quarta-feira, 28 de outubro de 2015

O avanço da Rússia na Síria vai de encontro à política dos EUA para Oriente Médio

Equipe tática russa no aeródromo de Hmeimim na Síria


© Sputnik/ Dmitriy Vinogradov
MUNDO
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Rússia combate Estado Islâmico na Síria (216)
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Segundo a agência libanesa As-Safir, citada pelo site analítico What They Say About USA, as atividades russas na Síria extrapolam o combate ao Estado Islâmico e tem por objetivo se contrapor à política dos EUA para toda a região do Oriente Médio e Ásia. Os EUA, por outro lado, ainda não se definiram sobre a posição que devem adotar.

"De qualquer forma, povo sírio está pagando um preço triplo pela sua liberdade: um pelo seu regime; outro pelas suas forças regionais que têm seus próprios objetivos e interesses, e que nada têm a ver com direitos ou ambições; terceiro por Washington e Moscou e a o seu embate global em território sírio", afirma a agência, em artigo citado pelo site What They Say About USA.
O artigo destaca que a volta da Rússia ao cenário global no papel de uma grande potência desafiou a estrutura hegemônica unipolar criada e mantida pelos EUA desde o colapso da União Soviética. A Rússia de Vladimir Putin nunca se rendeu ao sistema global de dominação dos EUA, e o saldo dessa mudança de paradigma está agora recaindo sobre territórios do Oriente Médio.
"O envolvimento russo na Síria não se limita apenas à luta contra EI, apoio ao regime sírio ou interferência no eixo iraniano de poderes, é muito mais do que isso"
Segundo o jornal, existe também o objetivo geopolítico da Rússia em evitar com que os EUA instaurem um extenso sistema de aliança com potências regionais no Oriente Médio, sob a égide de uma pretensa luta contra o Estado Islâmico liderada por Washington – "um sistema em que as forças locais no Oriente Médio irão lutar continuamente sob a proteção dos EUA sem esgotar suas forças".
Nesse sentido, o artigo diz que o recente acordo entre o Irã e o Ocidente também fez parte da estratégia norte-americana de normalização política e penetração econômica na região, ao lado das alianças de Washington com potências regionais como Turquia, Israel, Arábia Arábia e Egito.
Conquistando tal posição estratégica, os EUA ganhariam tempo e capacidade para enfrentar a China em sua região geográfica, construindo um outro escudo do qual fariam parte Japão, Taiwan, Sul Coréia e, quem sabe, o Vietnã.
Este cenário, segundo o site, seria um verdadeiro pesadelo para a Rússia, que, por um lado, tenta apaziguar os conflitos de Teerã e Washington, mas por outro precisar impedir que as relações entre os dois países progridam até o nível de cumplicidade, experimentada na época anterior à formação da república muçulmana. 
No cenário atual, a Rússia, apesar dos Estados Unidos evitarem a todos os custos o contato diplomático mais intenso com o país, haverá de se tornar o centro das atenções do Departamento de Estado. Tendo em vista as eleições presidenciais norte-americanas em 2018, uma posição mais clara deverá ser adotada, para que o partido democrata poder anunciar sua agenda internacional. 
“Os EUA e as potências regionais por vezes se esquecem de que a Rússia é muito mais do que apenas uma país emergente. Por outro lado, Washington está consciente de que o sistema unipolar dominado pelos EUA por mais de duas décadas é parte do passado. As próximas semanas serão um momento crucial e crítico para a Síria”, concluiu o site.


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