Ao terceiro debate, os candidatos menos bem colocados nas sondagens afiaram as facas e Donald Trump e Ben Carson tentaram passar despercebidos. E Bush? Os seus apoiantes ainda devem estar a fazer a mesma pergunta.
Ao terceiro debate, os candidatos menos bem colocados nas sondagens afiaram as facas e Donald Trump e Ben Carson tentaram passar despercebidos. E Bush? Os seus apoiantes ainda devem estar a fazer a mesma pergunta.
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À medida que os eleitores norte-americanos vão prestando mais atenção à campanha para as presidenciais de 2016, os debates televisivos começam a assemelhar-se a um mercado em que cada vendedor tenta convencer o maior número de clientes a comprar o maior número de produtos no menor período de tempo possível. No terceiro debate entre os candidatos do Partido Republicano, na noite de quarta para quinta-feira, os mais bem sucedidos foram os senadores Marco Rubio e Ted Cruz, mas este pode ter sido um daqueles raros momentos em que a História vai recordar mais os perdedores: Jeb Bush, em tempos o indiscutível vencedor antecipado, faltou mais uma vez à chamada e começa a ser um peso insuportável para os seus doadores.
Mais do que qualquer outro candidato no campo do Partido Republicano, Bush era quem mais precisava de brilhar neste debate, que decorreu na Universidade do Colorado e foi transmitido pelo canal CNBC. Mas o filho e irmão de ex-Presidentes não só não brilhou como foi derrubado pelos golpes do seu opositor directo na luta pelo favoritismo do sector mais tradicional do partido, o senador Marco Rubio.
Bush sentiu o bafo dos doadores no seu pescoço e não perdeu tempo a atirar-se a Rubio, que foi em tempos seu protegido político na Florida.
Aproveitando uma pergunta dos moderadores sobre o editorial do jornalSouth Florida Sun-Sentinel, que defende a desistência de Marco Rubio da campanha para as presidenciais por ser o senador com mais faltas nas votações no Senado dos EUA, Jeb Bush tentou marcar pontos.
“Como eu sou constituinte do senador, esperava que ele trabalhasse para os seus constituintes. Isso significa que ele tinha de aparecer no seu local de trabalho”, atirou Bush, concluindo o ataque com uma referência jocosa àquilo que vê como o exemplo de uma suposta preguiça no mercado de trabalho europeu: “Isto é o quê, uma semana de trabalho francesa? Só tem de picar o ponto três dias?”
Mas a tentativa de atirar o discípulo ao tapete acabou com o mestre prostrado no chão, de onde raramente voltou a levantar-se até ao final do debate.
“Você só está a portar-se dessa forma agora porque estamos ambos a concorrer ao mesmo cargo, e alguém o convenceu de que lançar-me ataques vai ajudá-lo”, respondeu Rubio, enviando Bush e os seus apoiantes de volta para os quadros das sondagens, onde o antigo governador da Florida continua sem conseguir saltar para o pelotão da frente.
De entre os dez candidatos que estiveram no debate mais importante da noite (antes falaram os quatro menos bem colocados nas sondagens, onde o senador Lindsey Graham se destacou com a sua habitual actuação a roçar um texto de comédia stand-up e a tocar os tambores da guerra), Marco Rubio teve de responder a algumas das perguntas mais difíceis - das faltas no Senado à má gestão das suas finanças pessoais -, e saiu-se sempre bem. Mais do que nunca, os doadores do chamado establishment do Partido Republicano estarão agora a olhar para ele como a única alternativa ao anunciado fracasso chamado Jeb Bush na luta interna contra os candidatos que começaram a correr por fora, mas que estão a dominar as sondagens: o magnata Donald Trump e o médico Ben Carson.
Talvez por estarem confortáveis nas sondagens (Trump com uma média nacional de 26,8% e Carson com 22%, mas à frente do magnata no primeiro estado a ir a votos, o Iowa), os dois tentaram evitar grandes confrontos durante o debate - Carson de forma natural, porque é precisamente o seu estilo sereno que lhe tem granjeado apoios, e Trump por uma questão de sobrevivência: se quiser manter-se no topo, e convencer os eleitores de que está mesmo a falar a sério quando diz que quer ser Presidente, tem de alargar a sua base de apoio. Nas entrevistas rápidas no final de debate, Donald Trump confirmou essa nova atitude, agora que a sua liderança começa a estar em risco devido à subida de Ben Carson: “Vou começar a baixar um bocadinho o tom.”
