A quem interessam as mentiras propaladas?
O boato é, de entre as invenções do homem, a que mais mal faz às sociedades. Agita-as. Torna-as violentas quando não as arregimenta com as suas garras sórdidas e dilacerantes. O boato é um mal e dos grandes. Infelizmente há quem viva da mentira. Compraz-lhe difundir patranhas sem pejo nenhum. As consequências são o que menos importa, nessas cabeças doentias.
A semana que terminou voltou a mostrar como a mentira pode levar todo um país a entrar em crise (como se a crise financeira fosse pouca coisa); inventou-se um atentado contra a vida de Afonso Dhlakama e dos mediadores em missão nas matas de Gorongosa na espinhosa missão de busca da paz. A notícia, como era de esperar, correu célere como labareda em lenha seca. As redes sociais ajudaram a propagar o lume. Alguns jornais fizeram parangonas.
O espantoso nisso tudo é que mal essas informações começaram a circular, Mario Rafaelli, uma das supostas vítimas do tal atentado, veio a terreiro desmentir tal coisa. Não fora vítima de coisa nenhuma. Mesmo assim, alguns jornais não se coibiram de dar estampa à história. Com que objectivo? Incrível.
O que se sabe é que, nos esforços desenvolvidos para a maturação do diálogo e da criação de plataformas de aproximação entre as partes com o fim último de permitir um frente-a-frente entre o Presidente da República, Filipe Nyusi e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, os visados concordaram em criar condições para que Dhlakama fosse ouvido directamente pelos mediadores. Na verdade, Dhlakama estaria interessado em ser ouvido especificamente pelo mediador chefe da União Europeia, mas que, na circunstância, teve que ser acompanhado por mais um membro da mediação internacional.
O encontro foi cautelosamente preparado, evitando-se divulgação dos detalhes. Uma das condições que Dhlakama teria colocado para a efectivação deste encontro com enviados da mediação foi a remoção das seis posições militares das Forças de Defesa e Segurança (FDS) governamentais, ao que foi negociado para a desactivação de apenas duas.
Acertou-se que os dois mediadores seriam acompanhados nesta viagem por seis oficiais militares, sendo três governamentais e três da Renamo. Assim se fez e esta delegação chegou ao Parque Nacional de Gorongosa na quinta-feira, dia 20 de Outubro, donde, sexta-feira seria acompanhada por um batalhão das FDS até um ponto combinado, antes do local do encontro. A partir desse ponto, uma escolta da Renamo acompanharia a delegação até junto de Dhlakama.
Efectivamente, a delegação dos mediadores chegou a Gorongosa, mas por alguma razão, não partiu ao encontro de Dhlakama, como anteriormente arranjado, mas sim no sábado seguinte A delegação partiu do acampamento do Parque de Gorongosa seguindo os procedimentos combinados. Só que pouco antes do local da permuta da escolta, Mário Rafaelli teria recebido um telefonema, depois do qual teria informado aos colegas que estivera em linha com Dhlakama e que este mandou cancelar o encontro, alegadamente porque decorriam naquele momento confrontos armados entre as suas forças e as forças governamentais nas proximidades do lugar combinado para o encontro.
Teria sido assim que o encontro ficara abortado.
O que preocupa não são tanto os detalhes do encontro falhado, pois esta foi apenas uma primeira tentativa e, se houver boa-fé, outras serão conduzidas e com sucesso. O que deixa toda a sociedademoçambicana perplexa é a razão de depois se produzirem e se difundirem boatos que só podem azedar e até provocarem rompimento do diálogo por todos nós almejado.
Assassinar mediadores é pura e simplesmente colocar termo a uma das poucas janelas para a reconciliação que nos resta. Ao Governo, certamente, nada obstaria que pura e simplesmente cancelasse as negociações e mandasse os mediadores de volta aos seus países, se esse fosse o seu entendimento. Agora mandar matar? Parece coisa de cinema, para além de que a quem interessaria tal acto?
Mas a cena das mentiras – sobre as quais não se sabe qual é o objectivo embora se possa conjecturar – não se esgotou nessa balela para boi dormir. O próprio PR, foi vitima dessa máquina de desestabilização. Foi há dias visitar um amigo adoentado no Instituto do Coração. Mal entrou na clínica, foi fotografado e logo espalhada a notícia de que tivera um Acidente Vascular Cerebral (AVC) por causa da crise económica agravada pela subida dos preços dos combustíveis. A informação ia mais longe ao afirmar que “o Presidente teve AVC porque foi surpreendido com a subida dos preços dos combustíveis”.
Parece que há gente preocupada em maximizar o que nos pode separar em detrimento do que nos pode unir. É tanta mentira junta para ser fruto de uma qualquer brincadeira. Há, certamente, uma agenda oculta por detrás dessa campanha. Infelizmente, uma vez mais, somos nós mesmos (moçambicanos) a destruir a nossa própria terra. Porquê? Essas mentes criminosas que inventam histórias semana sim, semana sim, não percebem que só agudizam os problemas que o país enfrenta e colocam preocupações inexistentes sobre os moçambicanos, desviando-os dos objectivos principais sobre como tirar o país da situação em que actualmente se encontra.
É mesmo caso para perguntar, afinal a quem interessam estas mentiras todas e a que forças elas servem? Quem as fabrica e com que objetivos são fabricadas?
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