(Revista pelas 20h14 de 30 de Junho de 2018)
Eu, Arlindo Chissale, residente em Nacala Porto, jornalista e devidamente identificação no Processo 810/2017, ciente de que dificilmente poderei ter contacto cara a cara consigo, preferi lhe escrever, DE FORMA AMIGÁVEL, escutando músicas do meu segundo preferido cantor, Afro-man, algumas linhas que me possam desabafar e nunca, para mostrar minha musculatura e possíveis canais de exposição.
Reitero que é de forma amigável, sem repensar mas ciente que a minha linguagem (“jornalística”), pode não lhe ser agradável e muito menos poderá ter o prazer de reler.
Senhora Juíza,
Quero lhe confessar de que hoje, aos meus 39 anos, cheguei a Nacala porto e nunca dantes, tinha entrado em estâncias judiciárias. Das suas mãos, estive por três vezes sendo uma vez em que bati cinco jovens e estive momentaneamente preso e por si solto, mediante os pagamentos e perdões.
A segunda vez, porque a minha esposa, pretendia o nosso filho.
E desta vez, porque aquele quem tudo fez, para que eu me separasse da minha amada família, numa das mensagens, deixou bem claro que poderia me queixar aonde quisesse...
Portanto, prefiro me debruçar nos dois últimos pontos que para mim, têm nexo.
Cá no bairro, na povoação, onde tudo mais alguma coisa aconteceu e levou quatro bons anos de silêncio, por minha parte, todo o mundo esperava uma decisão qualquer, por parte do Tribunal e esta decisão é nula para os que separam famílias (pai, mãe e filho) e por via de sexo desarmado e insultos confessos. Portanto, não havendo nada a se condenar, qualquer um pode voltar a fazer porque o tribunal nada vai julgar, abrindo espaços para mais casos semelhantes.
Cara juíza,
No caso onde minha esposa e seguramente induzido pelo jovem professor cujo qual, acaba por ser inocentado pelo Tribunal Judicial de Nacala, foi por sí também julgado e deixa-me lhe recordar que recorri a província e ganhei a causa, ao discordar a sua decisão do miúdo ir viver com ela. Posso e tenho ainda uma semana para recorrer este caso e lhe garanto que posso ter outro resultado. Repito, juro que posso ter outro resultado mas prefiro deixar nas mãos de Deus.
Cara Juíza,
Meu filho vai crescendo e um dia vai me perguntar porque pai não vive com mãe. Juro que ao invés de lhe dar resposta merecida, vou me recordar do seu ofício. Um ofício que preferi meter a queixa em detrimento de também queixar a um padre ou junto da nossa família.
Cara juíza,
Há coisas que não foram ditas neste Processo, por achar-se não serem relevantes.
Quando já não dava para continuar com a nossa relação, por insultos, deixa me lhe recordar que fui tratado de FILHO DA PUTA (…), a tradição macua, como as regras da família da minha esposa regem, tive de deixar uma casa de alvenaria e boa parte de bens com ela. Acima de tudo, perdi vizinhos, bons vizinhos. Perdi a vontade de ir rezar aonde nós os três (família), íamos rezar pois, já não dava para frequentar na mesma igreja com alguém que foi infiel para mim. E vos trouxe o autor junto deste tribunal, nada aconteceu, diante da Lei / leis (antiga e a nova). Ninguém quis saber ou considerar que nos meandros da justiça, desapareceu o primeiro processo. - Não lhe parece estranho? – Mas eu ignorei e fui em frente, lutando para restaurar o mesmo processo, com dados semelhantes.
Cara Juíza,
Foram boas 4 paginas lidas naquela ocasião de 29 de Junho de 2018 e no final, tudo o que entendi é que POR ELE TER-ME INSULTADO, MERECE PAGAR AO TRIBUNAL, PERTO DE SEIS MIL METICAIS E PAGAR AO ADVOGADO DELE, NADA MAIS.
Cara juíza,
Se eu e outros meus vizinhos ou adeptos tivéssemos a ideia de apanhar o cidadão que já não é réu e fizéssemos a justiça, dentro da minha casa, com certeza que não teríamos este fim.
Cara Juíza,
O primeiro Juiz, já tinha dado um bom passo. Chegou ao ponto de encontrar nossos pontos fracos e pediu para termos um entendimento extra judiciário. Fomos ao gabinete do advogado dele, no IPAJ, ele pediu desculpas pelo sucedido e tinha estipulado (sozinho), valores que ele mesmo poderia indemnizar pelos danos. E meia volta, o processo mudou de juiz e tudo voltou a estaca zero.
Cara Juíza,
O que acha que pode existir, no interior de um cidadão que ainda respira, que com palavreados, foi-lhe retirado esposa. Foi-lhe retirado e procurou devolver aos seus olhos, seu filho. Foi-lhe retirado seu tecto. E agora, não merece reposição de possíveis danos. Contudo, o bom nome e a honra, já não existem. Aliás, que palavras insultuosas existem reservadas, para a condenação, no dicionário jurídico?
