23.04.2015
RAFAEL BARBOSA
O PS antecipa para Portugal um década de prosperidade. No documento elaborado por 12 economistas, que, não sendo apóstolos, demonstram uma fé imbatível no milagre económico, a prosperidade será a suficiente para dispensar, ao fim de apenas dois anos no Governo, quase todas as medidas de austeridade e empobrecimento com que os portugueses foram castigados durante os últimos quatro anos.
Um futuro Governo socialista vai rapidamente acabar com a sobretaxa de IRS. Vai rapidamente acabar com os cortes nos salários dos funcionários públicos. Vai rapidamente repor a taxa de IVA da restauração nos 13%, permitindo aos portugueses libertarem-se da marmita que agora os acompanha na jornada de trabalho, para voltarem a comer de faca e garfo.
Vai, finalmente, reduzir os descontos para a Segurança Social aos trabalhadores e aos patrões, assim conseguindo, de uma penada, aumentar o rendimento aos primeiros, e motivar os segundos a multiplicar o investimento, com a consequente criação desenfreada de postos de trabalho. E, assim, em apenas quatro anos, o drama do desemprego não passará de uma amarga memória: de uma taxa de desemprego atual superior a 14% (mais 700 mil pessoas), passaremos para uma taxa de apenas 7,4%. Ou seja, o PS compromete-se a criar mais de 300 mil empregos... sem perder nenhum.
O que o PS propõe é então uma visão cor de rosa do país. Um visão que é preciso questionar, como aconselham as dificuldades que temperaram os portugueses nos anos de chumbo da troika. Como já fez, aliás, Passos Coelho, antecipando que o milagre anunciado fará mais pelos resultados eleitorais dos socialistas do que pelos portugueses.
O problema é que, na outra face da moeda da habitual alternância partidária, o que se pode esperar é mais do mesmo: um corte radical nas pensões (600 milhões de euros por ano); a lenta recuperação de uma pequena parte do rendimento perdido com o "brutal aumento de impostos"; e benefícios fiscais, seja através do IRC, seja através dos DESCONTOS PARA a Segurança Social, exclusivamente para o lado dos patrões e provavelmente à custa da sobrecarga de quem trabalha.
É preciso desconfiar da facilidade com que nos acenam com o milagre? Certamente. É preciso ter em conta que no passado recente foi o PS que nos conduziu à bancarrota? Sem margem para dúvidas. Mas, entre a esperança num futuro melhor, ainda que pintado num ilusório cor de rosa, e a desesperança de um futuro cinzento com empobrecimento, desemprego, emigração, não é preciso ser apóstolo (ou economista socialista) para perceber qual será a bíblia com maior número de seguidores.
EDITOR-EXECUTIVO
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