As terras áridas de Marte podem ser colonizadas em breve pelos terrestres
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A companhia não comercial privada Mars One começou a receber requerimentos dos interessados em se tornarem os primeiros colonos de Marte.
Segundo os planos de Bas Lansdorp, empresário da Holanda e iniciador do projeto, os primeiros quatro colonos chegarão ao Planeta Vermelho dentro de 10 anos em 24 de abril de 2023. Eles ficarão lá para sempre, porque as possibilidades e recursos técnicos não prevêem retorno para a Terra. Aliás, isto barateia em dezenas de vezes todo o plano.
Cada pretendente à passagem marciana só de ida deve enviar uma mensagem em vídeo, na qual explica porque justamente ele ou ela deve ser escolhido para o papel de colono. A recepção dos vídeos de todo o mundo durará dois anos. Para afastar as pessoas que não levam a sério, os organizadores cobrarão a pequena taxa de 25 dólares.
Espera-se não menos de um milhão de vídeos-requerimentos. Através deles definirão os candidatos, que serão divididos em quatro e começarão a preparar. Os futuros marcianos aprenderão a encontrar uma saída de diferentes situações estressantes. Está prevista a reclusão em maquete de base marciana com contenção de comunicação com a terra, como na experiência russa Marte-500.
Até 2022 – momento do envio dos primeiros colonos da Terra – a reserva para a colônia em Marte já será criada. Algumas naves Dragon levarão para lá mantimentos, módulos residenciais, sistemas de manutenção da vida e veículos todo-o-terreno.
Mars One é um projeto ainda mais arriscado do que o pretendido vôo balístico em torno de Marte, com lançamento em 2018. Fala o chefe da secção de psicologia do Instituto de problemas médico-biológicos da Academia de Ciências da Rússia, Yuri Bubeev:
“Em todo caso as pessoas que declaram estar dispostas a permanecer e não voltar, com certeza terão um momento em que mudarão de opinião e já não poderão fazer nada. Com certeza elas mudarão de ideia nos primeiros meses. Se elas têm passagem só de ida, a Terra ouvirá muitos pedidos de ajuda em vão”.
Yuri Bubeev lembra como nas experiências passadas de isolamento prolongado a seus participantes propuseram escolher os pratos para compor o cardápio para os 2 anos seguintes. Dentro de um mês verificou-se que os pratos preferidos cansaram e era necessário algo diferente. No isolamento muda não apenas o paladar, preferências, mas também a avaliação das decisões tomadas. Mais do que isto,- as próprias características da personalidade – prossegue o especialista.
“A consciência de que têm passagem só de ida muda muita coisa. Serão já pessoas diferentes daquelas que partiram da Terra. Com o desenvolvimento negativo dos acontecimentos a impossibilidade de corrigir a situação a bordo da nave da Terra, fará com que o cumprimento da honrosa missão deixe de ser prioridade."
Nem todos os que querem voar sem retorno para Marte são psiquicamente saudáveis – considera o catedrático de psicoterapia da Universidade Estatal de Medicina e Odontologia de Moscou, Vladimir Malyguin. Ao se decidir a tal passo eles não se guiam por argumentos da razão:
"Ou é uma reação depressiva a algo, ou episódio depressivo – isto também não é saúde. Ainda não é doença, mas é patologia. Entre eles há muitos pessoas problemáticas.”
Não há falta de pessoas problemáticas. A companhia Mars One já recebeu 10 mil cartas eletrônicas de interessados de cem países. Parece que serão detidos apenas por força maior – se a companhia não conseguir reunir os 6 bilhões de dólares necessários e os planos fracassarem. A maior parte dos recursos deverá vir de emissões de shows de televisão, que se pretende continuar também em forma de transmissões diretas de Marte.
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