terça-feira, 22 de novembro de 2016

As respostas que os moçambicanos não questionam



Julião João Cumbane com Julião João Cumbane.

Mensagem à juventude moçambicana


Ó jovens de Moçambique, porque equacionais que o Presidente Filipe Nyusi possa estar a ser vítima de chantagem por parte de veteranos que recusam viver da sua aposentadoria?

Eu presumo que um pequeno grupo dos antigos combatentes da luta de libertação nacional, que se considera a elite da Frelimo, esteja a mover uma campanha para desacreditar Filipe Nyusi diante do eleitorado, porque ele está a NEGAR fazer as vontades a essa elite. Quando essa elite "montou" Filipe Nyusi no lugar de comando, a expectativa era de que ele iria governar segundo as vontades dessa elite, dando privilégios e defendendo os seus interesses egoístas dos membros dessa elite.

Ocorre que o Filipe Nyusi não aceitou o desafio de ser o Presidente de Moçambique para governar de acordo com os interesses de alguma elite. Ele aceitou o deafio para servir bem a todos os moçambicanos, não a alguns. Isso deve estar a aborrecer os membros da tal elite que lhe conduziu ao poder, que se sentem "traídos". Só que de traição não se trata, porque presumo que quando sugeriram ao Filipe Nyusi a ideia de ser Presidente, tiveram que omitir que seriam eles a dizer a ele como governar, porque suspeitassem que ele não aceitaria. São esse(a)s fulano(a)s que hoje parecem baratas tontas e andam por aí a criticar TODAS as decisões que Filipe Nyusi toma, mormente aquelas decisões que colocam em causa os interesses egoístas dos membros dessa elite.

Portanto, o povo de Moçambique, que és maioritariamente jovem, se quiseres mudanças positivas no teu país, então a saída de momento é estares do lado do Filipe Nyusi. Eu até estou a começar a ter em mim que as famigeradas «dívidas ocultas» não estão ligadas nem ao Filipe Nyusi, nem ao seu predecessor (Armando Guebuza), mas à essa elite. O Governo dirigido por Armando Guebuza deve ter sido forçado por essa mesma elite a avalizar e ocultar as ditas «dívidas ocultas».

Estou a lembrar-me de ex-Presidente Joaquim a dizer, num pronunciamento público, que ele no seu tempo não encontrou uma fórmula de assegurar a defesa da costa marítima de Moçambique. E também me lembro de ouvir dizer que um membro da família do ex-Presidente Chissano era ou é um dos ou administradores de uma das empresas criadas pelo dinheiro das dívidas ocultas. Ou seja, se a ideia de criar empresas públicas para assegurar a protecção da costa marítima de Moçambique até foi genial, há pessoas que queriam usar essas como seus sacos azuis. Essas brincadeiras de certas pessoas é que minam a futuro da Frelimo no poder. E como Filipe Nyusi quer corrigir esses erros, já está a ser visto como traidor e alvo a visar.

Eu sou levado a pensar assim pelo curso dos eventos. Não excluo o envolvimento dessa elite com alguma "mão externa". Esta forma de pensar reforça a minha confiança em Filipe Nyusi.

Enfim, aqui eu expus o que penso sobre as dificuldades que Filipe Nyusi pode estar a encontrar para estar bem na liderança de Moçambique. O que tu que leste esta reflexão estás a pensar? Convido-te a reanalisar os eventos relacionados com as «dívidas ocultas» de Moçambique e a tirar as tuas próprias ilações. Aí teremos assunto para debate.

Com licença!


Julião João Cumbane adicionou 2 fotos novas — com Julião João Cumbane.
2 h ·

As respostas que os moçambicanos não questionam


Com que então agora já «falta clareza» no diálogo pela paz efectiva em Moçambique?!... Alguma vez houve tal «clareza»?!...

Qual foi a clareza que houve ontem para se não concluir o processo de implementação do Acordo Geral de Paz (AGP) de Roma para Moçambique, o que faz com que a Renamo permaneça armada até os dias de hoje, e já fora da lei? Qual é clareza do facto de que o homem na imagem permitiu a existência da Renamo armada durante os 10 anos do seu consulado como Presidente da República de Moçambique? É porque não tínhamos conhecimento da democracia? É porque adoptamos a democracia representativa em vez da democracia participativa?

Por que está a custar dizer «compatriotas, eu errei por deliberadamente não ter concluído a implementação do AGP, permitindo que a Renamo continuasse armada fora dos prazos no AGP»? É para quê essa coisa de andar a tentar tapar o Sol com a peneira ou tentar parar o vento com as mãos?

