que respeita a dignidade humana, é algo legítimo. A greve pode ser ilegal – que os juristas discutam isso – e irresponsável, mas o protesto dos médicos não é. É legítimo. O que estranha nesta greve, contudo, é a ausência da discussão da questão de responsabilidade política. Houve uma primeira greve, fizeram-se negociações, chegou-se a acordo, passou algum tempo, e os médicos voltam a protestar. O que é que o governo não fez para voltarmos a estar nesta situação? Aqui coloco sobretudo a questão de saber o que o Ministro da Saúde – ou o seu Ministério – não fizeram. E esta é para mim a questão fundamental. Se o Ministro da Saúde não se demite – assumindo responsabilidade pelo que não foi feito – deve ser porque ele não vê nenhuma responsabilidade pessoal nisto. E se não é demitido há-de ser pelas mesmas razões. O Governo é uma coisa muito vaga. O Ministro não, sobretudo o Ministro da Saúde. Ele negociou com os médicos, ele é que tem a responsabilidade de garantir o financiamento dos serviços de saúde (ou então dizer que não faz a mínima ideia como isso pode ser feito, e ceder o lugar). A questão é: o que ele fez para garantir que o “Governo” cumprisse – se é que não cumpriu – com a sua parte? Alguém tem que assumir responsabilidade política por este desaire, tão simples quanto isso. Só que, lá está, o nosso sistema político não encoraja esta postura. O Ministro vai cumprir uma missão, não vai interpretar o manifesto eleitoral segundo a avaliação que ele faz da situação. Enquanto se mantiver este tipo de postura dificilmente iremos avante. Um sistema político que só responsabiliza entidades vagas e difusas, tipo “Governo” ou “Chefe de Estado”, está mal. Mal mesmo.
    Todos queremos viver bem segundo critérios que variam de indivíduo para indivíduo. Em Moçambique, porém – e provávelmente em África – estes critérios não variam. Todos queremos viver bem à custa do Estado, por muito que reconheçamos que esse Estado não dispõe dos meios para tal. Esta é a atitude da Associação dos Médicos Moçambicanos e, por extensão, de quase todos nós. Claro, o facto de o Estado não dispôr dos meios para satisfazer certas exigências não implica que a gente tenha que se calar. Mas é isso mesmo. Paralisemos o País, mesmo que isso implique violar a ética profissional, mesmo que a satisfação das nossas exigências implique comprometer a viabilidade do Estado. O importante é sermos intransigentes nas nossas exigências, insistirmos em nós mesmo, só em nós, em mais ninguém, o resto ver-se-á mais adiante, se houver esse tal “adiante”. E como para tudo quanto é visto como afronta ao “Governo” há plateia sempre disposta a bater palmas ruidosamente, estilo celebração da vitória dum clube português, é como se alguém nos estivesse a dar corda para sermos intransigentes. Num sistema político onde as pessoas têm expectativas irrealísticas em relação a um Estado cuja debilidade eles próprios, se forem honestos, reconhecem, está mal. Mal mesmo.
    Não somos todos da mesma opinião. A democracia permite a articulação dessa diversidade de opiniões como um direito. Pois. Só que o que algumas pessoas não percebem no nosso País é que a articulação de opinião se faz sob um pano de fundo normativo que exclui todo o indivíduo que não se identifica claramente com a importância da preservação da ordem política que celebra o direito à diferença. Quando um partido político utiliza a chantagem para lograr seus intentos estratégicos, quando gente armada que com ele se identifica ataca orgãos do Estado, o mínimo que se devia exigir de todo o indivíduo que defende o direito à diferença é que condenasse essa postura sem reservas, sem prejuízo da sua hostilidade ao “Governo”. É o mínimo. Igualmente, quando um grupo profissional que exige o que considera serem os seus direitos muito provavelmente viola a legalidade ou, o que não é menos grave, fica indiferente à sorte de quem jurou acudir, o mínimo que se devia esperar de quem reconhece o direito de protesto era que se indignasse perante tal postura. O facto de a (in)acção do governo puder ter conduzido os médicos ao desespero não justifica a natureza irresponsável da sua forma de protesto. Só que quem já esteve à mercê do pessoal de saúde em Moçambique sabe como uma boa parte desse pessoal lida com o público. Não é diferente da forma como uma boa parte da polícia lida com o público. Não é diferente de como o pessoal das repartições públicas lida connosco. Como é que gente assim vai ter o mínimo de consciência em relação ao que acontece às pessoas? Uma sociedade que não discute as questões políticas na base dum consenso normativo mínimo está mal. Muito mal.
    Portanto, o protesto dos médicos está a servir para a gente (para mim, pelo menos) começar a perceber o que anda mal no nosso continente. Quando a irresponsabilidade política, expectativas irrealísticas e falso sentido de lealdade se cruzam, a mistura que daí resulta tem a tendência de ser explosiva. É mais ou menos o que tem acontecido ao longo dos últimos 50 anos. Já dá para perceber algumas coisas. Quem brinca com fogo costuma queimar-se só para mais tarde fingir que não tinha consciência do que estava a fazer.
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  • Livre Pensador Sr. Professor, ai na Europa onde vive, consentiria a classe docente trabalhar com um estatuto organico redigido por um contabilista?

  • Elisio Macamo depende.

  • Livre Pensador Sendo assim, nao ha diferenca entre o que se passa em Africa e o que se passa na Europa.

  • Elisio Macamo depende, mais uma vez.

  • Artur Jordao Mufume É complicado comentar algo que tem haver com greve ou tentativa da busca de algun direito que nao se esta cumprindo, mas em mocambuque muitas negociacoes sao feitas de portas fechafas e tudo resulta neste tipo de situacoes, em discuncao com a delegacao da renamo o governo disse que o que aconteceu e muxungwe so se podia resolver juridicamente e 2 dias pra o terceiro encontro PGR mandou solta los visto que existe alguem nos bastedores que guia o governo e destorce o mesmo assim irremos assistir outras situacoes caso dos medicos e outros desta feita mocambique cada vez mais fragel.

