Director: Ângelo Munguambe|Editor: Egídio Plácido | Maputo, 22 de Abril de 2021 |Ano XIV | nº 950 50,00
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Concurso para financiamento e apoio à actividade audiovisual
Cineastas mordem-se
pelo tacho
PM diz ser matéria militar sensível e reservada
Tropas
estrangeiras
combatem ao
lado das FDS
| destaques |
Barulho no mundo do cinema
Concurso para financiamento e apoio à actividade audiovisual
Medidas do Governo projectam
crise por mais tempo
O ambiente de crise económica que o país vive arrasta-se
desde 2015,acentuado pela eclosão da Covid-19. No entanto,
as medidas em curso do Executivo de Filipe Nyusi, sob pretexto de prover resposta ao actual estágio sócio-económico,
tendem a aumentar ainda mais o custo de vida dos moçambicanos, abrindo espaço para que a crise se arraste por mais
tempo.
Na análise do
economista e
pesquisador
em assuntos sociais
Moisés Siúta, o que não é bom
é o que está a acontecer em Moçambique, aflorando que diante
da crise económica o mínimo que
se podia esperar das medidas de
mitigação do impacto económico
da Covid-19 é que aliviassem o
custo de vida dos moçambicanos.
“Num ambiente de crise económicaé fundamental que as acções
de resposta respeitem aos mais
básicos princípios económicos,
entre os quais o princípio de equilíbrio de mercado”, realça Siúta.
Baseado neste princípio, as variações do preço de bens e serviços
dependem da interacção entre a
procura e oferta, e o equilíbrio só é
alcançado quando a quantidade de
bens e serviços procurados se iguala
à da oferta, mediante um determinado preço, que é o preço de equilíbrio.
Estes argumentos aparecem contrariados pelo Executivo de Nyusi, com destaque para
as medidas em curso do Banco
de Moçambique (BM), que não
conseguindo fazer “um bolo bonito”, o mínimo que tende a fazer
é colocar creme para embelezar.
Com destaque para o excessivo endividamento público, o
conflito armado na região Centro
e os contornos dos ataques terroristas em Cabo Delgado, o país vive
momentos de crise desde 2015.
As consequências destes pressupostos traduzem-se na subida
do custo de vida, que se reflectena inflação, pela subida do preço
de bens e serviços básicos para o
consumo (a exemplo doarroz, milho, tomate, peixe, entre outros).
Por exemplo, a inflação acumulada de Janeiro a Dezembro de
2015 e 2016 foi de 10,5% e 25,3%,
respectivamente, no entanto, entre
2019 e 2020 a inflação anual acumulada situou-se em torno de 3,5%.
Siúta aponta que no contexto
da Covid-19, no mercado de bens
e serviços verificou-se um agravamento do desequilíbrio entre
a oferta e a procura, sublinhando
que a produção e oferta de bens e
serviços reduziu pelo facto de as
empresas terem de operar com um
número reduzido de trabalhadores,
seja por problemas de saúde ou pela
necessidade do cumprimento das
medidas de distanciamento físico.
Mais ainda, houve deterioração da capacidade produtiva,
que conduziu à redução das receitas das empresas, levando à
perda de rendimento (e emprego) das famílias, resultando, por
sua vez, na perda do seu poder de
compra, agravando a redução da
procura de bens e serviços a nível da economia como um todo.
Um jogo de medidas
desajustadas
Por um lado, o Governo de
Nyusi foi capaz de mobilizar USD
34 milhões em nome de transferências a 1,6 milhões de famílias,
no entanto, para as empresas apenas conseguiu mobilizar USD
24 milhões. Naturalmente que as
transferências monetárias para as
famílias tenderão a aumentar a
procura de bens para níveis acima da capacidade de produção
das empresas, gerando escassez
de produtos e subida de preços.
Por outro lado, Siúta indica
que quando a perda de receitas do
Governo é compensada por donativos, como no caso dos USD
221 milhões desembolsados pelos
parceiros até Outubro de 2020, o
Governo torna-se um agente económico que procura bens e serviços numa quantidade de volume
que a produção das empresas nacionais não é capaz de satisfazer.
Não havendo produção quando
muito só se pode brincar com a
moeda
A injecção do dólar no mercado pelo BM é outra medida
paliativa da pouca produção,
além de abrir espaço para o alastramento da crise por mais tempo
no país, considera Moisés Siúta,
argumentando que a medida peca
por não haver uma contrapartida produtiva, ninguém produziu
nada, e a única coisaque está a
acontecer é brincar com a espuma da produção, que é a moeda.
“Numa economia em que não
tens produção, a única coisa que
podes brincar com ela é a moeLUÍS CUMBE
No dia 3 de Novembro de 2020, a ministra da Cultura e
Turismo, Eldevina Materula, lançou na Galeria do Porto de
Maputo o concurso para o financiamento e apoio a actividades audiovisuais.
Como ponto de
ressalva da
cerimónia de
l a n ç a m e n t o
do concurso ficam as palavras da ministra:
“Este concurso vai abranger todo
o país e pretendemos, anualmente, incentivar e promover novos
talentos, assim como consolidar a
classe de cineastas. Logo a começar, por razões óbvias, não se promove novos talentos lançando-os
no mesmo concurso com autores
consagrados. Se essa é a intenção,
os promotores do concurso cometem um grande erro de partida”.
Na divulgação dos resultados,
havida dia 20, terça-feira, embora
o júri tenha destacado uma elevada qualidade, notória nalguns
trabalhos submetidos a concurso
por parte de novos talentos, na
modalidade de ficção, onde concorreram cineastas consagrados,
como é óbvio, o júri optou por
deliberar a favor dos cineastas consagrados, embora o regulamento
plasme que o concurso se destina a
novos talentos e de primeira obra.
Olhando para a composição
do júri, alguns membros, tirando o
Djalma, Karl de Sousa, Fátima Albuquerque, Ana Magaia, são velhas
raposas do cinema, logo do mesmo
círculo de interesses que Gabriel
Mondlane e Licínio de Azevedo,
consagrados que ignoraram o regulamento e submeteram as suas
obras para a categoria de ficção.
Por outro lado, mesmo que o júri
tenha sido constituído pelo INICC,
o primeiro, Gabriel Mondlane, é
Secretário-geral da AMOCINE,
não havendo dúvidas de que esta
associação de cineastas tenha sido
consultada, sobre as personalidades
a integrar o júri. E se não foi, então estamos diante de um segundo
erro de partida, pois seria de todo
estranho que a agremiação interlocutora do cinema, com o Ministério da Cultura e Turismo, tenha
sido ignorada. E mesmo que não
tenha sido consultada a nível formal, não pode haver dúvidas de o
Secretário-geral da agremiação dos
cineastas tenha sido abordado sobre
a constituição do júri, o INICC e a
AMOCINE funcionam no mesmo
edifício, seria estranho que o director do INICC se cruzasse regularmente com o Secretário-geral do
da. A isso chama-se especulação,
quer dizer, as pessoas simplesmente entesourama moeda para
poder vender quando as condições o favorecer. Quando tens
isso não tens produção, só tens
especulação. Enquanto o mecanismo ideal para funcionamento
de uma economia tinha de ser
via produção, que é ir produzir
carvão, gás, amendoim, e meter
dólares na economia para vender
estes produtos fora do país e meter o dólar na economia. Este deve
ser o mecanismo normal”, afirma.
“Naturalmente que esta valorização do metical é de pouca dura,
pois o próprio BM tem capacidade limitada para injectar o dólar e
forçar a valorização do metical”,
considera Siúta, sendo que as reservas para importar têm que estar
para pelo menos quatro meses em
diante, e se a produção continuar
dentro do actual paradigma o metical poderá depreciar novamente,
justificado pela falta de produção.
Por outro lado, a fonte que
temos vindo a citar aflora que a
actuação do BM gera insegurança no funcionamento do sistema
económico, pois reduz a capacidade das pessoas formularem
as perspectivas sobre o amanhã
dentro do real. O ideal é haver
equilíbrio entre a oferta e procura.
“Não se pode ter uma economia que tem muito excedente
ou muita escassez, significa isso
que tanto o Governo que controla a parte produtiva da economia
como o BM que controla a moeda
devem procurar identificar quando é que as coisas estão dentro do
aceitável, sob risco de criar problemas noutros sectores”, aconselha.
2 | zambeze Quinta-feira, 22 de Abril de 2021
| destaques |
Há tropas estrangeiras a
combater o terrorismo
INICC e não o abordasse sobre
o assunto de suma importância
para os cineastas. Possivelmente,
se foi ignorado nessa consulta,
para embaraçar o júri, Gabriel
resolveu concorrer, tendo, através
do seu projecto, sido qualificado, mesmo contra todos os princípios de ética e transparência.
Quanto ao outro vencedor da
categoria de ficção, Licínio de
Azevedo, um guru no cinema em
Moçambique, que curiosamente,
fazendo uma breve pesquisa sobre ele no Wikipedia, se lê “realizador e escritor brasileiro radicado em Moçambique desde 1975”.
Isto não deve ser, de modo
algum, entendido forçosamente
como um acto xenófobo, é apenas
matéria para debate ou reflexão.
É certo que Licínio faz parte da
História do Cinema em Moçambique, mas temos que separar as
águas. Não imaginamos uma situação, por exemplo, em que Camilo de Sousa, radicado, por hipótese, no Brasil, possa ter o direito de
concorrer nesse país, lado a lado
com brasileiros, num concurso
para novos talentos, mesmo com
o percurso que tem. Por outro
lado, o júri se esquece que Licínio
tem maior capacidade de buscar
recursos financeiros para a realização dos seus projectos, não precisa assim tanto de se acotovelar,
como os novos talentos, nos minguados fundos destinados a esse
grupo pelo Estado moçambicano.
Indo mais fundo, o que Gabriel e Licínio irão acrescentar no
cinema moçambicano? Gabriel
já é Gabriel. Licínio já é Licínio.
Aliás, para a produção do filme
que também submeteu no concurso para o financiamento e apoio
às actividades audiovisuais já
conta com o apoio da Embaixada
da França em Moçambique e de
empresas nacionais. Que oportunidades se deixam aos newcomers do cinema, diante de igual
cenário, de concorrência desleal?
Aliás, esse cenário não se afigura
apenas hoje no cinema. Os prémios FUNDAC conheceram antes igual situação na modalidade
do cinema, basta visitar os arquivos dos vencedores para refrescar a memória, era um autêntico
troca-txintxa, entre uma malta.
Insistindo numa vista ao regulamento do concurso para o financiamento e apoio às actividades audiovisuais, alínea “a”, este
plasma no artigo 3 que, o presente
regulamento aplica-se, entre outras situações que não invalidam
esta como bitola, “apoio aos novos talentos e primeiras obras”.
Gabriel Mondlane e Licínio
de Azevedo não são nem novos
talentos, nem de primeira obra,
contrariamente aos vencedores
da modalidade de documentário.
Zegó e Bajone, dois apurados
nessa modalidade (onde tiveram
sorte de não haver consagrados
a concorrer), embora o primeiro
não seja de obra iniciática, são
novos talentos e o júri agiu acertadamente ao atribuí-los o prémio.
Quanto aos dois gurus, por estar-
-se a misturar alhos com bugalhos,
colocando no mesmo concurso
consagrados, estes com toda a influência que detêm, com novatos,
o júri do cinema, uma vez mais,
trazendo à memória os Prémios
FUNDAC de outrora, arrisca-se a
colocar o cinema a perder. Queremos entender que nem o júri, nem
os concorrentes, que não cabem
como novos talentos, pecam pela
gula e pressa, pois sendo o fundo
também para consolidar a classe de
cineastas, possivelmente o regulamento do próximo ano viria destinado aos cineastas consagrados.
O Primeiro-ministro Carlos Agostinho do Rosário admitiu
esta quarta-feira, na Assembleia da República, que o país
está a receber apoio militar de países vizinhos e membros
da SADC, que estão a ajudar no combate ao terrorismo em
Cabo Delgado. Entretanto, o Primeiro-ministro não quis
alongar sobre o assunto, tendo afirmado que o assunto é “sensível e reservado às Forças de Defesa e Segurança”.
Não se pode
perder de
vista que alguns desses
d o m í n i o s
de apoio e assistência ao combate ao terrorismo são de carácter militar. Por isso, o tratamento
deste tipo de matérias sensíveis é
geralmente reservado às Forças
de Defesa e Segurança”, disse.
Os dados surgem numa altura em que informações de fontes
internacionais indicam que o Zimbabwe designou um contingente
militar para integrar a frente de
combate, na chamada Frente Operacional Norte, que está sob ameaça constante de grupos terroristas.
Até ao momento, a posição do
Governo de Moçambique sobre
Cabo Delgado foi a recusa de um
eventual apoio militar estrangeiro,
limitando-se, tal como disse Filipe
Nyusi, Presidente da República, que
esta era uma questão de soberania.
Aliás, o Secretário-geral do partido Frelimo, Roque Silva, também
falou sobre o assunto, tendo afirmado que Moçambique não está
interessado em apoio militar estrangeiro porque se assim fosse necessário muitos países estariam a lutar
ao lado das tropas moçambicanas.
“Apelamos para que essa nossa
abordagem seja compreendida por
Vossas Excelências como uma prudência necessária no tratamento de
assuntos de carácter militar”, disse.
Num outro desenvolvimento, Carlos Agostinho do Rosário
disse que o terrorismo é um fenómeno global, a sua prevenção
e combate, para além das acções
internas, exige a tomada de medidas colectivas a nível regional, continental e internacional.
“É tendo em conta este facto
que vários países do mundo têm
se solidarizado e manifestado a
sua disponibilidade e interesse em
apoiar e assistir o nosso país na
prevenção e combate ao terrorismo. Reconhecendo o imperativo da
conjugação de esforços da comunidade internacional na prevenção
e combate ao terrorismo, a nível
político-diplomático, temos vindo a
reforçar os diferentes domínios de
cooperação bilateral e multilateral,
com destaque para a SADC”, disse.
Recorde-se que o presidente
da Renamo, Ossufo Momade, veio
esta semana a público defender que
o Governo deve, de forma imediata, abrir-se para receber apoio
militar directo no terreno, apontando países como a África do Sul, o
Botswana ou o Zimbabwe como os
que têm capacidades para ajudar.
Na abordagem anterior, em
Novembro de 2020, Moçambique
clarificou a sua posição em relação aos parceiros, limitando-se a
pedir apoio em material bélico e
equipamento diverso, proposta que
acabou por não ter seguimento face
às reticências de vários membros
da SADC, encabeçados pela África do Sul, que defende a criação de
uma força regional de intervenção.
O Presidente sul-africano,
Cyril Ramaphosa, considera pouco
transparente a postura de Maputo, estando em causa a segurança
regional face ao descontrolo em
Cabo Delgado. O controlo das
zonas costeiras da província (Mocímboa da Praia e, agora, Palma)
dá a grupos criminosos capacidade
para realizar todo o tipo de tráfico,
nomeadamente de drogas provenientes da Ásia, financiando assim
a aquisição de mais armamento.
Na crise em Palma, Pretória
interveio para resgatar vários sul-
-africanos, mas persistem graves
limitações em matéria de meios de
projecção de forças por parte das
Forças Armadas (SANDF) sul-
-africanas, que carecem de material
e prontidão. A minimização do papel da RAS afecta a disponibilidade
de outros parceiros regionais no
âmbito da SADC e da própria UA.
Fluxo de deslocados
Ao deputados da Assembleia
da República, o Primeiro-ministro
aludiu que face ao aumento do
fluxo de deslocados internos, sobretudo na cidade de Pemba e distritos circunvizinhos, o Governo
constituiu um Grupo de Trabalho
de nível ministerial para coordenar
as acções multissectoriais de reforço da assistência a Cabo Delgado.
O Grupo de Trabalho, refere Carlos Agostinho do Rosário,
elaborou um Plano de Acção, em
coordenação com as autoridades
locais e parceiros de cooperação,
que contém acções concretas para
o reforço da assistência humanitária às pessoas afectadas, criação
de condições para a rápida normalização da vida da população e
a retoma da actividade produtiva.
“A abordagem deste plano está
assente na assistência humanitária
à população deslocada virada para
o desenvolvimento e recuperação
sócio-económica das zonas afectadas em Cabo Delgado. É assim que
o plano contempla, para além da
assistência humanitária, acções que
garantam os serviços de administração territorial, segurança pública,
prestação de serviços de educação,
saúde e abastecimento de água,
bem como a dinamização da actividade económica e apoio ao sector privado, de entre outras”, disse.
