sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Nyusi exige à Anadarko "máxima transparência"


Nyusi exige à Anadarko "máxima transparência"
O evento sobre as necessidades locais na indústria extractiva (especificamente da Anadarko), que tem lugar hoje aqui em Pemba, poderá ser a primeira grande clarificação sobre a dimensão do seu procurement local e até que ponto nosso sector privado estará em condiçōes de agarrar tais oportunidades. Ou seja, se nosso espectro empresarial pode oferecer produtos e serviços ao nível dos standards exigidos pela indústria.
Se o encontro for para levar a serio, a Anadarko deverá ser específica, detalhando ao mínimo a natureza dos produtos que vai procurar localmente. A experiência do local content da indústria extractiva em África mostra que o grau de especificidade determina a dimensão dos outcomes. Sem essa especificidade, a percepção sobre os ganhos potenciais será reduzida. Este tipo de encontros, em certos contextos, é aliás marcado por muito teatro com enredo camuflado. Se fica por anúncios gerais, para fazer abafar as expectativas da sociedade e amainar a gula da classe política ávida de oportunidades de rent seeking. Mas, no fundo no fundo, a divisão real do bolo, o making of dos negócios que contam, acontece atrás de cena.
A clarificação de hoje se estende para outra coisa: quem será o principal interlocutor da Anadarko na disseminação das oportunidades e na criação de capacidade local. A experiência de Angola, retratada em estudos variados, aponta que a Sonangol era a porta de entrada para todas a oportunidades de local content. E a partilha do bolo ficou concentrada numa pequena elite adstrita às redes clientelares do antigo Presidente José Eduardo dos Santos. Em Moçambique, o peso específico da ENH é menor que o papel jogado pela Sanangol. Por cá é provável que a CTA se apresente como o principal interlocutor da Anadarko na disseminação das oportunidades e na viabilização das actividades de certificação.
Na viagem para Pemba esta manhā captei o sentimento de um enorme optimismo entre os actores do sector privado. Os discursos de Júlio Parruque (Governador de Cabo Delgado) e de Max Tonela (Ministro dos Recursos Minerais e Energia), na abertura do evento, estavam também insuflados desse optimismo. Mas nas actuais condições da nossa economia, haverá ainda um grande caminho a percorrer. E medidas de política urgentes ligadas a protecção de quem tem investido e criado valor em Moçambique.
Desengane-se, no entanto, nosso empresário que espera se alavancar no Made in China para fornecer a indústria extractiva. Os padrões de qualidade requeridos são altíssimos. O acampamento da Anadarko em Palma está buscando produtos na Europa. Até frango sul africano não é de confiança. No inicio do encontro há poucos minutos, Nyusi exigiu ao Vice-Presidente da Anadarko, Steve Wilson, "máxima transparência" . É bom que ele tenha falado nesse tom. O nível de detalhe da informação vai ser relevante. Vamos lá ver o que vai sair cá para fora ao longo do dia.

Anadarko prevê criação de mais de cinco mil empregos directos com o projecto de LNG