  • Manecas Tiane ...TODOS RECEBERAM CRÍTICAS OFENSIVAS PELA SUA PARTE!
    a) O Ministro Manguele;
    b) A Associação Médica de Moçambique!

    E para fechar, o Professor Elisio Macamo nao identifica algo estranho no que está a suceder, ou seja:


    "Só que quem já esteve à mercê do pessoal de saúde em Moçambique sabe como uma boa parte desse pessoal lida com o público. Não é diferente da forma como uma boa parte da polícia lida com o público. Não é diferente de como o pessoal das repartições públicas lida connosco."

    Temos aqui então um problema de sede estrutural, se entendi lá acima, passa por valorizar cada vez mais o sector primário e outras dádivas da natureza! Só?

  • Elisio Macamo ? Manecas Tiane. não percebi.

  • Sérgio Chaúque ehheheh. uma análise interessante, sem tomar posição por nenhum dos lados, mas eu diria que os médicos e todos nós em moçambique, não temos o preparo necessário pra reclamarmos como deve ser os nossos direitos. a greve é um direito, isso é claro. agora o modo como a mesma é reinvindicada é que deixa a desejar. por esses tortusos caminhos vamos aprender. e não basta que mandem um tecnocráta pra a tv e falar como se as pessoas fossem números; é preciso ter-se uma dimensão humana dos factos sociais. as pessoas vinham calando e consentindo este estado de coisas, mas tarde ou cedo tinha que rebentar esta panela de alta pressão! ainda vem mais, aposto.

  • Sérgio Chaúque Manecas, o prof não toma partido aqui. eheheheh está claro isso.


    • Elisio Macamo é preciso tomar partido?

    • Sérgio Chaúque no caso em apreço eu tomo partido! mas nem sempre é preciso, respeito isso.

    • Elisio Macamo e não será essa ânsia de tomar partido parte do problema?

    • Manecas Tiane Constou-me que tivesse distribuido a responsabilidade pelos actores (Ministerio, AMM)...e culpa a escassez de recursos para satisfazer as exigencias à fraca valorizaçao dos recursos locais. Adicionalmente pareceu-me ser lhe comum a insensibilidade dos médicos, como acontece com a policia e os funcionários publicos....! Por acaso o governo é igualmente acusado de insensível, engrossaria a lista? Foi por aí que andei Prof. Elisio Macamo!

    • Sérgio Chaúque pra quem sente o que os médicos sentem na pele, seria hipocrisia da minha parte manter-me equidistante do que eles tem passado e do que o governo tem (des)feito pelos seus cidadãos. mostrar-me indiferente é (quase)impossivel, ilustre!

    • Elisio Macamo hmmm. Sérgio Chaúque, não tomar partido é sinal de indiferença? Manecas Tiane, ficava melhor identificar um só culpado?

    • Eusébio A. P. Gwembe Concordo com a análise do Prof. Elisio Macamo. Contudo, a tal responsabilidade política, diga-se, via demissão ou exoneraçao, não iria dar mostras de fragilidade e ser um precedente ainda mais perigoso e exacerbador de ânimos, ao menos no presente momento?

    • Manecas Tiane Não creio....uma questão de muitos, nao pode ser atribuidas suas fragilidades a uns, é sã a partilha! Mas deve haver certamente nós mais críticos (o nó MISAU vs AMM), leva dose maior em comparaçao com a Tesouraria Central!

    • Livre Pensador Bem vejamos, este imbroglio medico pode ser resumido a tres pontos que o Governo nao teve a necessaria competencia politica e patriotica para negociar: 1- aumento salarial; 2- revogacao do despacho de Ivo Garrido que obrigava a devolucao das casas do MISAU ocupadas pelos medicos ao seu proprietario; 3- Aprovacao do Estatuto Organico da classe medica. Poderao haver outros, mas estes certamente sao o tripe da questao. Primeiro, o aumento salarial e devido - e julgo que a vasta maioria estara de acordo que, pela natureza da profissao e a carga laboral relativa (vide o racio medico:paciente em Mocambique) esse aumento ha muito ja deveria ter sido contemplado nas reformas do Sector Publico. Segundo, a revogacao do Despacho de Garrido, aqui sim, e que nao percebo mesmo a incoerencia do Governo. Manguele anulou o despacho do antecessor, mas nao permitiu que os medicos voltassem a reocupar as suas casas. Consequentemente, muitos continuam a paga-lo do seu proprio bolso. Nao ha ajudas de custo. Finalmente, o Estatuto Organico. Pretendeu a Classe Medica - e na minha opiniao bem - fazer aprovar um estatuto que, primeiro, fosse validado pela classe que efectiva e quem trabalha. E nao feito as pressas no Conselho de Ministros (nem o ministro da Saude foi tido ou havido nisto) por um obscuro funcionario das Financas que so tem sensibilidade contabilistica. Peco desculpa, mas isso, sr. Professor, nao depende nao senhor. Isso e governar por decreto. Por essa razao, o Governo comprometeu-se a rever a sua posicao inicial, mas nao fe-lo. Ate agora, o Estatuto permanece assunto TABU. Agora, por que acho eu que este e o tripe da questao? Porque acho que se perdeu uma boa oportunidade das partes chegarem a um acordo possivel. E como? Tenho para mim que se o Governo aprovasse - nem que fosse na generalidade o Estatuto e o enviasse a AR, seria possivel negociar o aumento gradual dos salarios. Porque afinal, o Estatuto, e o ponto de convergencia de todos os profissionais em greve. Quanto as casas dos medicos, e simplesmente incompreensivel e inexplicavel o MISAU nao cumprir com um despacho que ele proprio assinou e reiterou de livre e expontanea vontade. Eis porque acho que a governacao com a calculadora, alem de embrutecer os neuronios, tornou-se na maior ameaca ao sistema social contemporaneo. Esteja ele em Africa ou na Europa.

    • Elisio Macamo caro Eusébio A. P. Gwembe, no futebol, quando um jogador não está a dar nâo se muda? Manecas Tiane, como se apresentam esses nós mais críticos?

    • Elisio Macamo Livre Pensador, pode ter razão, depende. mas a questão é: e agora?

    • Livre Pensador E agora? O dialogo naturalmente e menos espectaculo mediatico. Concentre-se no Estatuto medico que o resto se compora.

    • Elisio Macamo e se isso não acontecer? e se as posições se radicalizarem ainda mais? essa é a questão que estou a tratar no meu texto. releia, por favor, a seguinte passagem: "Houve uma primeira greve, fizeram-se negociações, chegou-se a acordo, passou algum tempo, e os médicos voltam a protestar. O que é que o governo não fez para voltarmos a estar nesta situação? Aqui coloco sobretudo a questão de saber o que o Ministro da Saúde – ou o seu Ministério – não fizeram. E esta é para mim a questão fundamental".

    • Hermínio Doce Interessante o debate!

    • Joaquim Salvador NATUREZA IRRESPONSÁVEL DO SEU PROTESTO?? Nem parece teu, Professor, nem parece teu!!!

    • Elisio Macamo xibita!

    • Manecas Tiane Eu falava de nó critico entre a AMM e o MISAU, por concluir por mera observaçao e consequencias do dia, a inexistência de un diálogo permanente e sobre uma mesma base! Todas excepções que a Tesouraria Central do Estado possa vir tomar sobre a remuneração dos médicos depende de um diálogo são que o MISAU, AMM e Ordem dos Médicos!

    • Elisio Macamo eu acho que o protesto é legítimo, mas a forma como é feito é irresponsável.

    • Eusébio A. P. Gwembe Muda-se, Prof. Macamo. Mas nem sempre a mudança é o garante da vitória! No âmbito geral, considero este problema como estrutural. Seria sacrificar um ministro pelo problema de todo um Governo. Vimos que as reivindicações são feitas em função dos salários de outros profissionais de mesmo nível, mas que se encontram noutros ministérios, por que penso requerer de reajustes estruturais o que requer uma concessão dentro dos vários ministérios. Falo concretamente de salários-base diferenciados na função pública.

    • Livre Pensador Bem, sr. Professor, o futuro a Deus pertence. Somente quiz apontar as linhas de resolucao do problema. Agora, a natureza do protesto - embora violenta - tem legitimidade. Ou nao acha? Uma Governacao responsavel tambem se faz com a maturidade politica de reconhecer erros criados pela incompetencia dos nossos colaboradores. When the going gets tough, the tough gets going.

    • Elisio Macamo o que é necessário para produzir essa mesma base, Manecas Tiane? Eusébio A. P. Gwembe, como se manifesta essa natureza estrutural? não é prudente imaginar que a responsabilização individual do ministro seja uma maneira de introduzir maior sentido de responsabilidade num governo?

    • Gerson Mechisso Na visão dos médicos, é que os tipos "comem" muita mola por via dos cargos que ocupam, regalias excessivas, distribuição equitativa(?) dos ganhos dos megas projectos, etc. E nós que ganhamos a vida trabalhando honestamente não mereço um salàrio dìgno? Eles que nos robem, mas dêem-nos um salàrio que a gente possa também prosperar.

    • Elisio Macamo Livre Pensador, a deus? ou adeus? releia: O protesto, num sistema político que respeita a dignidade humana, é algo legítimo. A greve pode ser ilegal – que os juristas discutam isso – e irresponsável, mas o protesto dos médicos não é. É legítimo.

    • Elisio Macamo Gerson Mechisso, nem todos os membros do governo vivem roubando - se é que alguém faz isso. igualmente, nem todos os médicos ganham a vida honestamente.

    • Jose Manuel Goncalo Sem ter muitos argumentos e penso que os colegas abordaram muito bem o assunto. No entanto um governo que não é consequente consigo mesmo acaba dando nisso... Apartir do momento em que o Governo consegue pagar a uma classe de funcionários o que paga e "humilha" outras classes e esconde-se na justificação de que não tem capacidade suficiente.... Se o bolo é pequeno que chegue pequeno para todos... Mas o que assistimos neste país é TUDO PARA ALGUNS,

    • Rui Lamarques "(...) quando um grupo profissional que exige o que considera serem os seus direitos muito provavelmente viola a legalidade ou, o que não é menos grave, fica indiferente à sorte de quem jurou acudir". Eu não sei se é certo dizer que o grupo de profissionais, embora não seja o cerne do debate ou do texto que se propõe discutir, ficou indiferente à sorte de quem jurou acudir. Tanto nesta, como na primeira greve os médicos garantiram serviços mínimos. Contudo, o maior problema desta greve é que agrega vários profissionais de saúde e não apenas médicos como a primeira. Esse é um ponto que, no meu entender, merece uma análise cuidada pelo simples facto de ter tornado mais visível aos olhos de todo mundo as consequências da greve. Eu entendo os serviços mínimos como uma forma de olhar para os pacientes. Porém, pressionando ao mesmo tempo quem deve tomar decisões pelo facto de ser necessário mais do que serviços mínimos para salvar vidas. Nem todo político é ladrão e nem todo político é corrupto. Como também nem todo profissional de saúde ou médico trata mal os seus pacientes.

    • Manecas Tiane Não tenho receita Prof., mas é fundamental este tipo de diálogo..

    • Jose Manuel Goncalo Meu caro Rui Lamarques, neste país eu arrisco a dizer que todo politico é ladrão por tudo o que assisto.

