Esclarecendo as "dúvidas" de Paul Fauvet
No meu 'post' intitulado "Actos que não fazem bem a Moçambique", Paul Fauvet resgistou um comentários que se lê assim:
«Estou farto da cobardia, dos cobardes que distribuiam textos maliciosos sem assinar. Quando JJC nos informa - e suponho que ele sabe - quem escreveu esse texto, podemos ter uma melhor ideia dos interesses em jogo. Sobre EMATUM, e' mentira que estava a produzir e exportar. Em 2015, so pescou 300 toneladas de atum - uma quantidade irrisoria para uma frota de 24 navios de pesca. Talvez os anonimos que distribuiam essa carta podem nos informar do paradeiro dos 850 milhoes de dolares pagos por EMATUM. Supostamente, 14 mihoes eram para os custos bancarios e 836 milhoes pagaram os 30 barcos. Mas, segundo o website do Ministerio do Mar, Aguas Interiores e Pescas, um palangeiro comprado na Europa custa entre dois e seis milhoes de dolares e uma arrastao custa entre 15 e 18 milhoes de dolares. A frota de EMATUM consiste em 21 barcos com a tecnologia de palangre ("longliners") e tres arrastoes. Assim o custo maximo desses barcos e' 240 milhoes de dolares. Faltam 596 milhoes. Nao e' possivel que todo esse dinheiro foi gasto em seis pequenos barcos de patrulha. E' absolutamente necessario um auditoria forense em como foi gasto os dinheiros de EMATUM, Proindicus e MAM! E os traidores que escrevem textos anonimos devem revelar as suas identidades ou calar as suas bocas!» (sic).
O presente 'post' é a minha resposta mais elaborada ao comentário do Paul Fauvet, copiado acima.
Meu caro amigo Paul Fauvet, pelo teu paternalismo dissimulado relativamente ao terrorismo da Renamo, eu poderia até suspeitar que o teu amor por Moçambique é falso. Eu já reparei que nos teus escritos tu não denuncias com a condutância que se espera de quem tem verdadeiro amor por Moçambique e seu povo, os actos terroristas da Renamo. Quero avisar-te que com esse teu paternalismo dissimulado para com uma organização política que funciona fora da lei, qual a Renamo, tu ficas MUITO suspeito e, por consequentemente, na mira das autoridades deste país que tu dizes amar e ninguém—excepto talvez eu—duvida! Se quiseres saber, eu não considero verdadeiros moçambicanos aqueles meus compatriotas que suportam o terrorismo da Renamo. Nunca compreendi as razões pelas quais Afonso Dhlakama voltou a abandonar a sua família para entrincheirar novamente na serra da Gorongosa. Talvez tu saibas. Eu agradecer-te-ia se partilhasses comigo esse conhecimento, caso o tenhas.
Mas não é sobre isso que te chamo para aqui; é sobre aquele teu comentário, copiado acima. Tu dizes que é mentira que a EMATUM estava a pescar e a exportar. Sabes, caro amigo, eu visitei a sede da EMATUM, no endereço físico seguinte: Av. Amilcar Cabral, nº 1512, Cidade de Maputo. A visita foi relâmpago; cheguei lá sem tem ter feito reserva, porque queria informação o mais genuína possível. Eis o que fiquei da entrevista que improvisei com uma das funcionárias da empresa:
1. A frota da EMATUM não chegou toda de uma vez; os barcos foram chegando à medida que iam sendo produzidos. Os primeiros cinco (5) barcos chegaram em Agosto de 2014. O processo de licenciamento dessa frota só terminou quatro (4) meses depois, isto é, por aí em Dezembro do mesmo ano, e os barcos começar a produzir naquele mesmo mês (Dezembro) de 2014 […].
2. Até finais de 2015, a EMATUM produziu 280.282, 13 toneladas de pescado, trabalhando-se com nove (9) embarcações de pesca; esta frota correspondia a 38% da capacidade instalada da empresa.
3. Da produção reportada no número anterior, a EMATUM exportou 185.598,90 toneladas para a China, Portugal e Espanha. Esta quantidade exportada corresponde a 66,2% da produção total até 2015; a outra parte foi vendida internamente (em Moçambique).
