quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Muitas queixas na província moçambicana de Gaza

"Preços de bens exorbitantes": 

Em Xai-Xai, capital da província moçambicana de Gaza, a subida dos preços de produtos alimentares básicos sufoca os residentes, sob o olhar impávido das autoridades. É uma das queixas que mais se ouve na cidade.
Nos últimos meses não para de aumentar o número de famílias que se veem obrigadas a "apertar o cinto” devido à redução do poder de compra na província moçambicana de Gaza.
Os populares queixam-se de que o arroz, o óleo e o feijão, entre outros  produtos básicos, estão cada vez mais caros. Os preços sobem quase diariamente, obrigando os cidadãos  a um redobrar de esforços para sobreviver, numa altura em que o metical, moeda nacional, continua a desvalorizar-se face ao dólar norte-americano.
A fraca produção agrária, devido a problemas climatéricos, aliada à tensão político-militar no país, são, segundo observadores, os fatores que mais contribuem para os altos preços dos víveres.
Comerciantes e clientes em desespero
A DW África foi ao mercado grossista da cidade de Xai-Xai para saber como os comerciantes e clientes convivem com a situação. Raquel Dengo, cliente de 47 anos, afirma que a sua lista de compras ficou bastante reduzida devido ao baixo poder de compra.
"Comprei o que deu para comprar porque os preços não permitem comprar tudo o que necessito. É só afinar a balança lá em casa, temos que reduzir algumas coisas". Raquel dá ainda um exemplo concreto: "Um saco de batatas, que há uma semana custava três dólares, passou para 4,5 dólares".
default Consumidores em Xai-Xai acusam INAE de inatividade perante a especulação
À saída de uma loja, Lariza Langa, de 32 anos, com agregado familiar de três pessoas  classifica de "preocupante" a subida dos preços nas lojas. "Afeta muito a minha vida", desabafa e adianta: "Faço tudo para reduzir, tenho que abolir muitas coisas".
Segundo a entrevistada, os cinquenta e quatro dólares, que gasta por mês, equivalentes a pouco mais de um  salário mínimo em Moçambique, "não dão para nada".
Já no mercado retalhista Limpopo, na mesma cidade, Aberto  Cumbe, jovem vendedor de frangos, refere que antes vendia 50 galinhas. Atualmente apenas vende duas, em média. "Tudo devido à subida do custo da ração".
Agora, conta, vende cada frango por cerca de três dólares para ganhar algum dinheiro. "Muitos dos clientes tentam comprar, mas acabam por desistir da compra, porque os preços estão bem elevados." Alberto Cumbe repete a mesma frase com que abriu a conversa: "Aqui no mercado é possível num dia vender apenas dois frangos."
Autoridades passivas perante a situação
Para Anastácio Matavel, director executivo do Fórum das Organizações não Governamentais de Gaza (FONGA), uma organização da sociedade civil, o aumento constante dos preços revela falta de controlo e de inspecção da atividade comercial. O Estado demitiu-se completamente das suas responsabilidades sociais, afirma.
 
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"Preços de bens exorbitantes": Muitas queixas na província moçambicana de Gaza

“O nosso Governo agrava os preços, não conversa com os vendores, nem com os compradores. Penso que é preocupante e não se pode continuar nesta situação", critica.
Lina Muchave, delegada da Inspecção Nacional das Actividades Económicas (INAE), em Gaza, uma entidade fiscalizadora da actividade comercial, considera que a margem fixada do lucro, 20%, está dentro dos parâmetros normais: “Isso não é especulação. Especulaçãos seria vender os produtos a preços não estabelecidos por lei."
A delegada da INAE afirma em entrevista à DW África que os consumidores não têm razão de queixas, pois a sua entidade ainda não teria detetado qualquer situação de especulação.

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