    • Eusébio A. P. Gwembe A manifestação da natureza estrutural, na forma em que coloco, é que embora o problema esteja na Saúde é também dos outros ministérios, uns que tem mais regalias e outros que as têm menos em relação ao MISAU. Infelizmente, os que estão abaixo e que vêm nesta batalha uma via indirecta de serem contemplados, são a maioria (por exemplo, os do MEC, do MINT). Creio que o receio do Governo não está em função dos médicos, mas desta maioria que também pode seguir pela mesma via. Concordo que a responsabilização individual do ministro seja uma maneira de introduzir maior sentido de responsabilidade num governo. Contudo, neste caso concreto, pelo que eu disse anteriormente, seria um passo de maior risco.

    • Jaime Langa Tenho um vizinho, de frente, professor primário, em frente a sua casa tem uma banca e diz que o seu salário não é suficiente para sustentar a sua família. Tenho outro visinho, de lado, é médico trabalha no HCM e faz consultas em 4 clinicas porque o salário do HCM não chega, tenho mais um vizinho de trás polícia de transito é gordo não explica as razões, deve ser boa saúde... e muitos outros vizinhos. Parece-me que todos os funcionários do estado tem o mesmo problema. Porque só os médicos é querem aumento de 100% de salário?

    • Rui Lamarques Jaime Langa já encontrou a solução para o problema dos médicos. Brilhante.

    • Elisio Macamo tudo para alguns, Jose Manuel Goncalo? não é exagero da sua parte? obrigado pelo reparo, Rui Lamarques, embora para mim a questão seja mesmo o que são serviços mínimos num país onde serviços máximos não chegam. a dimensão do protesto é assustadora, a união pode fazer a força, mas para onde? Manecas Tiane, que pena, agora que isto estava a animar... Eusébio A. P. Gwembe, hummm. e agora? jaimito, ser trânsito?

    • Gerson Mechisso Então, vamos na sugestão de JM Gonçalo: "Si o bolo é pequeno, que chegue pequeno para todos." Hà entre nós, uns moçambicanos mais moçambicanos que os outros. Na véspera das eleições "vale tudo", sò não vale mentir.

    • Elisio Macamo Gerson Mechisso, e se no momento de repartir o bolo por todos a distribuição falhar? e aí? voltar a insistir para que seja pequeno para todos?

    • Rui Lamarques Escrevi esse texto de Fevereiro de 2012

      Um filme lançado recentemente, num espaço cinematográfico de referência mundial, retrata o dia-a-dia de uma família humilde num país distante do nosso. O enredo gira em volta da morte e da impotência das pessoas diante dela. Não se trata, contudo, do percurso natural que leva o ser humano até ao último suspiro. É, diga-se, uma ficção em torno de mortes que poderiam ser perfeitamente evitadas. Ou seja, os cidadãos desse país morrem de malária, cólera e de outras doenças perfeitamente curáveis.

      Num dia qualquer, um casal jovem acordou sobressaltado: os dois filhos menores estavam febris. O hospital local distava pouco mais de 20 quilómetros e, por ironia, o transporte público não circulava depois das 19h. Triste sina de quem morava num bairro periférico sem nenhum tipo de infra-estrutura. Resignado, impotente e defraudado, embora inconscientemente, com a natureza do local que lhe coube para erguer um tecto – num país sem nenhuma política clara de urbanização e habitação – o casal carregou os dois filhos no colo até chegar a uma paragem. Pelo caminho ficaram sem os telemóveis e o dinheiro para a consulta. Foram vítimas de marginais que, acobertados pela escuridão daquele país sem postes de iluminação, lucravam principescamente com o sacrifício do próximo.

      Na estrada principal ficaram duas horas à espera de um transporte que nunca mais veio. Porém, como o azar também se dá ao luxo de gozar os seus intervalos lá veio uma alma caridosa que, indo na mesma direcção, não se fez de rogada socorrendo o casal. Foi essa mesma alma caridosa que deixou o dinheiro para pagar a consulta de quem já não tinha nada, de quem seguia em direcção ao hospital não porque pudesse pagar os serviços de saúde, mas porque ele (o hospital) se afigurava como o reduto da cura e também porque nenhum pai vive para enterrar os filhos. Portanto, aquele mal-estar tinha de ser passageiro.

      No hospital o casal teve de suportar uma fila enorme e uma longa espera até saber dos resultados. O filho mais velho tinha contraído malária, uma doença típica do país. O mais novo, embora com os mesmos sintomas, não acusou nada e os médicos disseram que estava bem. Depois disso o casal regressou aos seus afazeres com a convicção de que, mais dia, menos dia, tudo voltaria ao normal.

      No dia seguinte, o filho mais novo começou a espumar pela boca e a mãe estava só, com a criança nos braços. Fez o mesmo percurso. Andou seis quilómetros a pé. Depois apanhou três chapas devido ao encurtamento de rotas. Levou duas horas até chegar ao hospital por causa do engarrafamento que, naquele país, desconhece hora de ponta. Porém, aquela mãe chegou ao hospital para entregar uma criança já cadáver ao médico que, um dia antes, lhe dissera que o seu filho não tinha nada.

      O que passa pela cabeça de uma mãe nessa hora? Certamente, que o desejo da mesma é esganar o profissional de saúde. Mas será que o problema é apenas dele? O que devem pensar as pessoas que vivem tão distante do centro da cidade daquele país? Os encurtamentos de rotas naquela urbe são responsáveis por quantas mortes? A natureza dos bairros periféricos contribui de que maneira? O facto de os centros de saúde não funcionarem de noite mata quantos cidadãos daquele país? Obviamente que estes não são os maiores criminosos. O maior criminoso é a situação que torna fértil a emergência de tais cenários. E isto só seria um filme se a ficção imitasse a vida, mas para tal teria de imitar fielmente Moçambique, um país onde todos os dias acontecem coisas do género no hospital de maior referência do país.
      Na terça-feira, desta semana, uma criança morreu pela conjugação desses factores. Não é difícil fingirmos que não é connosco, mas somos todos cúmplices. É a nossa apatia que permite que a multiplicação de cenários deste natureza, é o nosso egoísmo e a nossa crise de valores que matam pessoas sem necessidade. Somos nós quem passa a frente na fila, somos nós quem não cede o lugar a deficientes e mendigos, somos nós quem se preocupa com a saúde da nossa dispensa. Em suma: somos 22 milhões de assassinos.

