A morte de Amílcar Cabral, há 40 anos, interessava a todas as partes envolvidas nas independências das então províncias portuguesas da Guiné e Cabo Verde, disse hoje à agência Lusa um dirigente guineense das Nações Unidas.
O secretário-geral adjunto das Nações Unidas e secretário executivo da Comissão Económica para África (CEA) da ONU, Carlos Lopes, lembrou que são conhecidos os autores materiais do assassínio de Cabral -- Inocêncio Kani e outros guerrilheiros do PAIGC -, não interessando analisar pormenorizadamente a sua morte.
"Os autores físicos do assassínio são conhecidos e as várias justificações que podem estar por trás dos autores físicos têm a sua validade. Não vale a pena estarmos a fazer uma análise mais detalhada para saber a quem interessava a morte de Cabral.
"Interessava a todas as conglomerações de interesses que estão por trás da sua morte", sustentou.
O secretário-geral adjunto das Nações Unidas e secretário executivo da Comissão Económica para África (CEA) da ONU, Carlos Lopes, lembrou que são conhecidos os autores materiais do assassínio de Cabral -- Inocêncio Kani e outros guerrilheiros do PAIGC -, não interessando analisar pormenorizadamente a sua morte.
"Os autores físicos do assassínio são conhecidos e as várias justificações que podem estar por trás dos autores físicos têm a sua validade. Não vale a pena estarmos a fazer uma análise mais detalhada para saber a quem interessava a morte de Cabral.
"Interessava a todas as conglomerações de interesses que estão por trás da sua morte", sustentou.
Segundo Carlos Lopes, após o assassínio de Cabral, abatido a tiro em Conacri a 20 de janeiro de 1973 e cujos contornos nunca foram devidamente apurados, todos os dirigentes do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) pensavam que tinha morrido apenas "a personagem" e que muitos outros poderiam continuar o trabalho.
"Isso foi, de certa forma, verdade, porque conseguiu-se atingir as independências. Mas já não é verdade porque a profundidade do pensamento de Cabral não foi substituída até hoje. Não se deve deixar que se responsabilize Cabral pelo que se passou (na Guiné-Bissau e em Cabo Verde) após a sua morte", frisou.
"São as pessoas que utilizam o seu pensamento da forma que mais lhes interessa: uns para dizer algo negativo e outros para dizer algo positivo. Todas as grandes personagens são sujeitas a um escrutínio muito mais apurado", sustentou.
Questionado pela Lusa sobre se Cabral foi "ingénuo" ao acreditar ser possível a unidade entre Cabo Verde e Guiné-Bissau, Carlos Lopes lembrou o então muito em voga pan-africanismo, cujo conceito foi expressado de várias formas pelo líder do PAIGC.
"No fundo, se acreditarmos no pan-africanismo como utopia mobilizadora, pode-se concluir que valeu a pena, pois levou os dois países à independência. Mas tudo o que se passou após a sua morte é da responsabilidade dos protagonistas pós-Cabral", frisou, aludindo ao corte de relações entre os dois países após o golpe de Estado guineense de 14 de novembro de 1980.
No entanto, para Carlos Lopes, há o facto de Cabral ter sido capaz de vislumbrar que a luta de interesses e entre elites dentro do próprio PAIGC ia ser o grande problema depois das independências.
"Era preciso construir o Estado e os princípios da igualdade como os principais motores que poderiam evitar certas contradições. E Cabral, na forma como analisou os fatores, previu que seria uma luta muito difícil ou mesmo inglória", concluiu.
JSD // VM.
Lusa – 19.01.2013
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