sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Primeiro debate presidencial no Brasil foi morno e poupou Bolsonaro


Nem Lula da Silva, que está preso em Curitiba, nem o "vice" que se deverá transformar no verdadeiro candidato, Fernando Haddad, puderam estar presentes.
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Foi morno o primeiro debate entre os candidatos à Presidência no Brasil que decorreu na TV Bandeirantes — morno e marcado pela ausência do Partido dos Trabalhadores (PT). Nem Lula da Silva, que está preso em Curitiba, nem o "vice" que se deverá transformar no verdadeiro candidato, Fernando Haddad, puderam estar presentes, devido à situação indefinida em torno da candidatura.
Geraldo Alckmin, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), foi o principal alvo dos restantes candidatos. Alckmin terá mais tempo de campanha na televisão, mas tem tanta falta de carisma que mereceu a alcunha “picolé de chuchu” — para significar algo de insonso, sem grande sabor. Foi identificado pelos restantes candidatos com a política seguida pelo impopular Presidente Michel Temer.
"O debate programático ficou entre Geraldo Alckmin e Ciro Gomes [centro-esquerda]: de um lado a defesa das reformas e do outro o desenvolvimentismo de traço populista", disse o cientista político Fernando Schüler, citado pelo site da revista Exame.
Jair Bolsonaro, o candidato de extrema-direita, teve recordes de audiência no programa de entrevistas Roda Viva e foi a principal curiosidade no debate da noite passada. O ex-capitão e deputado federal lidera as sondagens há alguns meses — se Lula da Silva for retirado da contagem. Afirmou que é o único "honesto, patriota e com Deus no coração".
Mas no debate, o único que tentou um confronto declarado com ele foi Guilherme Boulos (PSOL), de esquerda, próximo de Lula e que segundo a Folha de São Paulo pareceu encarnar o ex-Presidente na televisão.
“Aqui tem 50 tons de Temer. Até quem está propondo o novo, estava no ano passado aprovando tudo do Temer”, afirmou Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, arrancando gargalhadas de quem assistia e tentando colar os adversários dele à imagem do Presidente e do Governo mais impopular de sempre da democracia no Brasil. Com excepção de uma citação feita por Boulos no início do encontro, Lula da Silva não só esteve ausente fisicamente — a Justiça não autorizou a sua participação —, como também não foi tema de debate entre os candidatos.
Boulos protagonizou ainda um momento quente do debate, quando acusou Bolsonaro de ser “machista”, “racista” e “homofóbico”, questionando ainda o deputado sobre uma suposta funcionária fantasma. Bolsonaro garantiu que se trata de uma funcionária em situação legal e concluiu: “Pensei que fosse discutir política.”
Mas Bolsonaro teve de dividir as atenções do público com um pequeno candidato, conhecido como Cabo Daciolo, que concorre pelo partido Patriota. O deputado federal, pastor evangélico e ex-bombeiro, falou diversas vezes em Jesus, leu um trecho da Bíblia e apresentou-se como “servo do Deus vivo”. “Eu estou aqui. Nação brasileira, nós estamos aqui e vamos transformar a nação brasileira para honra e glória do senhor Jesus", afirmou. Daciolo tornou-se uma figura pública como líder de uma greve dos bombeiros, candidatou-se pelo PSOL (esquerda) e actualmente candidata-se por um partido de extrema-direita.
candidata Marina Silva, da Rede e a única mulher no debate, disse que o actual Governo “tem assaltado o povo”. “Isso é fazer mudança?”, questionou, dirigindo-se a Alckmin, criticando ainda a política de alianças do PSDB. “Alianças são por tempo de TV, para se manter no poder. É a governabilidade com base no exercício puro e simples do poder”, afirmou Marina Silva. “Política é um caminho para mudanças e alianças são necessárias para implementar mudanças”, respondeu Alckmin.
No entanto, Marina Silva continua a ter dificuldade em afirmar-se em debates eleitorais, sublinha a Folha de São Paulo, apesar de estar a fazer a sua terceira campanha presidencial — que não está com grande embalo. 
O PT entrevistou Fernando Haddad e colocou a entrevista online, num programa transmitido no site do PT à mesma hora do debate, a que chamou "Debate com Lula"
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