Anadarko prevê criação de mais de cinco mil empregos directos com o projecto de LNG
Falando durante a abertura do seminário sobre oportunidades locais, que iniciou há instantes, em Pemba o director da Anadarko em Moçambique, Steve Wilson assegurou que há muito espaço para empregar e gerar negócios para moçambicanos. “É preciso massificar a mão-de-obra moçambicana nos projectos. Serão criados cinco mil empregos durante a implantação do projecto, mil e quinhentos empregos a longo prazo, e na fase operacional.  A medida que a construção seguir, mais moçambicanos estarão em formação e poderão ocupar as vagas que exigem especialidade. Os benefícios do projecto não ficarão confinados a Cabo Delgado.
Esperamos que os efeitos positivos da actividade económica criem significativamente empregos indirectos para mais moçambicanos. Tudo isso será bom para nação, e para as futuras gerações de Moçambique”, disse.
Falando sobre o processo de reassentamentos. Wilson disse que nada é mais importante para esse projecto do que o relacionamento com os futuros vizinhos.
“Realizamos mais de 800 reuniões com as comunidades. O reassentamento está a ser realizado de acordo com a lei moçambicana. Todos os 560 agregados familiares vão receber compensação equitativa, terras de cultivo e meios de subsistência. Na aldeia que será construída não haverá somente casas, mas também escolas, clínicas médicas, igrejas e edifícios comunitários”, assegurou.
Num outro desenvolvimento, o director da Anadarko em Moçambique falou das ações que estão actualmente em curso. “Estamos a fazer a construção de uma estrada de 14km em Palma, estamos a expandir o acampamento para acolher melhor os trabalhadores e adjudicamos um contrato para construção de um aeródromo, que vai facilitar as idas e vindas do projecto. Ainda este mês mais de dois mil trabalhadores irão ao local para ajudar a desenvolver essas actividades”, disse.
A Anadarko fez saber ainda que mais de 20 moçambicanos estão em formação nos Estados Unidos da América, e falou do programa de mestrado em Engenharia de petróleo na Universidade Eduardo Mondlane, que tem uma média de 25 estudantes ao ano.
No final do ano a petrolífera vai abrir um centro de negócios em Pemba, que terá um escritório satélite em Palma. A decisão final de investimento será tomada até ao primeiro semestre de 2019.
A demolição de Luísa Diogo
(A questão da empresa de moçambicano versus empresa registada em Moçambique)
Esta manhã foi desfeito, em Pemba, um dos equívocos mais recorrentes sobre afinal quem vai beneficiar, em Moçambique, do procurement local da Anadarko. No início do evento, o tema parecia ainda um tabu. Um dos representantes da Anadarko disse que a multinacional americana já tinha previsto gastar na fase da construção dos seus dois trains de LNG 2.5 bilhões de USD. "Para beneficiar as empresas registadas em Moçambique e as empresas propriedade de moçambicanos". Esta colocaçāo carregava o peso da reserva, o receio do politicamente incorreto, um recurso de linguagem para não ferir susceptibilidades.
Nos últimos meses, o debate sobre quem devia colher os benefícios em Moçambique das oportunidades locais da industria extractiva tem sido inquinado por uma perspectiva nacionalista de compartimentação do sector privada em gavetas que dariam privilégio às empresas de proprietários exclusivamente moçambicanos. Aliás, uma linha dos defensores desta perspectiva tem contornos mais arrojados: a ideia de um shareholding através do qual empresários moçambicanos teriam a possibilidade de acesso à participação accionista nalgumas multinacionais. Há meses que, em círculos restritos e nos corredores governamentais do sector, essa perspectiva foi descartada pelos investidores. Que já fizeram questão de comunicar isso ao executivo de Nyusi.
Mas, mesmo assim, a Anadarko surgiu esta manhã em linguagem comedida. A distinção que operara foi, no entanto, perdendo peso. Quando o debate estava a descambar para a defesa do proteccionismo, desse nacionalismo empresarial, houve quem iluminasse os mais cépticos. Quem? Luisa Diogo, a PCA do Barclays, que classificou o evento como "histórico" pelo seu potencial de partilha de informação e desafiou a CTA a arregaçar as mangas para que os moçambicanos agarrem nas oportunidades.
Pois Luísa foi demolidora. Afinal, o que era uma empresa moçambicana?, questionou-se. E clarificou. Independentemente da nacionalidade dos seus accionistas, uma empresa registada em Moçambique é uma empresa moçambicana; é uma empresa de direito moçambicano. Prontos! E deverá ter as mesmas oportunidades que todos os outros. Para Luísa Diogo uma nuance podia ser considerada. A de se fazer com que as empresas de estrangeiros que operam em Moçambique sejam obrigadas a fornecer produtos de origem local. Mas, como frisaria o Ministro Max Tonela, na sua alocução final, isso não significava que, no quadro duma restrição daquela natureza, as empresas de moçambicanos teriam a prerrogativa de fornecer produtos 100% importados. Tonela foi explícito: para empresário moçambicano vingar vai ter de demonstrar capacidade certificada, continuidade na provisão dos seus bens ou serviços e fornecimento de escala.