    • Elisio Macamo Rui Lamarques, li esse texto recentemente, mas não pude comentar. bastante emocional e bem escrito. peca num aspecto. insiste, como é hábito entre nós, naquilo que o estado pode fazer por nós. qual é a responsabilidade dessa família lá onde vive? dos vizinhos? o que lhes impede de procurarem soluções locais para os seus problemas? porque não organizam formas cooperativas de transporte? porque não organizam serviços comunitários (há tanto enfermeiro reformado que gostaria de ganhar mais algum... honestamente). a ausência deste tipo de reflexão é que me incomoda um bocado. preferimos morrer só para mostrarmos que o estado é culpado? estranho.

    • Elisio Macamo caros amigos, tenho uma reunião. vou ter que sair. continuem a discutir. abraços.

    • Flavio Atanasio Chongola Eu sou apla'uda das manifestacoes de insatisfaccao em Mocambique/'Africa, mesmo sem ir ao fundo das justificacoes juridicas (que a formacao, de certa forma me impoe, sempre, a cuidar) e socio-estruturais pertinentes. Sou apla'uda. E sou-o pela carrencia de manifestacoes nas muitas vezes e momentos que estas sao pertinentes; ou seja a necessidade de ter uma sociedade nao muda, leva-me (e creio que leva muitos outros - no sentido que tens vindo a escrever) a nao olhar, as vezes, ao fundo da pertinencia da questao. E' ai' que sou um apoiante desta manifestacao/Greve dos me'dicos, no sentido de que nao estao sendo mudos, no nosso Pai's onde tanto nos temos calado para nao ser do contra (EMBORA, Elisio, `as vezes, nao no's calamos todos - SOMOS CALADOS OU NAO SOMOS OUVIDOS). DESAGRADA-ME nos me'dicos e nos hospitais e centros de sau'de pa'trios a sua simpatia forma de recepcao, cuidado e tratamento; e isso nao se resolve com aumentos de salarios (...) E' preciso uma mudanca de atitude e conciencia do me'dico em relacao ao paciente; e' preciso essa mudanca por parte do paciente/cidadao {este que e' preciso ainda construir} em relacao a sua reverencia e submissao ao Doutor, mesmo que lhe atenda mal "yi ta ku yi, ha yina kumbenhane ka kuya, nao se deve perpetuar". SEJA QUALQUER FOR O GANHO (nao somente no sentido economico do termo) dos me'dicos e' preciso mudar, tambem, e desenhar-se formas para nao que os me'dicos, funcionarios publicos, trabalhem mais como funcionarios publicos, do que como mercadores privados..

    • Jaime Langa Problema conjuntural Rui lamarques..

    • Celso Eduardo Dr. Elisio Macamo, tenho lido os seus longos textos e por vezes me doi a cabeça tentando entender e ou perceber os mesmos, nalgumas vezes até apanho sono de tenta leitura e releitura afinal não tou muito habituado a textos longos e tanto portugues filosofado como o mundo da sofia, se fosse mais claro creio que eu o pescador e o camponês de chicuque que nunca passei da escola te entenderia melhor. Que tal? Outra, porque será que levantam se varias vozes contra a governação do seu fã Guebuza? Será por ser um bom samaritano e colher as necessidades de todas as camadas sociais de bom grado? Será? No futebol se a equipe não ganha mesmo depois de tantas mexidas e investimentos o sacrificado tem de ser o treinador, neste caso Guebas é o special one, como todas as virtudes e vicissitudes. Opinião pessoal.

