Curta carta aberta ao Samora Machel Jr.
Caro Samito,
Vou ser curto e grosso, qual soi dizer-se...
Essas pessoas que aparentemente estão ao teu lado hoje, amanhã vão virar as costas para ti, quando estiveres a atravessar o deserto que te espera pela frente, se te aventurares nesse projecto de concorrer contra a FRELIMO e quejandos (RENAMO e MDM) nas eleições autárquicas agendadas para 10 de Outubro próximo (2018). O "timing" ainda não é bom para essa empreitada, porque Moçambique ainda não é verdadeiramente um Estado de Direito Democrático, qual algum jurisconsulto pode estar a pretender fazer crer.
Aliás, tu melhor que eu sabes que outrora assim ocorreu com o teu saudoso pai. Tu sentiste o isolamento a que a família do teu pai esteve devotado. Tu já passaste por um deserto e sabes quão penoso e cruel isso foi aquela experiência. Eu não acho prudente, pois, tu teres que submeter os teus filhos à provável sorte igual que a tua naquele passado tenebroso.
Esse "apoio" que te convencem que tens das ditas "bases" não é real. Tampouco é porque se acredita que vais resolver os problemas da cidade de Maputo melhor que o, teu também pai e camarada, Eneas Comiche. Sai dessa caixa escura em que te estão a meter, meu caro. O que para eles parece fundamental nesta corrida é um provável ajuste de contas deles com a FRELIMO/RENAMO/MDM. Não aceita que eles te usem para tal fim previsivelmente inglório. Não é saudável esse convite que te foi feito para encabeçares a lista da AJUDEM. Trata-se de um presente envenenado, contanto que alguns dos integrantes dessa lista têm comprovadamente contas a ajustar ora com a FRELIMO, ora com a RENAMO, ora com o MDM.
Portanto, no fundo é o nome da tua família que prentendem usar. Atesta está hipótese, o nervosismo dos que contestam as opiniões dos que te aconselham a não entrares nessa corrida contra o partido que te criou e te está a preparar zelosamente para um dia assumires tarefas que dignificarão o teu nome próprio, da tua família nulcear e da própria FRELIMO.
Pensa bem, Samito; pensa bem mesmo! E que fique claro que, pessoalmente, eu não estou contra a tua decisão de aceitares concorrer contra o partido das tuas famílias nuclear e alargada. Mas tal respeito pela tua liberdade s sobernia não me coarctar o exercício da liberdade de partilhar contigo esta minha maneira de pensar, que no fundo traduz uma preocupação—que julgo legítima—que tenho com relação ao teu futuro pessoal e da tua família. Creio até, com certa convicção, que mesmo no seio da tua própria família há quem não vê como boa essa tua decisão, e, portanto, não te encoraja a prosseguires por esse caminho. Mas sobre o teu futuro, tu melhore decides, porque és bem adulto, livre e soberano.
Enfim, perdoa-me pela inconveniência e transtornos que enventualmente te esteja a causar com a frontalidade com me dirijo a ti nestes termos.
Um abraço fraterno, de
Julião João Cumbane.
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