quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Melania Trump entra na campanha para captar voto feminino


A mulher do candidato republicano à Casa Branca, Melania Trump, entrou hoje formalmente na campanha, já na reta final, com um discurso centrado nos valores tradicionais.
A candidata a primeira dama quer apagar a imagem machista do marido e garantir-lhe mais votos femininos.
A ex-modelo eslovena, que se manteve afastada dos holofotes desde que discursou na convenção republicana, em agosto passado, e delegou a função clássica de "humanizar" o candidato nos filhos de Donald Trump, protagonizou o seu primeiro comício, a cinco dias das eleições presidenciais, no decisivo estado da Pensilvânia, onde as sondagens apontam para um empate.
"Vim aqui, hoje, para falar do meu marido, Donald, e do seu profundo amor e respeito por este país e por todo o seu povo. Vim falar sobre este homem que conheço há 18 anos", disse a terceira mulher de Trump, de 46 anos, no breve discurso proferido na localidade de Berwyn, com cerca de 3.500 habitantes.
Melania Trump seria uma primeira-dama atípica em dois sentidos: em primeiro lugar, por ter posado nua, como se encarregou de recordar um grupo opositor ao marido durante as primárias republicanas no conservador estado do Utah; e em segundo lugar, porque seria a segunda imigrante a assumir tal posição, depois da britânica Louisa Adams, em 1825.
"Sou uma imigrante, e ninguém dá mais valor às liberdades e oportunidades dos Estados Unidos do que eu", assegurou a cidadã eslovena que obteve a nacionalidade norte-americana em 2006.
A candidata a primeira-dama recordou a infância na Eslovénia comunista, onde "América era a palavra para definir a liberdade e a oportunidade", e quanto a inspirava, aos dez anos, a presidência do republicano Ronald Reagan (1981-1989).
A cidadania norte-americana foi, para Melania, "um verdadeiro privilégio" obtido "após um processo de dez anos, que incluiu muitos vistos e uma licença de residência permanente".
Várias mulheres que a escutavam na plateia saudaram a possibilidade de ela se tornar a primeira imigrante a acompanhar o marido para a Casa Branca em quase dois séculos e sugeriram que a retórica anti-imigrante do candidato republicano se aplica apenas aos indocumentados.
Um dos objetivos do discurso de Melania Trump era reduzir a vantagem da candidata democrata, Hillary Clinton, sobre o seu marido junto das mulheres da Pensilvânia, onde ela conta com mais cerca de 20% de intenções de voto feminino do que o magnata, segundo uma sondagem divulgada esta semana pela Universidade Quinnipiac.
Para tal, a ex-modelo prometeu tornar-se uma primeira-dama "defensora das mulheres e das crianças" e sublinhou a necessidade de os Estados Unidos "respeitarem as mulheres e lhes oferecerem boas oportunidades".
Defendeu igualmente a "necessidade de ensinar aos jovens" os valores tradicionais norte-americanos, como "a honestidade, o respeito, a compaixão, a caridade e a cooperação".
A palavra "elegância" foi a mais usada para descrever Melania, pelo público feminino do comício, que referiu unanimemente Martha e Laura Bush como as primeiras-damas ideais, nas quais esperam que a mulher de Trump se inspire.
Essa imagem convencional pode não encaixar de todo numa mulher que se deixou fotografar despida, mas Melania soube compensá-lo defendendo a sua decisão de ficar em casa a cuidar do filho de dez anos, Barron, para o acompanhar e educar enquanto o marido faz campanha.
A mulher de um candidato presidencial que fez dos insultos na rede social Twitter parte dos seus atrativos para muitos votantes insistiu também na sua vontade de combater as "palavras mesquinhas" usadas nas redes sociais para acossar crianças e adolescentes.
"É terrível quando [o 'bullying'] acontece no pátio de uma escola, e é totalmente inaceitável quando é feito por alguém anónimo, que se esconde na internet. Temos de encontrar formas melhores de honrar e apoiar a bondade básica das nossas crianças, sobretudo nas redes sociais", frisou a candidata a primeira-dama dos Estados Unidos.
Fonte : ( Reuters, 16)
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