Uma Paz Envenenada
Por Sérgio Cossa
O Acordo de Paz a ser assinado hoje pelo presidente da República, Filipe Nyusi, e pelo líder da Renamo, Ossufo Momade, tanto pode ser motivo de festejo como de preocupação.
O acordo parece não levar em conta as pontas soltas que Ossufo Momad ainda tem por resolver na sua organização. Vemos-lhe sem tacto para resolver as suas diferenças com a dissidência lideradas por Mariano Nhongo. Prefere esconder- se na adjectivação: “são desertores..são indisciplinados”. Esquecendo-se que os dissidentes são em última análise um teste a sua própria liderança. São apenas o reflexo da sua estratégia para consolidar o poder, depois da sua eleição no último congresso. Tal como os dissidentes que preferiram debandar para o MDM, depois de um mal gerido conflito com algumas delegações políticas.
Ao chegar ao chegar aos palcos do acordo com pontas soltas, Ossufo Momade presta um grande favor a Filipe Nyusi que não poupa esforços para entrar nos anais da história como o “ obreiro da paz efectiva”. Nem que para isso, ele e os seus seguidores tenham que esquecer-se que Nyusi também começou um conflito armado ou hostililidades, e perseguiu Afonso Dlhakama como poucos já o tinham feito. Nyusi está simplesmente a devolver um paz que um dia combateu.
E promessa de que ambos irão combater os”inimigos da paz” é um declaração extremamente bélica quando se quer que o espírito de paz domine a atmosfera. É preciso encontrar espaço para Mariano Nhongo e seus fiéis nos acordos que se assinam. Ou numa adenda a estes. Porque de outro modo, a paz continuará a ser sempre um presente envenenado. Já outras vezes oferecida aos moçambicanos.
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