Juro que NÃO ESTOU A GOSTAR de ver pessoas que o povo estima a insultar a inteligência deste mesmo povo!

Papá Chissano, a vossa geração não educou as novas gerações para serem burras; vós educastes as novas gerações para serem melhores que vós em TUDO. Por favor, não continuai a tratar-nos como ingénuos!

Vamos TODOS apoiar o Filipe Nyusi a governar MELHOR Moçambique do que os seus predecessores. Vós mais velhos tendes a obrigação de serdes mais humildes e discretos, na canalização das vossas opiniões à actual liderança de Moçambique. Não o fazei como se estivésseis a passar um certificado de incompetência a quem confiaram a continuidade da árdua tarefa de edificar em Moçambique uma verdadeira república!

Filipe Nyusi tem ideias próprias para cumprir da melhor maneira possível o programa de governação da Frelimo. Vamos permitir que ele ponham essas ideias em prática. Não o tratemos como se ele estivesse ainda na escola de condução; ele já sabe conduzir! Podemos dar ideias, sem esperar que eles as acate necessariamente. Vamos dar as nossas ideias sem agredir de nenhuma forma a sua inteligência. Ele vai, certamente, avaliar e acomodar o que estiver alinhado com as suas próprias, ou para melhorar as suas próprias ideias. Ele não oco!

Agora, o Filipe Nyusi também tem que estar sempre aberto para ouvir a TODOS, humildemente. Muitas vezes, o bom está misturado com o que detestamos. Não é para se fechar em si mesmo, como forma de protestar contra a emissão de recados por aqueles que acham que sabem mais o pensam melhor. Quem ver isto e estiver perto dele, peço para que lhe transmita a seguinte mensagem:

Não te ofendas com recados, Presidente. Agradece, peneire e usa o que for útil desses recados. Palavras mal dirigidas só ofendem quando as nós as damos significado ofensivo. Felizmente, podemos sempre dar às palavras, ainda que feias, um sentido construtivo. Não te esqueças de que os símbolos do poder do Estado moçambicano estão legitimamente na tua posse. Tu é que tens o martelo; usa-o prudentemente! Não liga mesquinhices, mas também não pensa que todas as opiniões são mesquinhices! Tem sempre presente que dependemos TODOS uns dos outros; e que TODOS só devemos obediência estrita à Constituição da República de Moçambique e às demais leis que dela emanam. Os princípios e valores conferidos pela nossa educação individual e colectiva enformam a nossa obediência estrita às leis do Estado.

Com licença!



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11Manuel Moises Americo e 10 outras pessoas
Comentários


Jorge Cumbane Da qui a 50 anos os Moçambicanos vamos sentir donos deste País com a próxima geração.
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Muzila Wagner Nhatsave Alinhados amigo e camarada JJ.
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Muzila Wagner Nhatsave Deixem Nyusi Governar a vontade.
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Carlos Paruque Eu cada vez mais confuso...
Arroz como cultura de bandeira em Moçambique

No "Gungu Debate" da última segunda-feira, dia 21 de Novembro de 2016, a Alice Mabota, proeminente activista dos Direitos Humanos em Moçambique, questionava porque o Governo de Moçambique, sob liderança de Filipe Nyusi, elegeu o arroz como cultura de bandeira, sendo que em Moçambique se consome mais milho do que arroz. Achei a pergunta muito interesse, e até me pareceu ter mérito. De facto, eu também não compreendia porquê o arroz foi eleito como cultura de bandeira e não o milho.
À minha saída do programa, encontrei-me com um amigo, por sinal engenheiro agrónomo, há muitos anos ao serviço do sector agrário em Moçambique. Actualmente ele é um funcionário do Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar (MASA). Fiz-lhe exactamente aquela pergunta que ouvira antes, na mesma noite, sendo feita por Alice Mabota de forma severamente crítica, no painel onde estivéramos juntos.
A resposta que o meu amigo me deu foi que a escolha do arroz como cultura de bandeira justifica-se e atende a dois problemas, a saber:
1. É verdade que em Moçambique consome-se mais milho que o arroz. Mas o maior défice de satisfação das necessidades do país ocorre exactamente no arroz. Quer dizer que o país produz mais milho mais do que produz arroz para as necessidades internas. As importações de milho são insignificantes comparadas com as do arroz, o que implica que o país gasta mais divisas com a compara do arroz do que do milho. Portanto, colocar arroz como cultura de bandeira visa contribuir para a redução das importações do arroz, quiçá até mesmo eliminar este item de importações, o que vai permitir o país poupar divisas.
2. Todos os países da África Austral têm condições condições agroecológicas para a produção de milho, e até alguns deles produzem mais milho do que Moçambique. Mas nenhum dos países da região têm melhores condições agroecológicas para a produção do arroz do que Moçambique. Portanto, estrategicamente, eleger o arroz como cultura de bandeira, não só vai contribuir para a redução do défice de provisão deste cereal em Moçambique, como também visa fornecer arroz ao mercado regional, o que vai contribuir para a capitação de divisas para o país.
Ou seja, num parágrafo, a arroz como cultura de bandeira visa inverter completamente a situação da cultura do arroz em Moçambique: no lugar de consumirmos mais do que produzimos, o que significa perdemos divisas para cobrir o défice, passaremos a produzir mais do que consumimos, o que significa que passaremos a ganhar divisas com venda dos excedentes.
Então não está bem pensado?
Eu acho que está; a Alice Mabota acha que não está; e tu que acabas de ler isto?...
Viva o debate profícuo de ideias!