    • Celso Muianga A Pátria do Faz de Conta. Um tipo que parece funcionário, mas Faz de Conta é ministro, um governante responsável. Tudo faz do Faz de Conta sério. Faz de Conta é um tipo muito porreiro, só peca por ser parecer demasiado. E o cinismo protocolar continua, sem vivas, nem nada. Faz de conta MISAU e AMM trabalham. O silêncio cúmplice assevera. Faz de conta estamos de acordo.
    • Celso Muianga A Pátria do Faz de Conta. Um tipo que parece funcionário, mas Faz de Conta é ministro, um governante responsável. Tudo faz do Faz de Conta sério. Faz de Conta é um tipo muito porreiro, só peca por ser parecer demasiado. E o cinismo protocolar continua, sem vivas, nem nada. Faz de conta MISAU e AMM trabalham. O silêncio cúmplice assevera. Faz de conta estamos de acordo.
    • Télio Chamuço Sérgio Chaúque, num dos seus comentários, o Elisio Macamo diz, e passo a citar: "eu acho que o protesto é legítimo, mas a forma como é feito é irresponsável." (fim de citação). Isto não te faz recordar da nossa discussão mantida esta manhã?!? É o que defendo desde o início [curiosamente, também, sem tomar partido]. A reacção [chantagista, chegando a ter contornos subversivos] poderia ser evitada pelos médicos, através de lançamento de alternativas mais equilibradas e criativas [e menos desastrosas para o país - e se calhar para a própria classe dos médicos].
    • Ernst Habermas Se for assim, o "continente" está mal! Muito mal.
    • Gerson Mechisso Tu tens sempre a melhor solução para o paìs. Desde os madjermanes, desmobilizados, Feliciano e companhia, em Muxúngue, a dialogar com tio Pacheco e agora com os médicos, acredito que vais tomar as decisões mais sàbias.
    • Alcídes André de Amaral Caro prof. Elisio Macamo, aqui vou denovo e mais uma vez comentar o seu texto. Desta vez vou ser um pouco longo!Eu precso escrever mais para comentar o seu texto! Havia prometido a me mesmo de nao ler textos longos neste local e me concetrar mais nos estudos e no meu trabalho. Mas, dificil! Parece que quase impossivel. Mas quem foi que disse que ler textos longos deixa de estudar? So quem estuda para fazer cadeiras. Mas eu, eu nao! Eu nao sou carpinteiro! Dexe-me ir directo ao assunto... Quer me parecer que o que acha do problema actual, Greve dos Medicos, deve ser olhada, em sua opiniao, tendo em conta tres aspectos: Irresponsablidade politica, expetativas irrealizaveis e falso sentido de lealidade. Muito bem! Ate que em parte pode ser... E explicarei tambem em partes! Entao nos remete a nao olhar o problema somente no todo ou seja: Governo e Estado. Mas sim nas partes. Por exemplo: Ministro da Saude ou Ministerio da Saude. Credo! Mas eu penso diferente. Senao vejamos: quando se referiu a irresponsabilidade parece que tenho a certeza que deu a entender que o Ministro e o seu Ministerio tem a responsabilidade de garantir o financiamento dos medicos... Mas nao faz o Ministerio parte da funcao de um Estado? Nao `e o Ministro um elemento do Governo? Afinal, nao seria melhor compreendida a situacao se vermos como um todo sem que nos forcemo-nos a fazer separacoes? Para me, penso que a resposta destas questoes `e posetiva. Se for assim, e seguindo ainda os seus pes, a responsabilidade pode ser tanto do governo como do Ministerio da Saude. E nao tem nada de vago. Por outra vertente e no que diz respeito a legalidade e o seu oposto, se a greve dos medicos pode ser ilegal, o protexto tambem. Pois, para me, nao ha greve sem protexto. Se se diz que ha, deve se procurar outro nome. Mas tambem, eu acredito que a greve ha muito se foi feita e a mais perigosa ainda e de pura irresponsablidade. Aquela sim,`era irresponsavel! Trabalhar sem incentivo e expreguixar-se de proposito. Negligenciar, trabalhar mal, mexer telefone enquanto outros morem, Opah, Professor, ha coisa mais perigosa que essa? Melhor do que eu, o senhor sabe que os camponeses nos tempos idos, ferviam e adulteravam a semente como forma de protexto. `E a dita greve silenciosa. Nao ha mal maior que estar alguem fingindo estar a trabalhar, enquanto nao, mas morrendo gente. Nao ha mal maior que estar alguem fingindo estar a proteger, volta meia ser cumplice do crime, cobrar 50mt, relaxar, beber por ai, violar meninas nas noites... Chega! Ja esta claro! Ali fazem parte os medicos. E aqui os policias. Faltam os professores... a mesma logica... nao ha mal maior numa republica. Tenho dito! Mas tem mais para levar em conta professor... expetativas irrealisticas e falso sentido de lealidade! Se referia-se aos medicos. So posso lamentar! So houvia com os politicos agora a governar. "Os homens nunca fazem o bem senao obrigados" disse Maquiavel. Mas eu estou dizendo agora! E no caso deste nosso governo, sem querer lamber bota mas ja fazendo,ja me mostrou provas quase que suficientes para, pelo menos ate que prove o contrario, acreditar nesta citacao. Mas a irresponsabilidade nao pode ser vista como sendo submissao. Aceitar tudo!" Passividade animal" como escreveu o Grande poeta: Craverinha. Mas deixe me ser um pouco radical: `E PRECISO MORRER GENTE PARA SALVAR A HONRA! Mas so pode ser um louco como eu para aceitar isso... e gosto de aceitar. Logo, gosto de ser louco. "TODOS QUEREMOS VIVER BEM A CUSTA DO ESTADO"! Descordo completamente, a nao ser no que diz respeito aos nossos dirigentes ou politicos no geral. Mas sim: TODOS QUEREMOS VIVER BEM SOB SUPORTE DO ESTADO. Todos, nao so africanos mas tambem Europeus... Suportar nao `e dar, oferecer, redistribuir. Suportar `e sim criar condicoes para que se possa viver bem... E esta medida, pelo menos para me, `e uma das funcoes do Estado! No que diz respeito ao mercado e nao so. Quero me formar bem mas nao ha condicoes para tal. Nao animo nos professores que me ensinam... Mas `e um sonho! `E o unico sonho que tenho! O resto, tenho Projectos. Eu estou pensando diferente.
    • Elisio Macamo Flavio Atanasio Chongola, sim, mas quem vai fazer essas mudanças todas? Celso Eduardo, não precisa de ler textos longos, sobretudo se lhe dão dores de cabeça. não escrevo para nenhum pescador, nem camponês. escrevo para pessoas que adormecem durante a leitura... camponês tem coisas mais importantes a fazer do que andar a ler textos longos. Celso Muianga, mesmo a indignação se finge entre nós! Ernst Habermas, se não estamos mal... Alcides André de Amaral, estou com a impressão de que não percebi o seu comentário. parece-me também que leu um outro texto, não o que coloquei aqui. mas é só impressão. abraços