Actualmente, o país regista cerca de 723 mil deslocados internos, o
correspondente a 157 mil famílias,
das quais 140 mil estão acomodadas
em vários distritos da província de
Cabo Delgado e 17 mil nas províncias de Nampula, Zambézia, Niassa, Manica, Sofala e Inhambane.
Militares portugueses chegam
ao país
Esta semana começou a chegar parte da equipa de militares
portugueses que tem como objectivo primário apoiar as forças
moçambicanas na “formação de
tropas especiais”. A missão já estava idealizada desde o início do
mês de Dezembro, quando o ministro da Defesa Nacional português
esteve reunido com o seu homónimo moçambicano, em Maputo.
Quinta-feira, 22 de Abril de 2021 zambeze | 3
| destaques |
MISAU incinera material hospitalar fora do
prazo avaliado em 20 milhões de meticais
Custo da negligência e impunidade
Enquanto escasseiam materiais nos hospitais e centros de
saúde, num país com um sector de saúde altamente dependente de doações, o Ministério da Saúde (MISAU) deu-se ao
luxo de mandar incinerar diversos artigos médicos, avaliados
em cerca de 20 milhões de meticais. Através de uma nota oficial de 9 de Novembro do ano passado (2020), a vice-ministra
da Saúde, Lídia de Fátima da Graça Cardoso, ordenou que
fossem retirados e incinerados, “no mais curto espaço de
tempo”, milhares de materiais fora do prazo para se “ganhar
mais espaço no armazém”. Trata-se de produtos adquiridos
através do Orçamento do Estado.
Aexistência de
produtos fora
do prazo e
em desuso,
no Armazém
do Centro de Abastecimento,
em Maputo, é um claro indício de que os processos de
planificação e distribuição de
artigos ou materiais sanitários
são deficientes. Esta situação
gera sempre crises de ruptura de stocks nos hospitais e
centros de saúde, nas províncias e nos distritos, enquanto
estes insumos se encontram
armazenados em Maputo.
Através da nota nº1176/043/
CA/2020, de 14 de Outubro de
2020, a chefe do Departamento de Logística do Centro de
Abastecimento, Lyawane Clara
S. Langa Chin, enviou à vice-
-ministra da Saúde uma “lista
de materiais fora do prazo, fora
do uso e devolvidos ao Centro
de Abastecimento do Departamento de Logística”, sobre a
qual a vice-ministra exarou, a 9
de Novembro, um despacho recomendando ao Secretário Permanente para coordenar, com
a Direcção de Administração
e Finanças e com o Centro de
Abastecimento, o “abate” de todos os materiais fora do prazo,
com a alegação de que se deve
ganhar espaço nos armazéns.
No dia 21 de Outubro,
Lyawane Clara Langa Chin
emitiu uma outra nota com o
nº1240/043/CA/2020, intitulada “Lista do material fora do
prazo e em desuso para a incineração e/ou abate”. Nessa
nota, a chefe do Departamento
de Logística informou ao director nacional de Administração
e Finanças, António Mulhovo,
que “há itens fora do prazo e outros em desuso nos programas
da Direcção Nacional da Assistência Médica e da Direcção
Nacional da Saúde Pública”.
Para o efeito, anexa a lista
de todos os artigos fora do prazo
ou em desuso. A lista é resultado
do inventário de bens realizado
pelo Centro de Abastecimento
do Departamento de Logística
com vista a apurar as “quantidades, validade e rotatividade do material armazenado”.
São milhões de materiais
com prazos expirados e em
desuso dos programas da Direcção Nacional da Assistência
Médica e da Direcção Nacional
4 | zambeze Quinta-feira, 22 de Abril de 2021
| Destaque |
da Saúde Pública que foram
incinerados nos três armazéns,
todos localizados na cidade de
Maputo. Estes materiais foram todos adquiridos através
do Orçamento do Estado e
não provenientes de doações.
Dos anexos pode-se constatar que grande parte dos materiais teve o prazo expirado
no Armazém 1, na cidade de
Maputo. Estes artigos, cujos
prazos expiraram no Armazém 1, estão avaliados em
18.900.747,58 (dezoito milhões
e novecentos mil e setecentos e quarenta e sete meticais
e cinquenta e oito centavos).
A título de exemplo, os anexos referentes ao material fora
do prazo nos armazéns 1, 2 e 3
mostram que se encontram fora
do prazo, no Armazém nº1, em
Maputo, 36.722 rolos de esterilização de diversos tamanhos,
avaliados em mais de 13.2 milhões de meticais. No mesmo
armazém expiraram os prazos
50 mil tubos endotraqueal nº
9, que custaram ao Estado 2.08
milhões de meticais. Igualmente, foram retirados pelas mesmas razões 342.800 braceletes,
das quais 310 mil para adultos e
32.800 para crianças, o que corresponde a um prejuízo avaliado em 1.6 milhões de meticais.
Regista-se ainda a retirada
de 34.650 cânulas de aspiração
intra-uterina, de diversos tamanhos, e 4.150 sondas de aspiração nº 7. As cânulas estão
avaliadas em 324.2 mil meticais, enquanto as sondas custaram ao Estado 41 mil meticais.
Expiraram o prazo, ainda,
700.800 seringas desc.1ml, avaliadas em 981.1 mil meticais, e
outras 3505 de AMU (aspiração uterina), no valor de 385.3
mil meticais. Ou seja, no total,
704.305 seringas foram retiradas do armazém por se encontrarem com prazos expirados,
um prejuízo ao Estado no valor de 1.4 milhão de meticais.
Estes números não incluem
as 54 mil seringas de insulina
1ml, devolvidas da província de
Gaza, cujo valor não foi revelado.
O Armazém 2 apenas continha material fora de uso, nomeadamente folhetos (780.300),
normas de tratamento de malária (10.101) e placas de propopleno (19 volumes), não
tendo sido quantificados os valores dos artigos deste armazém.
Por seu turno, do Armazém 3 vão ou já foram à incineração produtos avaliados em 201.168,57 meticais
(duzentos e um mil e cento
e sessenta e oito meticais e
cinquenta e sete centavos).
Ao nível do Armazém 3
há a registar o abate de 5600
tubos endotraqueais nº 7 e 7,
avaliados em 142.3 mil meticais. Nas mesmas circunstâncias foi retirada seda 3/0 triang
de 26 mm (6.864 meticais) e
1600 máscaras nebulizadoras
para adultos (51.9 mil meticais).
No geral, o material fora do
prazo nos armazéns 1 e 3 está
avaliado em 19.101.916, 15 meticais (dezanove milhões e cento
e um mil e novecentos e dezasseis meticais e quinze centavos).
Entretanto, não conseguimos apurar os custos da incineração desses materiais, nem
dispomos de informação se
já foram ou não incinerados.
Deficiente planificação e
distribuição
A existência de produtos
fora do prazo e em desuso no
armazém do Centro de Abastecimento, em Maputo, é um claro
indício de que os processos de
planificação e distribuição de
artigos ou materiais sanitários
são deficientes, o que gera sempre crises de ruptura de stocks
nos hospitais e centros de saúde,
nas províncias e nos distritos.
Um dos indicadores dessa
realidade é o mapa do material
devolvido pelas províncias. Ao
nível da Direcção Nacional de
Assistência Médica, apenas o
Hospital Central de Maputo e
a Direcção Provincial de Saúde
de Nampula é que não conseguiram usar todos os materiais
dentro dos prazos estabelecidos. Por isso, esses devolveram
398 rolos de esterilização 300
mm X 50m, respectivamente, números ínfimos quando
comparados aos que expiraram os prazos nos armazéns.
Igualmente, o Hospital
Central de Maputo devolveu
também 1098 rolos de esterilização 250mm X 50m. Por seu
turno, a Direcção Provincial
de Saúde de Gaza devolveu 54
mil seringas de insulina 1ml1.
Não há outra província que
tenha devolvido material que
previamente tivesse sido enviado, sinal de que todos os
artigos foram esgotados, enquanto a nível central estavam
a expirar os prazos. Também
não se conseguiu retirar as seringas de insulina da província
de Gaza para outras províncias,
o que fez com que ficassem
com prazos expirados. Isso só
é possível em contextos de um
sistema de planificação e distribuição deficiente, aliado à
negligência e impunidade dos
responsáveis desses sectores.
Outro indicador é de que
existem 780.300 folhetos impressos, 10.101 normas de tratamento de malária e 19 volumes de placas propopleno que
perderam o uso nos armazéns,
o que sugere duas interpretações. A primeira é de que o
MISAU imprimiu documentos
sem ter o universo de beneficiários dos mesmos; a segunda
é de que se o MISAU tinha o
universo de beneficiários, então houve uma distribuição
deficiente dos documentos.
De destacar que a vice-
-ministra da Saúde reconheceu
estes problemas de planificação
e distribuição numa visita que
efectuou, a 1 de Julho de 2020,
à Central de Medicamentos e
Artigos Médicos (CMAM) e
ao Centro de Abastecimentos,
visando inteirar-se do funcionamento do processo de entrada e saída de medicamentos,
artigos médicos e de prevenção
da Covid-19 nos dois armazéns. Nessa visita, a governante mostrou-se preocupada, por
exemplo, com o desfecho das
doações dos artigos destinados
à prevenção e combate da Covid-19 e recomendou celeridade
na entrega destes donativos. A
mesma recomendação foi feita
ao Centro de Abastecimentos.
As entidades visitadas destacaram a necessidade de reforço em recursos humanos como
forma de solução do problema.
“(…) Lídia Cardoso analisou, de
forma minuciosa, os relatórios
de entrada e saída de artigos e
produtos médicos. Visitou os armazéns e pediu documentos detalhados sobre algumas áreas de
funcionamento naquela entidade. Uma das recomendações foi
para a necessidade de melhoria
na captação da informação sobre
a entrada de artigos e produtos
médicos”, lê-se numa notícia publicada no website do MISAU.
Na mesma nota noticiosa, Lídia Cardoso afirmou que era importante que o Centro de Abastecimentos (CA) soubesse “quais
são os materiais que não podem
faltar numa unidade sanitária”.
A preocupação e recomendação da necessidade de maior
celeridade na tramitação de processos a cada uma das entidades
é um claro reconhecimento de
que os processos são lentos, o
que dita atrasos na entrada e saída de materiais. Uma fonte do
MISAU confidenciou ao CIP
que todos os atrasos na chegada
dos materiais com prazos prestes a expirar ou, ainda, o seu
envio tardio às províncias é por
culpa do próprio MISAU. (CIP)
Quinta-feira, 22 de Abril de 2021 zambeze | 5
6 | zambeze | opinião |
FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA
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Redacção: Ângelo Munguambe, Egídio Plácido,
Luís Cumbe, Elton da Graça, Dionildo Tamele
Colunistas: Sheikh Aminuddin Mohamad, Cassamo Lalá
Colaboradores: Kelly Mwenda (Manica)
Director: Ângelo Munguambe | Cell: 84 562 3544
(E-mail: munguambe2 @hotmail.com
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D i r e c ç ã o , R e d a c ç ã o M a q u e t i z a ç ã o e A d m i n i s t r a ç ã o :
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Alto-Maé - Maputo
Cell: 82-307 3450 (PBX)
zambeze.comercial@hotmail.com
OSer Humano,
devido ao
seu egoísmo
e à s u a
curta visão,
preocupado apenas em
alcançar benefícios pessoais,
está a provocar estragos numa
sociedade em que os interesses
de cada indivíduo interligamse aos dos outros, cometendo
deste modo um grande crime
perante Deus, e uma enorme
injustiça perante os Seus
mensageiros e reformadores.
Consta no Qur’án, Cap.
7, Vers. 85, que o profeta
Jetro (Shoaib) disse ao seu
povo: “E não corrompais a
Terra depois de reformada”.
Na realidade, este apelo
no sentido de não se criar
desordem e estragos na
Terra representa o apelo
de todos os profetas.
E s t a s p a l a v r a s
a p a r e n t e m e n t e s ã o
muito simples e de fácil
compreensão, mas na realidade
são deveras profundas
e cheias de significado.
Se num específico país,
dentro deste vasto território
de Deus, houve gente que, em
grande número se esforçou, e
para tal até consentiu grandes
sacrifícios, renunciando ao
conforto e a outros interesses,
dando lições para melhorar a
sociedade e a vida das pessoas,
tudo isso no sentido de corrigir
a relação entre o Criador e a
Sua criatura, e também as
relações entre as pessoas,
para que se observassem os
direitos e deveres de cada um,
o exemplo, a honra e o bom
comportamento, ensinando
as pessoas a viver como
verdadeiros Seres Humanos
e servos de Deus, de forma
bem disciplinada e ordeira,
como irmãos, então ninguém
deve vir arruinar tudo isso.
Os profetas de Deus, nos
seus esforços ao longo de
séculos, ensinaram as pessoas
a viver como Humanos,
dizendo-lhes que a definição
de “Homem” não é saber
nadar como peixe no oceano,
voar como o pássaro no ar,
atacar e matar como os leões
e lobos na floresta, mas sim
andar pela Terra como um
humilde servo de Deus,
pois esta é exclusivamente
de Deus, não havendo
razão para que alguém se
mostre orgulhoso e altivo.
Onde é que estão os faraós,
os antigos e os actuais, grandes
e pequenos, o Imperador
Alexandre e o seu poderio,
Napoleão e o seu sonho de
conquistar o Mundo, Hitler
e o seu III Reich, e muitos
outros tiranos (alguns deles
ainda vivos), tão altivos que
se julgavam donos da Terra?
Quando Jetro recomendou
que as pessoas não
corrompessem a Terra depois
de ela ser reformada é porque
tinha já havido reformadores,
pois a Terra não se reforma
por si mesma. Alguém
desenvolveu um grande
esforço e campanha para que
se lograsse êxito na reforma.
Portanto, esta expressão dános uma ideia acerca do esforço
dos profetas, pois com a sua
galhardia eles transformaram
esta Terra num Paraíso.
Depois desse esforço
surgiu a segurança total,
estabelecendo-se uma vida tão
exemplar, o que é difícil, quiçá
impossível, que um dirigente
dos dias que correm consiga
apresentar algo semelhante.
Portanto, depois dessa
emenda ninguém deve
provocar danos na Terra,
olhando somente para os
seus interesses pessoais, ainda
que alegue ser do interesse
nacional ou internacional.
Hoje, quando ligamos os
nossos televisores, os nossos
receptores de rádio, etc., só
ouvimos falar em estragos,
destruições, explosão
de bombas, matanças,
decapitações, assaltos, roubos,
conflitos armados, incestos, e
vários outros tipos de crimes.
E quem promove tudo isso?
E no interesse de quem?
Devemos impedir que
tais líderes promovam
guerras, combatendo as suas
causas, pois de contrário
todos nós sofreremos
as suas consequências.
O Profeta Muhammad
(S.A.W.) exemplifica-nos
isto com o barco no qual
viajam várias pessoas. Se os
que estiverem no porão, junto
ao fundo do casco, perfurarem
este para obter água, não
forem impedidos pelos
que estão da parte de cima
acabarão todos afogados.
A nossa sociedade
a s s e m e l h a - s e a u m
barco, a bordo do qual
nos encontramos todos.
Os que defendem que o
homossexualismo é uma
questão de foro pessoal,
pelo que devemos respeitar
a inclinação sexual de cada
um, legalizando aquilo que
acham ser direito inalienável
dos homossexuais e das
lésbicas, não tarda que um
dia defendam que o incesto
também é uma inclinação,
que não constitui crime, pelo
que deve ser despenalizado.
E os casos de incesto
proliferam por esse mundo
fora, tendo os mais recentes
ocorrido na Áustria, GrãBretanha, Itália, EUA,
Colômbia, Brasil, etc.
A chamada civilização
moderna legalizou o
consumo de bebidas
alcoólicas, por se tratar do
agrado de cada um. Por que
então não se despenaliza
também as consequências
do seu consumo, deixando
os alcoólatras caminharem
livremente na via pública,
provocando danos e
matando inocentes?
Aos irmãos muçulmanos,
continuação de um
Ramadhaan Proveitoso.
Almadina Sheikh Aminuddin Mohamad
Para que não nos afoguemos todos!
6 | zambeze Quinta-feira, 22 de Abril de 2021
Onde é que estão
os faraós, os antigos e os actuais,
grandes e pequenos, o Imperador
Alexandre e o seu
poderio, Napoleão
e o seu sonho de
conquistar o Mundo, Hitler e o seu III
Reich, e muitos outros tiranos (alguns
deles ainda vivos),
tão altivos que se
julgavam donos
da Terra? Quando
Jetro recomendou
que as pessoas não
corrompessem a
Terra depois de
ela ser reformada
é porque tinha já
havido reformadores, pois a Terra não
se reforma por si
mesma.
zambeze | 7
ZAMBEZE
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Comercial
Quinta-feira, 22 de Abril de 2021 | opinião | zambeze | 7
Morte de um cidadão em Nampula no
decorrer de uma aula de condução
Chegou-nos esta triste
notícia pelos meios
de comunicação
e s o b r e e s t e
acontecimento o
nosso primeiro pronunciamento é
dirigido à família enlutada, a quem
apresentamos sentidas condolências.
