quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Nenhuma autoridade aceita dar o ponto sobre “rapto” e “resgate” do empresário

Andre Hanekon está sob custódia no Hospital Provincial de Pemba 
- Comando Geral da Polícia remete qualquer esclarecimento ao SERNIC e este, por seu turno, prefere esconder-se no “estamos a buscar informação” 
As autoridades moçambicanas ligadas ao sector da Defesa e Segurança continuam a rejeitar conceder qualquer esclarecimento em torno do caso do empresário sul-africano “raptado” na vila sede distrital de Palma, norte de Cabo Delgado, e posteriormente “resgatado”, pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS) no distrito de Mueda, também norte de Cabo Delgado.
Apesar do silêncio das autoridades, sabe-se que o empresário sul-africano está, neste momento, internado e sob custódia das autoridades no Hospital Provincial de Pemba. 
Em relação ao assunto, o mediaFAX tentou ouvir o Comando-Geral da Polícia na tarde desta quarta-feira, depois desta entidade ter prometido pronunciar-se em torno do caso na terça-feira. Nisto, a partir do contacto estabelecido, o mediaFAX foi aconselhado pelo respectivo porta-voz doComando-Geral, Cláudio Langa, a contactar o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), supostamente porque toda a informação tinha sido canalizadaa este último órgão. 
Entretanto, o Serviço Nacional de Investigação Criminal optou pelo silêncio, supostamente porque estava ainda a recolher dados em torno do assunto. Diante de alguma insistência do nosso lado, o porta-voz do Serviço Nacional de Investigação Criminal, Leonardo Simbine, decidiu ficar pelo compromisso de retornar a chamada assim que tivesse toda a informação, promessa que não foi cumprida até ao fecho da presente edição. 
O empresário, segundo noticiamos em edições anteriores, foi levado, à força, por um grupo de quatro homens armados e fardados a militares das Forças Armadas de Defesa de Moçambique. 
Testemunhas locais classificaram a ocorrência como “rapto protagonizado pelas Forças de Defesa e Segurança”, mas estas disseram que se tratava de um “rapto protagonizado por um bando armado, composto por quatro homens armados desconhecidos”.
Um dia depois, o empresário foi visto no Hospital Distrital Mueda onde recebia tratamento médico do ferimento que contraiu no dia em que foi obrigado a entrar na viatura dos homens que o levaram. 
O facto é que o suposto rapto protagonizado por homens armados desconhecidos aconteceu uma semana depois de terem circulado informações relacionando AndreHanekon aos insurgentes que, nos últimos tempos, tem estado a aterrorizar o norte da província de Cabo Delgado. Para as testemunhas e pessoas próximas a Hanekon, todo o cenário que circundou o rapto indica que o empresário foi levado pelas Forças de Defesa e Segurança, exactamente no âmbito da suspeita de que este pode ser um dos mandantes dos terroristas que já mataram cerca de 80 pessoas desde Outubro do ano passado. 
Aliás, as autoridades de Defesa e Segurança procuram, a todo o custo e com pouco sucesso, pôr mão sobre o bando que está a tornar o norte de Cabo Delgado um local perigoso para habitar. 
O insucesso que se regista na busca dos implicados do terror de Cabo Delgado está, por detrás do nervosismo indisfarçável que se regista no seio das Forças de Defesa e Segurança, daí que a crença de que a acção de “rapto” e “resgate” do empresário tenha mesmo sido obra das Forças de Defesa e Segurança. 
Até porque, falando ao mediaFAX, Fracis, esposa do empresário sul-africano, mostrou forte suspeita de que a informação facultada pelo marido, segundo a qual tinha sido resgatado de mãos criminosas, pelas Forças de Defesa e Segurança, era um discurso imposto pelos militares que mantém Andre Hanekon sob custódia.
MEDIA FAX – 09.08.2018

Sem comentários: