Prémio Leaders &
Achievers-Flecha Diamante 2016 PMR Africa
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Xerife de Washington em
acção
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Naíta Ussene
Frustração chega à
direcção da EMATUM
TEMA DA SEMANA 2 Savana
18-11-2016
Desde a chegada de
Rogério
Zandamela - um
quadro talhado durante
28 anos no Fundo
Monetário
Internacional (FMI)- ao
mais alto cargo do Banco
de Moçambique
(BM), o sector bancário
moçambicano anda nervoso
e
em reboliço. Primeiro
foi o Moza
a ser intervencionado e,
na passada
sexta-feira, foi a vez
do Nosso
Banco (ex-Banco
Mercantil e de
Investimento-BMI) a
apanhar
pela medida grande: viu
a sua licença
revogada e está em
liquidação.
A pergunta que baila
agora
na praça é quem será o
próximo?
O SAVANA tenta aqui
lançar
algumas pistas.
A queda do Nosso Banco é
a segunda
acção atribuída à mão
dura
do novo governador do
BM, Rogério
Zandamela, com três
décadas
de trabalho no FMI.
Contrariamente ao Moza
em que o
Banco Central propôs a
sua venda,
como alternativa para
salvaguardar
os interesses dos
depositantes, o
Nosso Banco (NB) viu
revogada a
sua licença, vai ser
liquidado, deixando
os usuários da banca em
crise
nervosa, sobretudo os
clientes do
NB que, sendo
subscritores de contas
individuais em meticais,
têm direito
a um reembolso de
20.000,00
Mt. providenciado pelo
Fundo de
Garantia de Depósitos
(FGD). O
Nosso Banco, segundo o
BM, apresentava
“uma fraca capitalização,
uma estrutura
económico-financeira
insustentável, assim
como graves
problemas de liquidez e
de gestão”.
O rácio de
solvabilidade, que indica
a proporção relativa dos
activos
financiados por capitais
próprios
versus capitais alheios,
estava num
nível problemático. O
mínimo até
agora aceite pelo Banco
Central
são 8.0%, mas o Nosso
Banco apresentava
índices negativos.
Quanto
mais baixo é este rácio,
maior é a
vulnerabilidade do banco
e o caminho
para o caos é
inevitável.
Foi o que aconteceu no
Nosso
Banco, situação que se
espera venha
a ter lugar noutras
instituições
bancárias que poderão
ser alvo de
intervenção
administrativa ou revogação
da licença. Segundo a
pesquisa sobre o sector
bancário
elaborada pela KMPG e
libertada,
em Outubro, o índice de
solvabilidade
do Nosso Banco, em 2015,
era
9.1%, contra 20% de
2014.
O United Bank for África
Moçambique
(UBA), um banco de
capitais
nigerianos, tem, segundo
a mesma
pesquisa, um rácio de
solvabilidade
de 9.5%, contra 0.6% de
2014.
Em termos comparativos,
o UBA
segue o Nosso Banco em
termos
de rácio de
solvabilidade. O Banco
Terra possui o índice
mais alto dos
16 bancos analisados
pela KPMG:
VANA ouviu executivos de
três
bancos sedeados em
Maputo que
confirmaram estar a
haver um movimento
desusado de clientes nos
balcões levantando a
totalidade ou
grande parte dos seus
depósitos.
Falando à margem do
encontro que
manteve terça-feira com
o director
adjunto do departamento
africano
do FMI, David Owen,
Rogério
Manuel não poupou
críticas ao regulador
do sistema financeiro
moçambicano.
“O que podemos dizer é
que as
empresas estão a ser
prejudicadas.
Prejudicadas porque
temos um
fiscalizador, ou
regulador chamado
Banco de Moçambique, mas
ao
longo dos últimos dez
anos, os bancos
projectaram lucros que
de uma
forma incentivaram as
empresas a
fazerem depósitos nesses
bancos
comerciais e em um ano
esses bancos
foram à falência”,
lamentou o
líder dos empresários.
Observadores na praça
moçambicana
fazem notar que o início
da
queda em cascata de
bancos em
Moçambique mostra a
forma pouca
arrojada e clientelista
com que a
anterior administração
do Banco
Central lidava com o
sistema bancário
no país, dominado por
incertezas
e à mercê de fortes
influências
políticas vindas de
sectores dominantes
do partido
governamental,
que sonhavam em ter
bancos à custa
de fundos alheios.
É igualmente questionada
a qualidade
da supervisão bancária
do
Banco Central, que no
passado ficou
mal na fotografia no
caso do
Banco Austral, sugado
até à falência
técnica por figuras
ligadas à
nomenklatura e mais
tarde vendido
a um dólar ao Grupo
sul-africano,
ABSA.
“Um banco não é uma
barraca ou
instituição informal,
que opera à
margem da lei e da
supervisão estatal.
Um banco opera debaixo
de
normas rigorosas cuja
implementação
é garantida pelo Estado
através
do Banco Central. Caso
não existisse
esta garantia do Estado,
os
cidadãos há muito já
teriam abandonado
os bancos e passado a
usar
mecanismos informais de
poupança
e circulação de
dinheiro”, frisou
um “grande” depositante
no NB,
questionando o porquê do
Banco
Central não ter
enveredado pelo
mesmo caminho do Moza.
O Instituto Nacional de
Segurança
Social (INSS), que
chegou a deter
78,57% das acções em
2014, no
BMI, ano em que injectou
cerca de
452,9 milhões de
meticais, foi sempre
a vaca leiteira da nomenklatura
em negócios de duvidosa
viabilidade.
Recorde-se que o INSS
enterrou,
nos finais dos anos 90,
perto de
um milhão de dólares na
Credicoop
(Cooperativa de Créditos
e Investimentos),
participado
Depois do Moza e Nosso
Banco quem se segue?
54.9% em 2015, contra
54.8% de
2014.
Segundo especialistas do
sector
contactados pelo SAVANA,
os
números da pesquisa “são
muito
relativos”, uma vez que
a situação
se alterou,
radicalmente, ao longo
de 2016, especialmente a
partir do
segundo semestre, quando
as medidas
restritivas do Banco
Central
começaram a ter mais
impacto sobre
a banca comercial. Os
bancos
com uma “casa-mãe” forte
podem
proceder a
capitalizações que reforcem
o índice de
solvabilidade e
a sua liquidez, embora
nem sempre
estes processos sejam
rápidos,
sobretudo, com os níveis
de imparidades
que se estão a registar
nas
carteiras de crédito
como resultado
das dramáticas subidas
das taxas
de referência impostas
pelo Banco
Central. O argumento é
que a taxa
de referência tem de
estar acima da
taxa de inflação. Neste
momento a
taxa imposta pelo Banco
Central
em Outubro é de 23,5%,
quando o
último valor da
inflacção anual acumulada
se situa nos 25,53%.
“Não foi possível a
recuperação da
situação financeira e
prudencial
deficitária em que a
instituição se
encontra, pondo em risco
os interesses
dos depositantes e
demais
credores, bem como o
normal funcionamento
do sistema bancário”,
lamentou o BM, sobre a
situação
do NB, uma instituição
bancária
com perto de 80
funcionários, três
balcões e seis ATM,s.
A medida do Banco
Central está a
criar uma enorme
agitação e confusão
entre os depositantes do
NB,
um banco que sempre foi
problemático
e acumulou em 2015
prejuízos
de 215.327.970 meticais.
Para Rogério Manuel,
Presidente
da Confederação das
Associações
Económicas (CTA), a
situação
está a criar
insegurança, incerteza
e instabilidade total
para o sector
empresarial.
Quarta-feira, o SABanco
de Moçambique revogou a
licença do Nosso Banco e o mercado entrou em reboliço
Ao que o SAVANA apurou
junto de fontes ligadas ao sector bancário, muitos dos chamados
“bancos da divisão
secundária” estão numa situação problemática e não poderão escapar da
mão dura de Rogério
Zandamela. São 18 os bancos comerciais que operam em Moçambique,
que deverão ser alvo de
um pente fino do Banco Central que pretende limpar os activos tóxicos
acumulados na era de
Ernesto Gove. O Nosso Banco, o Banco Nacional de Investimentos (BNI)
(100% estatal) e o Moza
são os únicos que têm accionistas maioritariamente moçambicanos. Dois deles
já foram alvos do Banco
Central.
Segundo a pesquisa sobre
o sector bancário da KPMG libertada em Outubro deste ano, o sector bancário
é dominado por três
bancos, nomeadamente, o BIM, BCI e o Standard Bank, que representam
mais de 70% do total de
créditos e
depósitos bancários em
Moçambique. São os que
tecnicamente seguros. Os
três maiores bancos absorvem
cerca de 95% dos lucros
bancários, um cenário atribuído ao facto de os três
apresentarem rácios de
custo para rendimento de 60%, enquanto o resto dos
bancos têm uma média
superior a 80%. Este quadro é revelador de quem tem
músculo para se impor no
sector bancário em
Moçambique.
Segundo a KMPG, a
rentabilidade do sector bancário melhorou 22% de 6.4
biliões de meticais em
2014 para 7.8 biliões de meticais em 2015. A pesquisa
os resultados dos lucros
apurados em 2015 derivam
forte desvalorização da
moeda nacional e do aumento
da carteira de
crédito, o que afectou a
margem líquida de lucros.
evidente que os cinco
maiores bancos possuem outras
linhas de receitas
líquidas significativas, enquanto os
bancos de pequena
dimensão têm tido dificuldades
em manter a subida
dessas linhas”, sublinha. Em
2016, o cenário da banca
vai conhecer mudanças
dramáticas e para pior,
dada a situação de crise que
se vive no país.
A mão dura do Xerife de
Washington
Nervosismo na banca — nomenklatura
Frelimo abalada
Por Francisco Carmona
estão, aparentemente,
tecnic
b
cu
su
rent
201
da KPMG sublinha que
vam do cenário de fort
“É evid
lin
ba
e
2
Savana 18-11-2016 TEMA
DA SEMANA 3 TEPMUAB DLAIC SIDEAMDAENA
pelo falecido Nyimpine
Chissano,
primogénito do antigo
chefe de
Estado, Joaquim
Chissano. A Credicoop
veio a falir em 2001.
Apenas 20 mil meticais
O diploma ministerial
(6/2016
de 21 de Setembro)
assinado pelo
actual ministro de
Economia e
Finanças, Adriano
Maleiane, fixa
em 20 mil meticais o
limite de
garantia de reembolso
pelo Fundo
de Garantia de Depósitos
(FGD).
Os depositantes
colectivos estão
excluídos neste diploma
e ficarão
privados dos seus
activos. É o caso
do Grupo MBS que tem
parte significativa
dos seus activos
financeiros
à guarda do Nosso Banco.
Ao
que apurou o SAVANA, o
INSS
é simultaneamente
accionista, mas
também um cliente de
referência
do banco.
Sem saídas, o Grupo MBS
ancorou
no ex-BMI, quando o seu
líder
Momade Bachir Sulemane
viu o
seu nome, a 1 de Junho
de 2010,
colocado na lista 1 do
Gabinete
de Controlo de Bens
Estrangeiros
(OFAC) do Departamento
do Tesouro
dos Estados Unidos, por
ter
sido designado pela
administração
Obama, como Barão da
Droga.
Vários bancos da praça
que têm
movimentos com o
estrangeiro,
sobretudo, com sistema
financeiro
norte-americano através
dos
cartões VISA, foram
obrigados a
cortar relações com o
Grupo MBS,
ficando apenas o ex-BMI
(Nosso
Banco). No Maputo
Shopping,
propriedade do grupo
MBS, funcionavam
dois terminais (vulgo
ATM) do NB.
O BMI, o 12º banco
comercial
a nascer em Moçambique,
alterou,
em Novembro de 2015, a
sua
identidade empresarial,
assumido
a nova designação de
Nosso Banco.
O seu PCA era João
Loureiro,
o antigo presidente do
Instituto
Nacional de Estatística
(INE) e o
CEO era o bancário Mussá
Tembe,
com passagens por três
outros bancos
da praça moçambicana.
Segundo fontes internas
do NB,
um outro cliente
problemático do
banco é o empresário
Mamade
Rasul de Nacala, cuja
garantia imobiliária
para um avultado crédito
é
questionada pela
auditora Ernst &
Young no Relatório de
Contas de
2015. Aparentemente,
quem “fez
cair” o NB foi Rasul,
que foi, há
um ano e meio, buscar 30
milhões
de dólares em
empréstimos, uma
operação que contou com
o apadrinhamento
de um executivo do
banco, mas que violou
todos os rácios
prudenciais
estabelecidos pelo
Banco Central. Foram
nulos vários
esforços para ouvir Mamade
Rasul
em Nacala.
Vários juristas
contactados pelo
SAVANA são de opinião
que os
clientes do banco “não
têm nada a
receber, para além do
que foi fixado
pelo Fundo de Garantia”.
Porém,
ao abrigo da Lei 30/2007
de 18 de
Dezembro, que regula o
processo
de liquidação
administrativa das
Instituições de Crédito
e Sociedades
Financeiras, parece
haver a
possibilidade de os
clientes se cons-
O NB também apresentava
uma
estrutura de custos
pesada. Segundo
o relatório e contas de
2015 do NB, os custos de
estrutura,
que incorporam os gastos
com
pessoal, operacionais e
amortizações do
exercício, fixaram-se em
163.675.217
meticais, o que traduz
um crescimento de
101% em relação a 2014.
“Esta evolução é
justificada pelo incremento
dos gastos operacionais
em 238% e
gastos com pessoal em
42% devido à materialização
da nova filosofia de
gestão em
que se deu maior
primazia à expansão e
introdução de novos
serviços e produtos”,
sublinha o documento.
Os gastos operacionais
do NB totalizaram
81.952.718 meticais, uma
variação
de 238%, face a 2014.
Estes gastos são
justificados pelo
incremento das despesas
com consultoria, renda
de imóveis e publicidade
e marketing.
Já os gastos com pessoal
fixaram-se em
79.164.173 meticais,
representando um
incremento de 42% face
ao igual período
de 2014.
A administração do NB
argumenta que
esta variação dos gastos
com pessoal é reflexo
da reestruturação e
investimento do
Nosso Banco S.A, que tem
exigido um
aumento no recrutamento
de talentos,
por forma a responder às
exigências do
mercado.
“O número de
trabalhadores tem vindo a
crescer, sendo que o
Banco dispõe de 76
colaboradores contra os
54 colaboradores
em 2014, o que
representa um crescimento
de 41% face a 2014”,
sublinha.
Custos da estrutura do
Nosso Banco
15.13%, contra
4.09% do SPI,
o braço empresarial
do partido
Frelimo, no
poder desde a
proclamação da
ESTRUTURA ACCIONISTA DO
BANCO - 2015
Nome Capital Subscrito e
Realizado
Montante %
INSS – Instituto
Nacional de Segurança Social 447.668.080,00 78,57%
EDM - Electricidade de
Moçambique 72.476.660,00 12,72%
SPI 23.739.460,00 4,21%
Alfred Gakupa Kalisa
12.392.000,00 2,17%
Pedro Taimo 1.549.000,00
0,74%
Alberto José do
Nascimento Chissano 1.549.000,00 0,74%
FOCUS 21 1.239.200,00
0,22%
SOGESTA - Sociedade
Moçambicana
de Gestão de
Investimentos, Lda 929.400,00 0,16%
António Albano Silva
619.600,00 0,11%
Teodato Mondim da Silva
Hunguana 619.600,00 0,11%
Deolinda Guilherme Langa
619.600,00 0,11%
Mariano de Araújo
Matsinha 420.760,00 0,07%
Filor Nassone 309.800,00
0,05%
Vicente Mebunia Veloso
309.800,00 0,05%
564.441.960,00 100%
Auditor Externo – Ernst
& Young Limitada
tituírem “credores
preferenciais” ao
abrigo do estipulado no
artigo 41.
Segundo o artigo, além
dos designados
noutras leis, são
considerados
privilegiados ou
preferentes
os créditos relativos às
quantias ou
valores cobrados de
conta alheia,
salvo se, por ordem dos
respectivos
credores, tiverem sido
aplicados
em depósito ou outras
situações
lucrativas; os créditos
respeitantes
a valores à guarda, na
parte excedente
a qualquer
responsabilidade
para com a instituição
liquidada;
os créditos garantidos
por títulos
à guarda ou à ordem do
Banco de
Moçambique destinados a
cobrir
operações de liquidação
de transacções
financeiras.
No meio da instabilidade
e pânico
desencadeados pelas
mediadas sobre
o NB, estão a circular
nas redes
sociais várias tabelas
forjadas,
tentando “indicar” quem
serão os
próximos bancos
atingidos pelas
medidas de Zandamela. A
título
de exemplo, um pequeno
banco é
apresentado numa das
tabelas com
um rácio de
solvabilidade de 4%
quando em Outubro fechou
as suas
contas com um rácio de
12,79%.
Segundo a estrutura
accionista
apresentada no Relatório
e Contas
de NB de 2015, o Nosso
Banco é
maioritariamente
(77.20%) detido
pelo INSS, instituição
que nos
últimos tempos tem
seguido uma
desastrosa estratégia de
investimentos
recorrendo ao dinheiro
dos
pensionistas.
A Electricidade de
Moçambique
(EDM), empresa pública,
controla
independência nacional.
2,14% são
detidos por Alfred
Kalisa, um empresário
ruandês que já controlou
40% do banco, foi o seu
primeiro
PCA, apadrinhado pela nomenklatura
da Frelimo, incluindo a
empresa
Focus21 pertencente à
família
Guebuza. O banco foi
constituído
no consulado de Joaquim
Chissano
em 2001 e um irmão do
então
presidente ocupou uma
posição de
relevo no banco. Kalisa,
exposto
pelo SAVANA em 2003 por
vários
escândalos na RD do
Congo,
acabou por ser julgado
em 2007 e
condenado a seis anos de
cadeia
por corrupção e abuso de
poder no
Ruanda. Recebeu um
perdão do
Presidente Paul Kagame,
do qual
já foi assessor. Vendeu
grande parte
da sua participação no
banco a
moçambicanos e parte
delas foram
adquiridas pela SPI.
O remanescente é detido
por “outros
accionistas” (1.44%),
mas politicamente
influentes. O “business
plan” permitia,
exactamente, que
uma minoria
politicamente poderosa
sem grandes capitais
próprios,
manipulasse a seu favor
avultados
fundos do Estado.
Mariano Matsinha,
ministro do Trabalho no
primeiro
governo de Samora
Machel,
era administrador não
executivo do
banco, juntamente com
Feliciano
Gundana, um dos
fundadores da
Frelimo, que também se
sentava no
Conselho de
Administração.
Em 2007, chegou-se a
conjecturar
a entrada de um gigante
financeiro
queniano (que deveria
ficar com
49%) no extinto BMI,
instituição
que na altura tentava
ressuscitar
das cinzas, depois de
uma manifesta
gestão calamitosa levada
a cabo
pelos anteriores
gestores e alguns
balões de oxigénio
fornecidos pelo
INSS.
TEMA DA SEMANA 4 Savana
18-11-2016
O aparente “está tudo
bem”
que, em contra-marcha
com os murmúrios da
esmagadora maioria da
massa laboral, a
direcção da Empresa
Moçambicana de Atum
(EMATUM)
sempre transmitiu,
parece
estar a chegar ao fim,
com a cada vez
degradante situação
interna. O SAVANA
apurou que pelo menos
dois
altos funcionários da
EMATUM
estão desiludidos com a
empresa,
estando em aberto a
possibilidade de
atirarem a toalha ao
chão.
Depois de, em Outubro
último, mais
de duas centenas de
trabalhadores,
entre marinheiros e
pescadores, terem
paralisado actividades
numa greve de
reivindicação de
salários atrasados, o
descontentamento chegou
à direcção.
Fontes próximas à
empresa garantem
ao SAVANA que Felisberto
Manuel, um antigo
director-geral da
Pescamar, uma das
maiores empresas
pesqueiras de
Moçambique, trazido
da Beira para assumir a
posição de
Director Executivo da
EMATUM,
pode vir a atirar a
toalha, devido à
falta de cooperação
junto do aparelho
securitário que negociou
todo o
processo, desde a
constituição da empresa,
a contracção da dívida
de USD
850 milhões até à compra
das embarcações,
sem o envolvimento do
sector
das pescas.
Largamente contestada,
tal como a
Proindicus e a MAM, a
EMATUM
tem como accionistas o
Instituto de
Participações do Estado,
com 34%,
a Empresa Moçambicana de
Pesca
(EMOPESCA), com 33% e a
Gestão
de Investimentos,
Participações e
Serviços (GIPS) também
com 33%.
A GIPS, por sua vez, é
participada a
100% pelos Serviços
Sociais do Serviço
de Informação e
Segurança do
Estado (SISE), a secreta
moçambicana.
Foi fundada em 2013,
penúltimo ano
do segundo mandato do
presidente
Armando Guebuza, cujo
governo, na
altura, apresentou
versões contraditórias
sobre os reais
propósitos da empresa,
com parte dos seus
ministros
a argumentarem que era
para revitalizar
a cabotagem, outros a
dizerem
que era para pesca e
outros ainda a
justificarem o reforço
da segurança
marítima.
Mas os sucessivos
desenvolvimentos
foram mostrando que tudo
não passou
de uma estratégia do
aparelho
securitário para se
armar na guerra
não declarada contra a
Renamo e todas
as vozes discordantes.
Até porque
o governo moçambicano,
na voz do
primeiro-ministro,
Carlos Agostinho
do Rosário, e do
ministro da Economia
e Finanças, Adriano
Maleiane, já
assumiu, publicamente,
que a dívida
da EMATUM foi feita às
escondidas
porque era preciso que a
Renamo, um
inimigo jurado dos
falcões de guerra
instalados no governo e
na Frelimo,
não soubesse do negócio.
Entretanto, consta que,
para além do
antigo director-geral da
Pescamar,
hoje Director Executivo
da EMATUM,
quem também se mostra
desiludido é o
administrador executivo
do pelouro de
administração,
Hermínio Tembe. À
semelhança de
Manuel, Tembe é um
quadro experimentado
no sector das pescas.
Foi
“buscado” no extinto
ministério das
Pescas, onde chegou a
ocupar o cargo
de Secretário Permanente
(SP), o
mais alto posto na
função pública.
Duas toneladas de lulas
Ao que o SAVANA apurou,
a equipa
executiva da EMATUM se
propôs a
lançar, ao mar, os
barcos que continuam
atracados nas águas
territoriais
moçambicanas.
“Desde Janeiro que não
vamos ao
mar para a pesca. Os
barcos estão parados
e não sabemos porquê”,
disseram,
ao mediaFAX,
trabalhadores da
EMATUM, semana finda,
quando
a empresa, cuja
tesouraria é descrita
como deficitária,
conseguiu, finalmente,
saldar os três meses de
salário
atrasado.
Entretanto, para lançar
os barcos ao
mar, a equipa executiva
da EMATUM
precisa de duas
toneladas de
lulas, que são a
principal isca do atum.
Na engenharia à volta de
uma empresa,
teoricamente, privada
mas
praticamente pública,
cuja dívida já
foi convertida em
soberana, o valor
para a aquisição das
lulas deve ser
disponibilizado pelo
Ministério da
Economia e Finanças
(MEF), mas o
pelouro de Adriano
Maleiane resiste
em dar o “OK”.
“Esta é uma das razões
porque o homem
(Felisberto Manuel) quer
atirar
a toalha. O seu
administrador executivo,
tirado do Ministério
onde era
SP, também está
desiludido”, garantem
as fontes.
A aquisição das
embarcações, pelo
aparelho securitário e
sem o envolvimento
de técnicos
especializados
do sector das pescas,
também está no
cerne da questão.
Soube o SAVANA que uma
das
consequências da
aquisição dos barcos
sem envolvimento dos
técnicos
especializados é que os
aparelhos só
têm câmaras frigoríficas
normais (de
0 até 5 graus
centígrados), quando
as especificações para o
mercado de
pesca internacional
requerem que os
barcos estejam equipados
também
com câmaras de choque
(26 graus
negativos).
“O ponto é que só nestas
condições o
vibrião colérico não
sobrevive”, explica
uma fonte entendida na
matéria.
Lembre-se que, em Julho
último, o
administrador executivo
do pelouro
de administração na
EMATUM,
Hermínio Tembe, disse ao
nosso
jornal que a empresa já
tinha despendido
14 milhões de Meticais
só
em adaptação de nove
embarcações,
quando ainda faltava por
iniciar a
adaptação de oito outros
barcos, para
além de outros quatro
cuja adaptação
estava já em curso.
Cerca de quatro meses
depois, os
nossos interlocutores
asseguram
que os produtos que, em
Julho, a
EMATUM lançou no
mercado,
que compreendiam lombos
e postas
constituídos por três
espécies, o atum
propriamente dito, o
espadarte e o
marlin, esta última
espécie tida como
protegida, foi um
exercício de relações
públicas desastroso,
pois não se
pode usar metal como
instrumento
para a captura daqueles
mariscos.
“O metal conserva
ferrugem e não é
aceitável no mercado
internacional.
O melhor é uma corda”,
explica.
Tentativas para ouvir a
EMATUM
redundaram em fracasso.
Se com
Felisberto Manuel não
conseguimos
entrar em contacto, ao
Presidente do
Conselho de
Administração (PCA),
António Carlos do
Rosário e ao administrador
executivo do pelouro de
administração, Hermínio
Tembe,
apresentamos os dados,
mas nem do
Rosário, muito menos
Tembe se dignaram
a responder.
Se António do Rosário
disse que não
podia falar porque se
encontrava fora
do país, Hermínio Tembe
disse que
não dá entrevistas
porque há regras
internas, ou seja, que
só depois de a
direcção executiva
analisar o pedido
é que pode dar resposta
institucional.
Mas sabe-se que esta é
mais uma
justificação de uma
empresa pouco
comunicativa e não dada
à gestão de
imagem institucional.
Depois de ter
renegociado, com sucesso,
no primeiro semestre do
ano,
a dívida de USD 850
milhões contraídos
à revelia das instituições
de
direito, a EMATUM,
controlada
pelo aparelho
securitário do Estado,
enfrenta agora mais uma
espinhosa
missão de reestruturar,
pela segunda
vez, USD 726 milhões,
com as instituições
que controlam mais de
60%
dos títulos de dívida a
fincarem pé,
insistindo que só
renegociarão a dívida
depois da realização de
uma auditoria
independente à dívida
pública.
A Procuradoria-geral da
República
(PGR) anunciou,
recentemente, a
contratação da Kroll,
Inc, uma firma
com histórico na
recuperação de fortunas
roubadas por ditadores,
para a
investigação dos
contornos das chamadas
dívidas ocultas que
atiraram o
país à sarjeta, causando
a maior crise
de sempre em 24 anos
depois do fim
da guerra civil.
Mesmo com os Termos de
Referência
(TdR) trancados a sete
chaves, o
SAVANA apurou que o
documento
orientador tem nove
páginas e foi
acordado num grupo de
trabalho
constituído entre a PGR,
o Fundo
Monetário Internacional
(FMI) e a
Embaixada da Suécia.
Se já se calcula que,
apesar da combinada
retirada do termo
forense,
alegadamente, porque
mexe com as
estruturas do partido no
poder, no final
dos 90 dias, a auditoria
deverá ser
mesmo forense, o que não
está claro
ainda são os passos que
serão tomados
a seguir, numa altura em
que se
avança que as partes
devem ter chegado
a um meio-termo que
passa por
não divulgar os nomes
que os auditores
vão implicar na
contratação das
dívidas, no fim do
mandato do presidente
Armando Guebuza que
tinha
como ponta de lança,
Manuel Chang,
o então ministro das
Finanças.
Frustração chega à
direcção da EMATUM
O Coordenador dos
mediadores
internacionais,
Mário Raffaelli,
assegurou, nesta
quarta-feira, que a sua
equipa
está a desdobrar-se no
sentido
de garantir que o pacote
legislativo
sobre a descentralização
seja
submetido à Assembleia
da República
(AR), nos próximos 12
dias que faltam para
findar o mês
de Novembro.
No arranque da V fase
das negociações,
esta segunda-feira,
entre o governo e a
Renamo, as
partes apresentaram à
mediação
as respectivas
contrapropostas
sobre a proposta de
descentralização
apresentada pelos
mediadores.
Recorde-se que aquando
da última interrupção,
verificada
a 28 de Outubro, os
mediadores
haviam deixado uma
proposta de
princípios sobre a
governação das
províncias, em torno da
qual as
partes deveriam
reflectir. Até ao
presente momento, as
respostas
ainda não são do
conhecimento
público, mas depois de
dois encontros
em separado, mantidos
com as delegações esta
semana,
Mário Raffaelli disse
que segue a
produção de uma nova
proposta.
“Com base nas discussões
mantidas
hoje (quarta-feira) com
as
delegações, os
mediadores vão
produzir uma segunda
versão da
proposta sobre a
descentralização”,
disse.
Continuando, o
coordenador
dos mediadores assegurou
que
tudo será feito no
sentido de garantir
que a nova versão sobre
a
descentralização dê
entrada na
AR ainda este mês. No
entanto,
Raffaelli alertou que
não se trata
de um documento que
apresenta
uma lei, mas sim, um
conjunto de
princípios que deverão
nortear a
produção de uma
legislação sobre
a meteria.
Na entrevista concedida,
semana
passada, ao SAVANA, o
líder
da Renamo, Afonso
Dhlakama,
denunciou “lentidão” no
diálogo,
responsabilizando o
governo pelos
atrasos.
Ainda esta quarta-feira,
o chefe
da delegação da Renamo,
José Manteigas,
apresentou formalmente
à imprensa Saimone
Muhambi Macuiana como
sucessor
do falecido Jeremias
Pondeca.
Macuiana volta, deste
modo, a
integrar a equipa das
negociações
depois de ter liderado
por dois
anos a equipa que
conseguiu a
revisão do pacote
legislativo eleitoral,
a assinatura do acordo
de
cessação das
hostilidades militares
e não conseguiu levar
avante o
processo de integração e
enquadramento
dos homens armados
da Renamo nas fileiras
das Forças
de Defesa e Segurança.
Proposta de descentralização
vai
ao Parlamento ainda este
mês
A garantia é dos
mediadores
Por Argunaldo Nhampossa
Por Armando Nhantumbo
Para lançar os barcos ao
mar, a equipa executiva da EMATUM precisa de duas toneladas de
lulas, que são a
principal isca do atum.
Savana 18-11-2016 TEMA
DA SEMANA 5 PUBLICIDADE
6 Savana 18-11-2016 SOCIEDADE
Empresa de conexões
chinesas,
mas que diz ter sua
sede no Dubai, capital
económica dos Emiratos
Árabes Unidos, está a
intermediar
projectos de grandes
infra-estruturas
no país sem conhecimento
dos respectivos
proprietários.
Trata-se duma firma
denominada
SOMAGEC Moçambique O.P.
Lda. que, no passado mês
de Outubro,
contactou o extinto
Centro
de Promoção de
Investimentos
(CPI) para manifestar
interesse de
empresas chinesas em
investir nalguns
desses projectos. O CPI
lava
as mãos, enquanto os
responsáveis
da referida firma dizem
ser sérios e
com capital para
investir.
Na breve descrição do
perfil da
empresa, resumido nos
documentos
submetidos ao CPI, a
SOMAGEC
Moçambique O.P. Lda. diz
que é uma subsidiária da
SOMAGEC
International Dubai e é
especializada
na construção de grandes
infra-estruturas, com
destaque
para obras portuárias,
aeroportuárias,
pontes e estradas.
O documento, na posse do
SAVANA,
refere que a supracitada
empresa
possui conexões muito
fortes
com empresas chinesas e
que estão
interessadas em investir
no país.
Contudo, o jornal
constatou que
a SOMAGEC International
Lda.
está registada no
paraíso fiscal de
Gibraltar com o número
95193,
mas não se indica o seu
ramo de
actividades.
A operar em Moçambique
há sensivelmente
dois anos, segundo os
seus responsáveis, a
SOMAGEC
Moçambique submeteu, no
passado
dia 24 de Outubro, ao
CPI um
expediente contendo uma
lista de
projectos, que
consideram de interesse
do governo de Moçambique
e
solicitam a sua inclusão
no rol dos
projectos a serem
submetidos ao
Governo da China.
Moatize-Macuse
Nesses termos, a SOMAGEC
e
os seus parceiros
chineses têm interesses
em investir na
construção
de grandes
infra-estruturas como
é o caso da linha férrea
Moatize
(Tete) - Macuse
(Zambézia), bem
como no seu respectivo
terminal
portuário.
Porém, é público que a
construção
do porto de águas
profundas
de Macuse e da linha
férrea, entre
Moatize, em Tete, até
Sopinho na
Zambézia, numa extensão
de 500
km, é um projecto da
Thai Moçambique
Logística (TML).
O projecto de Macuse é
detido
em cerca de 60% pela
Italian Thai
Development Company
Limited,
da Tailândia, 20% pelos
CFM e
os restantes 20% pelo
CODIZA
(Corredor do
Desenvolvimento
Integrado do Zambeze).
Abordado pelo SAVANA,
Abdul
Carimo, membro do
Conselho de
SOMAGEC intermedia
projectos sem conhecimento dos donos
Por Raul Senda
Administração da Thai
Moçambique
Logística, negou
qualquer
ligação com a SOMAGEC.
“Nunca
ouvi falar deles.
Ficamos surpreendidos
em ver o nosso projecto
associado a eles”,
rematou. Carimo
esclareceu igualmente
que o Corredor
de Macuse está em fase
de
adjudicação do EPC (Engeneering,
Procurement and Construction)
“e os valores são
substancialmente
inferiores ao que consta
do
documento do CPI”.
Nos documentos a que
tivemos
acesso, a SOMAGEC está
também
interessada em investir
pouco
mais de 4.9 biliões de
dólares na linha
férrea Moatize-Nacala
(Nampula)
e 900 milhões no
terminal
portuário.
No entanto, é igualmente
público
que esta linha é da
mineradora brasileira
Vale e já está
concluída. A linha
férrea Moatize-Nacala e
o respectivo
terminal portuário foram
edificados pela
mineradora brasileira
num investimento de
pouco
mais de 4.3 biliões de
dólares.
No leque dos projectos
apresentados
ao CPI, para serem
incluídos
na lista dos
prioritários a serem
submetidos ao Governo da
China
“no âmbito da capacidade
produtiva”,
a SOMAGEC indica a
construção da linha
férrea Chicualacuala
(Gaza) até à província
de Inhambane, o porto de
Techobanine
(distrito de Matutuine),
para além dos
investimentos nos
aeroportos de Pemba,
Quelimane
e Nacala, numa operação
de cerca
de 8.2 biliões de
dólares. Mas o
aeroporto de Pemba foi
reabilitado,
ampliado e modernizado
pelo
Governo moçambicano. As
obras
estão concluídas há mais
de dois
anos.
O aeroporto de Nacala já
foi erguido
e entregue ao Governo de
Moçambique, seu actual
proprietário,
num investimento
avaliado
em 200 milhões de
dólares. A
infra-estrutura foi
edificada com o
financiamento do Banco
Nacional
de Desenvolvimento
Económico
e Social (BNDES) do
Brasil e foi
inaugurado a 13 de
Dezembro de
2014.
A lista dos projectos da
SOMAGEC
não pára por aqui.
Apontam
igualmente mais quatro
projectos
em parceria com a China
Gezhouba
Group Company, Ltd, que
deverão
custar 1.3 bilião de
dólares.
Trata-se dos projectos
para a construção
das barragens de
Luatize-
-Lugenda, Mussengue,
Mugeba
e Mutelele na província
da Zambézia.
No documento enviado ao
CPI, a
SOMAGEC afirma que o
porto
de Techobanine e os
aeroportos
de Quelimane, Pemba e
Nacala
interessam a empresa
China Harbour
Engineering Company Lda.
(CHEC).
A linha férrea Moatize – Macuze,
Moatize – Nacala, o
terminal portuário
de carvão de Nacala, bem
como a linha férrea de
Chicualacuala
– Inhambane são do
interesse
da Transtech Engineering
Corporation
(TEC).
“...podemos garantir
que, de cada
eventual contrato
firmado entre
o Governo de moçambicano
e o
nosso parceiro chino
(chinês), que
entre 30 a 40% serão
injectados,
através da SOMAGEC
Moçambique
OP IDA, na economia
local”,
lê-se numa das passagens
do
documento enviado ao
CPI, assinado
por Jean Charles Hayoz,
que,
no entanto, não indica a
sua função
na empresa.
Do processo submetido ao
CPI
consta que a SOMAGEC
Moçambique
tem a sua sede na cidade
de Maputo, avenida
Acordos de
Lusaka, bairro da
Malhangalene,
número 242. Porém, o SAVANAprocurou
por este endereço e não
localizou nenhum sinal
que indique
a existência dos
escritórios da
referida empresa naquele
local.
Todavia, através do
número que
consta no rodapé da
carta enviada
pela SOMAGEC ao CPI, o SAVANA
conseguiu chegar à fala
com João Carlos, que se
identificou
como director
administrativo e financeiro
da SOMAGEC Moçambique
O.P. Diz que a SOMAGEC
é legal e que todas as
suas actividades
são exercidas dentro das
balizas
da legislação
moçambicana.
Argumentou que a empresa
identificou
uma série de projectos e
decidiu,
juntamente, com seus
parceiros
investir nelas. Foi
nessa senda
que apresentaram as suas
propostas
ao CPI, aguardando pela
resposta.
“A nossa empresa tem
parceiros
capazes de investir
nesses projectos.
Tudo depende do governo
de
Moçambique porque o
dinheiro
existe”, precisou.
Questionado sobre o
valor que a
empresa tem para
investir, bem
como a sua proveniência,
a nossa
fonte recusou comentar,
referindo
que isso é segredo de
negócio.
O SAVANA pediu para
visitar o
escritório, ao que nos
respondeu
que como jornalistas não
havia essa
possibilidade e que o
acesso estava
permitido apenas aos
parceiros.
Quanto aos projectos
anunciados
pela empresa, mas que já
foram
executados, João Carlos
referiu que
isso não era nenhum
obstáculo,
“porque quando há
capital as portas
abrem-se”.
O que diz o CPI?
Grande parte dos
projectos indicados
pela SOMAGEC, como sendo
de interesse para a sua
execução, já
foram executados e, os
outros, os
seus proprietários ou
accionistas
estão no mercado à busca
de parcerias.
No entanto, algumas
pessoas envolvidas
nos projectos em causa
estranham o facto de o
CPI ter
aceitado as propostas e
dar o devido
prosseguimento sem as
devidas
averiguações.
Na carta, datada de 26
de Outubro,
enviada a Belmiro
Malate, director
para a Ásia e Oceânia no
Ministério
moçambicano dos Negócios
e Cooperação, o director
do CPI,
Lourenço Sambo, diz:
“recebemos
das empresas SOMAGEC
Moçambique
O.P. e da Muyake (tem
como sócios os
frelimistas Mariano
Matsinha e Leonardo
Simão),
projectos de
investimento, os quais
solicitaram a sua
inclusão na lista
dos projectos
prioritários a serem
submetidos ao governo da
China
no âmbito de capacidade
produtiva”.
O SAVANA foi ouvir
Lourenço
Sambo, sobre este
assunto. Sambo
começou por lembrar que
o papel
do CPI é desenvolver e
executar
acções de promoção e
coordenação
dos processos de
realização de investimentos.
Afirmou que não cabe ao
CPI
rejeitar este ou aquele
projecto
porque é idóneo ou não,
argumentando
que há instituições
competentes
para avaliar a
idoneidade,
legalidade ou
ilegalidade dos actos
relacionados com o
processo de investimento.
Sublinhou que, na
realidade, o CPI
recebe os projectos,
avalia e depois
submete às instituições
competentes
para dar o seu parecer e
depois
volta a fazer o
acompanhamento e
monitoria dos mesmos.
“As competências do CPI
estão
plenamente definidas no
seu estatuto
orgânico e executa suas
actividades
em conformidade com a
Lei
de investimentos. Não
cabe ao CPI
negar projectos de
investimentos.
Há instituições que têm
essas tarefas”,
disse.
Mais um negócio da
China?
Savana 18-11-2016 7 PUBLICIDADE
8 Savana 18-11-2016 SOCIEDADE
Seu nome está gravado na
epopeia histórica do
país,
como um dos precursores
do Moçambique
independente.
Antigo ministro e hoje
docente universitário,
Óscar Monteiro,
um dos históricos da
Frelimo,
não esconde indignação
pela forma
pouco criteriosa como é
gerida a
coisa pública que acabou
por mergulhar
o país nesta que é a
maior
crise económica de
sempre, desde
o fim dos longos 16 anos
de guerra
civil, em 1992.
Em mais uma palestra,
esta segunda-
feira, em Maputo, sobre
os 30
anos depois da tragédia
de Mbuzine,
que a 19 de Outubro de
1986
ceifou a vida de Samora
Machel,
Óscar Monteiro, da gesta
libertadora
do país, encontrou na
figura
do proclamador da
independência
nacional o pretexto para
mandar
recados que, em última
instância,
caem sobre os seus
camaradas cujo
partido, a Frelimo,
governa o país
desde 1975.
Monteiro começou por
falar de um
Samora Machel dirigente
com ética
e integridade. Mas era
mesmo um
introito.
“Para gerir dinheiros
públicos, deve
ser uma pessoa, em
primeiro lugar,
íntegra. Não deve ser um
esfomeado”
disse, explicando que
Samora
Machel considerava que
os dirigentes
tinham de ser exemplo.
“Não vais ter um país
organizado
sem dirigentes
exemplares”, prosseguiu.
Lado a lado com a
ministra
dos Recursos Minerais e
Energia,
Letícia Klemens, cuja
nomeação,
recentemente, gerou
polémica, mas
também com o
vice-ministro da
Indústria e Comércio,
Ragendra de
Sousa, Monteiro, um dos
seis Ministros
da Frelimo no Governo de
Transição, disse: “vocês
que têm ministérios
saibam que os recursos
públicos
pertencem a todos e não
podem
ser expropriados por
alguns”.
Sob o olhar de uma
Letícia Klemens
com interesses
empresariais
na exploração de
areeiros na província
de Maputo, onde detém
empreendimentos
no sector, o antigo
co-negociador dos
Acordos de Lusaka
de 7 de Setembro de 1974
e
ministro do Estado na
presidência
no primeiro governo
independente,
vincou que “não se pode
passar
licenças a amigos, é
preciso seguir
a Lei”.
Numa altura em que o
país está
mergulhado numa crise
económica
sem precedentes nos
últimos 24
anos, causada em parte
pelo escândalo
das dívidas secretas,
consideradas
pela directora-geral do
Fundo
Monetário Internacional
(FMI),
Christine Lagarde, como
aquelas
Para evitar o que
considera
terem sido eleições
fraudulentas,
- os cinco escrutínios
que disputou e perdeu-,
a
Renamo diz que vai
apostar na preparação
de quadros à altura de
travar
a viciação dos pleitos
eleitorais de
2018 (municipais) e de
2019 (gerais).
O nível de prontidão da
Renamo, foi
dado a conhecer pelo
secretário-geral
(SG) do principal
partido da oposição,
Manuel Bissopo, que
apontou para a
necessidade de uma forte
aposta na
formação de quadros que
estejam
à altura de evitar as
sistemáticas fraudes
e desvios de editais que
se verificam
nos diferentes processos
eleitorais
que ocorrem no país.
Manuel Bissopo falava no
passado
fim-de-semana, durante a
inauguração
da delegação política da
Renamo
na cidade da Matola. O
evento juntou
membros e simpatizantes
desta
formação política,
incluindo da cidade
e província de Maputo.
Depois do corte da fita,
que marcou
o momento solene da
inauguração
da nova delegação
política, localizada
no bairro da Liberdade,
arredores
da cidade da Matola,
Bissopo disse
que esta constitui uma
forma clara de
afinar a máquina
partidária rumo aos
próximos embates
eleitorais.
De acordo com Bissopo, o
partido
precisava de “uma
sombra” naquele
ponto do país, para
delinear as estratégias
e interagir com as
bases, de
modo que saia vitoriosa
nas eleições
autárquicas e gerais que
se avizinham.
Sublinhou que é chegada
a hora de a
Renamo governar o país,
como forma
de responder aos anseios
do povo,
pelo que a participação
nos próximos
pleitos constitui um
imperativo nacional.
“A Renamo tem de
participar nas
próximas eleições de
2018 e 2019,
porque não há outra via
para chegar
ao poder. A Renamo é pai
da democracia
e a democracia se exerce
através
de escolha do povo nas
eleições”,
disse.
Manuel Bissopo anunciou
na ocasião
o início à escala
nacional do processo
de revitalização das
bases do partido,
desde a estrutura mais
pequena até ao
topo. O processo,
segundo deu a conhecer
Bissopo, passa por
mobilizar
mais membros e
simpatizantes, apresentação
da visão do partido, bem
como do projecto de
governação, de
modo a facilitar a caça
ao voto.
Destacou ainda a
necessidade de
apostar fortemente na
formação de
quadros, como uma das
vias estratégicas
para evitar fraudes
eleitorais,
desvios de editais e
anulação de votos,
factos que, segundo o
SG, contribuem
para que o seu partido
não
chegue ao poder.
O SG declarou que, com
membros
devidamente formados,
será possível
neutralizar qualquer
tentativa de desvio
de votos.
Segundo dados
disponibilizados pelo
partido, ao nível da
província de Maputo,
a Renamo conta com cerca
de
70 mil membros dos quais
40 mil vivem
na Matola. (A.
Nhampossa)
que esconderam
corrupção, Óscar
Monteiro citou Jorge
Rebelo, outro
histórico contundente da
Frelimo,
para dizer que “temos de
analisar
em que momento os nossos
passos
se perderam”.
É que Monteiro se
lembra, com
nostalgia, dos tempos em
que “tínhamos
orgulho de ser
moçambicanos
e não ser corruptos”.
Sem citar
nomes como de Armando
Guebuza,
sempre mencionado como
mentor da crise que o
país atravessa,
nem mesmo das dívidas
ocultas que
empurraram o país ao
descrédito
perante uma comunidade
internacional
que suspendeu ajuda
financeira
a Moçambique, o
histórico
da Frelimo repetiu que
governar
não pode ser encarado
como um
meio para resolver
problemas pessoais,
mas sim uma missão em
que
a justiça social é o
âmago da acção
política.
Entende, contudo, que
ainda é possível
retomar o caminho certo,
desde
que haja vigor e
dinâmica para
o que o docente de
Direito chama
de “endireitar as
coisas”. Disse que
para tal é preciso ser
digno.
Capim e fogo
Numa palestra,
essencialmente, subordinada
à vida e obra do
primeiro
presidente de Moçambique
independente,
o palestrante destacou
que, tal como exigiu a
luta armada,
os dias difíceis que
hoje atravessamos
exigem atitude e
determinação.
Indicou que, perante o
colonialismo,
não se esperou
passivamente
pela independência, pelo
contrário,
foi preciso um esforço
para se sair
das masmorras do sistema
colonial.
Com o romantismo de
sempre, falou
de um Samora Machel
visionário,
com forte sentido de
unidade
nacional e sempre
preocupado em
fazer-se rodear pelos
melhores, sem
receio que lhe fizessem
sombra, argumentando
que era um líder seguro
e auto-confiante.
“Ele se rodeava de
pessoas de quem
podia aprender e sem
vergonha”,
disse Óscar Monteiro,
para quem
Samora Machel foi,
provavelmente,
o líder que mais fez
para a libertação
da África Austral.
Outra oradora do evento
organizado,
conjuntamente, pelos
ministérios
dos Recursos Minerais e
Energia
e da Indústria e
Comércio, foi
Marina Pachinuapa, uma
das primeiras
25 raparigas que, em
1967,
juntou-se à Frelimo na
Tanzânia
para os treinos
militares em prol da
luta pela independência
do país.
Pachinuapa, uma antiga combatente
da Luta de Libertação
Nacional,
reiterou que a
emancipação da mulher
não veio de bandeja e
apontou
Samora Machel como o
defensor
número um da mulher.
“Saímos de Cabo Delgado
25 raparigas,
mas chegamos a
Nachinguewa
26 raparigas, contando
com
Samora Machel”, disse
acrescentando
que, num período em que
a
igualdade de género era
ainda tabu,
Machel foi acusado por
alguns camaradas
como tendo “compromissos
com as 25 meninas”.
Marina,
que num ambiente
machista se viu
obrigada a adoptar a
alcunha de
Mário, à semelhança de
todas outras
mulheres que ingressavam
na
luta, lembra que os
camaradas que
argumentavam que “capim
e fogo
não se deixa no mesmo
lugar”, chegaram
mesmo a ameaçar
abandonar
o movimento libertador,
mas Machel
nunca cedeu.
Eleições gerais e
municipais
Renamo aposta na
formação anti-fraude
Os recados de Óscar
Monteiro
“Tínhamos orgulho de não
ser corruptos”
Por Armando Nhantumbo
Óscar Monteiro
Savana 18-11-2016 9 PSUOBCLIIECDIDAADDEE
No âmbito das condições
gerais de ingresso no Ensino Superior, previsto na lei n° 27/2009, de Setembro
(Lei do Ensino
Superior, artigo 23, n°
5 alínea a) onde a condição de acesso à formação conducente ao grau académico
de Licenciatura é a
conclusão com aprovação
da 12ª classe ou equivalente, o ISCTEM torna público que irão decorrer no dia 12
de Dezembro de
2016, Testes de
Diagnóstico e Entrevistas Vocacionais para admissão aos cursos que a seguir se
indica:
TESTES DE DIAGNÓSTICO E
ENTREVISTAS VOCACIONAIS
Para mais informações
contacte:
Secretaria do ISCTEM, no
Campus Universitário
Rua 1394 - Zona da
FACIM, 322 - Maputo.
Tel: 82 309 41 30 ou 82
31 32 200
E-mail:
secretaria@isctem.ac.mz
Poderão candidatar-se
aos Testes de Diagnóstico indivíduos
que preencham os
seguintes requisitos:
• Estudantes do Ensino
Secundário Geral que tenham
concluído a 12ª classe
do SNE ou a 11ª classe do antigo
sistema;
• Trabalhadores que
tenham completado a 12ª classe do
SNE ou a 11ª classe do
antigo sistema ou equivalente para
continuação de estudos,
sem prejuízo da legislação em
vigor.
Período de Inscrição
A apresentação das
candidaturas decorrem na Secretaria
do ISCTEM, até o dia 9
de Dezembro de 2016.
Os candidatos aos testes
serão avaliados
apenas nas disciplinas
nucleares dos cursos
da sua preferência.
Horário: 8:30H (Diurno)
e 17:30H (Pós-laboral).
Escola/Curso Vagas
Diurno Nocturno Peso
Peso
Disciplinas Requisitos
Disciplina 1 Disciplina
2
ESCOLA DE CIÊNCIAS
BIOMÉDICAS
Medicina Geral
Medicina Dentária
Farmácia e Controle de
Qualidade de Medicamentos
Psicologia Clínica
Nutrição
Radiologia
Optometria
100
40
35
ESCOLA DE GESTÃO DE
NEGÓCIOS
Gestão de Empresas
Contabilidade e
Auditoria
Gestão Financeira e de
Seguros
Gestão de Marketing
Gestão de Recursos
Humanos e Negociação
60
60
60
25
35
50% 50%
50% 50%
50% 50%
50% 50%
50% 50%
Matemática Português
Matemática Português
Matemática Português
Matemática Português
Matemática Português
ESCOLA DE ENGENHARIA E
TECNOLOGIA
Engenharia Informática
Engenharia Geológica e
de Minas
60 Matemática 50%
50
50%
50% 50%
Física
Matemática Física
ESCOLA DE ARTES E
CIÊNCIAS
Arquitectura e Urbanismo
Direito
40
50
50% 50%
50% 50%
Desenho Matemática
Português História
30
30
30
25
30
30
-
-
30
-
-
30
50% 50%
50% 50%
50% 50%
Biologia Química
Biologia Química
Biologia Química
30
30
30
30
-
-
-
-
50% 50%
50% 50%
Biologia Química
Biologia
Biologia
Biologia
Química
50% 50%
50% 50%
Química
Química
www.isctem.ac.mz
EDITAL
2017
20 anos formando
com qualidade
10 SOCIEDADE Savana
18-11-2016
O contrabando de
combustível
para o Zimbabwe tornou-
se num negócio “chorudo”
na cidade fronteiriça
de Manica, distrito e
província com
o mesmo nome, brotando
com a queda
da valorização do
metical face ao
dólar americano, que
circula naquele
país vizinho.
O combustível sai de
Moçambique
no circuito formal -
embalado em bidões
de 20 litros - na vila
fronteiriça
de Machipanda e cidade
de Manica,
a 15 e 35 quilómetros
respectivamente
de Mutare, no Zimbabwe,
onde alimenta uma enorme
rede ilegal
de estações de abastecimento
de
quintal.
“Compramos o combustível
nas
bombas do Zabir em
bidões de 20
litros e durante a noite
contrabandeamos
através de pontos da
fronteira
não designados,
grujetando as forças
das guardas fronteiras
que patrulham
a linha dos dois lados”,
disse um contrabandista.
Os comerciantes compram
a gasolina
sem chumbo a preço de
51.99 meticais
(0.69 centavos de dólar
americano)
o litro em Moçambique, e
vendem
a 0.80 ou 1.0 dólar
americano
(60.3 ou 75 meticais)
por litro no
circuito informal,
contra os 1.25 dólares
(93,75) o preço oficial
por litro
vendido nas estações de
abastecimento
formal no Zimbabwe. Um
dólar
americano é cambiado a
75 meticais.
“O grosso dos nossos
clientes no
Zimbabwe são taxistas e
autocarros
de passageiros. Mas
vários funcionários
e comerciantes já aderem
às
estações dos quintais
porque lhes sai
barato, a vida está cara
no Zimbabwe
e um produto essencial
barato é bem
vindo”, declarou
Loqueto, um contrabandista
e revendedor de
combustível
no Zimbabwe.
Saída massiva
Em média 15 mil litros
são vendidos
por dia – cerca de 750
bidões de 20
litros - nas quatro
estações de abastecimento
de combustível baseados
no distrito, sendo uma
na vila de Machipanda
e três na cidade de
Manica,
uma região pacata e sem
estrutura de
alto consumo de
combustível.
“Geralmente 15 mil
litros são vendidos
por dia. A bomba da
Petromoc na
entrada da cidade e a de
Machipanda
foram adaptadas
especialmente
para abastecer bidões.
Mas também
há muitos carros
zimbabueanos que
recorrem às nossas
bombas para
abastecer”, disse um
funcionário das
bombas Zabir, que gere
as quatro estações
em Manica.
Jovens de frete
Geralmente o combustível
é introduzido
no Zimbabwe por jovens
moçambicanos, que
controlam o
contrabando de produtos
na maior
fronteira terrestre entre
Moçambique
e Zimbabwe. Nalgumas
vezes vai em
bagageiras de viaturas
particulares e
ou de camiões de carga
que cortam a
fronteira para outros
países, como se
de reserva se tratasse.
O negócio tem atraído
“jovens de
frete” moçambicanos que
vivem nos
arredores de vila de
Machipanda, que
dominam as travessias
não designadas
entre Moçambique e
Zimbabwe,
para “aumentar a renda”
devido à fusão
económica cada vez mais
ressentida
entre as regiões
vizinhas.
“Carregamos muitos
produtos, mas
nos últimos dias bidões
de combustível
estão a bater (no topo
da lista
de produtos para
contrabando), o
que tem melhorado nossa
vida”, explicou
Frederico Mponga, “jovem
de
frete”, que geralmente
galga serpentinos
caminhos nas montanhas
para
introduzir no Zimbabwe
60 litros de
combustível por viagem,
num esforço
que “me valeu comprar
uma mota nos
últimos meses”.
Prejudicados
A saída massiva do
combustível para
o vizinho Zimbabwe foi
inicialmente
ressentida por taxistas
e transportadores
públicos em Manica, que
disputavam espaço com
bidões para
abastecer as suas
viaturas.
“Quando se descobriu
esse negócio
passávamos mal para
abastecer,
enfrentávamos longas
bichas nas
bombas e, por vezes,
ficávamos sem
gasolina para trabalhar,
porque o
combustível voava nas
estações”, contou
Taurai Floriberto, um
taxista que
assegura que a coisa
ficou minimizada
quando “foram adaptadas
bombas
para bidões”.
“Temos sempre de ficar
de alerta, pelo
menos abastecer para
trabalhar todo
o dia, porque caso
contrário pode ser
surpreendido com
informação que já
não há combustível,
enquanto já carregou
passageiros na viatura”,
disse
Paunde Mariano, um
transportador
de passageiro “my love”,
para o interior
de Manica.
A Polícia moçambicana em
Manica
escusou-se a abordar o
assunto.
Poupança
Nas primeiras horas de
manhã, uma
enorme fila de viaturas
ligeiras com
matrícula zimbabueana
“acotovelam”,
para abastecer nas
bombas de
combustível instaladas
na zona da
fronteira, alguns para
regressarem a
Mutare, outras para
continuarem viagem
à Beira, onde
preferencialmente
a maioria dos
zimbabueanos faz seu
rancho ou compra
produtos para revenda.
“Isso cria poupança. Eu
no Zimbabwe
compro cinco litros de
gasolina
e, com o mesmo valor
cambiado em
meticais, quase tenho o
dobro do valor,
permite que eu dobre a
distância
por percorrer e produzir
também de
forma dobrada, é uma
cadeia de vantagens”,
disse Murewa Stefan, um
taxista
zimbabweano.
Um outro automobilista
disse que a
gasolina separada (sem
chumbo) em
Moçambique tem maiores
vantagens
sobre as viaturas e, com
a queda de
preço do metical, acaba
facilitando a
aquisição dos
combustíveis.
“Geralmente encho tanque
quando
saio da fronteira para
fazer as compras
em Moçambique e no
regresso
volto a encher o tanque
para circular
no Zimbabwe. Sai uma
enorme vantagem”,
disse Piter Silvestre,
um morador
de Chitunguiza.
Silvestre disse que
apenas está a tirar
vantagens da fusão
económica entre
Moçambique e Zimbabwe,
admitindo
que a queda do metical e
o contrabando
do combustível estejam a
sufocar o mercado
oficial das estações
de abastecimento no
Zimbabwe.
Detenções no Zimbabwe
Segundo o New
Zimbabwe.com,
uma publicação on-line,
na sequência
do broto de estações
ilegais de abastecimento
de quintal, uma mulher
foi
detida pela polícia
zimbabueana, depois
que foi encontrada na
posse de
320 litros de
combustível embalados
em recipientes de 20
litros em seu
quintal.
Locadia Dzingirai, de 39
anos, de
Greenside, em Mutare,
foi condenada
a uma pena de quatro
meses de
prisão, que foi suspensa
na condição
de pagar uma multa, por
um negócio
que se está a tornar um
duro golpe
para as estações
oficiais, que perdem
clientes a cada dia.
Um grupo de 21
moçambicanos,
três chineses e 12
malawianos encontra-se
detido no Malawi desde
o início do mês em
curso, depois de
ter sido apanhado pelas
autoridades
daquele país a cortar
ilegalmente
madeira no Parque
Natural de Lengwe,
a cinco quilómetros da
fronteira
com a província
moçambicana de
Tete, informa o jornal
digital Zitamar,
especializado em
assuntos sobre
Moçambique.
O grupo, narra a
Zitamar, foi detido
por uma força do
Departamento de
Parques Nacionais e Vida
Selvagem
na posse de dois
bulldozers, seis tractores,
um camião, um Land
Cruiser,
um Hilux, serras
articuladas e quatro
motorizadas.
O equipamento apreendido
está orçado
em dois milhões de
dólares, lê-
-se na matéria.
“Esta é provavelmente a
maior operação
das autoridades
malawianas
contra o corte ilegal de
madeira num
parque do país”,
contaram fontes,
acrescentando que o
grupo operava
ilegalmente no Parque
Nacional de
Lengwe, sul do Malawi,
desde Março.
De acordo com a notícia,
um moçambicano
e dois chineses eram os
cabecilhas do grupo. Um
dos chineses
é procurado pelas
autoridades
moçambicanas por
envolvimento no
tráfico de marfim.
O grupo estaria a cortar
ilegalmente
uma espécie de madeira
chamada
mopane, que era
contrabandeada para
Moçambique, de onde
depois seguia
via marítima para o
estrangeiro.
No país vizinho, os
moçambicanos e
chineses poderão
enfrentar acusações
de corte ilegal de
madeira, entrada
ilegal no Malawi e
condução de veículos
não registados.
Os envolvidos foram
primeiro ouvidos
a 12 de Novembro em
Chikwakwa
e depois transferidos
para
Blantyre, onde serão
julgados.
A data de julgamento em
Blantyre
ainda não foi marcada.
Não obstante
a detenção do grupo ter
acontecido
no distrito de Chikwawa,
o tribunal
distrital decidiu
transferir o caso para
Blantyre, a pedido das
autoridades
judiciais.
Eles poderão ser
condenados a penas
de prisão maior, uma vez
não haver
circunstâncias
atenuantes a seu favor.
O julgamento poderá
demorar mais
alguns dias na medida em
que alguns
suspeitos falam
português que não é a
língua oficial do
Malawi.
Alguns cidadãos são de
opinião de
que tanto os
moçambicanos como
os malawianos foram
aliciados pelos
dois chineses para
entrar clandestinamente
no Malawi para abate
ilegal da
madeira.
Enquanto isso, a polícia
em Chikwawa
reforçou a segurança no
Parque
Nacional de Lengwe e
pediu às comunidades
para denunciar às
autoridades
qualquer movimento
estranho.
O abate de árvores no
Malawi está
sob pressão, não só para
obtenção
de madeira, mas também
para a exploração
de lenha e carvão para
fins
energéticos.
Quase oitenta por cento
da população
malawiana depende da
lenha
e carvão para cozinha e,
por consequência,
a taxa de abate das
árvores é
muito elevada.
Moçambique é
regularmente citado
por relatórios nacionais
e internacionais
como estando a ser palco
do saque
de madeira, que está a
colocar em
sério risco espécies
protegidas deste
recurso.
*Com Redacção/SAVANA
Moçambicanos e chineses
detidos no Malawi por corte ilegal de madeira
Gasolina mais barata a
partir do distrito fronteiriço de Manica
Derrapagem do metical
acelera contrabando
de combustível para
Zimbabwe
Por André Catueira, em
Manica
BIdões à espera de
abastecimento
Um dos três chineses
detido no Malawi por corte ilegal de madeira
Savana 18-11-2016 11 SOCIEDADE
UNFPA, Fundo das Nações
Unidas para População, é uma agência
internacional de
desenvolvimento que trabalha em prol de um
mundo onde cada gravidez
é desejada, cada parto é seguro e o potencial
de cada jovem é
realizado. O UNFPA solicita candidaturas
��
e experientes para a
seguinte vaga:
Posto e título: Posto nº
6639, Assistente
de Programa
Página Web: https://erecruit.partneragencies.org
Tipo de contrato, nível:
Fixed Term, nível GS-6
Local de Trabalho: Maputo,
Mozambique
Duração: Doze meses e
possibilidade de
renovação dependendo do
desempenho satisfactório
Prazo da candidatura: Até
o dia 25 de Novembro de 2016
Principais e tarefas e
responsabilidades: Apoiar a equipa técnica e
de programas, em
colaboração com o departamento das operações,
a prestar apoio e
aconselhamento aos escritórios sobre questões
operacionais e de
programas; Avaliar e aprovar a distribuição de
trabalho de
secretariado; Assistir o escritório na coordenação da
rede técnica do UNFPA na
área substantiva; Auxiliar no processo
de preparação e
monitoramento do Plano de Gestão do Escritório;
Assistir na preparação,
implementação e acompanhamento dos
programas nacionais;
Assegurar uma gestão adequada do sistema
de arquivo do
escritório; Aplicar os regulamentos e os procedimentos
do UNFPA: Executar
tarefas de assistência à pesquisa, incluindo
Silvério Ronguane,
académico
e deputado do Movimento
Democrático de
Moçambique
(MDM), figura entre os
seis nomes eleitos pela
Comissão especializada
a indicar individualidades
a serem consideradas
pelo Presidente
da República para Reitor
da Universidade
Pedagógica (UP).
Eleições na Universidade
Pedagógica
A lista, cujo processo
de recepção e
triagem de candidaturas
decorreu entre
4 e 11 de Novembro, será
submetida
nesta sexta-feira a uma
votação
pela comunidade
académica da UP.
Dos seis, sairá uma
lista de três nomes
que será submetida ao
Presidente da
República para a escolha
do sucessor
de Rogério José Uthui,
que dirige a
instituição há pouco
mais de nove
anos.
Rogério José Uthui, o
único físico nuclear
de que o país dispõe,
foi director
científico da
Universidade Eduardo
Mondlane (UEM) e vogal
na Comissão
Nacional de Eleições
(CNE)
indicado pela Frelimo.
Rendeu Carlos
Machili na UP.
Para além de Ronguane,
constam na
lista dos seis Alberto
Graciano, António
Monjane, Boaventura
Aleixo,
Gustavo Dgedge e Manuel
José de
Morais.
Observadores em Maputo
fazem notar
que caso Ronguane figure
na lista
dos três nomes a ser
enviado ao PR
será um grande teste ao
discurso de
inclusão de Filipe
Nyusi. É preciso
lembrar que o PR tem a
prerrogativa
de não escolher o Reitor
na lista de
três nomes que será
submetida pela
UP. O padre Filipe Couto
foi exemplo
disso quando Armando
Guebuza o
escolheu para Reitor da
UEM.
(Redacção)
Ronguane na derradeira
fase
12 Savana 18-11-2016
Savana 18-11-2016 17 NO CENTRO DO FURACÃO
Funcionários do Conselho
Municipal de Montepuez,
na
província de Cabo
Delgado,
denunciam o que
consideram
de actos de corrupção,
desvio de fundos
públicos, venda de terrenos
e abuso
de poder, perpetrados
pelo edil Cecílio
Anli Chabane a quem
acusam, ainda,
de se vangloriar de ser
“intocável” por
ter sido conduzido
àquele cargo com o
apoio de Alberto
Chipande, membro
da Comissão Política da
Frelimo. “É
fome”, reage Chabane,
quando abordado
pelo SAVANA, acusando os
queixosos de serem um
bando de desocupados
que se dedicam à fofoca.
A lista das denúncias,
que constam de
um documento a que o SAVANA
teve
acesso, é simplesmente
longa. Começa
por um negócio
envolvendo candeeiros.
Segundo os denunciantes,
Cecílio Chabane
terá rescindido,
unilateralmente
em 2014, um contrato com
a empresa
Prolog Lda., para o
fornecimento 350
candeeiros destinados à
iluminação pública,
atribuindo de seguida o
negócio,
sem concurso público, à
Sucessos Investiment,
uma empresa chinesa
cujos
proprietários são
descritos como seus
“amigos” que, nas
vésperas, acabavam de
“levar” o edil para uma
visita à China.
A Prolog Lda. tinha uma
proposta de
1.638,00,00 Mt para a
empreitada, mas
com a decisão do edil o
município acabou
pagando 1.999.085,00 Mt.
Fontes próximas do
dossier garantem
ao SAVANA que a ligação
entre o
edil e a empresa chinesa
dura há longos
anos e começou nos
tempos em
que Chabane se dedicava
ao corte de
madeira, fornecendo à
Sucessos Investiment
que, posteriormente,
exportava
aqueles recursos
florestais para a China.
Os queixosos adiantam,
ainda, que o
montante total gasto nos
350 candeeiros
pode ter sido mais do
que o valor já
referido, afirmando que
um proprietário
de uma barraca de venda
de hortícolas,
cujo nome omitimos
deliberadamente,
terá também sido usado
pelo edil para
desviar 233 mil Mt, com
a justificação
de que o montante também
se destinava
à compra de candeeiros.
Chabane é ainda acusado
de ter gasto
um milhão de meticais na
compra de
10 computadores
portáteis, nove impressoras,
três fotocopiadoras,
nove
computadores de mesa e
90 toners “12
A” à Sucess Investiment,
uma empresa
que não tem essa
actividade como seu
objecto social.
“Nunca vendeu material informático,
por não constituir
objecto do seu
negócio…é uma concessão
madeireira
cuja actividade é o
corte de madeira em
toros. Em Montepuez,
apenas vende
derivados de madeira e
não material
informático, tornando
nítida a falsidade
da factura em causa”, dizem
os queixosos.
Outra acusação é de que
o edil terá
transferido para a mesma
empresa
1.050 mil meticais para
aluguer de
máquinas, num negócio
sem concurso
público.
“Será uma questão de
meros excessos
de coincidência ou
conluios em prejuízo
do Estado?” questionam
os funcionários
municipais.
Uma auditoria realizada
este ano, no
Conselho Municipal de
Montepuez,
pela Inspecção Geral das
Finanças, a
que o SAVANA teve
acesso, constatou
que, “não são observadas
as regras
de contratação pública,
isto é, não são
lançados concursos
públicos, não são
solicitadas no mínimo 3
(três) cotações
e nem são celebrados
contratos, optando
por adjudicação directa
junto do fornecedor,
contrapondo os artigos
6, 7, 9,
44 e 113 todos do
Decreto nº 15/2010,
de 24 de Maio, revogado pelo
Decreto
nº 5/2016, de 8 de
Março”. A inspecção
diz que o valor
envolvido com estas ilegalidades
ascende a 1.051.349,00
Mt.
E mais, em 2014, o edil
terá celebrado
contrato com uma empresa
denominada
AVITEK, alegadamente,
ligada
ao vereador para a área de
finanças no
Conselho Municipal, para
o fornecimento
de uma moto niveladora,
um
cilindro vibrador, um
camião basculante
e uma mini-bus para a
Assembleia
Municipal.
Sem visto de
fiscalização prévia do Tribunal
Administrativo, nem
depósito
da caução obrigatória, o
edil, prossegue
a denúncia, transferiu
para a conta
da AVITEK mais de nove
milhões de
meticais, mas a empresa
não comprou
o equipamento pago,
havendo suspeitas
de que o valor tenha
sido repartido entre
o edil, o vereador e a
empresa que
afinal nem existe.
Um outro empreiteiro
local terá ficado
com 2.200 mil meticais
da edilidade,
num negócio também não
claro, tal
como terá acontecido com
as empresas
Aissa Construções e Moza
Construções,
esta última alegadamente
pertencente a um “amigo”
do edil, que
Funcionários denunciam
corrupção e abuso de poder
Chamado a reagir,
Cecílio Chabane negou todas as acusações,
justificando que as
pessoas estão a fazer confusão
sobre o que está a
acontecer na edilidade tudo porque não
se aproximam do
presidente para pedir esclarecimentos.
“Acho que essas pessoas
têm fome demais e não têm coragem de se
aproximar e me dizer”,
responde o edil, para quem “um desocupado é o
melhor fofoqueiro do
país”.
Prossegue, afirmando que
“entrei no Conselho Municipal não como
camponês, mas sim como
empresário. Então, quando vejo dois ou três
camiões avariados, levo
os meus camiões para apoiar, o que é diferente
de facturar”.
Efectivamente, do rol
das acusações, Chabane assume apenas uma: que
a AVITEK, que ficou com
fundos do Estado, não passou de uma falsa
empresa. “Aí,
evidentemente, fomos burlados”, respondeu o edil de
Montepuez.
“É fome” – edil reage
terá fornecido uma
viatura de marca
Noah, ao chefe da UGEA
do Conselho
Municipal de Montepuez,
Benigno
Gabriel.
O edil é indiciado em
esquemas de
subfacturação na
aquisição de bens do
Estado. Com efeito, em
Julho de 2014,
o Conselho Municipal de
Montepuez
adquiriu na Mozambique
Holding
Lda., uma viatura
Mahindra, pelo valor
de 723 mil meticais e,
em Fevereiro de
2015, lançou um concurso
para a aquisição
de uma viatura
protocolar para o
Presidente e uma
Mini-bus para Assembleia
Municipal, quando em
2014,
a edilidade pagou 700
mil meticais à
falsa AVITEK, que nem
máquinas,
nem viaturas, nem
dinheiro devolveu
ao Estado, ficando na
posse de nove
milhões de meticais.
No esquema, a edilidade
comprou quatro
viaturas a um empresário
intermediário,
sem concurso público, a
1.200
mil meticais, cada,
quando seis meses
antes, havia comprado
uma viatura da
mesma marca e estado por
apenas 723
mil meticais.
Para a Assembleia
Municipal, o edil é
acusado de ter
“arranjado” uma Toyota
em terceira mão, que
custou aos cofres
da edilidade, 1.200 mil
meticais, sem
concurso público, tal
como uma Nissan
Elgrand afecta aos
serviços funerários
municipais, comprada em
“sucata”, a
um particular residente
na cidade de
Nampula, a 700 mil
meticais.
É acusado ainda de ter
mandado interromper
o prolongamento da Av.
Julius
Nyerere, que dá acesso
ao populoso
bairro de Mirige,
vendendo o espaço
a um tanzaniano, a 600
mil meticais,
mas também é implicado
na atribuição,
a um particular, de um
jardim infantil
localizado em frente ao
clube Atlético
de Montepuez que,
segundo as nossas
fontes, havia sido
indicado pelo presidente
Samora Machel como
património
histórico da cidade.
Pesa ainda sobre o edil
a atribuição, a
um grupo de libaneses,
de um jardim
localizado próximo do
tribunal distrital,
onde uma tribuna de
honra e árvores
centenárias foram
“varridos”. Parte do
espaço do jardim terá
sido, mais tarde,
comercializado num
negócio que movimentou
200 mil meticais.
Chabane é
apontado ainda de ter
vendido o espaço
onde servia para
depósito de lixo urbano
a um pequeno empresário
da praça,
a 350 mil meticais.
Há ainda fortes
suspeitas de o edil ter
vendido, a somalis,
espaços não quantificados
localizados dentro do
terminal
rodoviário a 350 mil
meticais, cada. Dizem
ainda que há
funcionários que o
edil “tirou” das casas
do Estado e arrendou
a particulares, cujos
valores de renda
usa em proveito próprio.
Consta que
uma das casas do Estado
foi entregue
a um docente do edil,
ensino à distância,
do curso Administração e
Gestão
Escolar, na Universidade
Pedagógica -
Delegação de Montepuez,
com o edil a
instruir ao sector do
património da edilidade
para não “incomodar” o
docente
porque “trata-se de
troca de favores e as
contas serão acertadas
no final do ano
lectivo”.
Na longa acusação,
consta que, em
plena crise, contraiu
empréstimos bancários
na ordem de 180 milhões
de
Meticais, dos 90 milhões
de meticais
à revelia do Ministério
da Economia e
Finanças.
Montepuez, onde há mais
de cinco meses
que o sistema municipal
de abastecimento
de água encontra-se
avariado,
enfrenta uma grave crise
no que diz
respeito ao fornecimento
daquele precioso
líquido, mas o edil terá
mandado
abrir um furo de água,
avaliado em cerca
de 300 mil meticais na
sua própria
residência e equipado
uma das suas
viaturas de marca
Toyota, com um tanque,
para vender água aos
munícipes ao
preço de 10,00 Mt a lata
de 20 litros.
Estranho enriquecimento
A missiva em nossa posse
refere que,
antes de se tornar edil,
Cecílio Chabane
dedicava-se ao corte
ilegal de madeira,
na zona de Nairoto e,
mais tarde, abriu
uma barraca de venda de
bebidas a garimpeiros
ilegais em Nanhupo.
Nessa
altura, estamos a citar
os funcionários,
tinha uma viatura de
carga de cinco toneladas,
em estado obsoleto, de
marca
Toyota. Mais tarde
adquiriu uma outra
viatura, em terceira
mão, de marca
Toyota Surf, que mais
tarde vendeu a
um gerente bancário
local, para obter
dinheiro para a sua
campanha eleitoral.
Mas passados três anos e
meio na presidência
da edilidade, avançam,
Chabane
comprou dois camiões
basculantes de
três eixos, de 25
toneladas cada, avaliados
em cinco milhões de
meticais, cada;
um camião de marca
Nissan, modelo
UD, de 15 toneladas,
avaliado em 1.500
mil meticais; uma
viatura de marca
Toyota Fortuner,
avaliada em 1.500 mil
meticais; Toyota Land
Cruiser, avaliada
em 1.800 mil meticais;
uma viatura de
marca Mercedes Benz,
último modelo,
avaliada em 2.500 mil
meticais; 1 tractor
agrícola, zero
quilómetros, avaliado
em 2.000 mil meticais; 1
Toyota Allex,
avaliada em 200 mil
meticais.
E mais. Terá construído
um restaurante,
bar, discoteca, pensão e
hotel R/C-1°
andar, duas casas na
zona de boa viagem,
reabilitou dois
estaleiros na cidade
de Montepuez e construiu
uma casa
R/C-1° andar, no bairro
expansão, na
cidade de Pemba.
Na China, terá comprado
mobiliário do
restaurante e bar, da
pensão, do hotel,
aparelhagens sonoras
para a discoteca,
ar condicionado, camas,
televisores,
máquinas para a produção
de sumos,
Por Armando Nhantumbo
pipocas, sorvetes, entre
diverso equipamento
de luxo.
“Espanta como foi
possível que,
com o salário mensal que
aufere de
31.863,00Mt, o edil
tenha acumulado
tanta riqueza em apenas
três anos e
meio de mandato. Onde é
que Cecilio
Anli Chabane arranjou
tanto dinheiro
em tão curto espaço de
tempo?”, questionam
os funcionários.
Como funciona o esquema?
Explicam que o esquema
de drenagem
do dinheiro público
montado pelo
edil funciona nos
seguintes moldes: o
dinheiro é canalizado
pelo Governo
Central para as contas
dos Fundos de
Investimento e Estradas
do Conselho
Municipal. Seguidamente
Cecílio
Chabane transfere todo o
valor do
BIM para a conta de
Funcionamento
do Conselho Municipal,
onde se supõe
que consegue usar o
dinheiro com facilidade.
Para lograr seus
intentos, prossegue
a queixa, o edil fez-se
rodear por pessoas
próximas e influentes na
Assembleia
Municipal para ao mesmo
tempo
trabalharem no Conselho
Municipal,
auferindo dois salários
mensais, num
claro conflito de
interesse com a Lei nº
16/2012, de 14 de
Agosto, que aprova a
Lei de Probidade
Pública.
Citam o caso de Rabia
Ussene Samathe,
vice-presidente da
Assembleia
Municipal, órgão cuja
função é fiscalizar
o executivo da
edilidade, colocado
como chefe da
contabilidade, gestora
dos fundos de estradas,
projectos externos,
chefe dos transportes,
combustíveis
e lubrificantes e Ana
Gabriel Sabune,
esposa do Presidente da
Assembleia
Municipal, que também é
membro da
Assembleia Municipal,
que foi parar ao
cargo de gestora e
ordenadora de Despesas
do Conselho Municipal e
segunda
assinante dos cheques da
edilidade.
É necessário frisar que
a auditoria da
Inspecção Geral das
Finanças refere
apenas que “uma
funcionária do quadro
afecta ao sector de
Contabilidade (do
Conselho Municipal) que
é membro da
Assembleia Municipal
desempenhando
as funções de
Vice-Presidente do
mesmo órgão”.
Ainda assim, é
denunciada a existência
de funcionários
fantasmas no Conselho
Municipal cujos nomes
apenas constam
das folhas de salários.
Contam as fontes
que, por detrás da
impunidade, está a
influência do edil que
canta aos quatro
ventos que é intocável.
As bancadas da oposição,
Renamo e Movimento
de Democrático
de Moçambique
(MDM) uniram-se para
acusar
a presidente da
Assembleia da
República, Verónica
Macamo,
de proteger Edson
Macuácua,
umas das faces mais
visíveis do
guebuzismo no
Parlamento.
A oposição acusa Macamo
de
inviabilizar o debate da
denúncia
sobre os conflitos de
interesse
de Macúacua na Comissão
Parlamentar de Inquérito
(CPI)
para o esclarecimento
das dívidas
ocultas. Para Macamo, em
virtude de o deputado
visado ter
apresentado a renúncia
já não
havia mais espaço para
debater
a denúncia, sendo que se
devia
imediatamente avançar
para a
respectiva substituição.
Quando faltam
sensivelmente
12 dias para o fim do
mandato
da CPI, a bancada
parlamentar
da Frelimo aprovou, com
recurso
à sua maioria a
substituição de
Edson Macúacua como
membro
e vice-presidente da
CPI, por
Sérgio Pantie, que
também deverá
ocupar o mesmo cargo.
Macúacua foi forçado a
abandonar
a CPI, depois de o MDM
ter enviado uma carta à Presidente
da Assembleia da
República
(PAR), a 13 de Setembro,
denunciando a existência
de
conflitos de interesse
pelo facto
de Macúacua integrar a
Comissão
que visa esclarecer as
dívidas,
enquanto na altura da
sua contracção
era conselheiro e porta-
-voz do antigo chefe de
Estado,
Armando Guebuza.
A contracção das dívidas
ocultas,
que mergulharam o país
numa profunda crise
económica
e financeira, ocorreu
entre 2013-
2014 e, na qualidade de
porta-
-voz, Macúacua aparecia
frequentemente
na imprensa lendo
comunicados em nome do
PR.
Uma fonte próxima ao
processo
contou ao SAVANA que
Macúacua
tentou obstruir o curso
das investigações, de
modo a
proteger o elenco com o
qual trabalhou,
principalmente nas
sessões
em que dirigiu os
trabalhos
na qualidade de vice-presidente.
Enquanto decorria o
debate
na sala de sessões da
AR, o visado
teve de abandonar a sala
de plenário e o SAVANA foi
ao seu encontro, na
expectativa
de colher esclarecimento
sobre
as acusações que pesam
sobre o
mesmo, bem como dos
motivos
que o levaram a
abandonar a sala.
“Respeito muito o teu
trabalho, mas
não me posso pronunciar.
Sou jurista
e entendo muito bem o
que está
em causa. Peço a sua
compreensão”,
disse Macuácua, também
conhecido
como o pai biológico do
G40, um
grupo de comentaristas
criado para
endeusar os feitos da
administração
Armando Guebuza e
diabolizar a
oposição.
Fuga para frente
A 21 de Setembro, a PAR
solicitou
o parecer da Comissão de
Ética Parlamentar
sobre o assunto de modo
a perceber se há ou não
conflitos de
interesse. A Comissão
produziu e
entregou o parecer, mas,
estranhamente,
não chegou a ser
debatido
pela AR. Reconhecendo o
mérito
da denúncia, Macúacua
protagoniza
uma espécie de fuga para
frente.
Submete a 10 de Outubro
à Assembleia
da República um pedido
de renúncia como membro
e vice-
-presidente da CPI.
Nesta quarta-feira, foi
submetida ao
plenário da AR a
proposta de resolução
atinente à eleição do
membro
para a CPI sobre a
dívida pública,
sem, no entanto, ter se
debatido ou
apresentado o parecer da
Comissão
de Ética Parlamentar.
Verónica Macamo
justificou a medida com
o argumento
de que, uma vez
remetido,
o pedido de renúncia não
havia motivos
para debater a denúncia,
sendo
que a prioridade seria a
eleição do
substituto.
Em contacto com o SAVANA,
o
presidente da Comissão
de Ética
Parlamentar, Silvério
Ronguane, disse:
“a presidente da AR é
quem solicita
e decide a distribuição
e debate
dos pareceres. A
comissão produziu
e entregou-a. Fizemos a
nossa parte
e não sabemos o que
motivou a presidente
para descartar o
debate”.
Os deputados da oposição
dizem
não perceber a atitude
de Verónica
Macamo, ao não agendar o
debate
da carta de denúncia que
levou Edson
Macúacua a renunciar ao
cargo,
alegando que o povo
precisa saber
dos reais motivos, mas
também servirá
como forma de precaver
futuros
casos. Isto porque a
renúncia não foi
da livre e espontânea
vontade como a
Frelimo tenta dar a
atender, mas sim
por força de um
dispositivo legal.
A Renamo e o MDM são
unânimes
que aquele assunto é
passível de
um processo disciplinar,
bem como
criminal, que podia
resvalar para o
afastamento do deputado
do cargo
de presidente da
Primeira Comissão.
Acrescentam que, em nome
da
transparência, o visado
deveria restituir
todos os honorários de
que beneficiou
enquanto membro da CPI.
Anular o processo
Américo Ubisse, deputado
da Renamo,
acusa Macúacua e
respectivo
partido de terem agido
de má-fé, por
não terem prevenido
voluntariamente
sobre a existência de
conflitos de
interesse e, caso não
tivesse surgido
a denúncia, tudo
continuaria na
mesma. Aliás, vincou que
Macúacua
é formado em direito, é
ainda presidente
da Comissão dos Assuntos
Constitucionais,
Direitos Humanos
e de Legalidade e tem a
missão de
interpretar como devem
ser as leis,
com destaque para a da Probidade
Pública. Nestes termos,
considera
Ubisse que todo o
trabalho desenvolvido
com a “mancha de
conflitos
de interesse” pela CPI
deveria ser
anulado.
Não devia haver
substituição
A bancada do MDM, autora
da
denúncia, manifestou o
seu inconformismo
com a nomeação de um
substituto, neste caso,
Sérgio Pantie,
para ocupar o cargo
deixado por
Edson Macúacua.
Segundo João Lobo,
deputado
da bancada minoritária,
o que
está em causa não é a
renúncia
do visado, pois concorda
absolutamente
com a mesma. Mas
já não concorda com os
pressupostos
e fundamentos legais da
sua substituição. Isto
porque, o
nº 3 do artigo 94 do
regimento
da Assembleia da
República estabelece:
“nas Comissões Ad hoc
e de inquérito, não são
admitidas
substituições, salvo nos
casos de
doença prolongada
justificada
ou impedimento
definitivo”.
De seguida, apontou que
a comprovação
da doença da pessoa
por substituir é feita
através de
um relatório de junta
médica
no caso de doença e
atestado de
óbito quando se trata de
morte,
mas sucede que nem numa
e nem noutra condição
está o
antigo porta-voz de
Guebuza e
goza de boa saúde.
“A natureza do
funcionamento
de uma CPI tem por
fundamento
a salvaguarda da sua
memória
institucional e garantia
do
sigilo no decurso das
investigações,
sendo, portanto,
contrária
a saídas e entradas
arbitrárias”,
explicou.
Continuando, referiu que
é justamente
por esta razão que o
legislador restringiu as
substituições,
de modo a garantir
confidencialidade
nas investigações.
No entanto, a bancada da
Frelimo,
que considera justa e
oportuna
a substituição de
Macúacua
por Pantie, invoca o nº
2 do artigo
71 do Regimento da AR,
para sustentar a sua
tese que
estabelece que “as
substituições
nas comissões de
trabalho são
solicitadas por escrito,
pelas bancadas
parlamentares, a
requerimento
do deputado efectivo que
se pretende ausentar”.
Deste modo, Hélder
Injojo, deputado
da Frelimo, justificou
que a renúncia de um
membro
de uma Comissão
Parlamentar
é um direito
indisputável e inquestionável
que lhe assiste e,
havendo vacatura, deve
ser preenchida.
A CPI sobre a dívida
pública é
presidida por Eneas
Comiche e
conta com 10 deputados
da Frelimo.
Venâncio Mondlane é o
único do MDM. A Renamo
tinha
direito de colocar seis
membros
na comissão, mas como se
sabe absteve-se de
integra-la. A
CPI tem de apresentar o
seu relatório
de inquérito a AR até 30
de Novembro.
Por Argunaldo Nhampossa
Cecílio Anli Chabane,
Edil de Montepuez
Oposição quer que
Macúacua restituía
honorários ganhos na CPI
Verónica Macamo faz
vista grossa ao
interesses
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EDITORIAL Cartoon
O Mundo continua em
estado
de choque, pois poucos
foram
capazes de prever que o
candidato
Donald John Trump
fosse ser eleito o 45º
Presidente dos
Estados Unidos de
América. De facto,
era difícil de imaginar,
apoiado por
qualquer exercício
racional, que uma
sociedade tão avançada e
uma democracia
profundamente enraizada,
como
os Estados Unidos de
América, fosse
confiar o seu futuro num
candidato que
representasse tudo
aquilo que Donald
Trump representa.
Trump representa, e ele
mesmo nunca
fez questão de esconder,
uma outra
América, que muitos,
afinal, desconheciam.
A América que se revelou
largamente
distante daquela que há
escassos
oito anos elegeu, pela
primeira fez na
sua história, e há
apenas quatro reelegeu
o primeiro presidente
negro. Isto
emitiu ao resto do Mundo
um forte
sinal de inclusão racial
e de pluralismo,
até mesmo de
enraizamento dos
mais nobres valores da
convivência e
multiculturalismo.
Valores estes que se
acreditavam estar em
desenvolvimento
acelerado, dentro dos
Estados Unidos
da América. Estes
valores caminhavam,
pensávamos muitos de
nós, para
uma maior consolidação,
com a eleição,
que se julgava
praticamente garantida,
de Hillary Clinton.
Hillary passaria,
assim, a ser a primeira
mulher, alguma
vez eleita, para o cargo
de presidente
dos Estados Unidos de
América.
Mas afinal estávamos
quase todos errados.
Hillary perdeu. Aliás, o
mais espantoso
ainda, Trump ganhou. Como
foi possível, eis a
grande questão. No
entanto, resta-nos
apenas especular
sobre as reais dimensões
da vitória do
TRUMPismo. Isto mesmo,
TRUMPismo.
Donald Trump não se pode
resumir apenas a um
indivíduo e aos
ideais que defende. Não
pode ter sido
apenas este elemento que
determinou
a sua chegada à chefia
do Estado
norte-americano.
Tampouco pode ser
pelo facto de Trump
representar a tal
dita rejeição do
corrupto establisment
norte-americano, como
muitos por aí
defendem.
Na verdade, Trump
representa um estado
de espírito em que se
encontra
grande parte das pessoas
no mundo em
que vivemos actualmente,
principalmente
no mundo ocidental. Um
estado
de espírito surrealista,
produto e reprodutor
dos grandes media e de
discursos
(ultra)nacionalistas,
amedrontados
pelo avanço das forças
da globalização.
O TRUMPismo representa,
neste
sentido, nada mais,
senão a vitória do
senso-comum sobre o
bom-senso. A
vitória do pânico e do
medo sobre a
realidade. A vitória do
irracional sobre
o racional.
Por conseguinte, o TRUMPismo
não
deve ser analisado fora
do Brexit e do
avanço das forças de
extrema direita e
do populismo europeus.
São essas as
forças por detrás do
fabrico e reprodução
dessa imagem de um mundo
em
perigo, de um mundo
exposto ao saque
dos imigrantes económicos,
movimentos
pluralistas, pobres,
refugiados de
guerra, assim como sob a
ameaça permanente
do radicalismo islâmico.
É,
exactamente, o combate a
essa “ameaça”
que torna inaceitáveis
nobres valores
como a inclusão, nessas
mentes que
clamam e apelam por
grandes líderes
messiânicos predispostos
a protegê-los,
a todo o custo. Trump e
os Brexistas,
por exemplo, representam
a face deste
ideal de força, garantia
de salvação e,
mais importante ainda,
oferecem “soluções”
supostamente rápidas e
simples
contra a urgência do
pânico e do medo,
como por exemplo, a
eliminação imediata
do fantasma do
imigrante, para
fora do espaço
ocidental. Homens que
se mostram capazes de
devolver segurança
e tranquilidade física e
socioeconómica
para essas mentes assustadas
de
“nada.”
O TRUMPismo exprime-se,
geralmente,
pelo ultranacionalismo,
populismo
de direita e xenofobia,
que
pressionados pelos
nobres valores da
convivência, do
multiculturalismo,
multirracialismo,
multietnicidade e
outros, cada dia mais
exigidos pela
globalização, revelam-se
ainda mais e
recorrem ao grande líder
messiânico, à
promessa do resgate da
supremacia da
raça e do grupo. O
TRUMPismo representa,
neste sentido, muito
mais do
que o simples eleitorado
Americano.
Se olharmos para o
Brexit e os actuais
níveis de crimes de ódio
na Inglaterra
e o avanço dos grupos
nacionalistas
de extrema-direita, em
quase que toda
a Europa, com maior
destaque para a
Hungria, Áustria e
França, facilmente
concluiremos o poder da
interpretação
errônea e preconceituosa
de conceitos
como o islamismo e,
fundamentalmente,
de refugiados ou
imigrantes, interpretação
de que o próprio
TRUMPismo
é produto e acérrimo
defensor.
Mas atenção. Por mais
obscuro que a
eleição de Donald Trump
possa parecer
representar para o
futuro próximo
da humanidade, o que
mais deve
preocupar ao mundo, nos
próximos
dias, não devem ser,
necessariamente,
a execução das
prometidas acções do
candidato agora eleito
Donald Trump,
uma vez que, elas serão
regularmente
escrutinadas pelas tradicionais
e fortes
instituições
norte-americanas que,
independentemente da boa
ou má
vontade de um
presidente, mantêm-
-se, geralmente, firmes
e irredutíveis.
O que mais me preocupa e
ao Mundo
também, é que esta
eleição vem legitimar
os sentimentos que ela
carrega e
representa e a sua
consequente reprodução
e implementação em
contextos
onde reina alguma ou
elevada fragilidade
institucional. Em
contextos em
que um Trump presidente
pode ser
exactamente igual ou
pior do que um
Trump candidato. Este
sim é o verdadeiro
problema.
Por Fredson Guilengue
Há alguns anos,
moçambicanos preocupados com o
rumo que o país estava a
seguir, perderam o medo e
começaram a ser mais
aguerridos nos seus posicionamentos
públicos, exigindo que o
governo fosse mais
humilde e respeitoso nas
suas relações com o público.
Concretamente, as
intervenções visavam combater a corrupção
galopante que se ia
apoderando da sociedade, apesar do
governo ter elencado a
luta contra este mal como uma das suas
principais prioridades.
Manifestavam também o
seu desagrado pelas relações de compadrio
que se iam
entrincheirando no sector público, a politização
da administração
pública, a centralização excessiva do
poder, que tinha como
consequência o desencorajamento das
pequenas iniciativas, o
nepotismo, e a arrogância e outros males
que enfermavam a
sociedade moçambicana.
Foi nesta época que
ganhou maior vigor o debate sobre a necessidade
do combate contra a
partidarização do Aparelho do
Estado, e da importância
da promoção do mérito como a única
condição para a
profissionalização da Função Pública.
A resposta a este
movimento crítico foi uma barragem de insultos
e a desvalorização de
todo o tipo de ideias que não se
encaixavam no conjunto
de valores que orientavam a classe
política de então. Os
que defendiam estes valores tiveram de
enfrentar a condição de
terem de ser conhecidos por todo o
tipo de rótulos
depreciativos, desde tagarelas, invejosos, bêbados,
aqueles que se sentavam
por cima do muro, etc.
Muitos tiveram de viver
com o estigma de serem considerados
antipatriotas, acólitos
da sempre invisível “mão externa”.
Hoje, tristemente,
constata-se que toda esta massa de cidadãos
inconformados tinha a
razão de ser das suas inquietações. O
que se pretendia com as
severas críticas que eram dirigidas ao
governo era precisamente
evitar que o país chegasse até ao estado
de crise generalizada em
que hoje se encontra.
Não pode ser motivo de
satisfação que esta massa crítica tenha
tido os seus posicionamentos
validados com a situação que se
vive actualmente no
país, mas é preciso compreender que quando
se trata de questões
nacionais, mesmo que se entenda que
as ideias de um certo
grupo são erradas, é preciso ouvi-las, e se
for o caso contraria-las
com outras que se julguem melhores,
alicerçadas em factos
concretos e demonstráveis.
O que desvaloriza o
debate sobre questões críticas da vida nacional
é a tendência de olhar
para o veículo, e não para o mérito
que algumas dessas
ideias possam ter; a incapacidade de perceber
que o problema não é com
o mensageiro, mas sim com a
mensagem que ele (ou
ela) nos transmite.
Uma maior abertura e
respeito pelas ideias que eram desinteressadamente
oferecidas por certos
cidadãos nacionais teriam
permitido uma
confrontação sã que, quem sabe, poderiam ter
ajudado a tomar as
decisões mais correctas e salvar o país do
caos político, económico
e social em que hoje se encontra mergulhado.
Quando se fala de uma
liberdade de expressão robusta como
sendo um dos principais
suportes da democracia e do desenvolvimento,
não se pode ver isso
como um simples cliché. É o
reconhecimento claro de
como uma sociedade cujos membros
interagem livremente,
tem o menor potencial de concentrar o
poder nas mãos de uma
pequena elite, permitindo que todos
se manifestem livremente
e confrontem as suas ideias de uma
forma aberta e despedida
de todo o tipo de preconceitos. É
destes pergaminhos que
se constroem nações fortes, coesas e
prósperas.
Como construir uma nação
forte, coesa e próspera
TRUMPismo: quando o
senso-comum vence o
bom-senso
Savana 18-11-2016 19 OPINIÃO
503
Email: carlosserra_maputo@yahoo.com
Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com
Com a apresentação
da Quarta Avaliação
Nacional da Pobreza e
Bem-Estar em Moçambique,
2014-15 do Ministério de
Economia e Finanças,
mais uma
vez, somos alertados
sobre os níveis
alarmantes da pobreza,
na Província
da Zambézia. Para quem
vive
isso de perto, não
constitui novidade
e as razões são bem
claras.
Vou mencionar algumas
dessas razões,
relacionadas com a
pobreza
rural: em primeiro
lugar, há falta
de uma estratégia
agrária lógica,
a longo prazo, que parta
da realidade
e aspiração, sobretudo,
dos
próprios camponeses.
O Plano Estratégico para
o Desenvolvimento
do Sector Agrário
(2011-2020) parece ter a
sua
implementação e
monitoria difíceis
com seus quatro pilares,
29
resultados e 149
estratégias, ainda
cruzando as províncias
como
entidades
implementadoras com
seis “corredores”. Um
bicho-de-
-sete-cabeças. Em
segundo lugar,
é a crónica falta de
investimento
no sector agrário nos
últimos 30
anos na Zambézia. Nunca
houve
e nunca há dinheiro, tem
sido
sempre esta a
justificação, com o
Estado, em termos
práticos, a se
revelar ausente. Na
prática, sobretudo
as mulheres, contam
somente
com as suas próprias
forças.
Assisto há já 30 anos
grupos de
mulheres camponesas que
saem
da Cidade de Quelimane
desde as
duas de manhã,
percorrendo cerca
de 5 a 10 quilómetros a
pé para
cultivar os arrozais de
Elalane,
arredores da Cidade. Ou
as que
saem em massa, do Posto
Administrativo
de Macuse, levando seus
filhos ao colo, para
Alto Macorine,
onde dormem, durante a
semana,
em baixo do mosqueteiro.
Operam
em grupos, ajudando uma
a
outra, mas cada uma
trabalha a
sua machamba. Em
terceiro lugar,
é a falta de convicção
dos funcionários
do aparelho de Estado
e o sector privado
aliado que é a
população rural que
produz comida
neste País e que deve
ser vista
como o “motor de
arranque” para
o aumento da produção,
mas ao
contrário e estou a
citar os colegas
no passado recente que
afirmam:
“…. com o cabo curto não
vamos
desenvolver este País”.
Felizmente
aos poucos esta
mentalidade
está a mudar. A quarta
razão que
faz com que a pobreza
resista é a
convicção segundo a qual
o desenvolvimento
agrário vem dos
investidores de
preferência estrangeiros.
Para atraí-los, grandes
parcelas de terra
férteis são
postas disponíveis
confrontando-
-os com os direitos
costumeiros
de uso e aproveitamento
de terra,
provocando,
consequentemente,
conflitos com as
comunidades.
Nós assistimos as
companhias
multinacionais no sector
de arroz
durante os últimos
quinze anos:
Lap Ubuntu em Matutuine,
MIA
em Chókwè, Wanbao em Xai
Xai
e Olam em Mopeia, todas
foram à
falência. Parece que é
difícil competir
com o “sector familiar” para
utilizar um termo do
passado.
Como quinta razão,
podemos
mencionar a falta de
cooperação
interministerial.
Obras Públicas,
Indústria e Comércio,
Economia e Finanças e
agora MASA e MITADER
deviam
ter um plano único
agrário.
Por exemplo, é urgente
definir
e implementar uma
política de
protecção do mercado de
arroz,
subsidiar a produção e,
sobretudo,
combater os interesses a
continuar
com a importação deste
cereal.
Ao contrário dum plano
agrário
interministerial,
assistimos frequentemente
que cada um vem
com seu plano e,
sobretudo, com
seu pacote financeiro.
Neste mundo
rural de desencontro
institucional,
brotam as Organizações
Não Governamentais, cada
uma
também com sua agenda.
Como
resposta a esta cacofonia,
o Governo
Nacional recorre
desesperadamente
a campanhas; assistimos
a “Revolução Verde”, a
“campanha
de Jatrofa” e outras
ainda por vir.
É difícil nesta
turbulência ficar
com a cabeça fria.
Chega de críticas! Onde
está a saída
desta miséria? Para tal,
temos
de voltar para as
mulheres de Alto
Macorine, Elalane e as
das tantas
outras zonas rurais do
País. Com
as suas capulanas
amarradas, com
a enxada, com o cantilho
de água,
um pouco de comida, de
chinelos
ou a pé nu, elas são
completamente
autónomas. Elas sabem
disso e não contam com
apoio de
ninguém. Quando há
necessidade
elas juntam-se, por
exemplo, neste
momento por causa da
criminalidade.
Esta estratégia de “contar
somente com as próprias
forças” é a
chave de tudo. Como
operacionalizá-
la?
Nas auscultações rurais
sempre
aparecem listas com
múltiplos
problemas que na verdade
são pertinentes
e nunca são devidamente
resolvidos. Porém,
existem dois a
três que parecem
fundamentais:
segurança da terra,
segurança do
mercado e meios para
aumentar
a produção; nesta
sequência de
prioridade. A resposta
podia ser a
estratégia de “Triângulo
de Pau-
-ferro”. O que é isso?
A estratégia prevê a
instalação de
três instituições no
meio rural:
Uma organização de
defesa de
direitos. UNAC e as suas
representações
Provinciais de
Camponeses,
embora com todas as
dificuldades,
estão a tentar formá-la,
mas ainda falta muito.
Uma rede de cooperativas
para comercialização
da produção e
fornecimento
de insumos.
Uma instituição bancária
cooperativa
de poupança e
empréstimos
para os membros.
Tentamos criar
uma tal instituição com
a fundação
do Banco Terra, mas esta
tentativa
falhou completamente. A
razão deste falhanço
devia ser
analisada, ora num outro
momento.
As três instituições formarão
o
movimento rural com o
potencial
para materializar o
princípio
de “contar somente com
as
próprias forças”. O
nível de implantação
pode ser a Província. A
organização de defesa de
direitos
deve ter capacidade de
“lobby”,
advocacia e da acção
social. No
início ela podia ser
parceira das
ONG’s nestes áreas,
estabelecendo
nesse caso, um período
temporal
de implementação para
que o
movimento rural ganhe a
sua própria
autonomia antes da
retirada
das ONG’s. As
actividades desta
instituição não são
comerciais, podendo
ser financiadas em
primeiro
plano pelos parceiros,
mas no
médio e longo prazo
pelas outras
duas instituições do
triângulo. O
produtor rural pode ser
membro
das três instituições.
Sobre a rede
de cooperativas irei desenvolver
mais em frente neste
texto.
A questão de segurança
de terra
é um assunto, a prior,
polémico,
mas as preocupações de
segurança
de mercado provocam
ainda mais
dores de cabeça. Depois
da longa
marcha, atravessando a
campanha
agrícola, o produtor
rural é, no fim
de tudo, obrigado a
“dançar com o
diabo” para transformar
a sua produção
em dinheiro.
O produto agrícola passa
a cadeia
de valor do produtor
para o consumidor
e várias cadeias de
valor
são internacionalizadas;
como por
exemplo as de caju,
feijão bóer, arroz,
etc. Começando com o
produtor,
aparecem várias figuras
na
cadeia: o ambulante, o
grossista,
a indústria
transformadora, o retalhista
e o consumidor que no
fim determina o preço.
Então o
movimento do produto é
do produtor
para o consumidor
enquanto
o mecanismo de
determinação
do preço está com o
consumidor,
transferido pelos vários
actores
na cadeia de valor para
o produtor.
Ou na terminologia
inglesa, o
produtor rural é o “price
taker” ou
tomador de preço, quer
dizer que
ele ou ela deve aceitar
as margens
ou lucros excessivos dos
outros
actores na cadeia de
valor. Não é
para dizer que a classe
de comerciantes
são bandidos. Ao
contrário,
eles funcionam consoante
um
regime legal
estabelecido pelo
governo e são necessários
para o
funcionamento do
mercado. Porém,
o problema da falta de
poder
de negociação do
produtor rural
é pertinente neste
momento em
Moçambique. De facto
vários
mercados agrícolas em
Moçambique
são caracterizados por
um
monopólio. Uma solução
podia
ser a montagem dentro da
cadeia
de valor uma cooperativa
dos produtores
com dois objectivos
muitos
simples: 1. Comprar e
vender
os produtos dos membros
a um
preço mais alto e 2.
Fornecer aos
membros insumos a um
preço
mais baixo. A
cooperativa é um
instrumento dos membros
para
organizar uma melhor
posição no
mercado e compete num
mercado
livre com os
comerciantes privados.
Cooperativismo é
sobretudo uma
maneira de organizar
confiança
nas zonas rurais e
estabelecer
a segurança para o
membro que
depois da campanha pode
vender
a sua produção no posto
de compra
da cooperativa ali perto
a um
preço conhecido. No
passado na
Europa, no Japão e mesmo
nos
Estado Unidos a
cooperativa era
o instrumento usado
pelos produtores
agrários para sair da
pobreza
rural.
Em Moçambique, o
cooperativismo
ainda é conotado com as
cooperativas
de produção dos anos
70 e 80 do último século
iniciado
pelo Governo em
seguimento as
políticas rurais na
União Soviética.
Não foi difícil explicar
a população
rural que as
cooperativas
comerciais de compra e
venda são
instrumentos totalmente
diferentes
e que cada um ficava
responsável
para sua produção.
Como os dois objectivos
acima
mencionados são postos
na prática?
A resposta é: pelo
método
pré- e pós-pagamento. A
cooperativa
compra os produtos
agrícolas
dos seus membros a um
preço
pré-estabelecido na
assembleia
geral no início da
campanha de
comercialização. A
cooperativa
armazena, limpa e seca,
se for possível
transforma e vende o
produto
final. O valor de venda
subtraído
o valor de pré-pagamento
e os
custos transacção forma
a margem
da cooperativa que é
dividida
consoante as decisões da
assembleia
geral depois da campanha
em reservas da
cooperativa, para
contas individuais dos
membros
(levantamento na idade
de reforma)
e um pós-pagamento. Nas
cadeias
de valor geridas pelo
sector
privado, estes últimos
três valores
são apropriados pelo
privado. O
pós-pagamento pode ser
pago no
“tempo de fome” quando a
próxima
colheita ainda não está
pronta
e os produtores estão
nas sachas e
outros trabalhos duros e
quando
existe um escassez de
dinheiro.
Nas tentativas de
introduzir cooperativas
no Centro de Moçambique
durante a última década
várias
lições foram aprendidas
como: a
dificuldade de
reestabelecer confiança
nas zonas rurais e ligado
a
isso a falta de auto
capitalização
da cooperativa pelos
membros, a
influência dos partidos
políticos
e, finalmente, corrupção
no seio
de gestores
profissionais da cooperativa.
Triângulo de Pau Ferro:
uma estratégia
para erradicar a pobreza
rural
Por Jan de Moor
A internet criou ruas e
praças virtuais, onde,
com meia dúzia de
toques no teclado de
um computador e com o
préstimo
das webcams, contactamos
multidões de amigos
digitais.
A escrita barata é de
regra.
Na verdade, escrever com
corruptelas,
com abreviações, é
certamente um dos
aspectos
mais marcantes do
confessionalismo
digital, bem vincado,
por exemplo, no Facebook.
Gente
com cursos superiores
desce
ao rés-do-chão da
escrita da
vida, gente que já aqui
está aqui
permanece, temas
complexos
sofrem um tratamento
galhofeiro,
um banho terra-a-terra,
uma reinvenção de
banalidade
benévola. Criam-se assim
ambientes
tu-cá-tu-lá, íntimos,
informais, naturais,
professados
sem problemas pelos
membros
de cada grupo de chat,
cheios do estimulante Gosto
e
da adição sem pausa de
amigos,
de fonismos do tipo ehhhhhhh
ou kkkkkkkk, adubados
pelos
anglicismos ou pelo
sistemático
uso do inglês, etc.
Escrita nas redes
sociais digitais
20 Savana 18-11-2016 OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís
Guevane
O jornal pode ser usado
para embrulhar
objectos, para publicar
uma série de
desmentidos, para
denegrir a imagem deste
ou daquele
político, para promover
e alimentar
uma, duas, três… várias
mentiras, para
endeusar um indivíduo
tornando-o herói
nacional, para controlar
mentes que se
acomodam na crença da
imaculabilidade
do governo do dia, entre
outros. Também
para o pintor, o jornal
tem diversos fins.
Podia ser um
carpinteiro, um sapateiro,
um político, mas
imaginemos um pintor.
Que usos pode dar ao
jornal?
Depois de perfilar os
jornais sobre o chão,
rente à parede, para
minimizar ou eliminar
o efeito da queda da
tinta, o nosso
pintor mandou o ajudante
posicionar o
escadote para o sector
onde ele iniciaria
a pintura. Uma vez
iniciada a pintura, eis
O pintor
que um pingo de tinta,
como já era previsível,
solta-se em queda livre
e esbarra-se num dos
jornais. Do alto do
escadote o nosso pintor
apercebeu-se que o pingo
de tinta caíra numa
das páginas de um dos
semanários da praça.
Por pouco não afectou o
seguinte título:
“Prendam Guebuza”.
Admirado, ordenou ao
seu ajudante para que
visse a data, tendo este
respondido que, para
tal, seria obrigado a remover
a tinta. Posto isto,
quis saber quem era
o autor. E o ajudante
respondeu que era “Venâncio
Mondlane”, o deputado.
Numa fracção
de segundos deixou-se
substituir pelo
ajudante, sem antes
repisar o discurso sobre a
excelente qualidade de
pintura.
O nosso pintor leu
aquele pedaço do jornal,
até ao fim, e não
entendeu nada. Concluiu
que, talvez, por isso,
“quem de direito” também
ainda não havia
entendido nada e, por
isso, não podia cumprir
a “ordem” do deputado.
Inconformado, releu e
percebeu que
eram excertos editados
da intervenção do
deputado, na Assembleia
da República, sobre
a Conta Geral do Estado.
Pegou no lápis que
acabava de tirar do
bolso traseiro das calças
jeans do seu ajudante e
pôs-se a sublinhar.
Do alto do escadote o
ajudante abanou negativamente
a cabeça ao aperceber-se
que o
nosso pintor não parava
de sublinhar repetitivamente
o seguinte: “Em relação
ao nosso
passivo, o Conselho de
Ministros faz uma
abordagem
escandalosamente omissa sobre
os detalhes da dívida
pública. Aquele que foi
considerado pelo último
relatório do FMI
como o segundo maior
factor de risco fiscal
para Moçambique foi pura
e simplesmente
esquivado, como uma
avestruz o faz em face
do perigo, ocultando a
cabeça na terra. Estamos
a falar da Ematum
Moçambique SA.
A tese que defendemos,
depois de dois anos
de permanente escândalo
e de provas mais
do que evidentes da
corrupção governamental
atingindo o ápice do
admissível,
é a seguinte: ALGUÉM
DEVE SER
PRESO!” Envergonhado
pelo facto de o
ajudante tê-lo dito que
devia sublinhar
somente o essencial para
não correr o risco
de sublinhar a
totalidade do texto, o
nosso pintor gritou com
a única arrogância
que dominava: “Continua
a pintar, …
cabrão!” O ajudante
continuou a pintar,
duvidando se a última
palavra era mesmo
para ele ou não. Quando
o nosso pintor
entendeu profundamente a
mensagem, o
excerto estava todo ele,
várias vezes, sublinhado.
Dobrou-o e guardou no
bolso
para mostrar à sua
esposa que, segundo
ele, não entendia nada
da actual crise e
só sabia dizer que “isto
subiu, aquilo subiu”.
Oxalá que a viva
recomendação do
deputado tenha sido
tomado em conta.
Todos nós já ouvimos
falar da pobreza
onde quer que estejamos.
É, aliás, um
assunto recorrente.
Quero hoje explorar
este conceito porque
sinto que
há qualquer coisa de
inquietante nele. Entre
as várias definições que
podemos encontrar
prefiro aquela que
sugere a falta do necessário à
vida. Tão simples mas
complexo.
Importa tratar aqui da
ambivalência que encerra
o conceito no nosso país
com a ressalva
de que não é só a este
conceito que nós moçambicanos
atribuímos outros
sentidos. Esta
ambiguidade nos relega
ao segundo plano e
muito rapidamente nos
transforma em coisa
nenhuma. E é bom que se
diga que estas proezas
nos fazem perder, na
maior parte das vezes,
a oportunidade de nos
tornarmos mais triunfadores.
Nação capaz e
promissora. Triste, mas
verdadeiro.
A pobreza permite
justificar tudo. Atrocidades
são cometidas em nome da
pobreza, mas não
deveria ser o contrário?
Já lá vamos.
No momento em que
escrevo vejo em simultâneo
a televisão - é um velho
hábito que não
sei explicar, talvez por
ser um meio para além
dos livros onde busco
inspiração para escrever
o que me vai na alma. É
inevitável. A quantidade
de informação que por aí
passa faz-me
querer reflectir sobre
algumas matérias - mas
dizia, vejo uma notícia
sobre a morte do “VELHO
CAPITÃO”, Mário Wilson,
nascido
em Moçambique, “terra de
boa gente”. E isto
faz-me soltar algumas
palavras da boca: lá se
vai mais um gigante
juntar-se ao Eusébio, ao
Coluna, ao Almeida
Santos e a muitos outros
nascidos em Moçambique
que trabalhando
para o “inimigo” e pelos
seus feitos transportaram
e elevaram o nome e a
bandeira de Moçambique
além fronteiras.
Vejo, como muitos, e é
inevitável fazer este
tipo de comparações, que
de além fronteiras,
a imagem que nos é
transmitida acerca dos
finados é tão rica e
comovente como aquela
que nós por cá, filhos
da pátria que também
é deles, transmitimos.
Assim foi com o Eusébio,
o “PANTERA NEGRA”, tal
como foi
com o Coluna. Todos os
canais de rádio e TV
portugueses,
brasileiros, angolanos, ingleses,
italianos, etc.,
dedicaram horas a fio para se
vergarem perante esses
titãs, verdadeiros embondeiros,
e nenhum desses canais
poupou esforços
para dizer, com
conhecimento de causa,
que estes embondeiros
ora tombados eram
moçambicanos. Coisa que
nós por cá não
conseguimos fazer.
Chamem-lhe o que quiserem,
mas cá por mim, ao não
reconhecimento
destas glórias da nação
moçambicana por parte
de quem orgulhosamente
deveria tomar a
dianteira, chamo POBREZA
DA MENTE.
No dia em que o mundo
rendia a última homenagem
a Mário Wilson via, em
simultâneo,
correr notícias da
eleição do Engenheiro
António Guterres,
Ex-Primeiro Ministro de
Portugal, para o mais
alto cargo das Nações
Unidas e, nesse
intervalo, vi desfilarem várias
opiniões sobre essa
figura, não tão consensual
no meio português, mas
pude reter algumas
ideias do actual
presidente da República Portuguesa,
Marcelo Rebelo de Sousa:
“... é muito
bom para as Nações
Unidas, é muito bom para
Portugal quando temos
grandes escritores reconhecidos
no mundo. E dizer isto
não é ser
patrioteiro é ser apenas
integral. É evidente
que é bom para Portugal
quando há um português
que ganha o prémio nobre
da literatura,
quando um artista ou
atleta é reconhecido
internacionalmente.”
Isto para dizer o quê?
Que são pessoas de maior
apreço, que foram
capazes de usar a sua
mestria para a promoção
de toda uma nação. Não é
infundado. Não é
gratuito.
O mundo hoje é mais
complexo e competitivo
do que há 30 anos e me
parece que tende
a ser ainda mais
complexo. Estar preparado
para a complexidade que
se afigura é bastante
recomendável. Não me
parece que pormos de
lado, apartarmo-nos,
distanciarmo-nos ou não
reconhecermos aqueles
que porventura seriam
motores de unidade
nacional, promotores de
integração é aquilo a
que eu chamo de POBREZA
DA MENTE. Quando
Eusébio, o
Coluna, entre outros,
eram aclamados pelo
mundo fora eu era
pequena, mas convivi e
vibrei com as suas
proezas e soube-me bem
como moçambicana saber
que existe um moçambicano
a dar cartas lá fora. Em
momentos
como este, em que
atravessamos grandes dificuldades
a todos os níveis é
importante que o
país descomplexadamente
pense e evoque os
seus maiores em nome da
tão almejada unidade
nacional. E oxalá não
tenhamos perdido
o barco, não se vê
fabricar uns Eusébios, Colunas
e os Wilsons todos os
dias. Será sempre
preferível esta unidade
a uma qualquer outra
em torno de pretensos
patriotas que mais não
fizeram e fazem que usar
o país, os seus recursos
e a generosidade do povo
como caminhos
para o enriquecimento
próprio e o poder, com
as consequências
terríveis a que todos assistimos,
entre as quais o
aprofundar da pobreza
desse mesmo povo.
E afinal o que é que
está por detrás do distanciamento
com os nossos? Muita
coisa. E
a mais preocupante é
exactamente a que me
propus hoje trazer: a
POBREZA DA MENTE.
Durante anos convivi,
sem questionar, com
a ideia de que Eusébio,
ao se ter naturalizado
português, deixou de ser
moçambicano e,
portanto, ele era um alienado.
Convivi com a
questão que muitos
moçambicanos, influenciados
pelas mesmas ideias,
colocavam: o que
fez Eusébio por
Moçambique? O que trouxe
ele de benéfico para
Moçambique? Ideias
estas difundidas pela
classe política que perigosamente
se foram propagando.
Então o
futebolista era olhado e
aplaudido com muitas
reservas. Convivi com
ideia de que ele nem sequer
investiu na sua
Mafalala, espaço onde o
viu crescer até
tornar-se, mais tarde, expoente
máximo do futebol
mundial - Estava, claro,
lançada a desconfiança
sobre um cidadão nacional.
Em certos momentos o
Coluna não escapou
a isto, vindo a
reconciliar-se com o seu
povo, este habituado a
ficar de papo ao ar, mão
estendida à espera que
caia qualquer coisa na
mão. “Até porque o
Coluna foi enterrado na
sua terra natal, ao
contrário do seu compatriota,
dizem os entendidos na
matéria.”
Isto é revelador de como
as mentes dos moçambicanos
podem ser manipuladas. A
pobreza
da mente permite-nos
tudo. É legítimo
não pensarmos por sermos
pobres. É sempre
útil ser pobre
mentalmente em Moçambique,
porque o contrário
significa poder entrar em
choque com algumas
práticas e ideias feitas e,
só com alguma sorte, se
te manifestares contra
elas, não as levas
contigo numa viagem sem
regresso. Ser pobre é
não ser capaz. Ser pobre é
professar a mesma
religião e o mesmo partido.
És pobre, é bom, não
tens problema no país.
Não pensas, não julgas.
Ser pobre significa, no
nosso país, não pensar
em formas possíveis de
sair dessa pobreza.
A questão é esta, não se
pode odiar o nosso
país porque o nosso país
tem uma imagem e
transportámo-la
connosco. O nosso país tem,
mais precisamente, a
imagem de uma fila de
pobres à porta das
mesquitas todas as sextas-
-feiras à espera da
sopa. Ou, é permitirmo-nos
andar de mão estendida.
Justifica-se. Significa
que perdermos a
vergonha, perdemos a dignidade.
Ou ainda, é não
pensarmos que descentralizar
não é dividir o país e
que pode haver
vantagens nisso. É
termos ficado a dormir à
sombra da bananeira
durante anos, desprezando
os alertas sobre
questões da agricultura no
país, imitidos pelo
saudoso economista Prof.
Firmino Mucavele (que
descanse em paz), e
não termos sido capazes
de vislumbrar a luz
no fundo do túnel,
pensando aliás, que ele era
um lunático. – Hoje
estamos todos como papagaios
a repetir as suas ideias
embora existam
alguns papagaios
teimosos, que nem isso
conseguem fazer, como o
actual Ministro da
Agricultura, que mal
consegue aproveitar
as deixas. Ou ainda,
pobreza na nossa pátria
amada é banalizar todos
os conceitos como
paz, diálogo, Guerra, manifestação,
fome, etc.,
e tornar estes
conceitos-chave em coisa nenhuma.
Mas pior que tudo é ter
uma mente
pobre, limitada e
limitativa como a de muitos
governantes deste país,
que não têm noção de
que estão à frente dos destinos
de milhões dos
moçambicanos.
Na luta contra a pobreza
os outros é que saem
a ganhar, não os pobres.
Basta olharmos para
aquilo que são as metas
dos Objectivos do Desenvolvimento
do Milénio e as suas
Agendas
2021 ou 2045 e talvez
2080 - sabe-se lá que
mais agendas os grandes
senhores do planeta
irão inventar - para se
perceber que esse objectivo
se mantém e com mais
peso e não importa
se os resultados vão em
sentido contrário do
desejado. E que dizer
dos planos quinquenais
dos governos com que os
nossos representantes
se pavoneiam... mesmo
não atingindo metas
nenhumas. autênticas
palhaçadas.
Gabe-se a pachorra da
mente dos moçambicanos
que não permite
reivindicar nada daquilo
a que tem por direito: paz,
educação, saúde,
comida, segurança, teto,
terra.
Não somos pobres. Temos
o necessário à vida.
Falta-nos discernimento.
Mais não digo.
Gabe-se a pobreza dos
moçambicanos!
Savana 18-11-2016 21 PUBLICIDADE
Na sequência do
comunicado do Fundo de Garantia de Depósitos (FGD) de 11 de Novembro corrente,
relativo ao reembolso
dos depósitos
constituídos no Nosso Banco, SA, nos termos e condições fixados pelo Decreto nº
49/2010, de 11 de Novembro,
e pelo Diploma
Ministerial nº 61/2016, de 21 de Setembro, informa-se o seguinte:
1) O FGD irá reembolsar
depósitos até 20.000,00 MT (vinte mil Meticais) por cada depositante, de acordo
com o Diploma Ministerial
nº 61/2016, de 21 de
Setembro;
2) Serão abrangidos
apenas os depósitos expressos em meticais e titulados por pessoas singulares
residentes na República
de Moçambique;
3) O reembolso dos
depósitos será efectuado a partir de 21 de Novembro de 2016 até ao dia 09 de
Fevereiro de 2017;
4) Os reembolsos serão
efectuados todos os dias úteis, entre as 08.00h e as 12:00h, nas seguintes
agências do Nosso Banco,
SA:
a. Balcão Limpopo (sede)
- 901, situado na Rua do Rio Limpopo nº 3549, Edifício INSS, Distrito Municipal
Kampfumu, na
Cidade de Maputo;
b. Balcão Eduardo
Mondlane - 903, situado na Avenida Eduardo Mondlane, nº 174, Distrito Municipal
Kampfumu, na
Cidade de Maputo;
5) O FGD informará cada
um dos depositantes sobre a forma, o local e a data dos reembolsos;
6) Por razões
organizativas, os depositantes cujo primeiro nome tem como inicial as letras de
A a M serão atendidos no Balcão
Limpopo (sede) - 901 e
de N a Z, no Balcão Eduardo Mondlane - 903;
7) Para efeitos de
reembolso, os depositantes devem apresentar-se pessoalmente munidos de um dos
seguintes documentos:
o Bilhete de Identidade;
o Recibo/talão de pedido
de Bilhete de Identidade, acompanhado, nomeadamente, de Cédula Pessoal ou
Certidão
Narrativa completa de
Registo de Nascimento;
o Passaporte;
o Documento de
identificação e residência para cidadãos estrangeiros;
o Cartão de
Recenseamento Eleitoral;
o Cartão de
Identificação de Trabalho;
o Cédula Militar;
o Cartão de
Identificação de Refugiado;
o Cartão de Exilado
Político;
o Carta de Condução.
8) Havendo
impossibilidade de presença pessoal, o depositante poderá fazer-se representar
por uma terceira pessoa munida
de procuração.
As dúvidas que surgirem
na interpretação da presente informação poderão ser esclarecidas pelo FGD
através da linha de
esclarecimentos
FGD@bancomoc.mz.
COMUNICADO
FUNDO DE GARANTIA DE
DEPÓSITOS
Maputo, aos 14 de
Novembro de 2016
A Comissão Directiva
22 Savana 18-11-2016
DESPORTO
O presidente da Liga
Desportiva
de Maputo, Rafik
Sidat, é a face visível
da
gestão quotidiana do
clube
que, com 26 anos de
existência,
já conquistou as
principais competições
do país em futebol:
Moçambola,
Taça de Moçambique e
Taça da Liga
BNI, para além de
continentais, em
basquetebol feminino.
Seguem os
excertos da conversa.
Que balanço faz da
prestação da
Liga em 2016?
-O balanço é positivo,
embora haja
aquelas provas que não
nos correram
bem, mas isso faz parte
do desporto.
Felizmente, ganhamos a
Taça da Liga
BNI, e era a taça que
faltava na nossa
vitrina,
consequentemente, o balanço
é positivo. É um facto
que há sempre
altos e baixos em
qualquer plantel
e nós não somos excepção,
houve
momento em que as coisas
não nos
correram bem, por isso é
que tivemos
a mudança de treinador
e, quando as
coisas começaram a nos
correr bem,
já era tarde, pois, se
bem se recorda,
até à 28ª jornada,
concretamente, no
jogo contra o Maxaquene,
éramos
candidatos à conquista
do título. Na
Taça de Moçambique fomos
eliminados
na fase da cidade com um
grande clube que é o
Maxaquene, que
chegou até à final da
competição.
“Não fomos melhores que
os outros”
Definitivamente, 2016
não foi um
bom ano bom para a
Liga...
-Bem, nós não estamos
aqui com o
compromisso de que em
todos os
anos temos de ganhar o
Moçambola,
Q_u_í_m_i_c
temos de contar com
outros adversários
que têm as suas armas e,
vezes há,
que jogam melhor do que
nós e há
que aceitar isso com
desportivismo.
Este ano não fomos
melhores que os
outros.
A aposta inicial em
Dário Monteiro
não terá sido
contraproducente?
-Para mim, todos os
treinadores são
uma aposta acertada, é
uma questão
de sorte, a sorte faz
parte do jogo.
Neste caso, as coisas
não correram
bem para o Dário
Monteiro, mas isso
é assim mesmo, quando as
coisas não
correm bem, sacrifica-se
o lado mais
fraco, porque não
podíamos mandar
embora todos os
jogadores. O treinador
é sempre o lado mais
fraco. O
Dário Monteiro é um dos
melhores
treinadores que temos
neste país, ele
tem um futuro brilhante
pela frente.
As condições de trabalho
não faltaram,
mas, enfim, falhou
alguma coisa,
mas continuo a reiterar
que o Dário
é um dos melhores
treinadores que
temos neste país.
Vai manter o vínculo com
Ali Hassane?
-Vamos continuar com Ali
Hassane,
bem como é sabido eu
estou de saída,
mas a direcção que vier
vai apostar
nele. Vamos ter uma
equipa bastante
jovem, como sabe,
estamos em tempo
de crise, então nós
temos de reduzir
os custos. Nos próximos
dois anos vamos
ter um plantel não para
o título,
mas um plantel de jovens
sub-23 que
nos possam dar garantias
de fazermos
o Moçambola do meio da
tabela para
cima, para além de que
esses mesmos
jogadores serão o futuro
do clube.
Disse que estava prestes
a sair...
-É um dado irreversível,
preciso descansar,
tenho de ter tempo para
estar
mais perto da minha
família, estou há
muitos anos no clube e é
preciso que
venham outras pessoas
para tomarem
conta da colectividade.
Já ganhei títulos,
construí sede e, como
não falta
nenhuma prova por
ganhar, o que
falta é desligar a ficha
completamente
do futebol.
O clube não se vai
ressentir da sua
ausência por tudo o que
fez ainda
que não haja nenhuma
pessoa insubstituível?
-Não, não é verdade que
a minha
vida se confunde com a
liga ou que
sou insubstituível.
Todas as pessoas
são valiosas, até
porque, como diz o
ditado, por morrer uma
andorinha
não acaba a primavera.
Hoje estou de
saída, amanhã virá outra
pessoa, que
também mais tarde vai
sair. Então,
ninguém é eterno. Estou
na Liga há
mais de 10 anos, por
isso digo que
agora preciso ter mais
tempo para
a minha família e quero
me retirar
completamente do
desporto no geral.
Vou me retirar, mas não
por questões
internas, ou seja,
questões ligadas ao
nosso clube, isso nunca,
mas também
nunca vou apontar o dedo
para
ninguém, vou guardar
comigo tudo
o que tenho, é a minha
maneira de
viver. Boas ou más
recordações serão
guardadas.
Os pronunciamentos do
míster Semedo
terão contribuído para
essa sua
posição?
-De forma alguma, a
minha posição
já estava tomada antes
desses pronunciamentos.
Como avalia a época
futebolística no
geral?
-Foi bem disputada e
considero o
Ferroviário da Beira
como um justo
campeão nacional, temos
de ver o seu
percurso nos últimos
anos, tem sido
vice-campeão nacional e
ganhou a
Taça de Moçambique,
portanto, acho
que não há nada a
apontar e o Ferroviário
da Beira é um justo
campeão.
E em relação às
arbitragens...
-A prova foi positiva e
quem não erra
que atire a primeira
pedra. Nós erramos,
os árbitros, os
jogadores erram e
no fim temos de ver quem
errou menos
e quem errou menos neste
ano
foi o Ferroviário da
Beira. Então, nós
temos que olhar para
dentro da nossa
casa e vermos o que
falhou, para corrigirmos
esses erros. É natural
que os
árbitros errem, nalguns
casos podem
prejudicar ou beneficiar
uma ou outra
equipa.
O que deve ser feito
para se melhorar
o nosso futebol?
-Devemos tirar mais
jogadores para
fora, de modo a termos
selecções fortes.
O Abel Xavier convidou
novos
jogadores e estou
satisfeito com o
trabalho que o
seleccionador nacional
está a realizar. Ele tem
estado a
observar os jogadores
pelo país e isso
só demonstra que daqui
para o futuro
só podemos melhorar.
Que avaliação faz do
desempenho de
Alberto Simango Júnior?
-É um bom presidente,
nós vimos a
gestão dele na Liga
Moçambicana
de Futebol. Durante anos
fez a gestão
do Moçambola e bem ou
mal as
provas decorreram e
terminaram, por
isso acredito que ele e
seu elenco vão
fazer bom trabalho ao
longo do mandato
e com a contratação de
Abel Xavier
os resultados irão
aparecer.
Há segmentos que julgam
que o Presidente
vai se candidatar, no
futuro,
para a presidência da
FMF...
-Eu já disse e repito
que não quero
me envolver em nenhum
cargo desportivo,
quero única e
exclusivamente
dedicar-me à minha
família. Não
passa pela minha cabeça
candidatar-
-me, no futuro, à
presidência da FMF,
se as pessoas pensam que
tenho ambição
de o fazer estão
enganadas.
O que lhe ocorre dizer
neste momento
do adeus?
-Quero pedir desculpas a
quem, directa
ou indirectamente, tenha
magoado,
tanto aqui no clube,
dirigentes
desportivos, jornalistas
e desportistas
no geral. Não guardo
mágoas de ninguém,
peço desculpas a todos
porque
no calor do momento
posso ter proferido
alguma coisa que tenha
ofendido
alguém e a gente nunca
sabe.
Por conseguinte, peço
desculpas a
todos.
Encerrou, na noite desta
terça-
feira, no Estádio
Nacional
do Zimpeto, a primeira
fase da aventura de Abel
Xavier em frente da
selecção nacional
de futebol, com um
empate
a um golo diante da sua
congénere
da África do Sul,
naquele que foi o
último jogo do ano.
A partida era aguardada
com muita
expectativa, visto que
seria o primeiro
frente-a-frente entre as
duas
nações no solo pátrio,
assim como
o último do ano, mas
acabou sendo
mais um jogo de
lamentações, devido
à ineficácia e
desatenção dos
nossos atletas.
Num ano caracterizado
pela ausência,
praticamente, de
competições,
devido à eliminação
precoce dos
“Mambas” na corrida aos
Campeonatos
Africano das Nações
(CAN-
2017) e Mundial
(Rússia-2018), os
jogos particulares eram
o único “divertimento”
da nova equipa técnica.
Aliás, o afastamento
desses torneios
e a falta de experiência
de Abel Xavier
motivou debates sobre a
sua
contratação, visto que o
vínculo é
válido por dois anos
(termina em
2018).
Na altura, o Presidente
da Federação
Moçambicana de Futebol
(FMF),
Alberto Simango Júnior,
disse que
Abel Xavier vinha ajudar
a “melhorar
a prestação da nossa
selecção
(ganhar mais e perder
pouco); lutar
pelos melhores
resultados; pelo bom
futebol; e que o nosso
futebol ocupe
o lugar que merece no
concerto das
nações”.
Entretanto, passados
noves meses,
esse objectivo ainda se
mostra
distante. Em nove jogos
realizados
(seis oficiais e três
amigáveis), a
equipa do antigo lateral
esquerdo
venceu dois (Ruanda e
Maurícias),
perdeu cinco (Gana,
Togo, Quénia,
RD Congo e Namíbia) e
empatou
os outros dois (Gana e
África do
Sul), tendo marcado seis
golos e sofrido
quinze.
Na hora do balanço,
Xavier faz uma
apreciação positiva do
seu trabalho
e cita os sete pontos
conquistados
na corrida ao CAN-2017,
como o
exemplo.
Afirma que, durante este
período,
tem estado a trabalhar
num processo
de evolução, tendo já
alterado o
modelo de jogo, assim
como a mentalidade
dos jogadores, para que
a
equipa tenha um caudal
ofensivo e
ganhador.
“Projectamos a
capacidade e qualidade.
A estrutura (direcção da
FMF) deu-nos condições e
os jogadores
estão a fazer a sua
parte e a
honrar a camisola”,
disse.
“É um ciclo que se fecha
com mais
informação e mais
competitividade.
Não tenho dúvidas que
quando
começarmos a disputar
objectivos
específicos, vamos estar
num equilíbrio
mental e de jogo”,
acrescenta.
Para além das sete
partidas acima
referenciadas, a equipa
do luso-
-moçambicano participou
na Taça
COSAFA, tendo sido
eliminada
nos quartos-de-final
pela República
Democrática de Congo,
depois
de ter ficado em segundo
lugar, na
edição anterior (2015).
Para Xavier, este facto
não belisca o
seu trabalho porque é
necessário que
se tenha uma “visão
analítica sobre
o que quer dizer a
COSAFA”, pois,
tanto a África do Sul,
assim como
Moçambique “levamos
equipas bastantes
jovens”.
Neste período, Abel
Xavier convocou
mais de 50 jogadores,
com destaque
para Nené, avançado do
Textáfrica
de Chimoio (do
campeonato
provincial de Manica), e
garante que
a sua lista possui “45
jogadores seleccionáveis
entre 19 e 23 anos de
idade”, o que lhe deixa
satisfeito,
mas na partida diante
dos “Bafana-
-Bafana”, dos jogadores
convocados,
apenas 14 é que
alinharam, tendo
ficado três alterações
por fazer.
O técnico justifica o
facto, alegando
o controlo do jogo
durante a primeira
parte, pelo que não
mexeu,
pois, “não se faz
substituições só
porque temos de fazer”.
“Quando se acorda que há
seis substituições
num jogo amigável, não
se
obriga nenhum treinador
a fazer todas.
As substituições devem
ser feitas
com racionalidade. O que
temos
de fazer é sabermos como
a nossa
equipa reage e estava
intacta nos aspectos
ofensivos e de postura
física”,
sublinha. Porém, o facto
é que os
resultados estão longe
dos sonhados
pelo timoneiro da FMF,
assim como
está difícil constituir
uma equipa.
Savana 18-11-2016 23 PUBLICIDADE
GSPublisherVersion
0.2.100.100
"Masculinidades
e efeitos na saúde"
Por ocasião do
19 de Novembro:
Dia Internacional do
homem
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PEOPLE CHANGING THE
WORLD
Venha celebrar o dia
internacional do homem
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O Instituto Fanelo Ya
Mina (
organizaçao da sociedade
civil dedicada a
promoçao da igualdade de
género e de envolvimento dos homens) em
parceria com a HOPEM
realizam uma série de actividades que tem como
moçambicanos que
impactam na saúde de homens, mulheres e no bem
estar das crianças.
24 Savana 18-11-2016 CULTURA
No âmbito da celebração
do 46° aniversário da Cidade de Angoche,
assinalado no dia 26 de
Setembro de 2016, a WAATAANA
e a NIKHOLANE,
Associações de Naturais e Amigos de ANGOCHE,
tem a elevada honra de
convidar todos os Naturais,
Amigos, Simpatizantes da
Virgindade do índico - ANGOCHE e
o público em geral, para
assistir o Lançamento da 1ª Edição do
Mosaico Cultural de
ANGOCHE, a ter lugar no dia 26 de Novembro
de 2016, no Centro
Cultural da Comunidade Mahometana,
sita na Av. Albert
Luthuli nº 291, das 09H00 às 18H00.
ENTRADA: 1000,00Mt. (Mil
Meticais).
En’NheWé
Em homenagem pela
passagem
dos trinta anos da
morte de Samora Machel,
primeiro presidente de
Moçambique
independente, a Fundação
Mário Soares (FMS)
inaugura,
no próximo dia 24 de
Novembro,
na sua sede, em Lisboa,
uma exposição
intitulada “A Palavra e
o
Gesto”, ilustrada com
fotos de Kok
Nam.
A exposição tem por base
as citações,
textos e fotografias do
álbum
“Samora Machel por Kok Nam”,
lançado em Março deste
ano, em
Maputo, no que
constituiu a cerimónia
de lançamento das
comemorações
alusivas à passagem dos
trinta anos sobre a
morte do primeiro
Chefe de Estado
moçambicano.
Em representação da
família e do
Centro de Documentação
Samora
Machel, Samora Moisés
Machel
Jr., vai estar presente
à abertura
da exposição de
homenagem ao
seu pai na capital
portuguesa, que
contará com a presença
de inúmeras
figuras políticas,
empresários e
artistas portugueses,
conhecidos do
estadista moçambicano em
várias
etapas da sua vida
política, nomeadamente,
na assinatura dos
Acordos
de Lusaka, visita de
Estado a
Portugal, em 1983, bem
como do
intercâmbio cultural
luso-moçambicano.
De registar que a
Fundação Mário
Soares tem estado a
restaurar grande
parte do acervo
fotográfico de
Kok Nam, tendo já
concluído a recuperação
da importante colecção
de negativos e fotos que
deixou de
Samora Machel.
A possibilidade desta
colaboração
se estender ao acervo do
Centro
de Documentação Samora
Machel
será discutida durante o
evento
que tem lugar na próxima
semana.
De notar que aquela
fundação
portuguesa efectuou um
profundo
trabalho de catalogação
da obra do
pintor Malangatana,
tendo feito a
entrega do mesmo em
2015.
Ilustrada com fotos de
Kok Nam
FMS inaugura exposição
em Lisboa
O músico moçambicano
Moreira
Chonguiça mostrou
indignação com a questão
organizacional do All
África Music Awards. “A
11 de
Setembro de 2016 tive a
honra de
receber a notícia de que
tinha sido
nomeado para a categoria
de Melhor
Álbum de Jazz Africano
(gravado
durante a edição do More
Jazz
Series 4 – “Moreira
Chonguiça live
at Polana Serena Hotel,
Maputo,
Moçambique”) da AFRIMA
awards
juntamente com Bokani
Dyer e
Jimmy Dludlu, Carmen
Souza de
Cabo Verde, Kunle Ayo da
Nigéria
(vencedor do ano
passado), Oum do
Morrocos e Ray Lema da
RDC. A
26 de Setembro de 2016
recebi uma
carta dos organizadores
felicitando-
-me pela nomeação,
explicando o
programa e os
procedimentos para
participar na premiação
que incluiu
os detalhes da passagem
aérea, acomodação
e transporte terrestre a
ser
disponibilizado. A carta
oferecia
também instruções para a
aplicação
de visto de entrada na
Nigéria”, explica
Moreira Chonguiça.
O artista conta que teve
de gravar
um vídeo promocional num
curto
espaço de tempo. “Foi-me
também
solicitado que gravasse
um vídeo
HD promocional como
chamariz
que os organizadores
usaram para a
sua campanha pré-AFRIMA.
Tendo
em consideração os
interesses
profissionais, gravei o
vídeo cumprindo
com o solicitado apesar
do
curto espaço de tempo
disponibilizado
para o efeito”, lamenta.
O músico teve de tratar
do visto de
entrada para a Nigéria,
pressuposto
de responsabilidade da
organização
do evento. “Como
produtor de seis
edições do Morejazz
Series, em
Maputo, Moçambique,
nunca pedi
os meus convidados internacionais
para tratarem
pessoalmente os seus
vistos de entrada.
Entretanto, porque
a data de partida para
Lagos se
aproximava tornou-se
evidente que
o visto para Nigéria não
estava próximo
de ser enviado por isso
tratei
de organizá-lo
pessoalmente. Este
processo foi um desafio
muito grande
porque o site de
aplicação online
é defeituoso e, após
duas semanas a
tentar pagar pelo visto,
foi-me indicado
um representante e
conseguiu
fazer o pagamento
manual, depois
o Consulado da Nigéria
concordou
que existia um problema
com o site
de aplicação online”,
desabafa.
As dificuldades, segundo
o artista,
não pararam por aqui e
lamenta por
ter passado pela tamanha
incompetência.
“Depois, o meu
escritório
começou a questionar
sobre a passagem
aérea. Enviei aos
organizadores
os voos/rotas que
pretendia com
a devida antecedência.
Eu pretendia
ir a Lagos com
antecedência para
participar de todas as
actividades
programadas pelos
organizadores,
tais como Afrima Music
Village,
The Afrima Business
Round Table
e claro na cerimónia de
Gala desta
noite. Na quinta-feira,
3 de Novembro
de 2016, foi-nos enviada
a
informação de que o
visto de fronteira
tinha sido assegurado,
quando
Moreira Chonguiça
desapontado
na manhã desse dia o
secretariado
da AFRIMA tinha sido informado
que a questão do visto
de entrada
estava ultrapassada
porque consegui
obter pessoalmente.
Depois
prometeram enviar a
passagem aérea
na quinta-feira, 3 de
Novembro
de 2016, depois na
sexta-feira, 4 de
Novembro de 2016, depois
no sábado,
5 de Novembro de 2016, e
por
fim os organizadores
descobriram
que já não havia mais
voos de Maputo.
Se eu tivesse sido
informado
mais cedo sobre os
problemas que
o secretariado da AFRIMA
estava
a enfrentar
(aparentemente com
a sua agência de
viagens) eu teria
comprado a minha
passagem aérea.
Estou profundamente
desapontado
como africano, como
moçambicano,
como artista nomeado por
ter
passado por este nível
de incompetência
e desrespeito”, aponta.
Moreira aproveitou a
ocasião para
pedir desculpas aos seus
admiradores
nacionais e
internacionais
pela sua ausência no
evento. “Peço
desculpas aos meus fãs
na Nigéria
que esperavam me ver em
Lagos
naquele fim-de-semana e,
aos meus
fãs moçambicanos, que
esperavam
ver Lagos na minha
perspectiva
através dos meus olhos.
Na minha
carreira como executor,
artista
com álbuns e produtor
gastei muito
tempo e investi muito
dinheiro
e energia tentando fazer
os meus
produtos de classe
mundial, tentando
mostrar que o produto
africano
pode estar
orgulhosamente
próximo a qualquer outra
coisa que
o mundo tem a oferecer.
Estou a
tentar fazer a
diferença, mostrar o
potencial que África
tem, acreditar
que África pode se
erguer e ser a
força que eu sei que ela
pode ser.
Tenho fé e amor por
Moçambique
e por este continente
que chamamos
de lar”.
O saxofonista apelou aos
organizadores
do evento para
sincronizar
melhor os seus actos, de
modo a
evitar desrespeito e
manchar a sua
credibilidade. “Os
organizadores
do AFRIMA precisam
sincronizar
melhor os seus actos se
pretendem
ser levados a sério.
Este nível de
desrespeito e
desorganização não é
um bom presságio para a
sua credibilidade
e integridade no futuro
ou
para o futuro da música
e da cultura
no continente. Desejo a
todos
os nomeados na minha
categoria
de Melhor Álbum de Jazz
Africano
muita sorte para esta
noite. Somos
todos dignos vencedores.
Espero
que alguns deles sejam
mais sortudos
que eu e possam
participar na
cerimónia. O Melhor
Álbum de
Jazz Africano precisa de
representante”,
finaliza.
É de referir que a
música “Há
deva” interpretada pelo
conceituado
guitarrista Jimmy
Dludlu, foi
distinguida como a
melhor música
Afro jazz do continente
africano.
A música vencedora é um
resgate
da célebre composição do
falecido
cantor popular
moçambicano, Alberto
Machavele. O tema ganhou
novas sonoridades e o
facto de ter
sido resgatada reaviva e
perpetua o
nome de Alberto
Machavele, que é
uma figura incontornável
da cultura
moçambicana. A.S
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO
DO SAVANA Nº 1193
DE NOVEMBRO DE 2016
2 Savana 18-11-2016 SUPLEMENTO
Savana 18-11-2016 3
A TV/// é única...
Savana 18-11-2016 27 OPINIÃO
Abdul Sulemane (Texto)
Naita Ussene (Fotos)
Outra bomba caiu nas
nossas cabeças. Primeiro foi quando
um banco, alegadamente,
chinês teve de bater o pé porque
não estava devidamente
legalizado com a postura bancária
do país. A questão de
bancos a falir no nosso país é séria e a
pergunta que todos os
clientes bancários se colocam é: qual é o banco
que se segue?
Numa situação em que
somos todos obrigados a minimizar os nossos
gastos, ouvimos que os
locais onde era suposto os nossos valores
monetários estarem
seguros, não têm segurança nenhuma. É uma situação
preocupante.
Por a situação ser
preocupante, reparem como o Presidente do Conselho
Executivo do BCI, Paulo Sousa,
conversa preocupadamente com
o Embaixador Cubano em
Moçambique, Raúl Garcia. Pela posição
das cabeças e o nível de
confidência, o assunto é inquietante. A crise
abalou a todos. Isso é
uma verdade. Trabalhamos toda a vida a pensar
que, quando estivermos
com uma idade avançada, vamos repousar.
Aprendi que o ser humano
descansa quando estiver morto. Para demonstrar
isso reparem a força que
a vida dá ao fotojornalista Alfredo
Muache, que deu maior
parte da sua vida a esta profissão, mas que
hoje dedica a sua vida à
agricultura acompanhado da sua esposa.
O nosso desporto, em
particular o nosso futebol, já vive há bastante
tempo momentos de crise.
Procuramos fazer de tudo para reverter a
situação. Ideias nunca
faltam. Não é por acaso que nesta outra imagem
vemos uma troca de
impressões entre o Director Despostivo de
Alta Competição, Namutho
Chipande, a ouvir atentamente as dicas
do seleccionador
Nacional de Futebol, Abel Xavier.
Com isso tudo que está a
acontecer, existem aqueles que não escondem
a realidade. Falam
abertamente, demonstram as suas posições
perante os vários
assuntos que estamos a encarar no nosso país. Vejam
como o antigo Ministro
da Saúde, Ivo Garrido, está a falar com Alfredo
Gamito. Este até ficou
de boca aberta devido ao que está a ouvir.
As artes e cultura
servem para demonstrar como a nossa sociedade se
desenvolve. Demonstram
de uma forma subtil o que vivemos. Mas,
para tal, é preciso
perceber a linguagem. Se a sociedade toda percebesse
o papel das artes e
cultura estaríamos mais desenvolvidos em
relação ao momento
actual. Por isso que a académica e conhecedora
das artes moçambicanas,
Alda Costa, demonstra esse posicionamento
ao docente de arte e
artista plástico, Jorge Dias, que pelo semblante
demonstra compreensão ao
que escuta. Isso tudo para dizer que é
preciso analisar com
calma todas as informações que ouvimos e tirar
melhores ilações para o
melhor da nossa vida.
Em épocas de crise
IMAGEM DA SEMANA
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz o
1193
Diz-se... Diz-se
O Governo moçambicano
insistiu
junto dos credores da
sua dívida externa que
está
sem capacidade de
pagamento
em 2017 e pediu uma
solução
urgente, alertando que o
adiamento
das negociações pode
prejudicar todos
os interessados.
-
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üüþþþþ.8È4þ-
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-
(Lusa e Redacção/SAVANA)
Governo repete que está
sem
dinheiro e pede solução
urgente
boss
Em voz baixa
Savana 18-11-2016
EVENTOS
13
o
1193
EVENTOS
Fustigada pela caça
furtiva
e garimpo, a Reserva
Nacional
do Niassa (RNN)
decidiu inovar no
combate
a estes dois flagelos.
No
passado fim-de-semana, a
direcção
daquele santuário
promoveu
a terceira edição de um
festival cultural que
teve nas
várias modalidades que
corporizaram
o evento mensagens
contra os crimes que
atentam
contra a biodiversidade.
A dança, teatro e jogos
tradicionais,
vulgarmente conhecidos
na província por “bau”,
foram as
artes que os grupos
participantes
encontraram para
repudiar a
matança de animais e a
exploração
desenfreada de recursos
no
Niassa.
Cornélio Miguel,
administrador
da RNN, disse, na
ocasião,
que o evento constituiu
uma
oportunidade para a
sensibilização
da população sobre a
necessidade de
preservação dos
recursos naturais e da
biodiversidade.
Dirigindo-se
directamente aos
presentes, Miguel
exortou a po-
Niassa usa cultura
contra a caça furtiva e garimpo
Por Pedro Fabião, em
Lichinga
pulação no sentido de
cada um
dos membros da
comunidade
actuar como “defensor”
da causa
da biodiversidade.
O administrador da RNN
observou
que uma gestão
sustentável
dos recursos naturais
gerará ganhos em prol do
desenvolvimento
das comunidades
e do seu bem-estar.
“Para que o festival
continue, é
importante a conservação
dos
recursos naturais.
Queremos
usar a cultura como
nossa forma
tradicional para
promover a
conservação”, ressalvou
Cornélio
Miguel.
O festival, prosseguiu
Miguel,
foi uma ocasião para os
participantes
veicularem mensagens
sobre a importância da
protecção
e conservação dos
recursos
naturais.
“Acreditamos que, com o
esforço
de todos, continuaremos
a
conservar a RNN, que é
um património
de domínio público e
é a nossa fonte de
receitas. Não
nos envolvamos em redes
de
criminosos organizados
nem de
caçadores furtivos”,
defendeu.
O Paços do Conselho
Municipal da Cidade
de Maputo vai acolher,
no próximo dia
23 de Novembro, a
exposição
Ciência e Consciência,
do artista
plástico Pedro Mourana,
de nome artístico
PMourana.
Voltadas para as
questões
ambientais, as obras a
serem
expostas visam apelar às
pessoas
para que estabeleçam
uma corrente universal
de solidariedade,
com o propósito
de unir a família humana
na
busca de um
desenvolvimento
sustentável e integral,
no qual
a humanidade convive em
harmonia com a natureza.
A exposição perspectiva,
ainda,
para o nosso País e para
o
mundo uma indústria que
não
seja poluidora do
ambiente,
mas que vai ao encontro
dos
nobres interesses da
humani-
Pedro Mourana expõe
sobre
questões ambientais
dade e da relação
harmoniosa do
ser humano com a
natureza.
O projecto Ciência e
Consciência,
cuja primeira aparição
teve
lugar em Novembro de
2014,
é fruto da visão e da
crença de
PMourana de que a
humanidade
pode desenvolver ainda
mais a
ciência, tornando-a
responsável e
com referências éticas.
Este projecto artístico
tem por
objectivo apelar, por
via pictória,
ao desenvolvimento, sem
a degradação
de valores, que no
entendimento
do artista plástico
seria um
retrocesso para a
humanidade no
lugar do progresso.
Esta exposição faz parte
de um
projecto
interdisciplinar que envolve
vários artistas e
entidades
sociais, a destacar
académicos,
empresários e
instituições de ensino
a vários níveis.
De destacar que PMourana
nasceu
na cidade de Maxixe,
província
de Inhambane, a 14 de
Setembro de 1961. É
artista
plástico desde 1979. Ao
longo
da sua carreira tem
abordado
temas que exaltam o amor
à
mulher e à poesia, a
valorização
do património cultural,
a exaltação
da diversidade cultural,
a
protecção da criança, o
combate
à exclusão social, a
solidariedade,
compaixão pelos valores
perenes da sociedade,
entre outros
de intervenção social.
Do seu palmarés constam
diversas
exposições individuais
e colectivas, dentro e
fora do
País. Em 1994, venceu o
concurso
para a elaboração do
logótipo
da Comissão Nacional
de Eleições (CNE) e
concebeu,
em 2014, o logótipo das
Forças
Armadas de Defesa de
Moçambique
(FADM).
EVENTOS Savana
18-11-2016
14
A banda norte-americana
Kool & The Gang
marcou
a sua presença em
Maputo, incorporando
um espectáculo na noite
da comemoração
dos 129 nos da Cidade de
Maputo, capital do país.
O evento
realizou-se no Campus
Universitário
da Universidade Eduardo
Mondlane, no último dia
10 de
Novembro.
O seu repertório esteve
preenchido
de músicas antigas e
novas,
uma exibição do que o
grupo vem
produzindo ao longo dos
cinquenta
anos de existência.
Actualmente com novos
integran-
Kool & The Gang
actuou em Maputo
tes, a banda que toca e
canta nos
géneros R&B, Jazz,
Soul, Funk e
disco, procurou
satisfazer toda uma
geração, desde os mais
novos aos
mais velhos.
O que não faltou foram
surpresas
como o regresso da Banda
Rock
Fellers, os rapazes da
cidade de
Maputo que, após dez
anos de ausência
nos palcos, trouxeram
entre
canções novas e antigas
para os
amantes de “rock” e não
só.
Outro agrupamento que
não deixou
os seus créditos de fora
foi a
Banda Kakana que, com
músicas
populares, fez o público
dançar e
cantar apesar do mau
tempo que se
fazia sentir.
Com o lema “Desafio
Empreendedor”,
a Global
Shapers Maputo reuniu
esta quarta-feira, na
cidade
de Maputo,
empreendedores,
docentes e estudantes
universitários
para assinalar a
passagem da
semana global de
empreendedorismo.
O seminário teve por
objectivo
desafiar os estudantes a
apresentar
as suas ideias de
negócio para um
Global Shapers assinala
semana do empreendedorismo
painel experiente em
matéria de
empreendedorismo.
Ainda neste evento,
renomados
empresários deram a
conhecer a sua
experiência de sucesso,
por forma a
motivar os participantes
a entrar e a
inovar no mundo dos
negócios.
Falando à margem do
evento, o
representante da Global
Shapers
Maputo, Rodolfo Dias,
referiu que
a outra finalidade deste
encontro
era de “facilitar aos
jovens empreendedores
a encontrar um
financiador,
um parceiro ou um
monitor
para as suas ideias
inovadoras de
negócio”.
Em alusão ao lema do
encontro,
Rodolfo Dias explicou
que o maior
desafio do
empreendedorismo em
Moçambique prende-se
“com a
falta de conhecimento de
como
traduzir uma ideia de
negócio num
produto ou serviço, bem
como com
a falta de acesso à informação
financeira”.
“É neste sentido que
estamos
aqui para desafiar e
providenciar o
know-how aos estudantes.
Acreditamos
que estamos a contribuir
para desenvolver o
espírito empreendedor
no seio da comunidade
estudantil”,
assegurou.
De referir que, para
além deste seminário,
que teve lugar na cidade
de Maputo, a Global
Shapers está
a organizar, ao longo do
País, várias
palestras e seminários,
todos inseridos
na celebração da semana
global
do empreendedorismo.
A Global Shapers é uma
iniciativa
do Fórum Económico
Mundial,
com a missão de
incentivar a criação
de movimentos inovadores
em
Moçambique, visando a
aceleração
do desenvolvimento
local.
Foi neste âmbito que os
governos
holandeses e
moçambicanos
assinaram, nesta
terça-feira, na cidade
de
Maputo, dois acordos
através dos
quais a Holanda vai
financiar 13,5
milhões de euros
destinados à melhoria
do abastecimento de água
na província de Sofala.
Os dois documentos
foram rubricados pelo
director-geral do Fundo
de Investimentos
e Património de
Abastecimento
de Água (FIPAG), Pedro
Paulino, e pela
vice-directora-geral
holandesa de Cooperação
para o
Desenvolvimento, Reina
Buijs.
A implementação do
primeiro
acordo é avaliada em 12,
5 milhões
de euros destinados à
expansão do
serviço de abastecimento
de água,
melhoria da eficiência
operacional,
consolidação da gestão
de activos,
desenvolvimento dos
recursos humanos;
envolvimento do sector
privado, identificação e
implementação
de novas estratégias de
desenvolvimento.
Já o segundo acordo com
cerca de
Melhoria de
abastecimento de água em Sofala
Holanda disponibiliza
13,5 milhões de euros
1 milhão de euros será
aplicado
no programa “Desenvolver
para
Construir” nas cidades
da Beira e
Dondo, que prevê a
elaboração de
um plano director e de
um projecto
executivo para assegurar
condições
adequadas para a
reabilitação e expansão
do sistema de água da
Beira.
Falando na ocasião,
Paulino referiu
que a melhoria das
infra-estruturas
é importante para o
cumprimento
dos Objectivos do
Desenvolvimento
Sustentável até 2030. Os
sistemas moçambicanos de
abastecimento
de água perdem 40 por
cento da sua água
anualmente devido
às estruturas de tubagem
que
são antigas e estão
gastas. Portanto,
esta parceria poderá
expandir e melhorar
a rede de fornecimento
da
água às comunidades.
Buijs considera: “é
importante
abastecer as pessoas com
água e ter
a certeza de que as
infra-estruturas
são sustentáveis, por
isso estamos
a investir na construção
da capacidade
do FIPAG, com a certeza
de
que, no final,
Moçambique será capaz
de distribuir água
potável e tornar
os investimentos
sustentáveis”.
Savana 18-11-2016
EVENTOS
15
EVENTOS Savana
18-11-2016
16
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20 anos formando
com qualidade
A Empresa Cervejas de
Moçambique (CDM)
e o Instituto Nacional
dos Transportes
Terrestres
(INATTER) assinaram,
nesta terça-feira, na
cidade de
Maputo, um memorando de
entendimento que permite
a
participação da CDM na
disseminação
e troca permanente
de mensagens através de
campanhas
para um consumo
responsável
dos seus produtos. O
acordo foi rubricado
pelo administrador
da CDM, José Moreira,
e pela Directora do
INATTER,
Ana Paula Simões.
Esta parceria tem por
objectivo
principal promover e
alcançar
uma participação mais
activa da
CDM na melhoria e
promoção
da Segurança Rodoviária
em
Moçambique, com
principal
Campanhas sobre
Segurança Rodoviária
CDM e INATTER firmam
parceria
foco na prevenção e
redução de
vítimas mortais por
acidentes
nas estradas.
De acordo com
administrador
da CDM, José Moreira
“esta
parceria que acabamos de
assinar,
visa a participação de
forma
activa da empresas
Cervejas de
Moçambique na melhoraria
da
Segurança Rodoviária
apelando
para um consumo
responsável
dos produtos da CDM”.
No âmbito desta
iniciativa, a
CDM pretende levar a
cabo
mensagens de alerta
através de
publicidades, painéis
outdoors
e outros materiais
informativos
de forma a
consciencializar os
automobilistas e a
sociedade no
geral sobre o consumo
moderado
do álcool por forma a
reduzir as
sinistralidades nas
estradas
A Mamana Maria
Mpfumo, de 74 anos
de idade, foi a grande
vencedora da edição
2016 do Programa Mamanas.
Coroada na Gala Final do
Mamanas,
pelas mãos do Presidente
do Município de Maputo,
Daviz Simango, a
vencedora
não escondeu a sua
emoção e
celebrou junto de
familiares,
com aplausos da plateia.
Mpfumo é vendedora de
badjias
do Mercado de
Marracuene,
há mais de 50 anos, com
rosto carismático e
representa
um exemplo de história
de vida.
Em terceiro lugar ficou
a Mamana
Ana Fernando Machava
e, em segundo lugar,
ficou Anita
Nhaca, ambas do Mercado
de Chiquelene
Os momentos de música e
dança da Gala foram
marcados,
não só pelas Mamanas,
mas
também pelas actuações
de Mr.
Bow e Melancia de Moz,
esta
que por sinal participou
da primeira
edição do Programa no
ano de 2013.
Maria
Mpfumo
vence
Mamanas
2016
Savana 18-11-2016 1 PSUOBCLIIECDIDAADDEE
ANÁLISE DAS PROPOSTAS DO
PES & OE PARA 2017
Uma análise da
articulação entre os instrumentos de
Maputo, Outubro de 2016
Recomendações:
A Comissão de Plano e
Orçamento (CPO) e a Assembleia da República
(AR) devem exigir
informação e explicações adicionais sobre os pressupostos
macroeconómicos usados
para a elaboração da proposta do Plano
Económico e Social (PES)
e Orçamento do Estado (OE) para 2017;
A CPO e a AR devem
exigir do Governo explicações sobre como se
pretende estimular a
economia nacional sem se fazer novos investimentos,
A CPO e a AR devem
exigir esclarecimento do Governo sobre como
pretende garantir a
melhoria da qualidade vida dos cidadãos fazendo cortes
nos fundos para os
sectores com impacto directo nas suas vidas em detrimento
do aumento de recursos
para os Ministérios da Defesa e do Interior;
A CPO e a AR devem
exigir que o Governo crie e publique os critérios
usados para os cortes
nas despesas, sobretudo para não afectar negati-
A CPO e a AR devem exigir
do Governo esclarecimento sobre comocais, valor aproximado
ao somatório dos orçamentos dos sectores da Edu-O FMO reitera que os
moçambicanos não devem pagar as dívidas
ilegais que conduziram o
país à actual crise económica;
A CPO e a AR devem
exigir do Governo informações detalhadas
sobre a Dívida Pública,
desde o stock, às empresas ou instituições visadas,
os credores, as
modalidades e prazo de pagamento, suas implicações no OE
A CPO e AR devem exigir
que o Governo faça previsões das receitas
das Mais-Valias e, em
caso positivo, solicite a autorização do Parlamento
Tabela 1: Análise dos
documentos usando a Metodologia PEFA
Informação recomendada
Tipo Proposta
PES
Proposta
OE Comentários
Previsões de deficit /
superavit Elemento
Básico X
Informação
incluída, com
questões
relevantes e
críticas sobre
a quantidade e
qualidade dos
dados e seu
impacto na
vida das
pessoas.
Resultados Orçamentais
de 2015 no mesmo formato que na
proposta orçamental de
2017
Elemento
Básico X
Execução Orçamental de
2016 no mesmo formato que a proposta
orçamental de 2017
Elemento
Básico X
Dados orçamentais
agregados tanto para receitas e despesas de
acordo com os principais
classificadores orçamentais para os anos
de 2015, 2016 e 2017 e
com os detalhes necessários
Elemento
Básico X
Financiamento do deficit,
com descrição detalhada da sua
composição esperada
Elemento
Adicional X
Pressupostos
macroeconómicos incluindo, pelo menos, estimativas
de PIB, inflação, taxas
de câmbio e de juro.
Elemento
Adicional X X
Stock da Dívida,
incluindo detalhes para, pelo menos, o início do
ano fiscal apresentado
de acordo com as regras Gestão de
Finanças Públicas (GFP)
ou formato comparável.
Elemento
Adicional
) Activos financeiros
incluindo detalhes para o início do ano fiscal Elemento
Adicional
Sumário de informação
sobre os principais riscos fiscais, incluindo
contingências e
responsabilidades tais como garantia, contratos de
Parcerias
Público-Privadas (PPPs) ou outros.
Elemento
Adicional
Explicação das
implicações orçamentais que as novas iniciativas
políticas e os
principais investimentos públicos irão ter, incluindo
detalhes das estimativas
orçamentais decorrentes de alterações de
políticas fiscais e/ou
programas de despesas públicas.
Elemento
Adicional X X Mesmo que
acima.
Documentação sobre as
previsões de médio prazo. Elemento
Adicional
Quantificação das
despesas fiscais. Elemento
Adicional
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