Este não é o primeiro acidente
c a u s a d o p o r i n s t r u e n d o s
durante a formação prática de
condução automóvel em que o
formando está sozinho no carro
sem a presença do instrutor.
Infelizmente, este tipo de prática
errada no decorrer de uma aula
de condução leva-nos a crer que é
consentido pelo INATTER, uma
vez que também há exames noutras
províncias, tal como em Nampula,
em que o aluno é colocado a fazer
manobras, sozinho, usando cones de
sinalização (ou não) para balizamento
de espaços, em que o examinador e
o instrutor estão fora do carro em
situação de meros assistentes. Este
tipo de prática não devia ser admitido
nem ao instrutor, nem ao examinador.
As situações de abandonar o aluno
no carro no decorrer de uma
aula prática ou em exame não
acontecem em Maputo porque assim
que tomamos conhecimento de
qualquer comportamento desviante
agimos de imediato e pedimos
responsabilidades a quem de direito.
Recentemente, em Maputo, um
examinador decidiu unilateralmente
impedir os instrutores da nossa
escola de assistir ao exame prático.
Assim que tomamos conhecimento
deste acontecimento contactamos
a Delegada do INATTER que nos
informou que este examinador
não tinha recebido nenhuma
orientação superior para tomar
esta atitude, o que nos levou a
apresentar uma participação desta
ocorrência, corrigindo-se de imediato
esta situação anómala. Em outras
províncias, os atropelos à legislação
ou aos procedimentos estabelecidos
nas normas ocorrem com alguma
frequência, uma vez que são poucos
os que se atrevem a contestar com
receio de perseguições ou retaliações.
N e n h u m i n s t r u e n d o o u
examinando deve estar sozinho
no carro em aulas práticas, ou
mesmo em exame, apenas por se
partir do princípio de que o aluno já
adquiriu alguma prática razoável de
aprendizagem. Este tipo de aluno que
já possui algum domínio da condução
é o mais perigoso porque o formador
fica descontraído e menos atento para
poder agir rapidamente num eventual
perigo que surja proporcionado ou
não pelo aluno, e por esta razão o
instrutor deixa de ter o pé junto do
travão demorando a reagir quando
um perigo iminente aparece. Mesmo
o examinador, no decorrer de um
exame de condução, se verificar que
o examinando está a praticar uma
condução insegura e está prestes a
acontecer uma situação de acidente,
deve agir imediatamente, travando
o andamento do carro, dando por
concluído o exame, apesar de o
Código da Estrada no nº6 do artº
140 determinar que o examinando
responde pelas contravenções
cometidas durante o exame. Um dos
princípios fundamentais que reina
no ambiente rodoviário determina
que a segurança deve estar sempre
em primeiro lugar, razão pela qual
o examinador quando constata
que está para ocorrer um acidente
por má prestação do examinando
deve intervir evitando o sinistro.
Anos atrás ocorreu um
atropelamento com morte de um
cidadão durante um exame em
Maputo, numa situação em que o
examinando entrou em situação
de pânico e perdeu o controlo do
carro. O examinador em causa, que
estava ao alcance do travão duplo
instalado no carro, não reagiu. Não
se sabe se ficou estático devido à sua
fraca preparação ou se foi o susto
causado pelo perigo que o paralisou,
ou ainda se achava que tinha de
deixar o acidente acontecer para
assim poder apresentar um motivo
bem fundamentado da reprovação
do examinando, “reprovado por
atropelar e matar um cidadão”.
Na verdade, em Nampula, é
normal a prática de deixar o aluno
sozinho no carro em acções de
aprendizagem. Este procedimento
está como que institucionalizado,
uma vez que é consentido pelos
instrutores e examinadores. Em
muitas províncias do nosso país,
o exame decorre apenas entre o
examinando e o examinador, sem
que o instrutor esteja presente
no carro, o que não acontece em
Maputo, excepto casos especiais.
Sobre este aspeto acabado
de referir vale a pena recorrer
ao Regulamento de Exames de
Condução que no nº5 do artº 16
diz o seguinte: “Na prova prática,
para além do examinador e do
examinando, deverá estar presente
no veículo de exame um instrutor
da escola de condução em que
o candidato se tenha formado”.
U m o u t r o e x e m p l o d e
procedimento incorreto sucede
em Tete. Exige-se exame prático
de condução para se tirar carta
da categoria D (carga perigosa),
quando em Maputo esta exigência
não se aplica, inventandose assim procedimentos não
previstos no regulamento de
exames aprovado. Parece que,
fora de Maputo, cada dirigente
age como lhe apetece, tomando
decisões que não são comuns.
Temos tomado conhecimento
destas informações porque os
instrutores dessas localidades
telefonam-nos perguntando se estes
procedimentos excepcionais que
estão sendo impostos são legais ou
não, e também para saberem como
devem agir perante estes factos.
Analisemos este acidente ocorrido
em Nampula que causou a morte de
uma senhora moçambicana, mas
num outro prisma, o da legislação.
Uma vez que se registou uma
morte, consequência de um acidente
rodoviário, cometido culposamente,
o autor fica sujeito a uma pena
que está estabelecida. O auto do
acidente deve ser levantado para
efeitos de instrução do processo em
Tribunal no prazo de 24 horas (nº4
do artº 155 do Código da Estrada).
Trata-se de um ilícito penal, isto
é, de um acto humano que violou
um valor considerado fundamental
para a vivência do homem (direito
a vida). Portanto, como o acidente
ocorreu durante a execução de uma
manobra, com culpa grave, estamos
perante um caso tipificado como
crime de homicídio, incorrendo-se
numa pena de prisão entre um a
três anos (ver nºs 1 e 2 do artº 153
do Código da Estrada). Neste caso,
o responsável pelo acidente é o
instrutor e não o aluno, conforme o
nº5 do artº 140 do CE. O julgamento
do crime e a aplicação da sanção
cabe ao Tribunal competente (nº2
do artº139 do CE). O instrutor vai
responder pelo crime cometido
e vai haver a necessidade de
indemnizar a família do sinistrado
pela perda de vida do cidadão,
para além da multa correspondente
à contravenção praticada.
Muitos condutores (e instrutores
de condução) não sabem ou
esquecem-se de que no exercício
das suas atividades usando o
automóvel, como cidadãos,
regem-se não apenas pelas leis do
Código da Estrada e da legislação
complementar, mas também pela
lei Civil e Criminal quando, ao
cometerem uma transgressão,
causem prejuízos a terceiros. O
instrutor deve ainda estar sujeito
a um processo de inquérito que
pode ser convertido em processo
disciplinar por parte da Delegação
do INATTER, correndo até o risco
de perder a sua licença profissional.
Porém, se neste inquérito ficar
provado que os examinadores e
o delegado que representam o
INATTER sabiam desta prática
de deixar o aluno sozinho no carro
durante a instrução e exame, esta
instituição do Estado vai também
ficar comprometida. Por esta
razão, é muito provável que o
INATTER não realize nenhum
inquérito para não correr o risco
de dar um tiro no próprio pé.
Importa ainda acrescentar que
no caso em apreço, apesar de o
veículo possuir um seguro de
responsabilidade civil, que irá ser
usado para indemnizar os prejuízos
causados pelo acidente a terceiros,
existe o risco de a companhia de
seguros poder exercer o direito
de regresso, por se ter permitido
que o veículo de instrução fosse
conduzido por uma pessoa não
encartada sem a presença do
instrutor. Este é outro aspecto que
vai atormentar a vida do instrutor
e a respectiva escola de condução,
uma vez que o Código Civil, sobre
a responsabilidade do comitente, diz
o seguinte: “aquele que encarrega
outrem de qualquer comissão
responde, independentemente
de culpa, pelos danos que o
comissário causar, desde que sobre
este recaia também a obrigação
de indemnizar, sem prejuízo do
direito de regresso contra este”.
Pela descrição que fizemos desta
ocorrência dá para ver que estes
actos de negligência acarretam
responsabilidades acrescidas
que podem infernizar a vida de
qualquer cidadão. Não se deve
ter comportamento leviano ou
indisciplinado com coisas sérias.
*DIRECTOR DA ESCOLA DE
CONDUÇÃO INTERNACIONAL
Cassamo Lalá* Sobre o Ambiente Rodoviário
Sobre o ambiente rodoviário
| opinião |
Necessário criar com urgência “Tribunais Militares”
para julgar com celeridade os “terroristas” …
F Maputadas r a n ci sc o R o d o lf o
Para desencorajar os “massacres” em Cabo Delgado:
z Quem vai punir os que praticam “boatos” nas redes sociais?
De s t a v e z ,
para a nossa
c a v a q u e i r a
habitual com
o P e d r o ,
estivemos no “Café das Acácias”,
ligado ao Hotel Cardoso, este
magnífico hotel que está às
moscas, desde que a pandemia
se abateu sobre todo o mundo,
obrigando à interrupção dos
voos entre continentes (e não só).
L á e s t a v a o P e d r o
pontualmente às 10 horas, ele
que comentou na última vez
que lá estivemos que “os preços
aqui não são para o operário”,
e eu repliquei que mesmo para
os donos “professores”, pois
era o “Jardim do Professor”.
Aliás, os alunos são obrigados
nesta era da Covid-19 a levar
lanche de casa, para evitar os
aglomerados na “Cantina”.
- Essa de alguns malandros
terem propalado “boatos” com
argumentos de que Palma,
Pemba e outros distritos de
Cabo Delgado seriam atacados
pelos terroristas, não lembra
ao “diabo”! – diz o Pedro
constrangido, depois de eu ter
pedido tosta mista com galão e ele
café com leite e sandes de queijo.
-Samora Moisés Machel,
Presidente da República Popular
de Moçambique, ensinava
que “uma revolução que não
sabe defender, acaba sendo
derrotada” …- digo ao Pedro,
perante a sua estupefacção
pelos últimos acontecimentos
ocorridos semana finda.
- Tu, oh Rodolfo, deste o
exemplo de Thomas Sankara,
que depois da visita a Maputo
e com Samora Machel
foi alertado com aquela
sapiência ao estilo samoriano!
-Isso mesmo, Samora disse:
“Com o Poder não se brinca!”.
E passado pouco tempo,
Thomas Sankara, Presidente da
República do Burquina Faso, foi
derrubado através de um golpe
de Estado e morto… - recordo,
pois passam agora 20 anos.
- Você vem com as estórias
do passado, mas sempre
actuais… – diz o Pedro
quando estávamos a servir.
-Veja que os boatos que foram
propalados para desestabilizar a
população alguns foram feitos por
pessoas bem conhecidas, mas no
fim do dia não acontece nada…
- Até publicaram nas suas
páginas no twinter, numa
boa, o que levou a população
a refugiar-se na mata…
-Parece que ninguém toma
a iniciativa de defender o
Governo de Moçambique,
com prejuízo de todo o povo,
devido à insegurança que se
vive!... – acrescento ao Pedro.
- É o que se passa em Cabo
Delgado, em relação aos
“terroristas. Tu sempre defendeste
nas nossas cavaqueiras que era
fundamental que os terroristas
fossem punidos severamente!...
-Quantos Bernardino Rafael,
esse destemido ComandanteGeral da Polícia da República
de Moçambique, foram
enviados aos tribunais?...
- Mas para maior desilusão
vinha: “não tem provas!
“ Va i s s o l t o p a r a c a s a
porque não há matéria…”
-É evidente que o Juiz do
Tribunal Comum que nunca
esteve na guerra saiu da
Universidade e vestiu a toga
e é “nosso juiz”, mas não tem
“Juízes Populares”, como
aqueles que nós tínhamos no
Niassa, no tempo do Dr. José
Albano Maiópuè e Dr. Carlos
Trindade, aqueles “madodas
experientes” que aconselhavam
os jovens que ingressavam
neste vasto campo de “Direito”.
- Por isso dizias na nossa
última cavaqueira: “isto não
pode continuar assim!...”
-Para desencorajar os
“massacres” em Cabo Delgado:
se torna absolutamente
“necessário criar com urgência
“Tribunais Militares” para julgar
com celeridade os “terroristas”
…- reafirmo ao Pedro.
- Isso mesmo!
-Talvez virão com o argumento
falacioso de que tem de haver
“consultoria” para a elaboração da
Lei. Mas isso seria inadmissível,
com tantos quadros experientes
na área de “Direito” – ou como
agora está na moda - na Área
das “Ciências Jurídicas”. A Dr.ª
Benvinda Levy, que está dia-a-dia
com o Presidente da República,
Filipe Jacinto NYUSI, como
Conselheira, era ministra de
Justiça; a ministra da Justiça,
Drª Kida, o Dr. Mário Mangaze,
os Drs. Sinai Nhatitima (pai e
filho), Dr. Carlos Trindade, Dr.
José Abudo, ainda publicou livros
recentemente sobre o “Direito”;
Dr. Machatine Munguambe (nosso
professor na Escola de Estado e
Direito e que com Xarzade Orá,
única mulher no curso de mais
de 60 homens, com o falecido
Dr. Luís Herculano, nos anos
oitenta), que nos ensinou “o que
é isso de “governar” e “com o
poder não se brinca”, e toda esta
plêiade de juristas “podem parir”
uma Lei para a institucionalização
dos Tribunais Militares…
- Evitar-se-ia “que isso
n ã o t e m m a t é r i a . E s t á s
absolvido...” – digo ao Pedro.
-Julgar os “terroristas” com
cobertura da comunicação social
é um aspecto importante, porque a
guerra também não se vence só com
os valorosos e destemidos jovens
do Major-General Cristóvão Artur
Chume, Comandante do Exército,
mas também com a “propaganda”,
com a “informação”...
N ã o m e v e n h a m a g o r a
dizer: “Não há dinheiro, não
está orçamentado e que a
Assembleia da República tem
a “agenda” cheia”. E para mim
que passei também da “Casa
do Povo” diria com os que me
ladeavam - Dr. Amândio Zilhão
(Presidente dos Assuntos Sociais)
e falecido Dr. Ossumane Aly
Daúto (Presidente dos Assuntos
Jurídicos e Constitucionais):
“que façam uma “Extraordinária”
para aprovar a Lei dos Tribunais
Militares. E com URGÊNCIA!
Maputaremos para semana!
8 | zambeze Quinta-feira, 22 de Abril de 2021
Comercial
Editorial
Saber informar, eis a
questão!
Douglas Madjila
Com todos os contratempos existentes no famigerado processo de DDR, tudo aponta para a
efectivação do mesmo, seja ele bom negócio
para uns e muito mau negócio para outros, está
a acontecer como ambas as partes o desenharam. O problema sénior deste processo é o facto de a corda
ter aparentemente rebentado do lado da opinião popular,
ou seja, a opinião pública discorda ou realmente não vê as
vantagens deste acordo para a ala que teve a oportunidade
de negociar, julga ter sido um acorde bem orquestrado pela
banda dona do palco e por isso muito pouco ecoa sobre o
sucesso do acordo, sobrando a tarefa de fazer ouvir apenas
aos fãs incondicionais, os que o fazem independentemente dos níveis de desafinação dos donos do palco, estão
sempre tocando bem ainda que nos firam os tímpanos.
Da teimosia que se propalava do tal filho de Matsangaíssa, pois é assim que se referia o tal e não como sobrinho
como veio a clarificar-se, não era de se esperar que já a
uma altura dessas estivesse defendendo a sua causa entre os
civis na cidade-capital, mas assim sucede e isso é o resultado do acordo dos dirigentes de Nampula e Cabo Delgado.
Na verdade não importam os contornos políticos desse processo para o povo, ou pelo menos não deviam importar, o único
aspecto que diz e que deve sempre dizer respeito ao povo é a saúde da paz. Verdade é que o número de desmobilizados até agora
parece ainda muito reduzido para um provável festejo, mas é
de se admitir que vai a bom caminho mas, eis o passo em falso.
O dirigente das armas à luz do dia, o Comandante da
PRM, atirou umas ordens tendenciosas e que a serem mal
ou bem cumpridas podem deixar a desejar, podem levar
até o deslumbrante acordo e que vai de vento em pompa
a perder as estribeiras. Rafael deu ordens para se perseguir efusivamente os mais dissidentes dos dissidentes da
Renamo, ou seja, aos que parecem recusar-se a aderir ao
DDR e continuam nas matas supostamente a provocar
distúrbiosꓼ o comandante ordena-lhes ataques impiedosos.
Portanto, esse tipo de ordens já não eram as que se esperavam a uma hora dessas, lembrando que mesmo em Manica
encerraram-se bases militares ou posições de guerra da
Renamo, há bem pouco tempo, e aparentemente por causa
desse DDR, é por isso difícil perceber a razão desse tipo de
ordens agora. Mas mais do que o espanto relativamente a essas
medidas fica uma outra percepção sobre isso, pode mesmo
tratar-se de algo maior do que um passo em falso, talvez de
um pé em riste, pois se as forças policiais caem mesmo por
cima de tais dissidentes ao quadrado, então que tenham a certeza de que esses cederam ao ataque pacificamente, tal como
civis subornados por falta de bilhete de identidade, porque de
contrário, caso haja retaliação, poderá se incorrer mesmo o
perigo de voltar em grande aos conflitos e passar pelo disparate
de os próprios criadores do DDR o violentarem definitivamente, portanto aconselhamos. Bolas baixas Comandante!
Um passo em falso numa
caminhada de sucesso
Desde o início dos ataques extremamente violentos dos
terroristas islâmicos, há mais de três anos, no norte da província de Cabo Delgado, há informações que
têm sido publicadas e veiculadas através das redes sociais, e outros meios de informação, que em muitos
casos não se sabe se são verdadeiras, inventadas ou constituem uma
simples provocação para criar mais confusão e dúvidas entre os cidadãos, e às vezes se sentirem mal informados ou até mesmo enganados.
Depois do último ataque à vila de Palma intensificaram-se mensagens, informações, contra- informações e todo o tipo de notícias nas
redes sociais e nos meios de comunicação nacionais e internacionais,
devido ao impacto que este ataque produziu no desenvolvimento da exploração do gás de Afungi, com a paralisação das obras, possivelmente
temporária, dos trabalhadores e técnicos das empresas estrangeiras.
Se tivermos paciência e analisarmos ou focarmo-nos em muitas dessas mensagens e informações que circulam, há algumas semanas, sobre
este acontecimento, podemos verificar que algumas delas não se conformam com a verdade que realmente aconteceu, outras são o contrário do que outras dizem, outras ainda são deliberadamente exageradas,
informando do que não sabem, e possivelmente os seus autores nunca
estiveram em Moçambique, e até fazem circular vídeos com pessoas
tragicamente assassinadas mas que são imagens de outros ataques anteriores, ocorridos noutras aldeias e outros lugares, ou seja, é muito difícil saber com certeza a magnitude do que aconteceu e ter a realidade.
Esta confusão de informações que circulam de todo o tipo beneficia os
terroristas e serve de propaganda. Eles conseguem mais publicidade sobre
as suas acções criminosas e, ao mesmo tempo, insuflam mais terror nas suas
futuras acções violentas. O silêncio das instituições, do Ministério da Defesa
e do Governo, é um erro de comunicação estratégica muito relevante, pois
os cidadãos só têm as informações confusas que circulam nas redes sociais,
por vezes com interesses pouco claros, que prejudicam a imagem do país e
do Governo, e cria dúvidas sobre a acção das Forças de Defesa e Segurança.
As instituições devem emitir e transmitir declarações simples, transparentes, verdadeiras e inteligentes sobre acontecimentos que dizem
respeito a toda a Sociedade Civil, porque o silêncio não as favorece. As
sociedades têm direito de serem informadas pelas instituições correspondentes, porque somos membros da sociedade que sofre dos ataques.
Os cidadãos não podem ser esquecidos em situações tão trágicas,
com milhares de pessoas que tiveram que se refugiar em lugares mais
seguros, abandonando as suas casas e suas vidas, com jovens soldados
que deram suas vidas para nos defender, com tantos infortúnios e sofrimentos de gente inocente. O Governo deve ter empatia (empatia é a
capacidade de se colocar no lugar do outro, é basicamente compreensão)
e entender que a sociedade precisa receber informações verdadeiras
que lhe dão a esperança e poder de descartar essas informações, às vezes extremistas e que beneficiam apenas os terroristas e seus patrões.
Esperamos que as instituições entendam que não podemos continuar
a receber o silêncio quando ao nosso redor há um ruído estrondoso que
nos preocupa, e nos confunde. Esperamos e desejamos que o Governo
desenvolva essa empatia que parece ter sido esquecida com a sociedade.
Quinta-feira, 22 de Abril de 2021 | opinião | zambeze | 9
Exposição maldosa
Há m u i t o
tempo vêems e a r t i g o s
n a m í d i a
e o p i n i õ e s
tendenciosas (que não é
imparcial, sem fundamento,
sectária, sem objectividade), por
meio das redes sociais, sobre
temas e actividades pessoais de
familiares, esposas e filhos de
políticos, empresários, bem como
de outras pessoas da sociedade,
totalmente alheias à actividade
dos seus pais, com a intenção
de deteriorar e prejudicar
deliberadamente a imagem
do político ou do empresário.
Esse tipo de artigos e opiniões
mesquinhas prejudica pessoas
inocentes e suas famílias,
pessoas que têm filhos menores,
pessoas que têm vida própria,
trabalho próprio, alheias aos
actos e responsabilidades dos
pais, mas que são punidas e
prejudicadas deliberadamente
por alguns meios e referências
sociais, de forma totalmente
injusta e inaceitável.
Temos um exemplo recente
de alguns dias atrás, quando
imagens e comentários foram
distribuídos sobre um dos filhos
do Presidente Nyusi, que estava
a comemorar o seu aniversário
com a sua família. Essas
manifestações tinham apenas um
propósito, o de criar directamente
uma situação polémica ao seu
pai, o Presidente. Foi feita uma
manipulação intencional de uma
situação que é normal ou deveria
ser normal em qualquer família
que exerce a sua liberdade e
toma as suas próprias decisões.
Este não é um caso isolado
ou específico, outras pessoas e
famílias sofreram também este
assédio nos últimos tempos.
Às vezes, manchetes e
mensagens são publicadas ou
divulgadas nas redes sociais, de
impacto na mídia, para atrair o
leitor, então o artigo de referência
é lido e não tem nada a ver com
o título que é publicado ou
anunciado, ou não reflecte o que
é anunciado na manchete, mas
sem dúvidas os leitores ficam na
memória com a imagem negativa
que a mensagem transmite.
Ainda é mais grave quando
são publicadas ou veiculadas
notícias e comentários que não
reflectem a verdade ou que são
inventados directamente. São
mentiras apenas com o objectivo
de gerar confusão e deteriorar a
imagem de determinada pessoa.
Estamos cientes de que em
Moçambique temos liberdade de
expressão, mas essa liberdade de
expressão não pode ser distorcida
e transformada em libertinagem
(libertinagem é liberdade excessiva
e abusiva no que se diz ou se faz).
A liberdade de expressão deve ser
usada com responsabilidade e ética
(a ética é o conjunto de costumes,
normas e valores que norteiam
o comportamento humano
numa comunidade), dentro
dos parâmetros da verdade e
da convivência em sociedade.
Fabião Carrapau
“Os
Est a -
dos
Unidos hoje enfrentam um
real perigo geopolítico e nem
a equipa de Biden, nem o Establishment da política externa reconhecem a gravidade da
situação. O Presidente-eleito
Joe Biden e os seus conselheiros gostam de falar não
só de uma renovada liderança
americana, mas também da
restauração da ordem liberal
internacional e da habilidade
americana de, simultaneamente, agir como um poder revolucionário e manter a paz”.
É com estas palavras que
Dimitri K. Simes, o Editor da
National Interest e Presidente
Executivo do Center For National Interest de Washington
D. C., abre o seu depoimento
no número que The National
Interest consagra, ao próximo ciclo presidencial, com
depoimentos de 33 especialistas norte-americanos em
estratégia e relações internacionais. Entre eles há de tudo
– conservadores, liberais, isolacionistas, internacionalistas.
Depois de Trump
Depois do quadriénio
Trump, um Presidente identitário que claramente não tinha grandes simpatias pela
ordem liberal internacional,
pode esperar-se, com Biden,
um regresso a essa ordem?
Esse regresso parece problemático. Trump acabou
vencido nas eleições de Novembro, mas talvez a crise da
ordem liberal internacional fosse mais profunda que as ideias
ou políticas de um Presidente
americano, que se assumia
como nacionalista e colocava
o interesse nacional americano
acima de tudo (o que aliás os
presidentes americanos, e outros presidentes que se prezam,
costumam fazer, embora não
andem a dizê-lo em voz alta).
Talvez a crise da ordem liberal
internacional seja mesmo definitiva, na medida em que o
internacionalismo – de ideias,
de comércio, de comunicações
– entrou em perda, não só na
filosofia política e na prática
governante de muitos Estados,
mas também nas relações entre
eles. A pandemia reforçou esta
crise, com a questão do confinamento, quarentena e vacinação.
Enquanto os Estados Unidos e o Reino Unido (já para
não referir Israel) cuidaram de
modo unilateral dos seus interesses e lograram ou estão a
lograr vacinar os seus cidadãos
rapidamente, a União Europeia, com uma política conjunta e colectiva, em nome de
um suposto interesse comunitário, tem-se atrasado penosamente, com riscos gravíssimos
para as populações dos 27.
Como escreveu John Ikenberry, a ordem global liberal,
o internacionalismo liberal nas
relações interestaduais, atravessa uma crise que a proclamada intenção da Administração Biden não pode resolver.
Num livro publicado em
2020, - A Word Safe for Democracy - John Ikenberry historiou as vicissitudes da ideia,
da forma e da execução política
dos princípios do internacionalismo liberal nos últimos 200
anos, ligando-os, correctamente, à ascensão e hegemonia
dos poderes anglo-saxónicos,
defrontando, sucessivamente, poderes para autoritários
ou totalitários continentais
europeus - da Alemanha hitleriana à Rússia Soviética.
E derrotando-os sucessivamente, também, em 1945 e em
1991. Por isso Ikenberry, professor em Princeton, e Daniel
Deudney, da John Hopkins,
cunharam o conceito de “ordem
internacional liberal” em 1999.
Os três inimigos
Os ataques teóricos, ideológicos a este conceito vieram de
várias origens: à direita, do nacionalismo identitário americano que influenciou o “America
First” de Trump e está presente
na maioria dos movimentos e
partidos ascendentes da direita
identitária europeia - do Rassemblement National francês à
Liga italiana, do Vox espanhol
ou ao Chega em Portugal. Estes
partidos da direita popular ou
populista são cépticos quanto
às soluções internacionalistas
ou federalistas, que consideram
uma forma de as grandes potências prosseguirem os seus interesses ao abrigo do globalismo
e da retórica multinacional.
Outra crítica vem das grandes e médias potências com regimes claramente não liberais,
como a República Popular da
China, a Rússia, ou a Turquia.
Não quer dizer que estes Estados sejam contra o internacionalismo económico: a China,
por exemplo, está fortemente
empenhada na internacionalização e na liberdade de comércio que lhe garantiu um lugar
dominante como parceiro comercial e investidor em África,
na América Latina e na Europa.
Finalmente, outro grupo de
inimigos ideológicos da “ordem liberal internacional” são
os movimentos de esquerda radical que vêem nela uma forma
de “imperialismo” e opressão
dos povos periféricos pelo “centro”, capitalista e imperialista.
As condições actuais – o
impacto da pandemia da Covid-19 nos Estudos e nas suas
relações – vieram pôr mais
barreiras ao entusiasmo liberalizante. Por um lado, perante a
crise, foi claro o comportamento dos países em favorecer os
seus cidadãos e a sua segurança. Estranho seria que fosse de
outro modo. E na questão crítica do combate à pandemia e
da vacinação, a União Europeia
deu provas de confusão e ineficácia, perante a rapidez com
que o Reino Unido e os Estados Unidos estão a proceder à
vacinação dos seus cidadãos.
O facto da ideologia nacionalista ser hoje dominante em
poderes como a China, a Índia
e a Rússia, vai, fatalmente, ter
consequências na ordem mundial. E mesmo nos Estados Unidos, e não só entre os eleitores
de Trump, a ideia de restrição
nas intervenções militares exteriores, e a preocupação de
recuperar uma certa capacidade
industrial e autonomia energética, estão na ordem do dia. A
anunciada saída do Afeganistão
parece confirmar esta política,
embora o crescendo verbal com
a Rússia, a propósito da Ucrânia, venha em contradição. E é
preciso ter cuidado e não brincar com o fogo, pois os grandes
conflitos do século XX vieram
por arrastamento de alianças.
Jaime Nogueira Pinto
A crise da ordem internacional liberal
10 | zambeze | opinião | Quinta-feira, 22 de Abril de 2021
| comercial |
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Quinta-feira, 22 de Abril de 2021 zambeze | 11
| centrais|
Hospital Central de Maputo
Pacientes continuam a buscar
socorro para problemas gástricos
Entre 50 e 60 porcento das consultas feitas nos Serviços de
Gastroenterologia no Hospital Central de Maputo (HCM), a
maior unidade de saúde do país, estão associadas à gastrite ou
distúrbio de perfuração abdominal, também conhecida por
dispepsia. Ou seja, cerca de seis em cada dez pacientes confirma-se padecerem de distúrbios relacionados com o estômago.
Apesar dos
medos relacionados com
a Covid-19,
que fazem
com que muitas pessoas não se
dirijam às unidades sanitárias,
os Serviços de Gastroenterologia continuam a receber um número considerável de pacientes.
Em entrevista ao Zambeze, a
especialista em gastroenterologia
Liana Mondlane deu a conhecer que existem pacientes com
gastrite ligeira e que têm a sua
vida normal. Para este grupo,
recomenda-se uma consulta de
controlo para mais tarde. No entanto, para os pacientes com crise
e dor abdominal o atendimento
é feito duas vezes por semana.
Liana Mondlane, actualmente
a desempenhar as funções de directora do Serviço de Gastro no
Hospital Central de Maputo, aponta que gastrite é uma inflamação
da camada superior do estômago,
mas também manifesta-se através
de desconforto abdominal ou sensação de estômago cheio, provocada, em algum momento, pelo
estado nutricional das pessoais.
De acordo com a especialista,
o número de pacientes que procuram ajuda médica no HCM é
satisfatório, mas no sentido de redução numérica por causa da disponibilização dos serviços noutros pontos da cidade e província
de Maputo. Com efeito, já há
serviços de gastroenterologia no
Hospital Provincial de Maputo e
Geral de Mavalane. Ambas as unidades sanitárias têm disponíveis
médicos especialistas para fazer
face a qualquer queixa relacionada com problemas de estômago.
“Se não procurar ajuda médica a gastrite pode evoluir para
úlcera, sangramento bocal, neste caso, o paciente apresenta
uma ferida dentro da cavidade
abdominal”, afirma a médica.
“Entretanto, se a úlcera não
for tratada o estômago passa a ter
contacto com a cavidade abdominal que não é normal, ou perfuração na parede do estômago,
e futuramente pode evoluir para
cancro do estômago”, explica.
Por outro lado, Mondlane diz
que existem dois tipos de gastrite: a aguda e a crónica. Em princípio, a aguda é provocada pelo
uso abusivo de medicamentos.
Esta tem a duração de seis meses. A crónica é aquela que se
manifesta por mais de seis meses.
Tratamento da gastrite
Segundo a especialista, o tratamento da gastrite compreende
num primeiro momento e quase
geralmente a mudança de hábitos
nutricionais. “Muitos de nós conseguimos controlar a gastrite com
a nossa maneira de comer, não ingerindo alimentos que vão irritar o
estômago”, explicou a especialista, acrescentando que existe alguma medicação que reduz a acidez
no estômago, assegurando a redução da dor que o paciente sente.
“Mas basicamente são usados
os liquidores da bomba de prótese e
hometrazole. Estes são os medicamentos que já conhecemos, amoquiselina, aracelinaˮ, explicou.
Soltar gases e posteriores
vómitos
Ainda de acordo com Liana
Mondlane, no que se refere a vómitos o que se pode dizer é que
um dos sintomas da gastrite é o
acúmulo de ar no intestino. “Porém, a pessoa pode ingerir pouca
quantidade de comida e no mesmo instante sentir que está farta ou
saciada. Isso geralmente acontece
quando a comida fica por muito tempo no estômago”, explica.
Sobre soltar gases, a médica
diz que um paciente com gastrite
tem acúmulo de ar na superfície
do intestino e tem pontada, dor superficial, arroto com frequência e
diarreias. A vontade desse paciente é soltar gases tanto na superfície oral como anal, tudo na perspectiva de esvaziar o estômago.
De acordo com a especialista, não se pode falar da gastrite sem mencionar a dispepsia,
que se diz ser um conjunto de
sintomas que afectam a supressão superior dos intestinos.
