FDS assaltam e ocupam base da Renamo em Morrumbala
As Forças de Defesa e Segurança (FDS) assaltaram e ocuparam, ontem, o chamado Quartel-general da Renamo no distrito de Morrumbala, na província da Zambézia.
As informações avançadas pela Polícia da República de Moçambique (PRM), ao nível da província da Zambézia, indicam que a ofensiva das FDS ocorreu por volta das quatro horas da madrugada, tendo durado duas horas.
Uma outra fonte policial, que esteve no centro das operações em Morrumbala e que não quis ser identificada, disse que as tropas governamentais surpreenderam os homens de Afonso Dhlakama enquanto dormiam. A fonte revelou que a ofensiva terminou com a morte de vários homens armados da Renamo, sem nenhuma baixa do lado das FDS.
Da operação resultou ainda a captura de um alegado comandante da Renamo que dirigia as operações em Morrumbala.
O quartel de Morrumbala consistia em pelo menos 600 barracas contabilizadas num perímetro de um quilómetro.
Segundo as autoridades policiais são barracas que eram residências das milícias da Renamo.
Esta foi a primeira operação de vulto que as FDS desencadearam na Zambézia, em particular no distrito de Morrumbala, contra a presença de homens armados da Renamo na região.
Recorde-se que na sua tomada de posse, o novo comandante da Policia na Zambézia, Francisco Madiquida, chamou atenção para o engajamento da polícia na manutenção da paz.
Na ocasião, Madiquida pediu coragem às tropas sob o seu comando, para o que chamou de árdua tarefa para desmantelar as posições militares da Renamo.
Morrumbala é um distrito potencialmente agrícola, mas devido à onda de tensão político-militar não logrou sucessos na última campanha agrícola.
Forças de Defesa e Segurança ocupam base da Renamo no centro de Moçambique
As Forças de Defesa e Segurança moçambicanas ocuparam no sábado uma base da Renamo, maior partido de oposição, na província da Zambézia, no centro dom país, disse fonte da Polícia moçambicana, citada hoje pela imprensa local.
De acordo com uma fonte da Polícia, citada hoje pelo jornal O País, a operação teve lugar por volta das 03:00 (02:00 em Lisboa), quando as Forças de Defesa e Segurança surpreenderam os homens da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) em Morrumbala.
A fonte disse ainda que vários homens da Renamo morreram em resultado da operação, que culminou também com a detenção de um comandante da Renamo, que alegadamente dirigia as ações armadas do maior partido da oposição na região.
No domingo, a emissora pública Rádio Moçambique noticiou que mais de trinta homens do maior partido de posição bloquearam a circulação no troço que liga Cuamba a Marrupa, na província de Niassa, no norte do país, e revistaram os carros que passavam pela estrada, alegadamente à procura de agentes das Forças de Defesa e Segurança.
A Lusa contactou hoje o porta-voz da Renamo, António Muchanga, que disse não ter informações sobre os incidentes.
A região centro de Moçambique tem sido a mais atingida por episódios de confrontos entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança, existindo denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.
Apesar da frequência de casos de violência política, as duas partes voltaram ao diálogo em Maputo, com a presença de mediadores internacionais, e, após quase duas semanas de suspensão, as conversações serão retomadas hoje.
O maior partido de oposição em Moçambique não aceita os resultados das eleições de 2014, que deram vitória à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder há mais de 40 anos) e exige governar as seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio.
EYAC // VM
Lusa – 12.09.2016
NOTA: Afinal agora é “base”. Já não é “quartel-general”. Estamos entendidos!
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
Silêncio de todas as partes no reatamento de negociações de paz em Moçambique
As delegações do Governo moçambicano, da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, e mediadores internacionais saíram hoje em silêncio no primeiro dia da retoma de negociações de paz após um interregno de quase três semanas.
"Não temos nada para falar, foi apenas um primeiro encontro", limitou-se a dizer à imprensa Mario Raffaelli, coordenador da equipa de mediadores internacionais do atual processo negocial, no final da reunião.
No primeiro dia da nova ronda negocial, os mediadores internacionais mantiveram encontros separados com as delegações da duas partes em conflito, que também se escusaram a prestar declarações.
Além da exigência da Renamo de governar em seis províncias moçambicanas, a agenda de negociações integra a cessação imediata dos confrontos, a despartidarização das Forças de Defesa e Segurança, incluindo polícia e nos serviços de informações e o desarmamento do braço armado da Renamo e sua reintegração na vida civil.
No último encontro, os mediadores propuseram ao Governo moçambicano e à Renamo a presença de observadores internacionais em todos os pontos de conflito para ser alcançada uma suspensão das hostilidades, mas as partes não chegaram a acordo.
A Renamo aceita uma trégua temporária para facilitar a deslocação dos mediadores internacionais à Gorongosa, onde presumivelmente se encontra o líder do partido, Afonso Dhlakama, mas coloca como condição o afastamento das Forças de Defesa e Segurança da região.
A delegação do Governo considera, por seu lado, que as Forças de Defesa e Segurança "cumprem em todo território uma missão de Estado constitucionalmente consagrada" e argumenta que "é a suspensão imediata das hostilidades militares que vai garantir a segurança do corredor" a estabelecer para a viagem dos mediadores à Gorongosa, centro de Moçambique.
A proposta dos mediadores sugere que as partes aceitem "um corredor desmilitarizado ou outra forma mais segura e eficaz" para que possam avistar-se pessoalmente com Afonso Dhlakama, "a partir do momento em que a suspensão das hostilidades for acordada".
A organização deste corredor, segundo os termos do documento que data de 24 agosto, caberia a um grupo de trabalho específico, com a presença dos mediadores, que poderia ainda posteriormente estabelecer as condições para um cessar-fogo permanente.
Apesar de as negociações terem registado uma pausa, os trabalhos da subcomissão constituída para preparação de um novo um pacote legislativo sobre descentralização continuaram.
Entre os pontos que deviam ser avaliados pela subcomissão, destacam-se a revisão pontual da Constituição da República, das leis das assembleias provinciais e de bases da organização e funcionamento da administração pública, bem como uma nova lei das finanças provinciais.
A região centro de Moçambique tem sido palco de confrontos entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança e denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.
As autoridades moçambicanas acusam a Renamo de uma série de emboscadas nas estradas e ataques nas últimas semanas em localidades do centro e norte de Moçambique, atingindo postos policiais e também assaltos a instalações civis, como centros de saúde ou alvos económicos, como comboios da empresa mineira brasileira Vale.
Alguns dos ataques foram assumidos pelo líder da oposição, Afonso Dhlakama, que os justificou com o argumento de dispersar as Forças de Defesa e Segurança, acusadas de bombardear a serra da Gorongosa.
A Renamo exige governar em seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder há mais de 40 anos) de ter cometido fraude no escrutínio.
EYAC // JMR
Lusa – 12.09.2016
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