quinta-feira, 27 de outubro de 2016

A noite em que Barack Obama humilhou Donald Trump


No jantar dos correspondentes de 2011, o presidente se vingou pelo rumor que o empresário espalhou sobre o seu local de nascimento

O evento entrou para a história como “o jantar que nos presenteou a candidatura de Donald Trump”. Assim a revista The National Review relembra o encontro do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, com os correspondentes internacionais de 2011, em Washington, com a presença do empresário e hoje aspirante republicano à presidência dos EUA. Para o The New York Times, foi “uma noite de humilhação pública que, em vez de amedrontá-lo, acelerou seus ferozes esforços para ganhar estatura no mundo da política”.
O encontro tinha todos os ingredientes para que o magnata e astro televisivo desfrutasse da companhia de mais de 2.500 personalidades dos meios de comunicação e do mundo do espetáculo. Mas assim que o presidente Obama empunhou o microfone, o público do auditório e os telespectadores entenderam que Trump estava destinado a um papel muito diferente do esperado.
“Que semana!”, disse o mandatário democrata logo no início. Era sua reação à divulgação pela Casa Branca, dias antes, da certidão de nascimento do presidente, num esforço para calar os insultantes rumores, repercutidos pelo próprio Trump, de que Obama teria nascido fora dos Estados Unidos e, portanto, seu mandato seria ilegítimo. Trump levou mais de cinco anos para admitir, já durante a atual campanha, que isso era mentira.
Os minutos seguintes podem ter mudado efetivamente a vida de Trump, embora só ele saiba realmente se as piadas presidenciais, os risos no salão e o roteiro cumprido nos dias seguintes de fato o inspiraram a se vingar de Obama lançando sua candidatura para sucedê-lo no Salão Oval da Casa Branca.
O que sabemos é que as palavras do presidente tiveram um duplo sabor de vingança. Primeiro porque Trump foi o alvo das suas piadas mais duras naquela noite. Obama riu da presença dele no reality show The Apprentice (O Aprendiz), disse que cogitava divulgar um vídeo do seu nascimento para eliminar todas as dúvidas e chegou a afirmar que, esclarecido o seu local de nascimento, o magnata poderia então “se dedicar ao que verdadeiramente importa”.
Enquanto as telas projetavam imagens do seu programa de televisão, Obama se dirigia a Trump: “Acredito que todos conhecemos suas credenciais e sua ampla experiência", disse o mandatário, enquanto o público via o apresentador expulsar um participante do programa. “Este é o tipo de coisa que me mantém acordado à noite. Bom trabalho, senhor, bom trabalho. Sem dúvida, Donald trará a mudança para a Casa Branca.”
Com o passar dos minutos, Trump foi abaixando a cabeça, e seu sorriso foi sumindo. O que os EUA ainda não sabem é como ele recebeu a segunda parte desse filme – o segundo capítulo dessa revanche. Obama, ao mencionar “o tipo de coisa que me mantém acordado à noite”, poderia estar rindo sozinho de Trump, e o resto do mundo só viria a saber horas depois. É que, no dia que antecedeu a esse jantar, o presidente havia dado a ordem para o início da operação militar que matou Osama bin Laden no Paquistão.
O desenlace só seria conhecido 24 horas depois, quando o presidente fez um pronunciamento para comunicar à população que os EUA haviam eliminado o maior inimigo da nação. Enquanto isso, também teve tempo de sair para jantar e lembrar a Donald Trump que, ao menos naquele momento, seu mundo continuava sendo o do espetáculo.

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