Agora, quanto ao valor dos barcos, essa informação não me poderia ser fornecida pela funcionária com quem conversei. Mas tu Paul Fauvet sabes—porque foi publicado—que parte da frota de barcos adquiridos aquando no âmbito do projecto EMATUM era destinada à patrulha marítima e não para a pesca. Tanto quanto eu sei, esses barcos destinados à patrulha estão em serviço, ou terás que me desmentir com evidência na mão. Aliás, tu Paul Fauvet sabes que o projecto EMATUM enquadra-se num grande projecto de fiscalização da costa marítima moçambicana, particularmente da Zona Económica Exclusiva (ZEE) da República de Moçambique no Oceano Índico. Esse projecto visa assegurar que a actividade económica offshore decorra num ambiente de segurança. Sendo tu um jornalista, aconselho-te solicitar uma entrevista com as autoridades de defesa e segurança do Estado moçambicanos para obteres as informações que precisas sobre quantos barcos estão envolvidos no patrulhamento da ZEE de Moçambique no Índico, porque os números que reportas no teu comentário estão errados.
Posto isto, agora pergunto eu a ti, meu caro amigo Paul Fauvet:
1. Quem está a mentir, entre tu e eu?
2. No teu comentário (copiado acima), tu não consegues dissimular a tua irritação. Por quê te irritas com aquele texto anónimo por mim partilhado?
3. Podes revelar aqui, tu próprio, o teu porquê o caso EMATUM, MAM e Proindicus te interessa tanto, e aquele texto anónimo te irritou?
4. Qual é o teu interesse real na tal de «auditoria forense às dívidas ocultas» do teu país?
5. Não será que pretendes usar o pretexto da tal de «auditoria forense» da mesma forma que outros usaram o pretexto de armas de destruição em massa para invadir um pais?
6. E, por fim, por que te insurges veementemente contra as ditas «dívidas ocultas», mas não te insurges com a mesma veemência ou até mais contra as atrocidades protagonizadas pela Renamo e contra o facto de Renamo funcionar na ilegalidade o tempo todo, desde 1994?
Eu acho que tu, meu amigo Paulo Fauvet, sendo moçambicano e jornalista influente que és, DEVERIAS ter orgulho dos teus concidadão que tiveram a visão de conceber e implementar com sucesso e no maior sigilo (em oposição a segredo) um projecto que hoje assegura melhor a protecção da ZEE de Moçambique no Oceano. A irritação que sentem e o barulho que fazem os que estão não estão satisfação com a implementação desse projecto—tu incluso—, atestam que se tivesse sido tornado público, teria sido inviabilizado.
Eu sinto-me muito orgulhoso com obra dos homens que conceberam o projecto de protecção da ZEE do meu país no Oceano Índico, e estou me lixado com quem não está. Aliás, gostaria de aproveitar esta oportunidade para alertar sobre os gritos dos trabalhadores da EMATUM, dando conta de que o actual PCA desta empresa está a levar a cabo uma gestão danosa, objectivando falir a empresa. Tudo aponta que a missão no novo PCA da EMATUM é mesmo falir esta empresa para permitir que os seus activos sejam tomados pela Pescamar, a preço de banana. (Lembrar que o novo PCA da EMATUM vem da Pescamar.) Quem dúvida disto, faça-se a seguinte pergunta:
Qual é o significado da recepção pelo Executivo da EMATUM de um Certificado atribuído à Pescamar?
Isso ocorreu na FACIM 2016: o Ministro que superintende as pescas (Agostinho Mondlane) atribuiu, numa cerimónia presenciada pelo Presidente da República (PR) (Filipe Nyusi), um Certificado à Pescar, mas quem recebeu esse Certificado é o Executivo da EMATUM! Qual é a explicação que se deu ao PR sobre aquilo? Ou fizeram questão que ele (PR) não notasse esse pormenor? Será que enganaram o PR para lhe meter em mais uma encrenca?!
Enfim, vamos lá ser sérios, compatriotas (moçambicanos); vamos lá deixar de ser um país de esquemas! É isso que Filipe Nyusi quer e nos exorta a sermos, quando diz «não sejamos um país estranho!»
E tu, meu amigo Paul Fauvet, o que dizes?...
Abraço.
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