© Colagem: Voz da Rússia
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Dúvidas sobre o uso na Síria de agentes químicos de guerra atormentam os altos funcionários dos países da OTAN. O próprio fato de discussões sobre o tema de armas químicas sírias é um sintoma de uma iminente guerra em grande escala que está chegando à região, alertam especialistas.
O governo e autoridades competentes francesas ainda não receberam provas de que as partes em conflito na Síria têm usado armas químicas. “Nós não temos certeza nenhuma. Há dados providenciados pelos britânicos e norte-americanos, nós estamos agora a verificá-los”, disse na segunda-feira o ministro das Relações Exteriores francês Laurent Fabius através da emissora de rádio Europe 1.
No entanto, a escalada do conflito na Síria já foi tão longe e tomou formas tão sofisticadas que não podemos excluir nenhum cenário, acredita o especialista do Instituto Russo de Estudos Estratégicos, Azhdar Kurtov:
“Geralmente, se em tais condições não se consegue a vitória de uma parte ou outra, muitas vezes as partes recorrem a meios de influencia mais fortes. Ou seja, inclusive a armas mais letais. Eu acredito que não há razões suficientes para acusar o governo de Bashar Assad de uso de armas de destruição em massa, particularmente de armas químicas. Há uma lógica simples: contra este país já está lançada uma campanha internacional por parte de vários estados líderes mundiais, e o uso de armas por parte do governo de Assad só daría um pretexto para uma intervenção militar aberta. Afinal, Bashar Assad não é um suicida para agir desta forma. Portanto, eu tendo a acreditar que essas armas poderiam ter sido usadas pelos rebeldes.”
No entanto, nos EUA já se fala de que a Síria cruzou a fatídica “linha vermelha” que a Casa Branca definiu para o regime de Bashar Assad. Esta linha, como já disse várias vezes o presidente dos EUA Barack Obama, seria o fato de qualquer uso de armas químicas na Síria. Washington aumentou o volume de sua chamada assistência não-letal à oposição síria, enviou para a vizinha Jordânia 200 especialistas de inteligência e condução de operações especiais, e pretende deslocar para lá uma divisão de blindados e sistemas de defesa aérea Patriot. O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse recentemente que a administração “não rejeita nenhuma opção” de influenciar Damasco. Normalmente, esta expressão é utilizada nos EUA para referir a possibilidade de guerra, ou, pelo menos, de bombardeamentos desde o ar. São evidentes todos os sinais de preparação para a implementação na Síria do “roteiro líbio”.
Primeiro de tudo, uma eventual operação contra a Síria será apoiada pelo Reino Unido e a França, supõe Azhdar Kurtov. Também é possível o cenário de uma tentativa de realizar uma intervenção militar pelas mãos das monarquias conservadoras do Golfo Pérsico, Arábia Saudita e Catar. Talvez eles irão organizar uma invasão pelas forças de mercenários comprados com os enormes fundos que já foram investidos em desestabilizar a situação no Oriente Médio, acredita o perito. Segundo ele, os adversários de Bashar Assad procuram eliminar o seu regime como uma condição, indispensável de seu ponto de vista, para o início de uma agressão militar aberta contra o principal aliado da Síria – o Irã.
O desenvolvimento da situação em torno da Síria é improvável de repetir os acontecimentos na Líbia ou no Iraque, e em qualquer caso este será um novo cenário, acredita o presidente do Instituto do Oriente Médio Evgueny Satanovsky. Mas os escaramuçadores de todas as ideias de intervenção do exterior na guerra civil da Síria são a Arábia Saudita, o Catar e a Turquia, disse ele à Voz da Rússia:
“Os ataques contra depósitos de armas químicas ou contra grupos de militantes, se eles começarem a obter armas químicas, serão provavelmente realizados por americanos ou israelenses, envolvendo forças aéreas britânicas ou francesas. O Ocidente, neste caso, é o cão que está sendo abanado pela cauda em forma de Doha, Riade e Ancara. Assad terá o apoio do Irã e, em menor medida, de Hezbollah, para o qual será suficiente manter posições no Líbano. No Oriente Médio tudo pode se transformar numa guerra regional, mas vamos entender que estamos caminhando para uma grande guerra com o Irã. E um ataque contra a Síria, se isso acontecer, será o primeiro arauto do início dessa campanha militar.”
É evidente que para o Ocidente a derrubada do governo em Damasco tornou-se uma questão de honra. O regime de Bashar Assad mantêm-se já durante dois anos, e isso é inaceitável para as potências ocidentais. E nem sequer se trata dos benefícios da posição geográfica ou geopolítica da Síria. A vitória ou uma campanha militar bem sucedida aqui permitirão, pelo menos até certo ponto, compensar o fato de que no Afeganistão a OTAN e os Estados Unidos de facto foram derrotados.
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