sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Um alerta aos órgãos de soberania do Estado moçambicano



Em Moçambique, ao nível central, quem governa DE FACTO são os directores nacionais e das instituições tuteladas. Com efeito, é das direcções nacionais e das instituições tuteladas que nascem as propostas de TODAS as leis da iniciativa do Executivo e respectiva regulamentação. Os directores nacionais e das instituições tuteladas é que são os "Disc Jockies (DJs)" do Conselho de Ministros. Os ministros—mormente quando estes são novos e sem sensibilidade técnica adequada sobre os processos nas áreas que superintendem—são feitos cantar e dançar a música que os "DJs" quiserem que eles cantem e dancem. É assim que ocorre numa "Disc Bar": quem lá vai, tem que dançar a música da escolha do Disc Jockey (DJ).

E quem são os "DJs" do Conselho de Ministros moçambicano?

São aqueles tipos que na escola sempre usaram cábula para alguma vez fazer um teste de apreensão de conhecimentos e obter uma nota positiva. São indivíduos que sempre foram muito audazes em pensar nas maneiras mais engenhosas de introduzir material proibido nas salas de teste ou prova de exame. Estes são os "C-class students" a que me referia numa outra das minhas reflexões. Eles estão agora instalados no topo da hierarquia da gestão técnica no aparelho do Estado moçambicano, com o mesmo vício do tempo deles de escola: recorrer à fraude para conseguir os seus fins!

Portanto, com raras excepções, o poder dos órgãos de soberania do Estado moçambicano está refém das práticas desses "DJs", que na escola foram "C-class studentes". E coisa piora porque em Moçambique não há critérios para se ser dirigente, excepto ser da simpatia do Presidente da República ou do Ministro. Tenho comigo que esta é razão por que o combate contra a corrupção está a ser muito difícil: é que os "DJs" têm o controlo da máquina versada em impedir a boa governação.

Este é o fundo das minhas cartas abertas ao Presidente Filipe Nyusi, que um Salomão Moyana—mal-maneirado até com a Direcção Editorial do Grupo SOICO—andou a tentar criticar no "STV Pontos de Vista". A propósito, agora ficou claro que ele (Salomão Moyana) é que um indisciplinado, razão bastante para o Grupo SOICO ter soberanamente decido rescindir o contrato com ele; não o contrário qual alguns aqui pensam. Ele (Salomão Moyana) não em nada diferente dos "DJs" que governam de facto Moçambique, qual Madagascar foi governado pelo DJ Andry Rajoelina. Aqui, em Moçambique, o Presidente Filipe Nyusi e seu elenco estão a corar e dançar a música que os "DJs" locais seleccionam e tocam. E é assim é também na Assembleia da República e nos tribunais.

Enfim, quem mata os moçambicanos a fome de justiça é o corpo dos "C-class students" que governa os ministérios e as instituições tuteladas, com tentáculos nas províncias e nos distritos. Este corpo é que é o "master" da fraude e da corrupção em Moçambique. É este mesmo corpo de "C-class students" agora feitos "DJs" que inviabiliza a correcta execução das políticas públicas que o eleitorado moçambicano tem sufragado nas eleições gerais e locais, e depois as culpas sobram para os partidos políticos. Verdade verdadeira é que a boa governação é inviabilizada pelo corpo de DJs instalados no topo da hierarquia técnica do aparelho do Estado moçambicano. Eis a causa das injustiças sistemáticas que se praticam em Moçambique.

É possível mudar?

Claro que é possível mudar! É só extirpar os vermes que estão instalados no topo da hierarquia técnica do nosso aparelho do Estado, em que esses "DJs" se tronaram. São os produtos metabólicos destes vermes que causam doenças nos órgãos de soberania do Estado moçambicano e incapacitam estes órgãos de funcionar correctamente.

Assim, o eleitorado moçambicano tem é que exigir, de forma responsável, a quem está a presidir Moçambique—no caso Filipe Nyusi—para encetar reformas que permitam extirpar os vermes que incapacitam o Estado de funcionar correctamente. E aqui é apropriado dizer que o problema da Frelimo foi que dois dos seus líderes, nomeadamente Joaquim Chissano e Armando Guebuza, promoveram—cada um à sua maneiras e, quiçá, inadvertidamente—a multiplicação desses vermes no aparelho do Estado e no tecido empresarial moçambicanos.

Cabe à actual direcção da Frelimo e do Estado moçambicano conduzir o processo de limpeza que o aparelho do moçambicano precisa para funcionar correctamente. Algumas das medidas a tomar urgentemente eu indiquei anteriormente, nas minhas cartas abertas ao Presidente Filipe Nyusi. Mas há outras medidas que não foram partilhadas naquelas cartas, em razão da sua natureza sensível… Ninguém melhor que a Frelimo pode fazer melhor o trabalho de trazer de volta a moralidade e ética na nossa governação de nós mesmos.

Por isso, é preciso forçar a Frelimo a corrigir os seus erros, para não entregar um presente envenenado às gerações vindouras deste país. Este é o melhor castigo que se pode aplicar à Frelimo: manter-a no poder o tempo bastante e sob pressão, para que corrija os erros que cometeu ao longos dos anos da sua governação. Esta tarefa requer uma sociedade civil responsável e patriótica, e partidos políticos que fazem uma oposição política responsável, sem arruaças.

Unida e devidamente organizada, a sociedade moçambicana tem que exigir que haja critérios objectivos de selecção de quadros para servir no aparelho do Estado. Não é qualquer um que pode ser professor, enfermeiro, agente da polícia, soldado,... para mais tarde ser director, ministro ou presidente.

"I rest my case"


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PS1: A ideia NÃO É QUE TODOS os directores nacionais e das instituições tuteladas são DJs, "C-class students" ou vermes. Há excepções. Existem até bons directores nacionais e de instituições tuteladas que querem fazer mudança positiva, mas são barrados por intimidação pelos maus, isto é, pelos "DJs", "C-class students" ou vermes. Às vezes são os próprios ministros que impedem que os seus directores—bons técnicos—os aconselhem da melhor maneira possível. Nesses casos, são os ministros os DJs, "C-class students" ou vermes.

PS2: A melhor saída para se acabar com o protagonismo dos "DJs", "C-class students" ou vermes é colocar em lugares de direcção técnica e política dos órgãos do aparelho Estado pessoas comprometidas com o bem servir e, preferencialmente, com competências técnica e política adequadas. O velho paradigma de confiança política já está provado que é pernicioso. A meritocracia tem que ser o critério de selecção da quadros para a direcção das instituições do aparelho do Estado, não a confiança política.

PS3: O paradigma baseado na confiança política para a ascensão a lugares de direcção no aparelho do Estado é que propiciou a infiltração dos partidos políticos por malandros, cábulas, impostores, falsos militantes, bajuladores, "DJs", "C-class students" e vermes. Isto significa que TODOS os partidos políticos moçambicanos, a Frelimo inclusa, têm um trabalho interno a fazer: purificar as suas fileiras.

PS4: Tomai nota, compatriotas (moçambicanos): a paz efectiva está a ser difícil de alcançar em Moçambique por causa dos vermes políticos que estão instalados nos lugares de "conselheiros" das lideranças partidárias deste país.

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