Uma página de Facebook que apoiava Santana no PSD foi usada para promover o novo partido e gerou indignação de ex-apoiantes. Ex-líder nega ligação à página e garante que não era uma conta oficial.
A saída de Pedro Santana Lopes do PSD deixou feridas abertas e o assunto ainda é sensível. Uma página não oficial de apoio à candidatura de Pedro Santana Lopes às diretas do PSD começou a ser utilizada esta terça-feira para promover a recolha de assinaturas para o novo partido do ex-primeiro-ministro, a Aliança. E gerou a confusão. A página tinha tido como nome original, em outubro de 2017, “Pedro Santana Lopes — Unir o Partido, Ganhar o País” e tinha sido alterada para o nome “Pedro Santana Lopes — Aliança” já esta terça-feira. Ora, isso deixou “indignados” vários dos seus antigos apoiantes que seguiam a página. Mas tudo não passou de um equívoco.
Em grupos de WhatsApp, chamadas e vários SMS, inúmeros apoiantes de Santana Lopes começaram a comentar entre si o “abuso” que seria o antigo candidato à liderança do PSD utilizar a página oficial da candidatura às diretas para o novo partido (Aliança). Ao Observador chegaram queixas de antigos membros do staff e deputados do PSD que tinham apoiado Pedro Santana Lopes.
O antigo candidato à liderança do PSD explicou depois ao Observador que nem ele, nem ninguém do seu atual staff, administra a página e que durante as diretas aquela não era a página oficial das diretas, mas sim uma outra que tinha um número muito superior de seguidores. “Já contactámos os administradores a pedir que retirassem a página”, disse o antigo primeiro-ministro ao Observador. Os administradores recusaram identificar-se, mas a página foi apagada pouco depois da notícia do Observador.
A página de Facebook que motivou a indignação de antigos apoiantes de Santana tinha sido criada 21 de outubro de 2017, tendo como primeiro nome “Pedro Santana Lopes — Unir o Partido, Ganhar o País“. Ou seja, o mesmo nome da página oficial, o que levou vários apoiantes a seguirem a página. Muitos deles, sem se aperceberem, seguiam essa página e também a página oficial, com o mesmo nome. Como a página oficial foi ocultada a 2 de agosto deste ano, esses apoiantes julgaram que esta terça-feira, 21 de agosto, a página oficial tinha sido alterada para “Pedro Santana Lopes — Aliança“. Mas não tinha.
A equipa de Santana Lopes garante que a página oficial — que tinha mais de 10 mil gostos — foi ocultada do Facebook a 2 de agosto de 2018, enquanto que esta (não-oficial) só foi retirada esta terça-feira, 21. A coincidência do nome é que provocou a confusão que indignou antigos apoiantes. As informações do próprio Facebook induziam em erro e foram reproduzidas na primeira versão desta notícia.
Um membro da entourage de Santana Lopes mostrava-se “indignado” com esta alteração, que afinal não aconteceu. A informação, ainda antes da saída da primeira notícia do Observador, já circulava entre vários ex-apoiantes do antigo líder do PSD. Um deputado do PSD que apoiou Santana Lopes dizia até ao Observador que “há vários militantes que consideram esta alteração um abuso e estão profundamente indignados com o facto de ele estar a utilizar a mesma página e só ter alterado o nome.” Após Santana desmentir a utilização da página, a mesma fonte insistia que esta “não era a página oficial, mas fazia parte da rede de campanha. Páginas para onde a equipa enviava informação para partilhar”.
Nos álbuns da página (não oficial) apareciam fotografias da campanha das diretas, mas a equipa de Santana Lopes garante que foram colocadas de forma completamente alheia ao ex-primeiro-ministro e à sua equipa.
Santana Lopes garante ao Observador que não tem (nem nunca teve) qualquer controlo sobre a página. Após a notícia do Observador, a sua equipa contactou de imediato os administradores da página e pediu-lhes que a apagassem, o que aconteceu. Santana explicou ainda que o novo partido que quer criar ainda não tem página no Facebook. Até lá, só a sua página pessoal no Facebook pode ser considerada oficial.
Notícia atualizada às 14h15 com declarações de Pedro Santana Lopes ao Observador a afirmar que não tem qualquer ligação à página e com a informação de que foi ocultada do Facebook. Às 18h00, a notícia voltou a ser atualizada com as garantias dadas pela equipa de Santana Lopes ao Observador de que se tratava de uma página não-oficial. Na versão original desta notícia, o Observador publicou a informação de que se tratava da página oficial, o que se revelou errado. Pelo facto, pede desculpa aos leitores e a Santana Lopes.