sexta-feira, 26 de abril de 2013

Cameron diz que há provas "limitadas mas crescentes" do uso de armas químicas na Síria

 

(actualizado às )
Primeiro-ministro britânico não quer tropas britânicas na Síria. Nos EUA, a Casa Branca diz que há informação, mas não provas, sobre o uso destas armas.
Bairro de Alepo depois de um ataque com mísseis Scud Muzaffar Salman/Reuetrs
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse que há provas “limitadas mas crescentes” do uso de armas químicas na Síria, “provavelmente pelo regime”. “É extremamente grave, e é um crime de guerra”, afirmou Cameron à emissora britânica BBC.
O uso de armas de destruição maciça pelo líder sírio, Bashar al-Assad, foi considerado pelo Presidente norte-americano, Barack Obama, a “linha vermelha” para uma mudança na abordagem no conflito na Síria – nunca foi dito no que consistiria a mudança, mas foi entendido que isto significaria algum tipo de acção militar.
Mas ainda esta quarta-feira a Casa Branca acrescentou que a informação que existe sobre o uso destas armas – que aponta para uma “utilização limitada” por parte do regime de Assad – não é suficiente para uma decisão sobre uma acção na Síria.
E Cameron também se manifestou contra a ideia de ter tropas britânicas na Síria: “Não quero ver isso e não penso que vá acontecer”, afirmou. “Mas acho que podemos aumentar a pressão sobre o regime.” E ainda “continuar a juntar provas também para enviar um sinal claro ao regime sírio sobre estas acções terríveis”.
Mas a oposição síria, a primeira a denunciar ataques com armas químicas, entende que os países ocidentais não podem continuar impávidos perante o adensar das suspeitas. “A França e o Reino Unido garantem possuir informações sobre o uso de armas químicas e os EUA dizem agora o mesmo. É altura de o Conselho de Segurança da ONU agir”, disse à AFP um dirigente da Coligação Nacional Síria, que não quis ser identificado.
O responsável diz que as Nações Unidas deveriam pôr-se de acordo para “impor pelo menos uma zona de exclusão aérea” sobre a Síria, acrescentando que se o Conselho de Segurança continuar bloqueado “será preciso pedir a outras organizações, como a NATO, que intervenham”.
Provas versus informação
Nos Estados Unidos, porém, mantém-se a convicção de que são necessárias provas e não apenas informação vinda dos serviços secretos. "Perante o que está em causa, e pelo que aprendemos de experiências recentes, dados dos serviços secretos não bastam, só factos credíveis e corroborados poderão guiar-nos na tomada de decisões", escreveu Miguel Rodriguez, director do departamento legislativo da Casa Branca, num documento citado pela Reuters . Na intervenção militar no Iraque, os EUA basearam-se em informação sobre armas que, afinal, não existiam.
Pouco antes de este documento destinado ao Capitólio (sede do legislativo) ter sido divulgado, o secretário da Defesa, Chuck Hagel, disse aos jornalistas que os serviços secretos americanos confirmaram o uso, por parte do regime sírio, de armas químicas na guerra que trava com a oposição, mas "em pequenas quantidades".
Hagel explicou que decidir sobre o uso de armas químicas é "um assunto muito sério" e que a decisão não pode ser tomada apenas na base do que outros países dizem. Na segunda-feira, o Governo de Israel noticiou que o governo sírio estava a usar armas químicas, a França e a Grã-Bretanha sugeriram o mesmo.
Nos EUA, discute-se se a “linha vermelha” foi ultrapassada e a oposição acusa o Presidente de estar a ser demasiado cauteloso. “É evidente que a linha vermelha foi ultrapassada”, disse o senador do Arizona John McCain. Mas contrapôs: “Isso não quer dizer que enviemos homens para o terreno.” McCain tem sugerido armar a oposição e criar zonas seguras para que os combatentes que lutam contra Assad possam operar.

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