domingo, 4 de outubro de 2015

Cimentos de Moçambique coloca Celso Correia em Conflito de Interesses

 Newsletter Edição Nº 29/2015 - Setembro - Distribuição Gratuita a Transparência CENTRO DE INTEGRIDADE PÚBLICA MOÇAMBIQUE Boa Governação - Transparência - Integridade Aquando da tomada de posse do actual Governo liderado pelo Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, o Centro de Integridade Pública alertou sobre a eventualidade de virem a ocorrer situações de potenciais conflitos de interesse, atendendo que uma parte significativa dos membros da equipa de governação nomeados possuíam interesses empresariais espalhados por alguns sectores nevrálgicos da economia nacional que podiam colidir com o exercício das suas novas funções de natureza pública. Sete meses após a tomada de posse do novo executivo, alguns sinais preocupantes começam a surgir: A Cimentos de Moçambique, uma empresa participada pelo grupo Insitec SGPS, detida pelo ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural e também empresário, Celso Correia inaugurou no dia 21 de Setembro de 2015 um novo filtro que vai reduzir a emissão de poeira da fábrica da Matola para níveis recomendados pela lei ambiental. A substituição deste filtro é resultado da inspecção levada a cabo pelo Ministério do Ambiente no ano de 2014 e que culminou com a imposição de uma multa no valor de 5 milhões de Meticais e a obrigação de em 60 dias a empresa reverter a situação em que se encontrava. O jornal “O País”, do dia 22 de Setembro de 2015, pág. 16, noticiou que em Novembro deste ano, uma equipa de especialistas contratados pela Cimentos de Moçambique viria ao país fazer a medição dos níveis de poeiras na fábrica, uma acção que será acompanhada pelo Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, segundo a secretária-permanente do referido ministério, Sheila Afonso. Será que o ministro Celso Correia estará disposto a defender o bem público em detrimento do seu interesse pessoal, no caso da equipa de especialistas contratada pela empresa participada pelo ministro atribuir uma avaliação negativa aos níveis de emissão das poeiras da fábrica, o que acarretaria prejuí- zos para a Cimentos de Moçambique? Qual será o nível de isenção dessa equipa e como se posicionará Celso Correia? Segundo a Lei de Probidade Pública, na sua alínea a) do artigo 39, considera-se existirem relações patrimoniais passíveis de criar conflito de interesses, quando determinado servidor público “seja titular ou representante de outra pessoa em participa- ções sociais ou acções em qualquer sociedade comercial, civil ou cooperativa, que tenha interesse numa decisão, negócio ou qualquer outro tipo de relação de natureza patrimonial, com entidade a - É necessário que exista regulação independente para questões ambientais 2 que pertence e que tenha interesse na decisão a tomar”. Esta situação é elucidativa e coloca, claramente, Celso Correia em conflito de interesses de natureza patrimonial, o que é proibido por lei. Organigrama do Grupo Insitec e das empresas por si participadas, que pode ser consultado em: http://mz.thetalentcity.com/insitec/contents/images/ (site consultado no dia 22/09/2015): Outrossim, o caso demonstra a importância da necessidade de se criar uma agência de regulação para tratar de questões ambientais de poluição do ar, água e solos e que tenha um mandato para agir de forma independente de quaisquer pressões governamentais. Faz pouco ou nenhum sentido que o Governo de Moçambique continue à espera que a informação sobre potenciais crimes ambientais venha da parte de quem lesa o Estado. Duma equipa de especialistas contratada pela Cimentos de Moçambique não se espera que produza um relatório que seja isento e independente e que contrarie as pretensões da instituição contratante.

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