Outro dos candidatos que precisava de furar entre a multidão para continuar a justificar o dinheiro dos doadores nesta altura decisiva da campanha (a primeira eleição interna no Partido Republicano está a três meses de distância) era o senador Ted Cruz, que representa uma terceira ala no partido: se Trump e Carson são as vozes dos descontentes com os políticos profissionais, e Jeb Bush e Marco Rubio os preferidos dos conservadores mais tradicionais, Ted Cruz é a alma do movimento Tea Party, para quem a tradição deve ser posta em causa com profissionalismo.
Para além de Rubio, Cruz foi um dos vencedores da noite porque conseguiu finalmente impor a sua presença entre a multidão de candidatos, dando um novo fôlego às esperanças dos seus apoiantes. Perante uma audiência identificada com o Partido Republicano, e hostil ao tipo de perguntas que estavam a ser feitas pelos moderadores da “liberal” CNBC, foi Marco Rubio quem abriu as hostilidades contra o alegado “preconceito dos media” em relação aos conservadores, mas foi Ted Cruz quem carregou essa bandeira até ao final.
“As perguntas que foram feitas até agora explicam porque é que o povo americano não confia nos media. Isto não é um combate violento. Mas vamos olhar para as perguntas - ‘Donald Trump, é um vilão da banda desenhada?’, ‘Ben Carson, sabe fazer contas?’, ‘John Kasich’, pode insultar estas duas pessoas?’, ‘Marco Rubio, porque não desiste?’, ‘Jeb Bush, porque é que os seus números desceram?’ E que tal falarmos sobre assuntos que interessam realmente às pessoas?”, afirmou Cruz, saboreando depois a já expectável ovação.
Outros candidatos, como o governador de Nova Jérsia, Chris Christie, e o governador do Ohio, John Kasich, também deram tudo por tudo para surgirem aos olhos dos eleitores como nomes capazes de se intrometerem entre os favoritos, mas dificilmente sairão do fim da tabela. As maiores decepções foram Rand Paul, senador do Kentucky e representante de uma ala mais libertária, e Carly Fiorina, a ex-empresária que chegou a agitar as águascom uma forte participação no segundo debate, em Setembro.
O próximo debate entre os candidatos do Partido Republicano está marcado para 10 de Novembro, no estado do Wisconsin. Seguem-se mais sete debates, o último em Março, já depois de estarem definidos os poucos nomes que vão lutar a sério pela oportunidade de defrontarem a escolha do Partido Democrata nas eleições gerais, em Novembro de 2016.
À medida que os eleitores norte-americanos vão prestando mais atenção à campanha para as presidenciais de 2016, os debates televisivos começam a assemelhar-se a um mercado em que cada vendedor tenta convencer o maior número de clientes a comprar o maior número de produtos no menor período de tempo possível. No terceiro debate entre os candidatos do Partido Republicano, na noite de quarta para quinta-feira, os mais bem sucedidos foram os senadores Marco Rubio e Ted Cruz, mas este pode ter sido um daqueles raros momentos em que a História vai recordar mais os perdedores: Jeb Bush, em tempos o indiscutível vencedor antecipado, faltou mais uma vez à chamada e começa a ser um peso insuportável para os seus doadores.
Bush sentiu o bafo dos doadores no seu pescoço e não perdeu tempo a atirar-se a Rubio, que foi em tempos seu protegido político na Florida.
Aproveitando uma pergunta dos moderadores sobre o editorial do jornalSouth Florida Sun-Sentinel, que defende a desistência de Marco Rubio da campanha para as presidenciais por ser o senador com mais faltas nas votações no Senado dos EUA, Jeb Bush tentou marcar pontos.
“Como eu sou constituinte do senador, esperava que ele trabalhasse para os seus constituintes. Isso significa que ele tinha de aparecer no seu local de trabalho”, atirou Bush, concluindo o ataque com uma referência jocosa àquilo que vê como o exemplo de uma suposta preguiça no mercado de trabalho europeu: “Isto é o quê, uma semana de trabalho francesa? Só tem de picar o ponto três dias?”
Mas a tentativa de atirar o discípulo ao tapete acabou com o mestre prostrado no chão, de onde raramente voltou a levantar-se até ao final do debate.
