27.03.2018 às 10h04
Observador atento — e preocupado — da atuação de Donald Trump na Casa Branca, o ex-Presidente Jimmy Carter diz que escolher John Bolton para conselheiro de Segurança Nacional foi imprudente
Sem papas na língua, o ex-Presidente norte-americano Jimmy Carter não hesita quando o assunto é Donald Trump. “Tenho-me preocupado com algumas das suas decisões. A sua última escolha para o cargo de conselheiro de Segurança Nacional foi muito imprudente. Julgo que [a escolha de] John Bolton foi o seu maior erro.”
As palavras de Carter constam de um excerto de uma entrevista concedida pelo ex-Presidente democrata à televisão CBS que será transmitida esta terça-feira. Carter vaticina igualmente que um eventual ataque contra a Coreia do Norte, como defende Bolton, “seria um desastre total”.
Ao contrário de Bolton — um “falcão” conservador que defende os benefícios da guerra preventiva —, Carter pautou o seu mandato como 39° Presidente dos Estados Unidos (1977-1981) como uma “pomba” pacifista. Em 1978, fez história ao assinar os Acordos de Camp David, que permitiram a normalização das relações diplomáticas entre Israel e o Egito.
Após um mandato muito marcado pelo fiasco da chamada “questão dos reféns” — 52 norte-americanos foram mantidos cativos durante 444 dias, na embaixada dos EUA em Teerão —, Carter falhou a reeleição (ainda com essa crise em curso), perdendo as eleições presidenciais de 1980 para o republicano Ronald Reagan.
Aos 93 anos, é um profuso escritor — acaba de publicar o seu 32º livro — e mantém-se ativo no Centro Carter, organização que fundou em 1982 e que trabalha em prol dos direitos humanos e da resolução de conflitos — dedicação que lhe valeu o Prémio Nobel da Paz, em 2002. Carter tem sido também uma voz incansável na defesa do reconhecimento do Estado palestinianoe denunciadora do sistema de “apartheid” praticado por Israel.
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