    • Milagre Macaringue Prof Elisio assino por baixo a reflexão. E esta qualidade de dicussao sobre cidadania que devemos ter. Infelizmente, na maior parte das vezes e os que participam nestas tertúlias esgrimem o argumento do caranguejo. Felizmente a luz no fundo do túnel. Estive numa palestra no ISRI onde os estudantes partilharam ideias com o SG das Nações Unidas. Debate de muita qualidade! E como sempre a nossa imprensa esteve ausente para capturar a essência do que estava a ser falado entre os estudantes ( os meus parabéns pelo alto nível de abordagem) e o Secretario Geral das Nações Unidas. E mais uma vez o pais perdeu em beneficio de pseudos analistas com acesso gratuito aos meios de comunicação. Será possível por essa gente a pagar para falar nos órgãos de comunicação social?
    • Celso Eduardo Dr. Elisio Macamo, o quis dizer é que podia tornar os seus textos mais simples e acessiveis a qualquer camada social, afinal por exemplo os seus artigos no jornal noticias chegam até a Angonia, Chicuque, etc, etc. Sendo assim pedia para ver esse aspecto. Entendo também que outras questões não lhe convém responder. Obrigado.
    • Alcídes André de Amaral Mas professor Elisio Macamo deixe me ver se li outro texto... bem no incio do texto, nao deixou claro que para explicar a relacao entre a greve dos medicos e a resposta das questoes sobre a situacao africana teria que tomar em conta tres aspectos: responsablidade politica, expetativas irrealisticas e o falso sentido de lealdade? Se sim, entao por ai foi o meu comentario. Nao tomou o protexto como sendo legal e a greve como uma possibilidade de nao ser? Se sim, dei uma ideia dferente a essa sem me ater muito em quetoes juridicas. Nao tomou o governo como uma coisa vaga e o minstro nao? Se sim, eu disse que deve ser vista no seu conjunto e acho que nada tem vago para se compreender a situacao actual. Nao deu a perceber que a associacao dos medicos, E QUASE TODOS NOS, quer viver a custa do Estado? E eu disse que nao...queremos viver a custa de nos mesmos mas com o Suporte do Estado (e eu generalizei ate a Europa). E, finalmente, nao comentou, fora do texto, mas dentro dele ao mesmo tempo, pois `e a mesma pessoa que o escreveu, que o protexto `e legitimo mas a forma que se procedeu `e irresponsavel? Ai se encontra, de modo geral, a ultima parte do meu comentario... e as citacoes em letra de imprensa... De modo geral ou seja, sem fazer assim em pedaxos, foi uma boa reflexao a pesar de alguns nao "concordamentos" por minha parte. Mas, estamos juntos... Mas agora: sera que li um outro texto ou sera que nao li bem o texto ou, entao, nao percebeu o meu comentario, prof. Elisio Macamo?
    • Elisio Macamo gostei dessa, Milagre, pôr pessoas a pagarem para falarem nos órgãos de comunicação social. a qualidade vem com a prática, creio. caro Celso Eduardo, não estou a prestar nenhum serviço público aqui. estou a discutir com pessoas que têm a capacidade de entender o que escrevo. não entendo porque generaliza um problema pessoal. como é que sabe que as pessoas lá em angónia não percebem o que escrevo? se estiverem interessadas vão se esforçar. vão, inclusivamente, perguntar a alguém que acha que percebeu. se há alguma coisa que não percebeu no meu texto pergunte-me que vou explicar se puder. boa noite!
    • Elisio Macamo caro Alcídes André de Amaral, acho que não percebeu o texto. primeiro, não disse que para explicar a relação entre a greve dos médicos e a resposta das questões sobre a situação africana teria que tomar em conta três aspectos. escrevi que a greve dos médicos pode ser uma resposta aos desaires sofridos pelo continente africano, sobretudo se olharmos para esses três aspectos. não escrevi que o protexto é legal e a greve não. escrevi que a greve pode ser ilegal (segundo o que alguns juristas dizem), mas que o protesto é sempre legítimo numa sociedade que respeita a dignidade humana. a questão do governo ser vago e o ministro não faz parte do argumento sobre a responsabilização política. responsabilizam-se indivíduos, eles é que fazem o governo, mas têm cara. sobre viver à custa do estado ou com "suporte" do estado parece-me estar a levantar uma questão retórica. o protesto pode ser legítimo, mas a forma como for conduzido ser problemática e irresponsável como neste caso. não vejo a contradição. são nuances significativas. boa noite.
    • Celso Eduardo Com todo respeito, creio que não nos entendemos. Enfim, boa noite.
    • Alcídes André de Amaral Bom professor Elisio Macamo, obrigado pelo exclarecimento! Acho que `e mais facil interpretar textos de pessoas que ja moreram como Marx, Weber e Durckheim e companhia, do que de alguem que esta vivo. No primeiro caso, `e mais confortavel por uma simples razao: eles nao conseguem ouvir! Mas por outro lado, `e bem maior ter o autor vivo para exclarecer melhor. `E que eu nao sou um aceita tudo, que `e guiado por estimulo e concordancia como muitos... Boa noite e bom descanxo... para mais reflexoes...
    • Vasco Antonio Quero concordar com professor Elisio Macamo no que diz respeito os movimentos que temos vindo a assistir nos últimos tempos. Sem ser profeta, acretido que esses movimentos, directa ou indirectamente, bem ou mal, reflectem de certa forma um certo amadurecimento gradual sobre a consciência de cidadão (com direitos e deveres), ainda que haja uma penumbra ligada ao espirito individualista que mina a visão ou a mira do futuro do nosso pais, como professor considera. Dizem que é ao dialogar que a gente se entendi, mas também é ao dialogar que a gente se desentende. Também nos desentendemos quando nunca dialogamos, ainda que a gente possa conversar. Continuo a acreditar que como seres humanos dotados de capacidade de reflectivas (se é que todos merecemos assim sermos considerados), precisamos de dialogar. Precisamos de conversar estando dentro da conversa como sujeitos e não objectos. A greve dos médicos, como professor fez referência, é apenas mais um sintoma, cujo problema de foco toca a todos nós (sistema social, político, económico e cultural no qual vivemos). Mas colocar as coisas assim, mantém o problema concreto e específico coberto. Chego a pensar que a dado momento, algumas decisões não são institucionais, mas pessoais e que não são também colectivas, mas individuais. E as vezes chego a pensar que se de facto pensassimos na colectividade, no bem comum de todos, menos divergências teriamos. Se existeissem, esses não seriam motivo de alarme, mas sim de fortificação da nossa relação. Mas infelismente, precisamos de reaprender; precisamos de mais dolares para fazer estratégias para reaprender a dialogar e pensar na colectividade, termos os mesmos sentimentos e agirmos na mesma direccão.