“Você só está a portar-se dessa forma agora porque estamos ambos a concorrer ao mesmo cargo, e alguém o convenceu de que lançar-me ataques vai ajudá-lo”, respondeu Rubio, enviando Bush e os seus apoiantes de volta para os quadros das sondagens, onde o antigo governador da Florida continua sem conseguir saltar para o pelotão da frente.
De entre os dez candidatos que estiveram no debate mais importante da noite (antes falaram os quatro menos bem colocados nas sondagens, onde o senador Lindsey Graham se destacou com a sua habitual actuação a roçar um texto de comédia stand-up e a tocar os tambores da guerra), Marco Rubio teve de responder a algumas das perguntas mais difíceis - das faltas no Senado à má gestão das suas finanças pessoais -, e saiu-se sempre bem. Mais do que nunca, os doadores do chamado establishment do Partido Republicano estarão agora a olhar para ele como a única alternativa ao anunciado fracasso chamado Jeb Bush na luta interna contra os candidatos que começaram a correr por fora, mas que estão a dominar as sondagens: o magnata Donald Trump e o médico Ben Carson.
Talvez por estarem confortáveis nas sondagens (Trump com uma média nacional de 26,8% e Carson com 22%, mas à frente do magnata no primeiro estado a ir a votos, o Iowa), os dois tentaram evitar grandes confrontos durante o debate - Carson de forma natural, porque é precisamente o seu estilo sereno que lhe tem granjeado apoios, e Trump por uma questão de sobrevivência: se quiser manter-se no topo, e convencer os eleitores de que está mesmo a falar a sério quando diz que quer ser Presidente, tem de alargar a sua base de apoio. Nas entrevistas rápidas no final de debate, Donald Trump confirmou essa nova atitude, agora que a sua liderança começa a estar em risco devido à subida de Ben Carson: “Vou começar a baixar um bocadinho o tom.”
Outro dos candidatos que precisava de furar entre a multidão para continuar a justificar o dinheiro dos doadores nesta altura decisiva da campanha (a primeira eleição interna no Partido Republicano está a três meses de distância) era o senador Ted Cruz, que representa uma terceira ala no partido: se Trump e Carson são as vozes dos descontentes com os políticos profissionais, e Jeb Bush e Marco Rubio os preferidos dos conservadores mais tradicionais, Ted Cruz é a alma do movimento Tea Party, para quem a tradição deve ser posta em causa com profissionalismo.
Para além de Rubio, Cruz foi um dos vencedores da noite porque conseguiu finalmente impor a sua presença entre a multidão de candidatos, dando um novo fôlego às esperanças dos seus apoiantes. Perante uma audiência identificada com o Partido Republicano, e hostil ao tipo de perguntas que estavam a ser feitas pelos moderadores da “liberal” CNBC, foi Marco Rubio quem abriu as hostilidades contra o alegado “preconceito dos media” em relação aos conservadores, mas foi Ted Cruz quem carregou essa bandeira até ao final.
“As perguntas que foram feitas até agora explicam porque é que o povo americano não confia nos media. Isto não é um combate violento. Mas vamos olhar para as perguntas - ‘Donald Trump, é um vilão da banda desenhada?’, ‘Ben Carson, sabe fazer contas?’, ‘John Kasich’, pode insultar estas duas pessoas?’, ‘Marco Rubio, porque não desiste?’, ‘Jeb Bush, porque é que os seus números desceram?’ E que tal falarmos sobre assuntos que interessam realmente às pessoas?”, afirmou Cruz, saboreando depois a já expectável ovação.
Outros candidatos, como o governador de Nova Jérsia, Chris Christie, e o governador do Ohio, John Kasich, também deram tudo por tudo para surgirem aos olhos dos eleitores como nomes capazes de se intrometerem entre os favoritos, mas dificilmente sairão do fim da tabela. As maiores decepções foram Rand Paul, senador do Kentucky e representante de uma ala mais libertária, e Carly Fiorina, a ex-empresária que chegou a agitar as águascom uma forte participação no segundo debate, em Setembro.
O próximo debate entre os candidatos do Partido Republicano está marcado para 10 de Novembro, no estado do Wisconsin. Seguem-se mais sete debates, o último em Março, já depois de estarem definidos os poucos nomes que vão lutar a sério pela oportunidade de defrontarem a escolha do Partido Democrata nas eleições gerais, em Novembro de 2016.
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