Há mal estar no distrito de Mecanhelas, no Niassa. A população queixa-se de estar em permanente estado de medo, devido a alegadas práticas de intimidação, protagonizadas por membros do
governo local.
Durante uma reunião que o governador de Niassa, David Ngoane Malizane, manteve recentemente com a sociedade civil daquele ponto da província, no âmbito da sua governação aberta e inclusiva, a população manifestou-se desapontada com atitudes de alguns membros do governo de Mecanhelas que, segundo denunciaram, os coloca em permanente estado de medo, não podendo, por isso, apontar erros e participar no desenvolvimento daquele que é considerado o distrito mais populoso da província.
Estas denúncias acontecem a menos de dois meses da visita do Chefe do Estado, Armando Emílio Guebuza, à província de Niassa, prevista para o mês de Junho próximo.
Durante a reunião, o tribunal e o comando conjunto distrital da Polícia da República de Moçambique, PRM, foram severamente contestados pela maioria dos participantes, devido, principalmente, a alegadas cobranças ilícitas de elevados valores em dinheiro em troca da liberdade dos réus e excesso de zelo, respectivamente.
Eugénio Sabite, por exemplo, acusou a direcção do governo de Mecanhelas de disperdiçar quadros, exemplificando que directores “corridos” daquele distrito do sul da província mais extensa de Moçambique estão, hoje, a ser admirados e elogiados em outros distritos da província para onde foram coercivamente transferidos. Para este cidadão, o problema não está nos quadros, mas sim nos gestores do distrito.
Embora o governador tivesse pedido aos participantes para uma maior abertura na apresentação dos problemas do distrito, a verdade é que as pessoas mostravam-se receosas quando apontassem questões ligadas a alguns membros do governo distrital presentes no encontro. “Eu vou falar. Não sei se quando ficar não vou ser perseguido”, denunciou uma oradora.
“Vou falar. Sei que vou ser perseguida quando ficar. O meu filho foi detido. Para libertá-lo, o tribunal exigiu o pagamento de 25 mil meticais. Para quê?”,questionou, angustiada, Angelina Zacarias, ao mesmo tempo que pedia para o Governo colocar a Justiça ao serviço do povo.
Entre as denúncias, a população abordou igualmente a corrupção em relação ao financiamento de projectos no âmbito dos “sete milhões de meticais”. Mário Áfaque, que denunciou, igualmente, cobranças ilícitas na Migração, explicou que para um projecto ser aprovado é preciso pagar alguma coisa ao chefe do posto, senão, segundo ele, o candidato fica anos e anos à espera de aprovação e consequente financiamento.
Enquanto isso, em Iataria, para onde o governador se deslocou para avaliar o grau de cumprimento do Plano Económico e Social (PES), a população reconheceu o esforço que o governo da Frelimo está a envidar no sentido de criar melhores condições de vida, muito concretamente no que diz respeito à construção de mais infraestruturas, nomeadamente abertura e reabilitação de estradas, expansão das redes escolar, sanitária e de telefonia móvel. “Estamos satisfeitos porque o que pedimos aqundo da última visita, já temos. Queremos que nos tragam a energia da rede nacional de Cabora Bassa para estudarmos à noite, gelarmos as nossas bebidas e alimentar o nosso negócio”, pediu Estela Paulo, que igualmente sugeriu a ampliação e apetrechamento em recursos humanos e materiais do Centro de Saúde localizado na sede da localidade de Iataria.
Por sua vez, Maria Tomás Canote usou da palavra para pedir especial atenção em relação à estrada que liga as sedes dos distritos de Mecanhelas e de Cuamba, via Iataria. É que, neste momento, aquela rodovia não oferece condições para a circulação de viaturas para o transporte de pessoas e bens, uma vez que Mecanhelas é um dos distritos da província de Niassa que mais produz culturas alimentares e de rendimento, para além de ser, igualmente, rico em gado bovino e caprino.
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