A Comissão Nacional de Eleições (CNE) é um órgão de consenso. O mérito dos seus membros reside no facto de pertencerem a um órgão de consenso, exigindo-se também que eles sejam de consenso.
O actual presidente da Comissão Nacional de Eleições, Leopordo da Costa, que pretende continuar no cargo, já deixou de ser elemento de consenso.
Não importa se foi ou não proposto pela Organização Nacional dos Professores (ONP) ou qual seja a organização, que é a polémica do dia. O que importa é que no processo da sua manutenção no cargo há uma rejeição. E havendo rejeição automaticamente o Leopoldo da Costa deixou de ser uma pessoa de consenso. Tendo deixado de ser pessoa de consenso naturalmente que perde o mérito para continuar a liderar um órgão de consenso. O que resta neste momento é a sua renuncia do cargo.
Essa consciência não deve caber apenas na cabeça do próprio Leopoldo da Costa, mas também na cabeça de todos aqueles que tem capacidade suprema de influenciar decisões no país. O partido Frelimo é uma entidade com estrutura suficiente para influenciar decisões importantes para a vida do país.
Se ao partido Frelimo não interessar a manutenção de Leopoldo da Costa no cargo de presidente da Comissão Nacional de Eleições é óbvio que este não fica. Se houver interesse do partido Frelimo no sentido de manter Leopoldo da Costa no cargo, por mais que a sociedade civil diga que não, pode se ter a certeza absoluta de que da Costa vai continuar.
Mas, uma coisa é certa: Manter Leopoldo da Costa a frente da CNE retira o consenso que é o apanágio do órgão.
Por essa via retira-se credibilidade dos três próximos pleitos eleitorais, nomeadamente as eleições autárquicas deste ano e as gerais e provinciais de 2014.
Na nossa modesta opinião vale a pena “sacrificar” um indivíduo para salvar a credibilidade dos três processos tão importantes para a vida do país.
Se o próprio Leopoldo da Costa, um académico até com algum mérito, não querer sozinho compreender que já não dá para continuar a dirigir a CNE, de algum lado com poder de influência tem de vir a decisão de afastá-lo.
Neste caso, O Autarca é pela salvação da credibilidade das instituições do país.
O AUTARCA – 29.04.2013
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