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PS: É importante referir que, na conversa com engenheiro agrónomo estava também um engenheiro mecânico. Este tentativa argumentar que o défice da produção de alimentos em Moçambique estava associado com as mudanças climáticas e com o aumento da população. O argumento dele chumbou, porque as mudanças climáticas e o aumentou da população também ocorreu nos países da região, que têm uma situação alimentar e nutricional melhor que a nossa, e prevaleceu o argumento de que os nossos problemas de produção de alimentas e de segurança são decorrentes de políticas. Eleger o arroz como cultura de bandeira em Moçambique, é apenas uma das estratégias para acabar com a fome e com subnutrição. A outra é o fomento da piscicultura e da avicultura. Outra ainda é a criação de parques de maquinaria agrícola... Venham mais sugestões!
Hermes Sueia e Roberto Julio Tibana, algum comentário?
Homer Wolf, sabes alguma coisa de produção primária de alimentos?
Quem mais tinha a mesma dúvida que a Alice Mabota e eu?
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Comentários
Homer Wolf
Homer Wolf Muito bem pensado, não hajam dúvidas...

PS: este post é a prova da interdisciplinaridade das cièncias. De que nos dias que correm não há barreiras entre as áreas do saber: o engenheiro agrónomo vira economista; o engenheiro mecânico vira físico, e o físico vira politicólogo... eh eh eh
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Homer Wolf
Homer Wolf Aliás, é sempre melhor eleger o arroz como produto de bandeira, do que a jatropha, que o outro tratou de inventar...
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Mussá Roots
Mussá Roots #garamaluco...bio combustíveis...afinal a bandeira no fundo era peixe...
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Homer Wolf
Homer Wolf E patos...
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Mussá Roots
Mussá Roots Agora aparecem-nos, com essa estória de arroz, e de termos terrenos férteis para tal, e que o milho é produzído em grande escala...tsc...

É precíso ser agronómo para perceber o óbvio? Qualquer madjoridjo sabe disso...
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Manuel Moises Americo
Manuel Moises Americo Camarada Julião João Cumbane, o aumento da produção de arroz em Moçambique é um bicho de sete cabeças.... Uma coisa garanto-vos: o negócio de importação do arroz rende muito dinheiro à alguns grupos, que de certo não querem que Moçambique seja autosuficiente nesta cultura.
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Julião João Cumbane
Julião João Cumbane Então tu achas que «NÃO VALE A PENA ESSA AVENTURA DE QUERER PRODUZIR ARROZ ÀS TONELADAS EM MOÇAMBIQUE, PORQUE HÁ PESSOAS QUE GANHAM MUITO DINHEIRO COM A IMPORTAÇÃO DESTE CEREAL E QUE, POR ISSO, NÃO QUEREM QUE MOÇAMBIQUE SEJA AUTOSSUFICIENTE NA SUA PRODUÇÃO. É isso, Manuel Moises Americo?!
Homer Wolf
Homer Wolf Eu até entendo o ponto de vista do Manuel Moises Americo. A produçáo de arroz e um bicho de 7 heads sim - até porque em Moçambique, produzir arroz não é novidade nenhuma. Alias nunca se deixou de cultivar arroz aqui.
Agora, mais do que se apresentar e
ssa ideia como uma super-inovaçáo (style "eureka, acabamos de inventar a roda"!), o esforçou devia concentrar-se em perceber o porquè nunca se apostou seriamente nessa cultura, em grande escala, sabendo-.se que há 41 anos a agricultura é base do nosso desenvolviomento.
Aí há g(p)ato...

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