sábado, 4 de agosto de 2018

A praga dos hipopótamos de Pablo Escobar


Animais do conhecido traficante colombiano reproduziram-se e estão fora do controlo. Hoje, são a maior população da espécie fora de África. Mas estão a alterar o ecossistema e a preocupar as autoridades.
03/08/2018


Texto de Filomena Abreu

Começaram por ser quatro. Viviam no zoológico particular do narcotraficante colombiano Pablo Escobar, conhecido por Fazenda Napoles, juntamente com outros animais. Porém, quando o império de Escobar entrou em colapso, flamingos, girafas, zebras, cangurus, leões e girafas foram transferidos para outros locais, em segurança. Mas com os hipopótamos a história foi outra. Deixados à sua sorte, depois da morte do barão da droga, em 1993, os outrora gigantes de estimação multiplicaram-se. E, assim, Escobar deixou à Colômbia um legado tão fascinante quanto perigoso. Os herbívoros de 1800 quilogramas converteram-se na maior população da espécie fora do continente africano.

Sem controlo, os quatro hipopótamos originais reproduziram-se e hoje estima-se que já sejam mais de 60. Contudo, ao certo, ninguém sabe. O impacto da proliferação desses animais no ecossistema é tão grande que já se fizeram estudos para avaliar as mudanças que entretanto ocorreram. Jonathan Shurin, professor da Divisão de Ciências Biológicas da University California San Diego, nos Estados Unidos, é um dos investigadores que colabora com os cientistas colombianos na área da ecologia aquática. “Foi uma ótima oportunidade para estudar algo que nunca havia sido estudado antes”, disse.

A quatro horas a leste da segunda maior cidade da Colômbia, Medellín, no município de Puerto Triunfo, os hipopótamos, que podem medir até três metros de comprimento e dois de altura, tornaram-se uma atração turística. Nos últimos dois anos, Shurin tem observado que a presença de hipopótamos está a alterar os lagos próximos do rio Magdalena. As autoridades estão preocupadas. Além do perigo de ataques a pessoas, os animais representam um risco para a biodiversidade, deslocando a fauna nativa, como o peixe-boi, que já está em vias de extinção, ou a lontra, porque ocupam o mesmo espaço. Depois, são portadores de doenças que se podem revelar fatais para o gado. E, ainda, são um incómodo para a pesca e poluem os rios porque defecam na água.

Os hipopótamos são classificados como “engenheiros do ecossistema” porque movem os nutrientes essenciais de um ecossistema para outro. “Os hipopótamos fertilizam os lagos comendo erva de dia e defecando na água à noite.” E isso “está a afetar o ecossistema, desde os micro-organismos aos sapos e morcegos.”

As autoridades do país estão a estudar formas de conter a reprodução dos hipopótamos, que podem viver 60 anos. Esterilizá-los ou enviá-los para o habitat natural em África está fora de questão por causa dos elevados custos. A construção de uma área cercada só para os animais de grande porte parece a solução mais consensual, até para impedir que invadam o espaço das populações.








Notícia Devia Ser o Teu Comentário
Por mais anos que passem, haverá sempre um tuga espertalhão com a mente manipulada por diários digitais que vem dispender alguns segundos (provavelmente sentado naquele sítio) a fazer piadolas que acabam por descambar sempre em assembleia da república e em deputados, qual fixação pavloviana com os políticos. Há uns anos era o "Socas", noutros tempos era o Coelho, agora é o Robles etc etc etc. Um sociólogo que explicasse isto é que era.
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António José Rodrigues Rebelo
É a informação tipo mais actual, com mais facilidade de ser reproduzida. Por isso, por tudo e por nada as pessoas violam a sua racionalidade crítica e funcionam por condicionamento clássico, com a repetição automática da situação tipo significativa para ela. É o condicionamento clássico a funcionar.
Contudo, voltando aos hipopótamos, considero que a explicação apresentada é parcial. O hipopótamo no novo ecossistema em que foi introduzido poderá trazer, a curto prazo disfuncionalidades sistémicas, mas a sua presença poderá acrescentar muitos factos positivos. Estes não foram divulgados por omissão, por desconhecimento ou por necessidade de alimentar um problema na opinião pública. Acrescento, já houve no estado da Louisiana, USA, uma tentativa de introduzir este animal com o objectivo de corrigir os cursos de água e servir como fonte de alimentação para o homem. Em África, na zona subsariana este animal existia em abundância, hoje, está restringido a alguns rios. Por esse(s) motivo(s) os colombianos devem estar com atenção à reprodução deste animal no seu território, porque poderá vir a constituir uma verdadeira riqueza para eles.
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Pedro Silva
Porque não os trazem para Lisboa? Não, para o Zoo não...
Para outro sítio onde abundam muitos parentes deles... adivinham onde?
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Miguel Cardoso
Tragm nos para casa do Robles
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