Acrescentou que a gastrite está
no meio da dispepsia, mas também
há outra entidade da doença chamada “refluxo gastro esofágico”.
No entanto, a fonte diz que a
condição da comida no estômago tem a sensação de voltar para
o esófago e posteriormente gera
outros sintomas no órgão, como a
acidez, mas também dá a sensação de um corpo estranho na garganta a irritar que não está a sair.
A fonte acrescenta que esse
sintoma corresponde a reacção da
acidez. Estes estão dentro da doença de refluxo gastro esofágico.
Segundo a médica, no geral,
o importante em questões gastro-
-intestinais é a abordagem que se
deve fazer sobre a componente
alimentar e nutricional de cada
pessoa, frisando que as pessoas
devem levar e obedecer uma dieta regrada e saudável para evitar
a gastrite. “Quando se notar um
problema do estômago o melhor
é procurar os profissionais de
saúde e não fazer auto- medicação”, aconselha a especialista.
Alimentos que devem entrar na
lista das restrições
Segundo a nutricionista Cesaldina Ibrahim, afecta no Hospital Geral de Mavalane, na
cidade de Maputo, na abordagem da gastrite deve-se evitar
o jejum prolongado, mastigar
bem os alimentos, evitar beber
líquidos junto das refeições, principalmente ao almoço e jantar.
É também importante evitar
refrigerantes e bebidas alcoólicas,
por serem irritantes na mucosa
gástrica. O mesmo se aplica aos
alimentos concentrados, como o
doce de leite, chocolate e alimentos de preparações gordurosas,
como frituras e alimentos picantes.
Para Ibrahim, as frutas cítricas
Crizalda Vilanculos
12 | zambeze Quinta-feira, 22 de Abril de 2021
| Centrais|
também são desaconselhadas, a
exemplo da laranja, limão, tangerina, ananás, uvas. No entanto, até
pode-se consumir, mas as quantidades devem ser muito reduzidas,
não devendo ser com frequência.
Outrossim, a pessoa deve
alimentar-se de três em três horas.
Alimentos ideais
Segundo a nutricionista, o
paciente que padece de gastrite
pode comer bolachas não cremosas, chá (ajuda na digestão)
e beber muita água. No geral,
deve optar pelo consumo de
produtos naturais, a exemplo de
verduras, brócolos, cenoura, batata-reno, batata-doce, beterraba. Mas toda a dieta requer controlo e moderação nutricional.
Na rua para ouvir o público
Zaida Muchanga diz que sofre de dor de estômago há 10
anos. Por muito tempo ficou
sem saber a que se deviam essas dores. Sempre que comesse
alguma coisa sentia dores estranhas, particularmente se fosse
em grandes quantidades. Por
muitas vezes soltava gases, tanto por via anal assim como oral.
“Em conversas com pessoas mais próximas falei das
dores estranhas que tinha na
boca do estômago e fui dito que
se tratava de gastrite”, afirma.
Acrescentou que há dois
anos adoeceu e procurou a ajuda dos profissionais da saúde,
tendo sido submetido a vários
exames e acabou sendo comprovado que sofria de gastrite.
E de acordo com os exames realizados, foi lhe receitado 10 Camurcinas e 40 Amoxilinas. O tratamento tinha a
duração de três meses, mas mesmo assim as dores continuavam.
No ano passado procurou de
novo a ajuda médica, onde foi
diagnostica uma bactéria que era a
origem das dores que sentia. “Então, o médico aboliu todos os medicamentos que eu vinha tomando porque não tinham nada a ver
com as dores que sentia”, explica.
A fonte diz que o médico receitou alguns medicamentos que
conseguiu ter acesso numa farmácia do sector privado, tendo tomado a medicação mas as dores não
passavam. Depois foi obrigada a
ir ter com um médico particular.
“O médico pediu para ver os
comprimidos que estava a tomar e
notou que esses medicamentos não
eram os prescritos pelo meu médico. Tinha havido uma falha por
parte dos farmacêuticos”, explica.
Zaida diz que fez várias junções de medicamentos que não tinham nada a ver com o que vinha
sentindo, acrescentando que já
teve uma barriga grande por causa
da gastrite e sempre soltava gases.
“Sabe, eu passei mal e às
vezes tinha vontade de ir a casa
de banho, mas só soltava gases. O médico aconselhou a
não comer tomate, limão, feijão e outras coisas”, frisou.
A nossa entrevistada aponta que, apesar da melhoria,
sofre efectivamente de uma
gastrite crónica e está a fazer a medicação, mas mesmo
assim não resulta em nada.
Relata situações de às vezes sentir na garganta a presença de um corpo estranho,
não conseguindo dormir. Tem
dores nas articulações e outras
situações que não sabe explicar.
Outro paciente que encontramos no Serviço de Gastroenterologia do Hospital Central
de Maputo falou connosco na
condição de anonimato.Diz que
sofre de gastrite crónica há seis
anos, mas no início não tinha a
ideia de que fosse gastrite. Sentia muitas pontadas e não conseguia alimentar-se com perfeição.
Afirma que a mãe o aconselhou a procurar ajuda médica e foi diagnosticado gastrite, estando agora a medicar
e sente que há melhorias.
Acrescentou que na sua
família quase todos sofrem
de gastrite e nesta situação a
regra é tentar seguir ao máximo possível as recomendações alimentares, evitando
consumir produtos ácidos.
Diz ter feito um grande
esforço no sentido de cortar
definitivamente alguns hábitos que não se compadecem
com a doença, tendo até deixado de fumar e beber álcool.
“Mesmo os meus amigos
não acreditam que deixei esses
hábitos. Dizem que estou a gozar
com eles, mas eu sei e não preciso de provar a ninguém. A saúde é minha”, relatou o paciente.
Outro aspecto que o nosso
entrevistado aponta tem a ver
com o desleixo que se nota em
algumas pessoas que apresentam sintomas ou sinais de gastrite. “Eles afirmam que existem
doenças piores, mas a gastrite
não pode levar alguém a procurar pela ajuda médica. Mas quem
sofre de gastrite sabe o quão dói
ficar sem dormir e com tantas
dores sem justificação”, disse.
Acrescentou que no início
também não levou a sério a doença, tendo percebido a gravidade quando ficou duas semanas
acamado. “Aconselho as pessoas a procurar os profissionais
da saúde para poder ter ajuda.
Esta doença se não for tratada
provoca outras enfermidades
mais complicadas”, concluiu.
Quinta-feira, 22 de Abril de 2021 zambeze | 13
14 | zambeze | nacional |
Há pessoas destacadas nas igrejas mas com
práticas que não são de espiritualidade
Afirma espírita criadora do “Espaço Quântico”
Cecília Isabel Guambe, de nome artístico Cisabel, de 46
anos de idade, natural de Maputo e residente na Matola,
é formadora do ensino técnico-profissional e educacional,
estando na área de educação há cerca de 20 anos e no ensino
técnico há oito. Além de educadora, Cisabel é uma mulher
empreendedora e espírita.
Espaço Quântico” é um
projecto criado por Cecília
Guambe, estando em acção a sensivelmente um mês. Espaço quântico é
definido como o bem-estar da
pessoa, como a pessoa quer viver, fazendo o bem ou o mal.
Cisabel entra no mundo da espiritualidade há um
ano, quando passa por situações difíceis na sua vida,
onde sozinha não conseguiria
se erguer, daí que começa a
frequentar cursos terapêuticos para o seu bem-estar.
Segundo Cisabel, espiritualidade não tem nada a ver com
práticas tradicionais, espíritos
tradicionais ou com a religião,
que é o que muitos acreditam ou dizem, mas sim com o
equilíbrio mental, espiritual e
emocional de qualquer pessoa.
Tem a ver com o bem-
-estar, com a prática do amor
ao próximo, do perdão, da
empatia, da gratidão com a
prática de quem se conecta
com seu Deus. Não importa que Deus, desde que seja o
Deus que a pessoa crê. “Espiritualidade é fazer bem a si, ao
outro e ao mundoʺ, enfatiza.
A fonte diz que há pessoas
religiosas e que ocupam cargos
de relevo nas igrejas mas que
as suas práticas não têm a ver
com a espiritualidade. Essas
pessoas, diz a fonte, pregam a
palavra de Deus, no entanto,
“não conseguem colocar-se
no lugar do outro, não conseguem perdoar, não sabem agradecer. E existem pessoas que
não fazem parte de nenhuma
ceita religiosa mas são pessoas evoluídas espiritualmente”.
Os cursos terapêuticos
feitos por Cisabel despertaram a atenção dela para a
criação do Espaço Quântico.
“Espaço Quântico. Atribuí
esse nome porque trata-se da ciência quântica, da física quântica (que é o poder da pessoa
co-criar, é o poder da pessoa
acreditar em si, o poder de desligar-se das crenças limitantes).
Essa física/mecânica quântica
ensina-nos que podemos mudar
as situações que não nos fazem
bem, como o caso das crenças
limitantes, usando o poder da
nossa própria mente, acreditando em nós, crendo no Deus
que existe dentro de nós”, disse a fonte, acrescentando que
na física quântica o universo é
energia, nada é estático, tudo
está em constante movimento.
“Nós somos feitos de pequenas partículas, que pertencemos ao cosmo, ao universo,
à natureza. Somos parte da
natureza e o universo/natureza
é Deus, o que significa que somos parte de Deus, somos a semelhança de Deus. Temos Deus
dentro de nós e não importa
qual Deus a quem você acredita”, aludiu Cecília Guambe.
Início do projecto
O projecto Espaço Quântico, segundo a nossa entrevistada, nasceu no exterior e rapidamente invadiu o país inteiro.
“Com os cursos online que
fiz e faço pude fazer amizades
com pessoas estrangeiras de
diferentes países, e a partir das
amizades construídas formamos o Grupo Lei de Atracção.
Conversávamos sobre as nossas vidas, ajudávamo-nos uns
aos outros, até que certo dia
alguém do grupo partilhou o
livro The Magic, que conta alguns exercícios diários sobre a
gratidão e surgiu a ideia de que
devíamos praticar os exercícios
em conjunto”, conta a fonte.
Acrescentou que “já estou no exercício dez, e alguns
membros de grupo falaram do
meu dom, disseram que podia
orientar o grupo, fazer vídeos
para o youtube uma vez que
estava adiantada e tinha vocação para tal e apoiaram-me. Foi
daí que começou o trabalho no
exterior, orientando um grupo
de pessoas de diferentes lugares e vi que podia partilhar essa
experiência no meu país com o
intuito de ajudar as pessoas a
saírem da ignorância e buscarem a verdade, tal como Jesus”.
Cisabel diz que numa primeira fase foi complicado o
trabalho que fazia, porque devia praticar seus exercícios,
orientar ao grupo internacional outros exercícios, e para
o grupo nacional mais outros,
isso porque os grupos estavam em fases diferentes, não
deixando de trás o youtube.
Falando do Espaço Quântico, a empreendedora cita
alguns princípios da física
quântica. “Primeiro, os seus
pensamentos criam a sua realidade. Segundo, no universo
há infinitas possibilidades, o
que quer dizer que existem mil
e umas oportunidades na nossa
frente e que as oportunidades
são pequenas partículas, mas o
que acontece é que nos agarramos a uma oportunidade e não
conseguimos ver as outras que
estão à nossa volta. Terceiro,
o olhar do observador modifica o objecto observado, por
exemplo, se alguém olha para a
sua própria vida e afirma que a
sua vida é próspera e abundante é que a pessoa vai começar
a ter pensamentos prósperos e
que possam atrair a sua vida
à abundância, e no momento
em que a pessoa conforma-se
com a sua vida tudo ficará na
normalidade, não será próspero porque ela limita-se”.
O objectivo do Espaço
Quântico, diz a fonte, é de despertar a mente humana, as pessoas aprenderem a encarar os desafios da vida com amor e gratidão.
“Há pessoas que mesmo em
meio a um problema pensam
que estão no fundo do poço,
mas é por falta de gratidão
que se sentem assim, porque
qualquer que seja o problema
que estamos a enfrentar aprendemos alguma coisa, então,
o nosso grande problema é
focarmo-nos no problema em
si, por isso não conseguimos
ver o que aprendemos daquele
problema, e na maioria das vezes o problema vem de forma
repetitiva porque não vibramos
na positividade, apenas vibramos na negatividade”, afirma.
Bom coração, boas acções
Cisabel entende que um
coração livre de mágoas e
com gratidão capitaliza boas
coisas, e por isso aconselhaꓽ
“cultive o seu jardim para que
as borboletas venham pousar”, na tentativa de explicar
que a pessoa deve cultivar o
amor, a paz, gratidão no seu
coração e que tudo o resto virá
por acréscimo, explicando isso
com recurso às leis da física.
O mergulho da gratidão no
oceano foi a primeira actividade a ser praticada no Espaço
Quântico, num período de 28
dias. De seguida foi a actividade com a designação “perdão”,
que ocorreu por três dias. Essas
práticas são tidas como o alicerce para desenvolver a espiritualidade. Além dessas actividades
existem as leis do universo que
são excelentes para servir de
ferramentas no seu dia-a-dia.
Segundo ela, o Espaço
Quântico não tem público-alvo
específico, abrange qualquer
tipo de pessoa. Não se olha
para a idade, cor, raça, género,
religião ou cultura. “Jesus foi
um mestre que ascendeu em
vida e acreditamos no poder
dele. Apesar de Jesus não ter
criado nenhuma religião, ele
transmitia uma mensagem de
amor e compaixão para a Humanidade. Jesus não pertenceu
a nenhuma seita religiosa”.
Cisabel pretende ampliar
o projecto por ser um espaço
onde se pode falar de coração
aberto para o coração. “É falando de coração e abrindo-
-nos que conseguimos ajudar
uns aos outros. Na maioria das
vezes temos tido problemas e
pensamos que as outras pessoas não têm problemas, quando na verdade essas pessoas
enfrentam maiores problemas
que os nossos. No entanto,
se falarmos de coração, com
respeito e empatia podemos
ajudarmo-nos uns aos outros”.
Para além de ampliar o projecto, Cisabel pretende tornar
o Espaço Quântico em lugar
físico, pois agora o trabalho
é digital. “Espaço Quântico
já existe e é real, por enquanto o trabalho é digital mas futuramente criará um espaço
físico. Estou empenhada em
ajudar a sociedade e principalmente as mulheres”, afirma.
“O projecto não tem fins
lucrativos porque o objectivo
é ajudar as pessoas e elas não
pediram para serem ajudadas.
É uma forma de cumprir com a
minha missão na terra. O comprometimento comigo mesma.
Sou professora e tenho de honrar com a minha profissão, mas
isto custa-me um pouco caro
Sónia Maxie
14 | zambeze Quinta-feira, 22 de Abril de 2021
| nacional |
Matrículas para 2021
A Escola Comunitária Luís Cabral- ECLC, informa aos alunos, pais, encarregados de educação e ao público em geral, que ainda tem vagas para matricular
novos ingressos da 7ª, 8ª, 9ª, 10ª, 11ª e 12ª classe
por um valor acessível.
Podendo obter mais informações na secretaria daquela escola, sita na sede do
bairro Luís Cabral, entrando a partir da Junta ou Maquinague ou contactar através
dos telemóveis: 847700298 ou 826864465 ou ainda 871232355.
OS ALUNOS DAS CLASSES TERMINAIAS,
FAZEM EXAMES NA PRÓPRIA ECLC
Comercial
porque não durmo para poder
honrar com os compromissos.
Outro desafio é de ainda
não estar familiarizada com as
tecnologias, mas aos poucos estarei lá. A título de exemplo, a
primeira vez que fiz a live tivemos de usar um computador e
foi muito difícil. Levamos dois
dias para aceder a live. Mesmo
no próprio dia acabei aplicando
a técnica de magia da gratidão e
disse vai dar tudo certo, e de facto aconteceu. A falta de Internet
também compromete, pois há
dias em que a rede oscila”, disse.
O Espaço Quântico tem
um retorno positivo, porém
há falta de interacção ou comunicação entre as pessoas, o
que faz parte da nossa cultura.
“Posso ter um grupo de 50
pessoas e só interagirem cerca de 2-5 pessoas, portanto em
Moçambique. Quando estava a
trabalhar com pessoas de fora o
cenário era outro e gostei porque tinha sempre o feedback.
Para além disso, alguns preferiam interagir no privado. É
importante que haja interacção
entre as pessoas, esperando tudo
delas, mesmo se for um feedback negativo, o que será bom
para mim porque irei aprender de forma positiva”, afirma.
A física quântica ensina a não
criticar, não julgar, mas respeitar
a opinião ou o que outro faz,
porque só o facto de a pessoa ter
feito o trabalho é porque pensou
e fez um esforço, dedicou o seu
tempo, então há necessidade de
respeitar e valorizar cada esforço.
