Canal de Opinião por Adelino Timóteo
Uma das inovadoras criações com que o Empregado do Povo nos brindou é o País do Nunca Mais. Na sua ascensão ao poder, o Empregado do Povo trouxe consigo uma descoberta: o País do Nunca Mais. Ao País do Nunca Mais foi-nos mais fácil chegarmos do que ao das maravilhas, maravilhas, que esperávamos. O caminho mais rápido para se chegar ao País do Nunca Mais é a ausência da Paz.
E não sabíamos que para chegar-mos ao País do Nunca Mais se anda com os pés para trás e a cabeça para baixo. Iludidos fomos que caíamos num alçapão e aqui no abismo vivemos neste País do Nunca Mais, de que não se sabe, e apenas se entra caindo no abismo da sua fundura.
O País do Nunca Mais estava escondido debaixo da terra e das sonhadoras promessas. E quando passámos por onde havia só verniz e caímos, lá caiu também a máscara do Empregado do Povo. Do outro lado do cenário, surgiu aquilo que ele subjectivamente os contemplam desde a cauda.
No País do Nunca Mais, a paisagem que nos mostram é que, enquanto uns minguam à água, comida, outros minguam de perderem a conta aos zeros da sua riqueza financeira. No País do Nunca Mais, a alta corrupção é apadrinhada pelo Estado, e a prisão é medida compulsória para o pilha-galinhas. No País do Nunca Mais, a corrupção é legal. No País do Nunca Mais, os assassinatos de intelectuais e da massa pensante estão legalizados, por isso nunca há culpados nem suspeitos.
No País do Nunca Mais, quanto mais a guerra, mais bem-estar daqueles que nunca produziram senão esquemas de a voltarem a reacender.
No País do Nunca Mais, a morte de uns justifica o luxo de outros, os palacetes e os carros topo de gama.
No País do Nunca Mais, há mais admiração pela obra dos criminosos de colarinho branco do que propriamente por aqueles que têm habilidade e talento de criar.
No País do Nunca Mais, o sonho foi capturado, é propriedade de um punhado.
No País do Nunca Mais, os meliantes ainda têm lições de moral para dar a gente despojada dos seus direitos. Os meliantes que defraudam o povo ainda proferem palestras garantidamente cobertas pelos canais públicos, com holofotes que os branqueiam, tornando-os cidadãos transparentes, a falarem do seu nacionalismo disfarçado e do amor que nutrem pelo povo.
No País do Nunca Mais, em cinco anos, pouco ou nada se faz e, ainda assim, se apresentam gastos astronómicos e inconclusivas obras megalómanas, com balanços sempre triunfalistas.
No País do Nunca Mais, só é permitido um único direito: palmear os discursos dos chefes e dos poderosos. No País do Nunca Mais, só é permitido uma única retórica: repetir os discursos dos poderosos. (Adelino Timóteo)
CANALMOZ – 12.09.2016
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