Bachar al-Assad faz novo aviso
O Presidente sírio, Bachar al-Assad,
confrontado com uma rebelião desde há dois anos, avisou na sexta-feira que a
queda do seu regime teria um "efeito dominó" no Médio Oriente e desestabilizaria
a região "durante muitos anos".
Em entrevista a meios de comunicação turcos, qualificou o primeiro-ministro
da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, cujo governo apoia os rebeldes, de "idiota" e
"imaturo".
Para Al-Assad, "todos sabem que se houver divisão da Síria, ou se as forças
terroristas conseguirem o controlo do país, haverá um contágio direto aos países
vizinhos", afirmou na entrevista à televisão Ulusal e ao jornal Aydinlik,
difundida integralmente na página da Presidência síria na rede social
Facebook.
"Depois vai haver um efeito dominó em países talvez longe do Médio Oriente, a
oeste, a leste, no norte e no sul. Isto significa uma instabilidade durante
muitos anos, inclusive décadas", preveniu.
A entrevista foi realizada na terça-feira e a presidência síria foi
divulgando extratos durante vários dias no Facebook.
Nos primeiros extratos divulgados, Assad acusou Erdogan de ter mentido sobre
o conflito na Síria, que já fez, segundo a Organização das Nações Unidas, mais
de 70 mil mortos em dois anos.
"O incêndio na Síria vai propagar-se à Turquia. Infelizmente, [Erdogan] não
vê esta realidade", afirmou Al-Assad, que acusou o dirigente turco de "trabalhar
com Israel para destruir a Síria", contrapondo que "o Estado sírio não caiu e os
sírios resistiram".
Na continuação, Al-Assad afirmou que "o governo turco contribui de maneira
discreta para matar o povo sírio (...). Erdogan procura reproduzir o passado
negro entre os Árabes e os Turcos", referindo-se ao império otomano, que dominou
vastas regiões árabes durante quatro séculos.
"Não podemos permitir a dirigentes idiotas e imaturos que destruam esta
relação" entre turcos e árabes, acrescentou, referindo-se sempre a Erdogan.
Disse ainda que "falta legitimidade" à Liga Árabe, em reação à decisão da
organização de atribuir o lugar da Síria à oposição.
Al-Assad recusa sair do poder e designa os rebeldes que pretendem o derrube
do seu regime como "terroristas".
Associou ainda a abertura de um diálogo com a oposição à não-ingerência do
estrangeiro. "É preciso que seja um diálogo inter-sírio, sem interferência
estrangeira. É a última linha vermelha. Este país pertence a todos os sírios.
Eles podem discutir o que quiserem", assegurou.
O chefe da coligação oposicionista, Ahmed Moaz al-Khatib, disponibilizou-se
no final de janeiro a realizar discussões diretas com representantes do regime,
tendo como único objetivo a saída de Al-Assad. Disse depois que o regime tinha
fechado a porta a tais negociações, ao continuar
a fazer bombardeamentos através da Síria.
Al-Assad atacou ainda a Irmandade Muçulmana da síria, que é considerada a
componente mais influente da oposição. "A nossa experiência com eles ao longo de
30 anos diz-nos que se tratam de oportunistas, que utilizam a religião para
conseguirem objetivos pessoais", disse.
A Irmandade Muçulmana tinha promovido um levantamento, nos anos 80, contra
Hafez al-Assad, pai de Bachar, que foi brutalmente reprimido, com dezenas de
milhares de mortos, em Hama, no centro do país, em 1982.
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