Acredite e amigavelmente posso lhe mostrar, mais uma mensagem que acaba de entrar no meu telefone, com o seguinte teor: SE SOUBESSE, NAO TERIA VINDO, que seguramente veio do recém inocentado.
Cara Juíza,
Eu disse e reitero, que tenho nos meus telefones, inúmeras mensagens com mesmo teor. Fui eu a pesca-las e ao longo destes todos anos, aposto que "enferrujam" minha mente, a mente de um FILHO DA PUTA QUE NALGUM DIA, ENVOLVEU-SE COM UMA OUTRA PUTA E COM CERTEZA, NASCEU UM NOVO FILHO DA PUTA, NESTA RELAÇÃO PUTATIVA. Veja que o ciclo não parou. O profeta professor descobriu, anunciou AS VERDADES DELE e fez acreditar ao Tribunal de Nacala que, EM NOME DA REPUBLICA DE MOCAMBIQUE, EU PODERIA QUEIXAR AONDE QUIZESSE E NADA ACONTECERIA (...).
Cara Juíza,
Esperava de si, me pedir para apagar as mensagens que as conservo. Apagar também o numero dele, na vossa presença. Pedir um simples aperto de mão e pedir-nos ter uma nova vida. Pressenti isso pois, da ultima vez que estive consigo, em juízo, teve essa ousadia e pediu-me para restaurar minha família. - Simples quanto isso pois, parece que o Mundo dá giros e nem pelos valores monetários estimados, serviriam para repor a minha dignidade. Aliás, ele (não me conhecendo) me mediu e apelidou, pode repeti-lo hoje, depois daquele julgamento e leitura de sentença.
Cara Juíza,
Eu lhe trouxe, em sede do tribunal, um professor, professor primário. E me permita, assim de forma amigável, definir que o professor é aquele que diante de uma ou várias crianças, quando diz algo, elas aprendem e aprendem muito bem quando é repetitivo. Portanto, eu lhe trouxe um académico e quadro de Educação e não camponês que mereceria amnistia. Foi só por isso que resisti e não dei ouvido aos que me aconselharam em desistir. Os mesmos que me aconselharam, me tinham dito que ele é Angocheano e residente em Mecuburi e aquilo não tinha muito sentido para mim mas já posso consentir, sobretudo pelo carimbo que me deu, bem algures, no meu íntimo. Ora, este professor, deixou implícito que da aulas de prática sexual e destruição de famílias com actos e omissões. Coloquei em itálico, boldei e sublinhei para que decifre, nossa cara Juíza!
Cara Juíza,
De forma amigável, quereria também, muito e bem, lhe mostrar a quanta dor passa a minha esposa, depois da nossa separação. Assim que tenho esta oportunidade de lhe escrever, lhe digo que ela é doente crónica de coração e mereceria minha ajuda ou do filho por perto. Acho que ela lhe contou (…) mas esta posição do tribunal, vem com certeza, endurecer e por mais anos, a minha cedência pelo filho. – Isso já o tinha dito que assim que ganhei a causa, só poderia solta-lo, depois de algum parecer do tribunal, correlação aos cometimentos e dores a mim causadas.
Cara Juíza,
Coincidiram todos os meus casos ora aqui expostos, serem atendidos por sí mas também coincidiu que todos os mesmos casos, serem defendidos pelo mesmo advogado e terem estes finais! Portanto: ele paga ao Tribunal e ao advogado dele. Queira imaginar o quanto TAMBEM paguei aos dois meus advogados, para ter um final justo?
Cara juíza,
Antes de me queixar, no primeiro processo, já era FILHO DA PUTA. Quando se perdeu o referido processo, em meandros da Justiça e com seu pessoal, ainda era FILHO DA PUTA. Quando consegui restaurar este último Processo, era também, FILHO DA PUTA. Mesmo quando fui, por varias vezes, solicitado para ser auscultado, era FILHO DA PUTA. Quando entrei em Tribunal, para ser ouvido, era, sem duvidas, FILHO DA PUTA. No dia de sentença, era FILHO DA PUTA e sai do tribunal, na mesma. E honestamente, a sua posição, com bata preta, conseguiu ver o meu semblante e o semblante do advogado dele, o semblante de todos os presentes...
Cara Juíza,
Já cobiço o seu ofício mas, ainda que duvide da sua especialidade, deixa-me fazer uma pergunta, própria de um bastardo, que DE FORMA CONSCIENTE, gera bastardos.
Deus, existe?
Lhe escrevi na certeza de que sexo consensual, não é crime. Lhe escrevi também, na certeza de que seu ofício é, na verdade, delicado e um dos mais complexos que qualquer outro pois, usa-se a balança e o martelo, na prática. Mas, aos seus lados direito e esquerdo, há conselheiros que sabem muito bem, como animam e como se tratam esses tipos de assuntos, cá na povoação e na cultura macua.
Dura lex, ced lex, com melhores cumprimentos e desejos de um bom final de semana, junto da sua (unida) família, cuja qual, não rogo que aconteça, nem a metade do que me está a acontecer, ao longo do tempo supracitado e doravante...!