“Gostaria que toda a Humanidade pudesse sair da ignorância para o nosso próprio
bem, para o bem do Planeta
Terra. Endereço a minha bênção à província de Cabo Delegado que vive um momento
de dor, de luto e de incertezas,
e emano a minha energia de
gratidão pela paz que tanto a
população clama”, concluiu.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES),
através do Instituto de Bolsas de Estudo (IBE), rubricou sexta-feira,
dia 16 de Abril corrente, um acordo de cooperação técnica com a
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
(UNILAB), instrumento que vai permitir a formação superior de 150
moçambicanos em diversas áreas do saber.
De acordo com o
ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior, Daniel
Nivagara, o memorando possibilitará a formação de moçambicanos nos níveis de graduação e
pós-graduação, reforçando a implementação do Programa Quinquenal do Governo (PQG 2020-2024).
Na sua alocução, Nivagara
anotou com satisfação o facto de a
parceria entre o IBE e a UNILAB
possuir um horizonte temporal de
5 anos, período de vigência que
acompanhará a implementação integral do PQG 2020-2024, o que
possibilitará maiores condições para
a formação de capital humano moçambicano de elevada qualidade.
Segundo o ministro, o acordo irá contribuir para a melhoria da implementação das actividades de ensino, investigação e
extensão universitária, bem como
a internacionalização das Instituições de Ensino Superior (IES).
Outrossim, o acordo prevê igualmente conceder bolsas de estudo aos
Cento e cinquenta moçambicanos vão
beneficiar de formação superior no Brasil
moçambicanos aprovados em processos
selectivos da UNILAB para frequência nos
níveis de graduação e pós-graduação, promover a actividade de pesquisa científica e
estimular a mobilidade académica envolvendo discentes, docentes e técnicos administrativos da UNILAB e IES moçambicanas.
Intervindo por ocasião da assinatura do acordo, a vice-reitora da UNILAB,
Cláudia Carioca, referiu que Moçambique é o primeiro país parceiro a participar no projecto de formação de moçambicanos promovido pela UNILAB.
“Moçambique inaugura um novo
movimento de países africanos que fazem parte do processo de busca de formação para o desenvolvimento dos seus
países”, sublinhou Cláudia Carioca.
Por sua vez, o embaixador do Brasil
em Moçambique, Carlos Puente, afirmou
que a assinatura do acordo junta-se a outras iniciativas que o Brasil e Moçambique vêm estabelecendo na área do ensino.
Num outro desenvolvimento, o ministro
orientou o IBE a proceder à divulgação massiva, à escala nacional, das oportunidades
de formação, por forma a que o acesso em
termos de regiões geográficas do país, género, áreas de formação e estratos sociais seja
equitativo. Daniel Nivagara salientou a necessidade de garantir oportunidades de formação aos moçambicanos, tendo em estreita atenção as políticas e áreas prioritárias de
desenvolvimento definidas pelo Governo.
Na ocasião, exortou o IBE a dedicar
especial atenção às oportunidades para
concessão de bolsas de estudo para áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia
e Matemática (STEM), por serem áreas
de formação estratégicas para a indução
do desenvolvimento nacional e promoção da harmoniosa inserção na era digital.
Quinta-feira, 22 de Abril de 2021 zambeze | 15
Onde o negócio s e r e e nc o ntra
No leito do grande rio
Nacala Logistics forma jovens de
Monapo em construção civil
Governo compromete-se a
continuar aprimorar políticas fiscais
O Governo moçambicano
compromete-se a continuar a
aprimorar as políticas fiscais, monetárias e sectoriais, bem como a
investir em infra-estruturas de logística e na melhoria do acesso e
da qualidade de energia eléctrica
com vista a promover a industrialização no país, estimulando
dessa forma a produção nacional e a substituição das importações, o que irá concorrer para
a diversificação da economia.
Esta garantia foi dada na
segunda-feira, 19 de Abril, pelo
Primeiro-ministro Carlos Agostinho do Rosário, na cerimónia de
abertura do “Seminário Económico”, organizado pelo Ministério
da Indústria e Comércio, com o
objectivo de reflectir sobre os mecanismos da industrialização no
país, bem como colher subsídios
para o aprimoramento da Estratégia Nacional de Industrialização.
Conforme explicou CarA Nacala Logistics financiou a formação de 50 jovens em construção civil no distrito de Monapo, em Nampula. A formação, ministrada pela
Tecnicol, era dirigida exclusivamente aos jovens residentes em Monapo.
Ocurso teve a duração de seis meses e
inclui os módulos
sobre Saúde e Segurança, Língua Portuguesa, Matemática e Gestão de Negócios.
Na cerimónia de graduação, que decorreu no dia 09 de Abril, todos os formandos receberam kits de auto-emprego. Cada kit é composto por colher de
argamassa, carrinho de mão, pá, máquina para o fabrico de blocos, balde de pedreiro, marreta, nível de bolha e martelo.
Falando durante a cerimónia de
graduação, o Gerente de Relacionamento com as Comunidades da Nacala Logistics, Celso Mutadiua, afirmou
que a iniciativa assegura aos recém-
-graduados um diferencial competitivo
na procura de enquadramento nas empresas da região, e, ao mesmo tempo,
garante uma fonte de auto-emprego.
“Esta formação visa proporcionar aos jovens de Monapo uma qualificação profissional de qualidade, para melhor acesso ao mercado
de trabalho”, sustentou Mutadiua.
O administrador de Monapo, Américo Assane Adamugi, sublinhou que o
distrito precisa destes técnicos. “Nos últimos dias temos notado o aumento de
pedidos para a construção de infra-estruturas com recurso a material convencional. Por isso recomendo-vos a aproveitarem estas oportunidades, aplicando
o conhecimento adquirido”, advertiu.
Por seu turno, o director da Tecnicol Moçambique, Rui Tembe, sublinhou que “os participantes do curso de
Construção Civil foram criteriosamente seleccionados”. Além de conceder
uma formação consistente o curso vai
abrir horizontes para o empreendedorismo, porque a natureza desta profissão permite que os graduados possam
trabalhar por conta própria”, referiu.
Talilo Essiaca, um dos recém-
-graduados, considerou que a formação vai permitir que sejam excelentes
pedreiros. “Sentimo-nos à altura de
competir com qualquer pedreiro. Agora queremos ganhar experiência”, destacou o representante dos formandos.
Com esta graduação, a Nacala Logistics encerra o ciclo de formação dos
100 jovens de Nampula e Niassa, nas
áreas de Construção Civil e Electricidade, iniciado em Fevereiro do ano passado, no âmbito do Programa de Preparação para o Mercado de Trabalho,
cujo objectivo é formar jovens que residem ao longo do Corredor de Nacala.
A empresa garante que vai continuar a apostar na formação da juventude,
por acreditar que, desta forma, contribui para o desenvolvimento do país.
los Agostinho do Rosário, ao
priorizar a industrialização o
Governo pretende criar condições para que o país aumente a
produção de produtos manufacturados de maior valor acrescentado e deixe de depender da
produção de produtos primários.
Pretende ainda criar oportunidades para o aumento da
exportação de produtos manufacturados, assim como para a
substituição das importações
destes produtos, gerando ganhos
e poupança em moeda externa.
“Acreditamos que, ao promover a industrialização, estaremos
a diversificar a nossa economia,
a dinamizar a transformação
local dos recursos naturais, assim como a gerar mais oportunidades de emprego e renda,
sobretudo para jovens e mulheres”, disse o Primeiro-ministro.
Para o alcance deste desiderato, segundo Carlos Agostinho do
Rosário, o Governo tem concebido e implementado iniciativas de
política económica visando o desenvolvimento da cadeia de valor
de diferentes sectores, com destaque para os da agricultura, pescas,
recursos minerais e florestais.
No sector da agricultura, por
exemplo, “temos vindo a apostar no agro-processamento de
modo a fortalecer as ligações
entre este (sector) e a indústria,
contribuindo para a redução de
perdas pós-colheita e melhorando a conservação e a qualidade dos produtos agrários”.
Relativamente ao processo
de aprimoramento da Estratégia
Nacional de Industrialização, o
Primeiro-ministro explicou que
o mesmo visa dinamizar o sector,
vital para a diversificação e crescimento da economia. “Temos
como objectivo primordial assegurar o realinhamento do processo de planeamento estratégico e
operacional em torno da industrialização. Pretendemos assegurar
que haja maior eficácia nas nossas intervenções, através de uma
abordagem holística e integrada,
com a identificação das acções
concretas que cabem a cada um
dos intervenientes dos diferentes sectores (público e privado)”.
Por seu turno, o ministro da
Indústria e Comércio, Carlos
Mesquita, referiu que o seminário, que decorreu sob o lema
“Industrialização Integrada: Alinhamento Estratégico e Operacional”, enquadra-se nos esforços
do Governo com vista ao cumprimento dos objectivos do Plano
Quinquenal do Governo 2020-
2024, concretamente no que diz
respeito ao desenvolvimento
económico e social do país, através da transformação e modernização do modo de organização da produção e do comércio.
“Pretende-se que se faça
uma abordagem integrada sobre
o desenvolvimento industrial,
colhendo pontos de vista de
empresários, gestores públicos
e privados sobre os factores
determinantes para o processo de crescimento económico,
com foco na melhoria da articulação entre vários sectores e
níveis de decisão, capacitação
dos recursos humanos, melhoramento das infra-estruturas
de energia e de transporte, bem
como na mobilização estrutural de financiamento privado”.
Onde o negócio s e r e e nc o ntra
No leito do grande rio
“O Governo vai continuar a reforçar o Fundo Rotativo
de Comercialização Agrícola (FRCA) e a contar com a parceria de instituições financeiras”, declarou o Primeiro-ministro
Carlos Agostinho do Rosário, durante as cerimónias centrais do lançamento da Campanha de Comercialização Agrícola 2021, realizada dia 16 de Abril, em Chongoene, Gaza.
Oacto foi enr i q u e c i d o
com a iniciativa dos
gestores da
Linha de Crédito à Comercialização Agrícola (LCCA) financiarem três comerciantes a
operar em Cabo Delgado, Tete
e Gaza, num montante global de 11 milhões de meticais.
A LCCA é um instrumento do FRCA financiado e gerido pela Gapi e pelo Instituto
de Cereais de Moçambique
(ICM) que, até ao momento,
concedeu créditos a 167 comerciantes rurais na ordem
dos 230 milhões de meticais.
A importância da actuação
desta parceria ICM-Gapi foi
reconhecida pelo Primeiro-
-ministro, que exortou “para
que mais intervenientes se
beneficiem e a actividade de
comercialização agrícola permita a compra de grande parte da produção nos campos”.
A cerimónia realizou-se
sob o lema “Comercialização
agrícola dinamizadora do agro-
-negócio e industrialização”
e contou ainda com a presença do ministro da Indústria e
Comércio, Carlos Mesquita.
Os três comerciantes financiados no acto representam a
atenção que a LCCA presta a
diferentes regiões do país, nomeadamente Cornélio Seta
de Balama, em Cabo Delgado, Jacob Paulo Benjamim,
de Angónia, Tete, e Celina
Manhique de Chibuto, Gaza.
Adolfo Muholove, presidente da Comissão Executiva (PCE) da Gapi, referiu que
“estes beneficiários são parte
de 167 que, ao longo de todo
o país e desde que lançámos a
LCCA, já receberam cerca de
230 milhões de meticais, que
possibilitou a comercialização
de cerca de 55.000 toneladas
de produtos diversos, com destaque para milho, gergelim, feijões, soja, amendoim, arroz e,
recentemente, castanha de caju”.
Muholove destacou a necessidade do reforço desta linha para que a actividade de
comercialização se torne mais
abrangente e impactante. “Esta
linha tem um sucesso visível e
contribui para a inclusão financeira, económica e social dos
intervenientes, sendo um dos
principais indicadores do seu
sucesso a taxa de reembolso
do crédito, que está na ordem
dos 98%. Os números são ainda pequenos se considerarmos
o universo das necessidades,
mas o nível de eficiência e os
resultados até aqui alcançados
nos dão certeza de que este é o
caminho a seguir”, sustentou.
O ICM reconhece e enaltece
o bom desempenho da LCCA
ICM e Gapi dinamizam cadeia de
comercialização agrícola
Portadores de cartões de crédito Executive e Private do
Standard Bank com acesso exclusivo ao Flamingo Lounge
Os portadores de cartões de
crédito Executive e Private do
Standard Bank já podem ter acesso exclusivo ao Flamingo Lounge, um espaço VIP existente nos
aeroportos nacionais, para lazer
e negócio antes do embarque,
bem como durante as escalas.
Durante a sua estadia no
Flamingo Lounge, os clientes
do Banco terão acesso a lanches, bebidas e internet gratuita.
Os clientes poderão beneficiar, também, do Centro de
Negócios, meios de entretenimento, entre outros, desde
que apresentem o cartão de
embarque, para além do cartão de crédito Executive ou
Private do Standard Bank.
A oferta destes benefícios
resulta de uma parceria entre
o Banco e a empresa NL Índico e enquadra-se na estratégia
de serviço do Standard Bank,
que coloca em primeiro lugar a satisfação dos clientes.
Os mesmos juntam-se a uma
imensa lista de benefícios associados aos cartões de crédito, entre os quais destaca-se o seguro
de viagem, seguro de compras,
Lounge Key, que consiste no
acesso a mais de 800 lounges
em aeroportos em todo o mundo.
e convida mais parceiros para
que o reforcem. Para Mohamed
Valá, director deste Instituto Público, “embora tenha ainda poucos recursos é inegável o impacto significativo no meio rural,
com o real acréscimo da renda
familiar. Esperamos poder expandir o fundo, com a adesão de
outros intervenientes para servir
o objectivo principal que é dotar
os comerciantes de capacidade
técnica e financeira para comprarem os excedentes agrícolas
e, consequentemente, dinamizar
esta actividade e, simultaneamente, alimentar a indústria”.
No evento foi revelado que
uma das razões para o bom
desempenho da LCCA é a metodologia de intervenção integrada que a Gapi implementa,
na qual combina serviços financeiros com a capacitação e
assistência técnica dos beneficiários, para melhorar as suas
capacidades de gestão, porque
- conforme destacou Adolfo
Muholove- “não basta dar crédito, é preciso reforçar a capacidade de gestão e actuação dos
operadores e vincar o facto de
que crédito é responsabilidade e deve ser reembolsado”.
Quinta-feira, 22 de Abril de 2021 zambeze | 17
| economia|
Moza Banco alcança Break Even quatro anos após
a intervenção do Banco de Moçambique
Moçambique registou uma
inflação de 0,86 porcento
Em Março
Os dados recolhidos pelo Instituto Nacional de Estatística
(INE), ao longo do mês de Março último, nas cidades de Maputo, Beira e Nampula, quando comparados com os do mês
anterior, indicam que o país registou uma inflação na ordem
de 0,86%. A divisão de Alimentação e bebidas não alcoólicas
foi a de maior destaque, ao contribuir no total da variação
mensal com cerca de 0,55 pontos percentuais (pp) positivos.
No entanto, ao
desagregar
a variação
mensal por
produto, importa destacar o aumento dos
preços do tomate (6,2%), da
cebola (10,2%), do frango morto (3,8%), do ensino primário
do 1º grau particular (13,4%),
de veículos de automóveis ligeiros em segunda mão (1,8%)
de refeições completas em
restaurantes (0,6%) e de repolho (15,4%). Estes dados
contribuíram no total da variação mensal com cerca de 4,7
pontos percentuais positivos.
No entanto, ao desagregar
a variação mensal por produto
importa destacar o aumento dos
preços do tomate (6,2%), da cebola (10,2%), do frango morto
(3,8%), do ensino primário do
1º grau particular (13,4%), de
veículos automóveis ligeiros
em segunda mão (1,8%), de
refeições completas em restaurantes (0,6%) e do repolho
(15,4%). Estes contribuíram
no total da variação mensal
com cerca de 0,47pp positivos.
Contudo, alguns produtos, com
destaque para o coco (4,9%)
e a batata-reno fresca (6,0%),
contrariam a tendência de aumento, ao contribuírem com
cerca de 0,06pp negativos.
Durante o primeiro trimestre do ano em curso, o
país registou um aumento de
preços na ordem de 3,42%.
As divisões de Alimentação
e bebidas não alcoólicas e de
Habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis
foram as de maior destaque
na tendência geral de subida de preços, ao contribuírem
com cerca de 2,40pp e 0,41pp
positivos, respectivamente.
Desagregando a variação
acumulada por produto, importa destacar a subida dos preços
do tomate, do carvão vegetal,
do peixe seco, do óleo alimentar, do coco, da alface e do
amendoim. Estes participaram
com cerca de 2,04pp positivos
no total da variação acumulada.