    • Sergio Rafael "Irresponsabilidade politica, expectativas irrealisticas e fraco sentido de lealdade sao ingredientes explosivos", seja em que escala for (acrescento eu). Concordo. Ademais identifico algum nexo de casualidade entre os três apectos porquanto, é da irresponsabilidade politica que sao "vendidas" expectativas irrelisticas ao Povos, e que por sua vez corrompem os laços sociais e politicos no continente e em Moçambique em particular. E Isto é bastante mais facilitado quando o Povo não tem educação. Por isso, considero que a investimento na Educação e formação de sociedades fortes desempenhará um papel muito forte na construção da África do futuro.
      Um velho adágio já dizia que "em casa onde não há pão, todos ralham e ninguem tem razão". E ninguém tem razao mesmo!!!! A Governação em moçambique peca (na minha opinião) por protelar constantemente as preocupações do seu eleitorado em vários dossiers (madjermanes, AMM, Renamo...), e optar por se fechar em copas quando a gravidade dos assuntos não o permitem. A comunicação entre o Governo e os diversos grupos da sociedade, não se tem mostrado eficaz. A forma como a colectividade geriu o assunto dos médicos, foi desde o início mal dirigida. Sem dúvida nenhuma concordo com o coro de vozes, que em consenso sugere responsabilização política, no âmbito da prestação de contas que os Governos devem aos seus Povos.
      Nao discutuo as razões da greve porque considero que sendo justas, são umbelicais no contexto Moçambicano. Assim sendo, acho irrealístico algum grupo de pressão social "intimar" uma resolução de problemas tão complexos e com ramificações profundas. Um aspecto que considero positivo nesta greve é o despoletar da discussão das injustiças salarias praticadas no setor Público. Isto pode levar a uma discussão interessante e resultados mais justos. Mas a greve dos médicos peca (na minha opinião) por ser unilateral. Na construção de consensos há que haver cedências, e uma negociação não se pode querer inflexível nem arrogante, e nem deve ser influenciada por agentes externos á negociação!! A meu ver os médicos não deveriam fazer braço-de-ferro, a ponto de colocar vidas em risco!!!
      A finalizar, gostava de ver discutida além da responsabilização política, as soluções!!! Que solução se propõem afinal? Equilibrar os salários diminuindo salários dos sectores mais beneficiados? Aumentar os salários dos médicos sem cabimento orçamental para o efeito? Canalizar os custos dos helicópteros para os salários dos médicos?
      Sérgio
      .
    • Elisio Macamo caro Celso Eduardo, está a ver o problema? se mesmo no seu caso que, suponho, escreve simples, eu, que não sou pescador nem camponês, não o entendo, que sentido faz exigir de alguém que escreve no seu mural pessoal para trocar impressões com os seus amigos do facebook que escreva simples? acho que o melhor seria interpelar as minhas ideias do que fazer recomendações de outra natureza. Alcides André de Amaral, se a discussão fosse apenas com quem aceita tudo não seria discussão e nem faria sentido, pelo menos para mim, escrever. o texto é para mim uma oportunidade de reflectir melhor um assunto na condição de ser interpelado com bons argumentos. para que isso aconteça creio ser necessário que quem interpela entenda o que eu escrevi, razão pela qual é mesmo bom que a gente esteja viva para corrigir equívocos. Vasco Antonio, obrigado por esse comentário, sobretudo em relação ao problema concreto e específico que fica escondido. essa é a minha preocupação. qual é de facto o problema aqui? que todos têm boas razões para acharem que têm razão parece-me inquestionável. agora, será que esta postura explica os desaires que o continente africano tem sofrido? é capaz de explicar. é esse o meu interesse, mais do que a greve propriamente dita. Sergio Rafael, pois, mas veja uma coisa interessante nesta greve: nenhum partido político da oposição veio a público dizer o que, na sua opinião, o sistema de saúde precisa para resolver estruturalmente estes problemas. solidarizam-se, como em quase tudo, com aqueles que desafiam o governo. é o seu papel, dirão alguns, mas para mim é sintomático das muitas coisas que estão mal entre nós. temos uma cultura política muito centrada no governo, que vê o governo como o problema e a solução de tudo. isso também não dá. curiosamente, isso reforça a ideia arrogante de poder que algumas pessoas têm no seio do partido no poder. só não concordo com um aspecto do seu comentário. a educação por si só não me parece condição para muita coisa. veja a qualidade de intervenção pública de gente que se considera formada, veja a forma clubista como se persiste em pensar os problemas do país, veja inclusivamente a facilidade com que se resvala para insultos. abraços.
    • Flavio Atanasio Chongola gostei Milagre Macaringue, ha va'rias pessoas que deveriam pagar para aparecerem a opinar. Mas isso prende-se com a nossa avaliacao da qualidade da opiniao dada, com o nao concordarmos com ela. Ha' va'rios clubes de amigos na imprensa e nos locais de debate pu'blico. *** vou parar por aqui para nao levantar outros debates -- que em muito seriam reto'ricos -- (exemplos: 1. os clubes de amigos existem em qualquer parte, mesmo aqui; eles sao apenas um vinculo que abre portas ao dialogo, como aqui estamos fazendo? 2. as pessoas tem a liberdade de opinar e devemos lhe deixar opinar mesmo que nao concordemos com nenhum alfabeto do que dizem!??). ---- BEM, que ha' muitos pseudos, isso jorra. E nao sao so pseudo analistas (o problema chega ate ao extremo donde, eventualmente, alem de ser o extremo final, e', igualmente o extremo de partida, HA' MUITOS PSEUDO CIDADAOS NO PAI'S).

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