Regressei de uma palestra na UFICS à redação do Metical depois das 19 horas. Ainda no passeio, havia uma concentração de gente espantada pelo que tinha acontecido. Uma amiga ligou-me e perguntou-me onde eu estava, se já sabia que haviam morto o Carlos Cardoso. O Mário Jorge Rassul, que trabalhava na Impacto ali ao lado, abordou-me para partilhar sua tristeza e indignação. Decidi então que meu caminho era mesmo ir ligar os computares e fazer algumas chamadas pontuais. Abri a porta e acendi as luzes. Vi a cadeira do editor vazia mas ainda com as marcas dos seus movimentos, sinais de uma extremamente ativa presença humana que subitamente se transformara em ausência. Podia imaginar ve-lo, os olhos intensamente fixos no computador, os dedos a bater o teclado. As lágrimas desciam-me pelo rosto. Liguei os computadores e comecei a escrever a estória mais triste da minha vida. Que palavras seriam suficientes para anunciar a morte do nosso editor? Ou antes, não apenas a sua morte violenta, mas celebrar sua vida, o homem que foi, suas lutas e suas paixões?
As pessoas começavam a chegar ao jornal. Era verdade?, perguntavam. Algumas já tinham visto as horrendas imagens do dilacerado corpo do editor no noticiário da televisão. A Advogada Lucinda Cruz, sua amiga muito chegada, perguntou-me: “ele sofreu?”. E eu não sabia o que dizer.
Não tinha forças para escrever. Chegou o Machado da Graça e pedi-lhe para transcrever as minhas notas na notícia fúnebre. Ele acedeu e o nosso texto declarava que, embora tivessem assassinado Cardoso, a sua voz não se tinha calado, a sua caneta nao tinha caído.
As pessoas começavam a chegar ao jornal. Era verdade?, perguntavam. Algumas já tinham visto as horrendas imagens do dilacerado corpo do editor no noticiário da televisão. A Advogada Lucinda Cruz, sua amiga muito chegada, perguntou-me: “ele sofreu?”. E eu não sabia o que dizer.
Não tinha forças para escrever. Chegou o Machado da Graça e pedi-lhe para transcrever as minhas notas na notícia fúnebre. Ele acedeu e o nosso texto declarava que, embora tivessem assassinado Cardoso, a sua voz não se tinha calado, a sua caneta nao tinha caído.
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