Relativamente a igual período do ano anterior, o país
registou no mês em análise um
aumento de preços na ordem de
5,76%. As divisões de Alimentação e bebidas não alcoólicas e
de Bebidas alcoólicas e tabaco
foram em termos homólogos as
que registaram maior variação
de preços, com cerca de 12,65%
e 8,36%, respectivamente.
Variação por cidade
Desagregando a variação
mensal pelos três centros de
recolha, que servem de referência para a inflação do país,
nota-se que as três cidades tiveram níveis equiparados de
No exercício de 2020, o
Moza Banco obteve um resultado líquido positivo de 146
milhões de meticais contra
776 milhões de meticais negativos em 2019, consolidando
a sua posição de Banco referência no sistema financeiro
moçambicano e reforçando
a confiança dos seus clientes e demais stakeholders.
O resultado apurado
foi apresentado pelo Conselho de Administração no
passado dia 20 de Abril,
na Assembleia-Geral ordinária do Banco, onde os
accionistas aprovaram o
Relatório de Gestão e as Demonstrações Financeiras referentes ao exercício de 2020.
Apesar do contexto adverso, o Banco manteve o
seu registo de recuperação
e crescimento, fruto da confiança que os clientes e o
mercado têm vindo a reafirmar em relação à sua actividade e desempenho. Esta
parceria, que tem vindo a ser
consolidada com os demais
stakeholders do Banco, ficou evidenciada nos índices
de crescimento que o Banco
apresentou relativos à sua actividade durante o exercício
em apreço – crescimento do
seu activo em 14%, crescimento dos recursos em 20%,
e um ligeiro crescimento da
carteira de crédito em 1%.
Esta trajectória estratégica, que tem vindo a ser desenvolvida nos
últimos 3 anos e meio,
após uma profunda reestruturação operacional, saneamento financeiro e reconfiguração da estrutura de capital
- resultante da intervenção
do Banco Central - fica agora
ainda mais bem ilustrada com
o alcance do seu Break Even.
Ano 2020 fecha com resultado líquido de 146 milhões de meticais
variação de preços, onde a
cidade de Nampula registou
cerca de 0,89%, seguida da cidade da Beira com aproximadamente 0,88%, e por último a
cidade de Maputo com 0,82%.
Comparativamente à variação acumulada, a cidade
da Beira teve a maior subida do nível geral de preços
com 4,85%, seguida das cidades de Maputo com 3,43%
e de Nampula com 2,36%.
Em relação à variação homóloga, a cidade da Beira liderou a tendência de aumento do
nível geral de preços com aproximadamente 6,96%, seguida
da cidade de Nampula com
cerca de 6,05%, e por último a
cidade de Maputo com 5,19%.
18 | zambeze Quinta-feira, 22 de Abril de 2021
| economia|
Afirma o presidente das pequenas e médias empresas:
Estamos numa situação de
salve-se quem puder
Helena Manjate dedica-se a assar pedaços de frango, vulgo “espetada”. A sua jornada inicia no período nocturno,
por considerar-se um período com maior fluxo de clientes,
sobretudo os consumidores de álcool. Mas o recolher obrigatório e encerramento das barracas obrigou a mudança de
rotina de Helena e suas colegas. É que vender “espetada” no
período matinal ou vespertino não tem sido fácil e a limitação do horário contribui para o aumento do custo de vida. “Éu m a
situ -
a ç ã o
d e -
m a -
siado caótica”, no entender do
presidente da Associação das
Pequenas e Médias Empresas,
Feito Tudo Mal, o qual sublinha que o interesse da agremiação não está apenas em
olhar para as empresas com
documentação como alvará
ou certidão, mas estende-se às
pequenas iniciativas que têm
sido geradoras de ocupação aos
vários moçambicanos no país.
O cenário das micro, pequenas e médias empresas é
tão dramático e a percentagem
aponta que cerca de 98% das
pequenas e médias empresas
ficaram afectadas em consequência das várias intempéries económicas que assolam
o sector desde o ano de 2015.
“Estamos numa situação
de salve-se quem puder”, desabafou Feito Tudo Mal, para
quem as micro, pequenas e
médias empresas tudo fizeram
para sobreviver às várias situações que assolam a economia
do país, mas mesmo assim as
coisas continuam a agravar-se.
“A Covid-19 encontrou-
-nos em contra-pé e os vários
sectores de actividade não estavam preparados para uma
situação dessa natureza”, disse a fonte, para quem era impensável que as refeições fossem adquiridas via on-line.
As vendas on-line, segundo Feito Tudo Mal, eram observadas sob ponto de vista de
mercadorias de grande porte,
como por exemplo carros e
máquinas pesadas. “Porém,
a Covid-19 ensinou-nos uma
outra forma de viver e o sector do turismo, sobretudo a
área de restauração, procurou
e está a conseguir reinventar-
-se nesse novo contexto”.
Feito Tudo Mal reconhece as estratégias desenhadas
pelo Governo para salvar a
classe dos pequenos e médios
empresários, contudo anota que a demanda da pandemia é maior que a realidade
do mercado. “Estamos habituados a fazer o negócio do
fim do dia”, sublinha Mal.
O recolher obrigatório, segundo Feito Tudo Mal, tende a
sobrecarregar mais o custo de
vida das pessoas, uma vez que
estas sobrevivem do lucro diário e as restrições acabam afectando todo o tecido empresarial, aliás, um estudo do IGEPE
conclui que cerca de 75% do
PIB é assegurado pelas PMEs.
Ora vejamos: o número
de desempregados quase que
rebentou às costuras e as pequenas iniciativas, como estabelecer uma banca dentro
de casa, quase acabam não
respondendo às dificuldades
da família, “aliás, precisamos
lembrar que o funcionário
moçambicano não consegue
sobreviver com o seu salário,
por via disso cria outras fontes
de rendimento, como abrir um
aviário, prestar serviços de cópias, por aí fora. Estamos numa
situação em que não sabemos
quando isto vai terminar”.
Se por um lado os requisitos para a certificação das pequenas e médias empresas têm
estado na agenda do debate, por
outro, Feito Tudo Mal aponta
que os requisitos para o efeito
têm sido “puxados” e o Instituto Nacional de Normalização
e Qualidade (INOQ) faz uma
fraca divulgação do assunto.
“Temos um problema que
tem que ver com os padrões exigidos internacionalmente. As
empresas nacionais, quando solicitam certificação, fazem pelo
interesse de prestar serviço a
essas grandes empresas”, refere a fonte, para quem a questão
do conteúdo local muitas vezes
tem estado condicionada à certificação, o que não devia ser.
“Devíamos ter uma política
que obriga as multinacionais a
contratar empresas nacionais
para prestarem serviços, porque
se continuarmos a olhar o conteúdo local condicionado pela
certificação não vamos alcançar o que se pretende, e a riqueza de uma determinada região
do país não se vai sentir para
as pessoas, muito menos para
o empresário que está próximo
da zona de exploração de um
recurso, e temos exemplos de
Tete, Inhassoro e outros lugares.
Não estou contra as empresas estrangeiras. Há necessidade de elas darem o seu contributo e experiência, contudo
estou contra algumas atitudes
que acho não fazerem nenhum
sentido. Por exemplo, contratar
uma empresa estrangeira para
servir comida ou organizar o
jardim. Isso é absurdo”, lamentou a fonte, acrescentando
que a limitação das pequenas e
médias empresas nacionais nos
mega-projectos leva com que
estas continuem a não crescer, o
que de algum modo cria menos
ganhos para o Governo em termos de cobrança de impostos.
As oportunidades são poucas e
as exigências são inúmeras
A fonte em alusão chama
atenção para a necessidade de
implementação de políticas
para dar oportunidades a todos,
apostando em empresas moçambicanas, através de formação, capacitação, tudo na perspectiva de ajustar e colocar as
empresas no padrão exigido internacionalmente. Há políticas
que devem ser revistas e o Governo exigir o seu cumprimento e fazer a devida fiscalização.
“É urgente que isso aconteça, porque um Governo deve
se impor e ser soberano. Temos que ser vistos como motor
de desenvolvimento do país,
pelo contrário estaríamos a puxar o boi para trás”, finalizou.
Elton da Graça
Quinta-feira, 22 de Abril de 2021 zambeze | 19
| NACIONAL|
Comercial
Cabo Verde:
MpD ganha eleições e Ulisses Correia e Silva
renova mandato como Primeiro-ministro
O Movimento para a Democracia (MpD), no poder em Cabo Verde,
venceu as eleições legislativas deste domingo (18), e Ulisses Correia e Silva será reconduzido a um segundo mandato como Primeiro-ministro.
J
anira Hopfer Almada, líder do PAICV,
na oposição, perde
a sua segunda eleição e anuncia que vai
apresentar a sua demissão.
No momento em que estão
apurados os resultados de 97,2 porcento das mesas, faltando apenas
os círculos das Américas e Europa
e Resto do Mundo, onde os principais partidos conquistam um deputado cada, o MpD deve eleger
38 deputados (49,1 porcento), o
PAICV 30 (38,1) e a UCID 4 (8,9).
Apesar da vitória por maioria
absoluta, o partido liderado por Correia e Silva perdeu um deputado em
relação à legislatura anterior, o PAICV ganhou um e a UCID conquistou mais um lugar no Parlamento.
A abstenção, de acordo com dados provisórios, ronda os 42 porcento.
Em termos absolutos, 221.161
pessoas exerceram o seu direito de
voto, enquanto 160.174 não votaram e foram registados como nulos 3.019 votos e 2.432 brancos.
Correia e Silva destaca “justeza” no
resultado
Cerca de três horas após o fecho
das urnas e minutos depois da confirmação da vitória, o líder do MpD
e Primeiro-ministro considerou que
“foi uma grande vitória, a vitória de
Cabo Verde e já estávamos à espera”.
Ante centenas de apoiantes
que festejavam a vitória na sede do
partido, na Cidade da Praia, Ulisses Correia e Silva justificou o resultado com a boa campanha feita.
“Porque fizemos uma boa campanha, um bom combate e conseguimos convencer os cabo-verdianos da
justeza daquilo que foi o percurso
da governação, uma situação muito difícil e da justeza das nossas
propostas para o futuro”, sublinhou
Correia e Silva, que reiterou a sua
promessa de vacinar 70 porcento
da população neste ano e, durante
o mandato, eliminar a pobreza e retomar o crescimento da economia.
Lembrou que o ano foi “muito
difícil e de pandemia”, mas o seu
Governo conseguiu “dar a volta”
com “o bom trabalho” realizado.
A oposição também foi alvo
das primeiras palavras do Primeiro-
-ministro, que a chamou de “pouco contributiva” e “negacionista”.
“Fizeram da política uma forma de ataque não ao Governo,
mas ao país, com uma política de
terra queimada”, afirmou Correia
e Silva, que pediu “uma oposição
forte, responsável e com sentido de Estado”.
Líder do PAICV demite-se
Antes do discurso da vitória de Correia e
Silva, a presidente do PAICV, principal partido
da oposição, Janira Hopffer Almada, anunciou
que vai apresentar a sua demissão do cargo.
“Para mim, a política não pode ser encarada
como profissão, nem como uma carreira. Retiro
consequências políticas dos resultados das eleições, por isso, nos próximos dias, apresentarei
a minha demissão como presidente do PAICV
aos órgãos do partido”, afirmou Hopffer Almada, que disse “respeitar as decisões” do povo.
“O povo é sempre soberano. Escolheram
um Governo que não estava a colocar os interesses de Cabo Verde em primeiro lugar, mas
mesmo assim temos de respeitar a vontade do
povo”, acrescentou, depois de felicitar Ulisses
Correia e Silva e desejar “bons tempos” ao país.
Refira-se que mais três partidos concorreram às eleições, mas o PTS, PP e PSD não
conseguiram sequer um porcento dos votos.
20 | zambeze Quinta-feira, 22 de Abril de 2021
| Desporto|
Vacinação aguarda confirmação
do Ministério da Saúde
Costa do Sol já definiu o perfil para
sucessor de Horácio Gonçalves
Há uma luz no fundo do túnel para
regresso do Moçambola
A Federação Moçambicana de Futebol (FMF) procedeu esta terça-feira a entrega de testes rápidos de antigénio
de despiste da Covid-19 à Liga Moçambicana de Futebol
(LMF), que de imediato canalizou aos 14 clubes do Moçambola que deverão utilizá-los aquando do reatamento da prova interrompida pelo Governo desde o dia 8 de Fevereiro.
Este acto é visto
como importante para garantir o
regresso seguro
do Moçambola,
sendo que há uma luz verde que
ainda está no fundo do túnel e que
poderá ser acesa na próxima comunicação à Nação, a ser feita em
breve pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, que há meses recomendou a realização regular de
testes da Covid-19 nos clubes autorizados a regressar aos treinos.
Ao todo, a FMF disponibilizou 4550 testes dos sete mil que
pretende adquirir no âmbito dos
esforços para garantir a retoma
segura da prova, sendo que esta
quantidade servirá para cobrir
cerca de 12 jornadas do Campeonato Nacional de Futebol,
estando assegurada a entrega de
mais testes ao longo da prova.
Cada clube recebeu 325
testes para fazer a devida despistagem de todos os elementos ligados à equipa de futebol.
“Estes testes que nós demos
agora são 4550 testes, é uma
primeira fase e futuramente vai
haver mais testes. Estes dão para
garantir entre 12 e 15 jornadas,
salvo erro. Sabemos que os testes precisam de alguma conservação, daí que não adquirimos
todos os sete mil testes previstos, sabemos que vamos incluir
os árbitros e algumas selecções
nacionais que vão usar os mesmos testes, mas está assegurada
a disponibilidade de testes para o
Moçambola até ao final do campeonato”, garantiu Feizal Sidat,
que apelou à conservação dos testes entre temperaturas que variam
entre 10 e 16 graus centígrados.
Para a Liga Moçambicana
de Futebol, a recepção destes
testes vem complementar a acção de formação das equipas
médicas dos clubes que já estão
habilitadas para dirigir o processo de testagem, após a devida
formação dirigida pelo Instituto Nacional de Saúde. Ananias
Couana referiu que este acto acalenta esperanças de um regresso
para breve da disputa da prova.
“Esta é a dimensão social
Entretanto, a FMF e LMF já
fizeram chegar a lista de todos os
elementos ligados ao Moçambola, de modo a que possam beneficiar do processo de vacinação
em prevenção da Covid-19 em
curso no país, algo que aguarda
resposta por parte do Governo.
“Da parte que cabe à FMF
e LMF foi-nos solicitada a lista e as quantidades necessárias
para efectuar as vacinas, e nós
em tempo oportuno fizemos a
entrega à Secretaria de Estado
do Desporto, incluindo todos
os envolvidos no Moçambola. Estamos à espera para que a
qualquer momento a vacinação
possa acontecer, mas tudo irá
depender da SED e do Ministério da Saúde”, referiu Sidat.
Por outro lado, a LMF assegura que 15 dias após o anúncio
ou autorização para a retoma
estará em condições de garantir
a logística para o reatamento da
prova, interrompida quando estavam jogadas quatro jornadas.
“Em relação à questão da
logística, ela está assegurada
para um retorno, pelo menos 15
dias após o anúncio estaremos
em condições para o reinício do
campeonato nacional, porque
embora os clubes treinem sem
data de regresso da prova e da
avaliação que fizemos há duas
semanas ficou acordado que
15 dias seriam necessários para
preparar o reinício da prova”,
garantiu o presidente da LMF.
Neste acto de entrega de testes de despiste da Covid-19, os
árbitros não foram esquecidos,
tendo na ocasião sido entregues
500 testes que deverão ser usados pelos homens que têm a responsabilidade de dirigir os jogos
de futebol do campeonato nacional de futebol. (LANCEMZ)
O Costa do Sol já definiu o
perfil para o seu próximo treinador
da equipa principal de futebol, que
deverá substituir Horácio Gonçalves, indicado como novo seleccionador nacional dos Mambas.
O próximo timoneiro dos “canarinhos” deverá ter o nível CAF
A ou UEFA Pro se for estrangeiro, por forma a cumprir com os
requisitos impostos pela Federação Moçambicana de Futebol.
“Nós definimos o perfil, temos uma lista muito curta de
possibilidades e acredito que até
ao início da próxima semana o
Costa do Sol irá apresentar o
substituto de Horácio Gonçalves”, disse Artur Faria, Director
Desportivo dos “canarinhos”.
Artur Faria revelou que o
Costa do Sol abdicou do direito de exigir uma compensação
pela cedência de Gonçalves à
selecção nacional de futebol,
onde os “canarinhos”consideram
que o treinador chegou por
mérito do trabalho desenvolvido ao longo dos três anos
em que esteve ligado ao clube.
