Olá,
Esta foi uma das semanas mais incríveis desde que comecei a trabalhar no Intercept e quero muito dividir com você o que aconteceu.
Sou estagiário de jornalismo e trabalho focado na cobertura de tecnologia. Somos um dos poucos veículos que mergulham de verdade e sem medo nesse tema. O TIB não é parceiro das gigantes de tecnologia, não aceita patrocínio delas e vai fundo em investigações que buscam responsabilizar essas empresas. A chance de trabalhar assim, tendo todos os recursos disponíveis para isso, é uma baita oportunidade.
Na segunda-feira, publicamos uma reportagem na qual eu vinha trabalhando no último mês. Mostrei detalhadamente como o YouTube vende um discurso de esforços pela “educação” sobre as vacinas contra a covid-19 na plataforma, mas na prática faz vista grossa para os fabricantes de fake news da extrema direita. Por quê? Ora, porque esses vídeos dão imenso retorno financeiro. O YouTube não parece preocupado com a saúde pública se os vídeos rendem cliques e horas de visualização.
O impacto da nossa reportagem foi imediato. Logo depois da publicação da matéria o YouTube derrubou canais da extrema direita. É assim que funciona o trabalho do Intercept: nosso jornalismo tem o objetivo de gerar mudanças concretas.
Tudo começou com uma encomenda que fizemos à agência de análise de dados Novelo. Eles levantaram a seguinte informação: de 27 canais que tiveram vídeos retirados do ar em 2020 pelo YouTube por disseminar mentiras sobre a pandemia, 26 ainda bombavam na plataforma. Estamos falando de canais com mais de 200 mil seguidores, gente realmente influente. Desses 26, 21 ainda eram monetizados, ou seja: geravam renda!
No mesmo dia em que a denúncia foi ao ar, o YouTube derrubou em definitivo o canal da ativista de extrema direita Sara Giromini, mais conhecida como Sara Winter. Sara já foi presa por ataques ao STF e já havia sido banida da rede em outra ocasião.
Também saiu do ar o canal do “doutor” Marcelo Frazão, um engenheiro agrônomo que usava a plataforma para bradar delírios sobre a esquerda e as vacinas. O canal de Frazão espalhava bobagens do nível: a “vachina” produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac causaria “síndromes perigosas”, “inclusive no sentido de fertilidade e de homossexualismo”.
A lentidão e a vista grossa do YouTube têm um motivo simples: o Google, dono da plataforma, embolsa parte da verba de cada anúncio exibido nos vídeos. Assim, apesar de serem uma ameaça à informação, à saúde pública e à própria democracia, esses canais são uma mina de lucro certo para a gigante da tecnologia. E não é pouca grana: os repasses do Google aos 21 canais que analisei podem passar de R$ 1,7 milhão por mês.
Depois da nossa reportagem, o YouTube se mexeu, mas sabemos que esse problema está longe de acabar. É por isso que esta é uma área prioritária para o TIB, sobretudo porque a cada dia estamos mais perto das eleições de 2022. E a relação entre a extrema direita e as redes sociais é chave para o ano que vem.
É muito importante responsabilizar as grandes empresas que lucram com essa rede de desinformação e é hora de irmos pra cima dos grandes influenciadores da extrema direita. O Intercept sabe como fazer isso e tem liberdade para investigar sem medo de retaliações.
Para que esse trabalho não pare, precisamos muito de você. O mês de abril foi nosso pior mês em doações em 2021 e temos poucos dias para não deixar que as investigações em andamento atrasem ou tenham recursos cortados.
Queremos continuar na cola das gigantes da tecnologia e denunciar a extrema direita. Se você acredita que isso é importante e confia no nosso trabalho, venha fazer o TIB com a gente. Este é o momento de concentrarmos esforços, porque o jornalismo tem enorme poder de mudança. Quero continuar fazendo meu trabalho com autonomia e coragem exatamente por isso. Você pode me ajudar a realizar mais investigações como essa? FAÇA PARTE DO TIB →
Abraço, |
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