29.04.2015
EMÍDIO GOMES
Nos últimos anos criou-se a ideia de que serviço público, dedicação, ética e seriedade são conceitos e práticas incompatíveis. Acreditem que não há nada de mais errado. A experiência em vários domínios da administração pública tem-me permitido conhecer inúmeros casos de elevadíssima competência profissional, dedicação sem limites, ética e seriedade inquestionável. Na esmagadora maioria dos casos em nada desmerecendo da competência estabelecida no setor privado. Com um detalhe que faz toda a diferença: a impossibilidade decretada de não se poder premiar os melhores, nem erradicar os casos negativos que contaminam irremediavelmente o setor público. E, aqui, a diferença face ao setor privado, quando o mesmo é eficiente e sério, é total. Mas grande parte disto também acontece por culpa do ruído negativo que os supostos defensores das mais amplas liberdades e da causa pública, acolitados por uma cultura mediática que privilegia as notícias más em detrimento das boas - "quanto pior mais se vende" -, passam para o exterior de forma deplorável.
Escrevo hoje sobre este tema a propósito da obrigação legal de se abrir um concurso público para uma segunda fase de remoção de resíduos tóxicos da zona das antigas minas de São Pedro da Cova. Não importa que um problema com mais de treze anos esteja a ser resolvido desde setembro do ano passado, graças ao empenho da Presidência da CCDRN, da Câmara de Gondomar e do próprio Governo, após um processo longo e penoso. O que importa é mesmo "montar o circo", de preferência no dia da saída da empresa que está a executar a primeira fase de remoção dos resíduos. Porque o "circo" seria, e provavelmente será, sempre instalado: ou para acusar o Estado de cometer uma ilegalidade ao prorrogar um contrato, ou para a exibição preparada com gritos e bandeiras, seguramente apoiada com TV e jornais, no dia da inevitável paragem temporária da retirada dos resíduos. Será irrelevante que um passivo ambiental esteja em vias de resolução.
Tudo isto promovido pelos supostos defensores do serviço público e das mais amplas liberdades, do povo e para o povo. E quase sempre com a mais elevada e competente promoção mediática. Estes comportamentos dificultam mas não alteram o caminho: serviço público sempre e só com seriedade!
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