“Foi um facto ceder o treinador, porque quando recebemos o
pedido da Federação para iniciar
os contactos com o Horácio automaticamente cedemos a isso, o interesse nacional é sempre superior
ao que diz respeito ao Costa do Sol.
O trabalho que o treinador
fez nestes últimos três anos era
previsível que isso fosse acontecer, pois ganhou duas Super
Taças, uma Taça de Moçambique, um título no Moçambola
e um Torneio Mavila Boy. Isso
fala por si, ele chega à selecção
nacional não à experiência, mas
sentimos uma tristeza porque
perdemos o nosso treinador que
trouxe de volta os títulos ao clube, e o projecto iria se alongar até
2024 e tivemos que interromper,
e é com agrado que vemos a situação do Horácio Gonçalves na
selecção nacional”, disse Faria.
Por ora, o Costa do Sol está a
analisar quem poderá ser o provável substituto do treinador português, estando em cima da mesa
nomes como Luís Gonçalves
(antigo seleccionador nacional de
futebol), Rogério Gonçalves (antigo treinador do Ferroviário da
Beira e Nampula) e os moçambicanos João Chissano e Artur
Comboio, que já foram jogadores
dos “canarinhos”. (LANCEMZ)
do futebol em relação a saúde.
Estamos a cumpri-la na perspectiva de retoma do nosso campeonato nacional, por isso é nossa
expectativa que todos os clubes
sem excepção continuem empenhados no cumprimento das
orientações das autoridades da
saúde. Os testes não são o fim,
devem ser complementados por
outras medidas de prevenção da
Covid-19 para que não tenhamos casos de doença no Moçambola ou através do Moçambola haja várias contaminações.
A recepção destes testes aumenta a nossa expectativa e a
esperança de retoma do Moçambola”, disse o presidente da LMF.
Na primeira fase de testagem,
isto é, nas duas primeiras jornadas,
todos os integrantes das equipas
irão ser submetidos a testagem e
posteriormente apenas 15 elementos de cada equipa irão fazer
os testes de uma forma aleatória.
Quinta-feira, 22 de Abril de 2021 zambeze | 21
| Cultura|
“Representações do passado moldaram-me e hoje
em cada pincelada faço realismo” – João Timane
João António Timane, ou simplesmente João Timane, nasceu no bairro do Aeroporto e é praticante de artes plásticas.
Cresceu vendo arte, mas tinha como sonho tornar-se piloto
porque via os artistas a ser ridicularizados pela sociedade.
Mas acabou caindo nas artes porque não teve outra opção,
os irmãos o incentivavam a frequentar a escola de artespois
tinham percebido a sua queda pelo desenho. Formou-se pela
Escola Nacional de Artes Visuais de Maputo. Frequentou
o curso de Engenharia Geológica na Universidade Wutive,
não o tendo concluído. Actualmente é estudante de Marqueting no Instituto Superior de Comunicação e Imagem
de Moçambique. Leccionou Pintura Artística às crianças do
bairro do Aeroporto inspirado nos ideais do grande mestre
Malangatana, em Maputo, cidade moçambicana onde vive.
“Quando
c h e g o
à escola de
a r t e s
tive um trauma porque nunca
tinha visto desenhos tão perfeitos, era uma grande surpresa nos
meus olhos, com retratos muito
bemfeitos, porque os artistas
do meu bairro não faziam retratos, eram mais do abstracto.
As representações não existiam
e na escola de artes deparei-me
com representações, o que fez
com que eu treinasse muito.
Quase um mês fiquei simplesmente a treinar e aperfeiçoar as minhas habilidades para
não decepcionar”, diz o artista.
Para Timane, as artes plásticas são importantes, principalmente nesta altura da pandemia
em que as pessoas estão muito
desiludidas e sem rumo um artista pode fazer uma obra que
motiva as pessoas a acreditarem
que isto é algo passageiro,tanto
que no passado já aconteceram
coisas piores.É também usada
a arte para ensinar as pessoas
a se precaver da Covid-19, ao
mesmo tempo que se torna um
objecto de decoração da casa, a
arte representa uma sociedade,
num momento, para que as outras gerações possam conhecer
a vida que se vivia noutraaltura.
Timane afirma que a paixão
pela arte começa quando faz
uma visita ao Museu Nacional
de Arte, onde teve a oportunidade de conhecer as artes praticadas antes da Independência
e muito bem representadas.
Este acto teve uma grande repercussão na forma como olhava para a arte e a partir desse
momento tudo mudou na sua
vida.Quis ser como os outros
artistas renomados, como Malangatana, Naguib, Chichorro.
“Fui fortemente influenciado por dois artistas moçambicanos, nomeadamente
Naguib e Chichorro, que foram as minhas grandes inspirações e marcaram-me muito
pela beleza. O jeito como eles
tratavam o desenho em cada
pincelada era uma coisa genuína para aquele tempo, então
aquilo chamou a minha atenção, porque também tenho esse
lado de não fazer para terminar.Não faço só traços, sou
muito detalhista”, acrescenta.
Timane fez a sua primeira
exposição em 2016 na Europa,
concretamente em Portugal,
onde participou no lançamento
de um livro no qual fez as ilustrações.Foi um livro de Fátima
Negrão.No âmbito desse lançamento fez a exposição das suas
obras, sendo essa a exposição
que mais sucesso teve, pois trata-se de uma zona onde a maior
parte das pessoas que lá vivem
nasceram em Moçambique.
No início de 2018 foi para
o Brasil, onde participou de
uma exposição de artistas
contemporâneos africanos e
alguns da lusofonia, onde a
sua obra foi figura de cartaz
Em 2018, João Timane ganhou o Prémio Mozal, na sua primeira edição.
Pela primeira vez, a maior
galeria de Moçambique (Kulungwana), em parceria com
a Mozal e apoio do Ministério
da Cultura, decidiu premiar os
artistas porque notaram o seu
desaparecimento. E sendo um
ofício que as pessoas abandonavam por acharem que estavam
a ser ridicularizadas e sem espaço, essa premiação era como
se fossem prémios awards.
Nos prémios constava
a obra mais popular, o artista mais popular, havendo
algumas categorias, como
fotografia, música, artes plásticas, dança, entre outras.
Retornou a Portugal em
2019, onde fez mais exposições.
Em Moçambique fez exposições na Mediateca e no Auditório do BCI. Também participou em exposições colectivas.
“Eu não tive uma influência
de Malangatana logo no início,
tendo sido ao longo do tempo.
Os moçambicanos que olharam na minha obra sentiram
a presença de Malangatana e
isso de certa forma lhes tocou
fundo.Tive grande sucesso naquela exposição”, sublinha.
No seu entender, a Covid-19 chegou de surpresa e o
nosso país não tem condições
para gerir este fenómeno, e de
certa forma nesta briga entre o
Ministério da Cultura e os artistas não haverá uma solução.
Segundo o artista, o Ministério da Cultura não tem dinheiro para dar a todos os artistas, se houvesse um fundo para
os artistas este devia ser alocado aos artistas mais velhos.
“Eu acho que devia se
apoiar os artistas mais velhos
porque nós jovens ainda temos
algumas saídas, porque alguns
artistas mais novos ainda não
pagam as contas em casa.Não
existe uma forma de reclamação, de certa forma chegará a
nossa vez.Tentou fazer-se algumas coisas com as redes sociais, mas para alguns artistas
plásticos mais velhos é complicado e alguns não têm tanto
domínio.Pretendo ajudar alguns a divulgarem o seu trabalho nas redes sociais”, afirma.
Por ter começado muito
cedo a fazer arte, Timane enfrentou várias barreiras por ser
muito novo, “naquela altura não
havia jovens da minha idade.
Quando procurava apoio em galerias era barrado só pelo facto
de ser tão novo, as galerias nem
olhavam para o meu trabalho”.
De tanto persistir e não
desistir, o artista teve então a
oportunidade, na altura, de expor na Mediateca do BCI,tendo
sido foi convidado depois de
passar por uma aprovação.
Nessa exposição só foram
compradas as suas obras e uma
obra comprada por Marcelino
dos Santos, de um outro jovem.
A partir daí o BCI convidou-o a fazer uma exposição
individual, mas tudo começou numaexposição colectiva
de alunos das artes visuais.
Anualmente faz-se uma exposição de todos os melhores alunos na escola das artes.
“As pessoas que queiram
entrar na arte não podem fazê-
-lo com o objectivo de ficar
rico, o melhor é não contar
muito com isso. Às vezes é
uma sorte que cai na pessoa.
Devem continuar a fazer arte,
mas sempre tendo um negócio
alternativo.Geralmente os que
reclamam não têm um negócio
alternativo, dependem exclusivamente da arte, o que faz com
que isso fique mais complicado.
Por exemplo,numaaltura
como esta da pandemia as
coisas ficaram mais complicadas para todos. Claro que
vão ficar ricosnão necessariamente por causa da arte, mas
por outro negócio, masdevem continuar a seguir o sonho de ser artista”, aconselha.
SILVINO MIRANDA
“As pessoas que queiram entrar na arte não
podem fazê-lo com o
objectivo de ficar rico,
o melhor é não contar muito com isso. Às
vezes é uma sorte que
cai na pessoa. Devem
continuar a fazer arte,
mas sempre tendo um
negócio alternativo.
Geralmente os que
reclamam não têm um
negócio alternativo,
dependem exclusivamente da arte, o que
faz com que isso fique
mais complicado. Por
exemplo,numaaltura
como esta da pandemia as coisas ficaram
mais complicadas para
todos. Claro que vão
ficar ricosnão necessariamente por causa
da arte, mas por outro
negócio, masdevem
continuar a seguir o
sonho de ser artista”
22 | zambeze Quinta-feira, 22 de Abril de 2021
| Cultura|
“Os meus poemas estão ligados à
promoção da justiça social” - Hélder Pedro
Hélder Pedro, de 26 anos de idade, é natural de Tete,
mas agora encontra-se a exercer as suas actividades no distrito de Namaacha. Apreciador da produção de poemas e artigos científicos, desenvolve esta paixão inspirado em diversas situações vividas, principalmente na interculturalidade.
Hélder Pedro
viveudurante três anos
com várias
pessoas provenientes de todas as partes do
país (enquanto estudante), intercâmbio intercultural que o permitiu desenvolver a sua habilidade de escrita, o que também
lhe possibilitou perceber que
o nosso país é rico em cultura.
“Como docente universitário noto que Moçambique
apresenta um mosaico cultural
muito rico, mas factores externos, sobretudo de imaginações
e ilusões impostas pela mídia,
acarretam e eliminam milhares
de valores que realmente nos
identificam”, afirma o artista.
“A minha arte articula-se
no poema. Desenvolvo poemas pois identifico um novo
mundo e consigo exprimir
e ver as coisas de forma crítica e construtiva”, afirma.
No seu entender, socialmente o poema detém maior
importância pois é através
dele que várias ideias são exprimidas e desenvolvidas.
Foi em 2013 que Hélder
despertou na arte de produzir
poemas. Um dos principais
motivos que o levou a entrar no
mundo da arte é que através de
muitas leituras que fazia sobre
livros e outros artigos encontrava uma inspiração e ao mesmo
tempo um espaço para crítica.
“A minha arte começa muito cedo, através de leitura de
livros e artigos científicos e
conectava-me ao mesmo tempo através do poema com os
meus colegas da escola.Hoje,
os meus poemas estão mais inclinados na questão da promoção da justiça social”, afirma.
Hélder não tem nenhum
livro publicado e nunca participounum concurso de literatura, estando de momento
a trabalhar na produção de
um artigo para publicação.
Questionado sobre os desafios enfrentados ao longo
do seu percurso, o artista diz
que o maior de todos é o de
conciliar o trabalho normal da
docência e a arte de escrever
poemas, augurando a expansão da prática para diferentes horizontes da sociedade.
“Ultimamente a nossa literatura está a ganhar um horizonte
favorável, pois muitos envolvidos estão a desenvolver o hábito
de escrever vários assuntos da
actualidade. Assumo que a literatura moçambicana está a desenvolver um espírito para alavancar a cultura em vários ângulos
sócio-académicos”, acrescentou.
“Todos possuímos alguma habilidade psíquico- prática, o que precisamos é simplesmente enxergar dentro de
nós e descobrir este mundo.
Vale tentar para valer a tentativa. A arte é a parte bela de
todas as coisas”, sentenceia.
SILVINO MIRANDA
Comercial
*Serviço de inteligência exclusivo para assinates, com publicações regulares sobre politica e economia africana
*Arquivo de inteligência sobre empresas, negócios e individualidades desde década 1980
*Relatórios a pedido (“tailoe-made”), de acordo com necessidades de pesquisa e analise de clientes individuas
(verificação de historial, “due dIIIIgence”, consultoria)
Para mas informação, contacte: Patrícia Dias, +351 936 307 183 (Tel/Whatsapp) ou patricia@africamonitor.net
“A minha arte começa muito cedo,
através de leitura de
livros e artigos científicos e conectava-
-me ao mesmo tempo através do poema
com os meus colegas
da escola.Hoje, os
meus poemas estão
mais inclinados na
questão da promoção da justiça social”
Quinta-feira, 22 de Abril de 2021 zambeze | 23
Comercial
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Comercial
O Secretário de Estado de Manica, Edson Macuácua, admite haver dificuldades de aceder ao financiamento e inclusão financeira por parte de vários intervenientes da área de comercialização agrícola, facto que
dificulta o desenvolvimento deste sector da cadeia de valor
produtivo e de comercialização do Centro de Moçambique.
F
alando no distrito de Gondola,
no lançamento
da campanha
de comercialização agrícola 2021, ao nível
da província de Manica, Edson Macuácua afirmou que
a falta de fundos para as suas
actividades é um dos desafios
que os intervenientes da cadeia de comercialização enfrentam no seu quotidiano.
O dirigente referiu que a
falta de financiamento assenta na escassez de informação
por parte dos intervenientes
de comercialização sobre as
oportunidades de inclusão
deste fundo, seja público, da
banca comercial ou mesmo
de parcerias público/privadas.
“Para fazer face a este constrangimento temos previsto para
este ano (2021) a realização de
uma conferência provincial sobre o acesso ao financiamento
e inclusão financeira, visando
criar uma oportunidade de exposição para que diferentes intervenientes da cadeia de valor de
produção e de comercialização
possam conhecer os diferentes
pacotes, programas, projectos
de financiamento para as suas
actividades”, disse Macuácua.
Outro constrangimento patente na cadeia de produção e
comercialização é a dificuldade de importação e exportação de produtos via aérea, por
falta de um cargueiro, o que
limita o desenvolvimento da
actividade agrícola, pois a província de Manica possui produtos frescos em abundância.
Para Macuácua, a dificuldade de exportar produtos
frescos via aérea torna a economia de Manica e do país
em geral menos competitiva.
“Para fazer face a este constrangimento vamos realizar uma
conferência provincial para reflexão sobre o transporte aéreo de
cargas na província de Manica,
onde participarão como intervenientes os agentes económicos
da província de Manica, organizados e representados pela
Agência de Desenvolvimento de
Manica e pelo Conselho Empresarial de Manica, Conselho de
Representação de Estado, a empresa Aeroportos de Moçambique, entre outros”, acrescentou.
O governante apelou aos
agentes de comercialização
agrícola a melhorar as embalagens dos seus produtos, de
modo a que sejam mais atractivos aos olhos dos clientes
em termos de apresentação.
“Os produtos nacionais têm
melhor qualidade, um grande
valor nutricional, são muito recomendados para a saúde, também com bom sabor. Mas para
que sejam mais atractivos quando colocados nas prateleiras têm
que ter uma boa apresentação,
não basta que o conteúdo que
se encontra dentro da embalagem seja bom, é necessário
que a própria embalagem seja
boa, atractiva e chame atenção
aos consumidores”, sustentou.
A província de Manica pretende colocar no mercado, no
presente ano, 1.164.403,29 toneladas de produtos diversos,
cifra que representa um acréscimo na ordem de 3 porcento,
se comparado com a campanha
de comercialização agrícola
do ano transacto, que se situou
em 1.136.003,25 toneladas.
A produção é feita um
pouco por todos os distritos
da província de Manica, sendo que dos produtos que se
vai comercializar em 2021 os
cereais representam 40,5%,
hortícolas 19,78%, raízes e tubérculos 13,85%; 11,24% de
frutas, 6,21 de legumes, 4,9%
de culturas de rendimento, e
por fim 3,6 de outras culturas.
Edson Macuácua admite dificuldades no
financiamento à produção e comercialização agrícola
Kelly Mwenda