O Presidente Filipe Nyusi daria a machadada final na abordagem proteccionista, mas optou por certo desanuviamento da aparente tensão. Ele frisou a ideia de que, para agarrarem nas oportunidades das extractivas, as empresas locais deviam se esforçar para buscar parceiras estrangeiras e garantir sua competência. "Para não andarem atrelados a subsídios", rematou ele. O evento de Pemba foi satisfatório, um bom exercício de transparência. O principal desafio para o sector privado será o da sua certificação. A Anadarko descerrou uma panóplia de oportunidades para os moçambicanos. Emprego e formação de competências. Capacitacao empresarial e ligações económicas. A multinacional americana vai fazer a sua parte. Os moçambicanos não devem cruzar os
braços.
Comentários
Mario Joao Gomes Sr. A bola estara agora do nosso lado como mocambicanos. O trabalho arduo, o compromisso, serao obrigatorios. Abraco MM. Well done.
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Paizinho Mhula Mas a conhecer a nossa visão lobista e 10porcentista empresarial não sobriviveremos se a mesma gravata atarmos. Temos mesmo que reinventar a roda e mudar o modos operadens do nosso grupo empresarial
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Responder56 min
Mario Joao Gomes Sr. Vamos ao trabalho arduo. Abraco
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Responder49 min
Joao Mazivila Antonio Força família, vamos todos edificar nosso Moçambique juntos e Unidos do Rovuma ao Maputo
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Luís George Generoso MM, o que se reserva para o depauperado "cavalo de troia", juventude, que mesmo com ideia formada e devidamente capacitado nao tem merecido confianca pela banca comercial ou outros entes financeiros para o primeiro passo "assistido" como empreendedores?
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Miro Guarda A banca é Moçambicana pois não?
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Luís George Generoso Registada em Moçambique, portanto regida pelo direito mocambicano. Miro Guarda, suspeita da banca nacional (maioritariamente de capital estrangeiro)? Reticente em investir nas emissoes do tesouro, poderia muito bem investir massivamento numa nova geracao e jovem para o empresariado. Pode parecer de risco, mas necessario numa economia em que a oportunidade de emprego vem viciada (corrupta, nepotistica e despotica).
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Miro Guarda Luís George Generoso, infelizmente não confiou nessa tal banca, aliás ela não confia em mim porquê eu confiaria nela?
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Responder49 min
Manjate Custodio Bem vistas as coisas pela Luisa Diogo.
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Niz Tambira O empresário moçambicano quer espaço fácil neste negócio, só que aquilo do gás e petróleo não é negócio do partido, desta vez não há como eles agirem como extraterrestre. Os investidores não vão aceitar peixe podre no buffet
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Responder56 min
Paizinho Mhula Mas lembrem-se que o nosso grupo empresarial poderá falecer com esta abordagem pois não está habituada a concorrer para ganha mas sim a subornar e mostrar cor partidaria para ganha adjudicações.
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Júlio Mutisse Marcelo Mosse Luísa Diogo leu a lei de petróleo e a lei de minas. A preferência dada, mesmo nessa lei, só vale se houver capacidade e garantir continuidade. Não há novidade nem no que Max disse, nem no que o PR disse. 
Sobre o conceito de Nacional n
as empresas há que recorrer a diversas leis. A legislação de terras tem seu conceito, a lei de imprensa outro, a lei de... Outro. Não basta dizer o que soa bem aos nossos ouvidos e ser demolidor, há que influenciar políticas que façam valer as ideias demolidora que expressamos.
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Responder13 min
Vasquinho King Mas sempre foi assim e isto foi visivel com as leis das ONGs a maioria das ONGs internacionais já se registaram como moçambicanas. Mas voltando as empresas de direito mocambicano sao as formam no minímo um consórcio ou se registam nas entidades de direito como nacionais. Assim nos próximos dias podemos ter a Anadarko-Moçambique e ENi Moçambique só para citar alguns exemplos. As produtoras agricolas sulafricanas e da regiao austral tambem vao entrar em Mocambique e passaram a ser de direito moçambicano. A maioria dos bancos sao de capitais estrangeiros mas sao empresas de direito moçambicano. Nao sei quel era a dúvida aqui. 
Agora uma coisa é certa o CTA tem que se reinventar criar laços com os mais fortes e abrir portas para os accionistas estrangeiros abraçarem o vociado empresariado nacional para a sua certificacao e capacitacao e robustez de competencia para abraçar o negócio de petrogás
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Responder8 minEditado
Júlio Mutisse Vasquinho a Anadarko está em Moçambique como Anadarko Moçambique Área 1 limitada.
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Responder9 min
Vasquinho King Sei disso. Algum impedimento para que se transforme em Anadarko Moçambique com impostos pagos na rebedoria de fazenda de Palma, visto no tribunal, certidao de quitacao do INSS e alvara passado e registado como de direito moçambocano?
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Júlio Mutisse Não paga? De que impostos te referes?
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Comentários

Maria Margarida Chaves Marques Numa altura em que a nível mundial se põe em causa a extracção de combustíveis fósseis devido às consequências nefastas que têm para as mudanças climáticas e para o futuro do planeta, nós enveredamos por esta via quando existem outras que talvez, a longo prazo, são mais rentáveis e sustentáveis como o turismo bem feito que preserva e respeita a natureza. Mas eu sei que tal não é possível pois é grande o desespero para se pagarem as recentemente dívidas contraídas que nos escravizam. Triste ...

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Miro Guarda Cara Maria, o turismo foi morto quando alguem de viva voz disse: "Mocambique nao eh perola do Incido".
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Caido Zubaida Zubaida Sem duvidas.(ZUBA"S).
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Sidio Macuacua Muito bem
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Vasquinho King Uma pergunta quantas empresas de Pemba ou CAbo Delgado puderam estar no evento? Parece que que Maputo andou ai a reclamar os custos da passagem etc
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Miro Guarda Lá estão pessoas bem vestidas meu caro Vasquinho King, só isso
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Vasquinho King Empresarios ou políticos?
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Gabriel Muthisse Marcelo Mosse, já estiveste na China? Pergunto para aferir se tens noção da qualidade da sua indústria e dos seus produtos. Posso dizer-te que fornecimentos chineses não ficam nada a dever aos fornecimentos europeus. Aliás, muitos produtos que andam por aqui como europeus (viaturas, roupa, calçado, outros produtos industriais) são produzidos na China.

China é muito mais que Guangzhou, onde nossas irmãs costumam ir fazer mukhero

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Marcelo Mosse Pois...a China tem tudo...do melhor e do pior....muito que eh trazido para ca 'e do pior....sabe que a magia do Steve Jobs eh desenhada em Silicon Valey e fabricada na China? Eu sei disse. Mas tambem sei que tambem tem Iphone chines...e 'e o que a malta aponta como qualidade....
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Gabriel Muthisse Marcelo Mosse, já há 7 anos que uso telefones Huawei. Posso lhe garantir que não ficam a dever nada aos Samsung e outros. E já usei esses também
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Egidio Vaz "China", para a maioria dos ocidentalizados é sinónimo de pirataria. Isso é mais uma consequência do triunfo do preconceito e da propaganda ocidental.
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Responder47 min

Gabriel Muthisse Pois, Egidio! E nós reproduzimos essa propaganda e esses preconceitos alegremente. China é uma grande nação. Quem visita aquele país dá-se conta da vitalidade da sua indústria e da qualidade dos seus produtos.

Se a China não vai poder fornecer produto
s às plataformas de gás dominadas pela Anadarko, tal não se deverá à qualidade dos seus produtos, mas sim ao preconceito e às guerras comerciais entre o Ocidente e aquele progressivo país

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Hugo Coimbra Marcelo Mosse, estou ceptico em relacao ganhos no procurement sera preciso fazer reformas profundas na Gestao de Qualidade virada para certificacao nas Pequenas, media's e Grandes Empresas Mocambicanas se quisermos ganharmos alguns procurement Internacionais. neste momento estamos na posicao de outsiders

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